sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

É a isso que me refiro


Faz uns dois meses que venho sentindo coisinhas nos joelhos. Comecei a tomar um composto de glucosamina e condroitina. E estava ok. Treinando quase nada também.
Nesta quarta-feira, acordei com o joelho direito doendo. Doendo mesmo. Difícil movimentar, subir e descer escadas é a treva.
Ontem à noite parti pra solução agressiva. 500mg de naproxeno. Acordei melhor, mas não 100%. E acho que terei que ir ao médico em breve. De momento muito complicado, trabalho pra concluir.
Não sei o que causou essa lesão. Suponho que a combinação de desgaste, exercícios eventuais e... ficar sentada no chão com as pernas cruzadas sem sessões de meditação e ensinamentos. Acho que em algum momento sentei mal e dei uma forçada maior no joelho.
Aí, ontem comecei a ler este livro, que era da Lízia, mas ganhei na terça à noite. E, na introdução e no Capítulo 1, já me identifiquei com o autor. A visão dele da corrida - a preferência pelas longas distâncias, o que busca, o que o motiva, como ele se insere no universo dos corredores -, do envelhecimento, da prática de outros esportes, da vida cotidiana.
De momento minha leitura fora do trabalho será esta.
A leitura budista é o texto do Lama Padma Samten em que estou trabalhando para postarmos no site do Cebb. Transcrição de um comentário durante o retiro de verão.
E agora, enquanto ouço Arthur Rubinstein no Concerto para Piano e Orquestra de Grieg, vou começar a jornada convencional.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A vacuidade do quindim


É muita felicidade ter um professor que explica os conceitos de vacuidade e coemergência a partir da vacuidade do quindim. É muito mérito.
Ouvindo os ensinamentos de meu lama neste retiro - o primeiro retiro longo que faço em 16 anos desde a tomada de refúgio (e longo é modo de dizer, pois são apenas dez dias) -, lembrei das primeiras vezes que ouvi e li sobre os 12 elos do surgimento dependente e vacuidade. Foi quase como ouvir ou ler em sânscrito. Que estranhamento! Agora é tão mais fácil em termos cognitivos. E, com a vacuidade do quindim, a profundidade e a complexidade adquirem leveza, clareza e simplicidade.
Calma. Paciência. Duas palavras que o lama citou várias vezes como essenciais para seguir no estudo e na prática. No meu caso, a calma para avançar mais parece ter sido inércia, procrastinação, má vontade e preguiça. Mesmo assim, as sementes brotaram.
Lama Padma Samten tem a mente de Chenrezig. É o epíteto de mestre compassivo e pacífico. Iogue do cotidiano. Chenrezig em pé, com mil braços e onze cabeças, atento e ativo, ouvindo todos os seres, indo até eles para ajudar, falando na linguagem deles. Acessível. Circulando pelo mundo, espalhando compaixão e sabedoria.
Que todas as suas aspirações sejam rapidamente alcançadas.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Tradição



Ocasião para vestir a tchuba.
Com minha tutora Regina Dresler. Em clima de celebração, gratidão e desejos auspiciosos.

O céu do Cebb




Contemplando o ir e vir das aparências na vastidão.

Losar bzang!

Feliz ano novo! 
Ano da ovelhha/cabra de madeira.
O meu começou maravilhosamente. No Cebb. Em retiro com meu lama, meu professor perfeito. Com tsog.
É muito mérito!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A Prece da Aspiração de Samantabhadra

Já em clima de Losar, eis aqui uma nova tradução da Prece da Aspiração de Samantabhadra, diretamente do tibetano para o português, pelo monge Satya Indra.
Que seja de imenso benefício para todos os seres!



Prece de Samantabhadra
do Terma do Norte[1]
da Transparente Intenção Iluminada



Traduzida diretamente do tibetano


TCHITTA AH


Esta extraordinária prece de aspiração, pela qual os seres sencientes samsáricos estão isentos do poder de não se tornarem Buddhas, foi proferida pelo Buddha Primordial Samantabhadra.



A totalidade de toda a aparência e existência, samsara e nirvana,
é a manifestação ilusória do ver e não-ver[2]
de uma base, de dois caminhos e de duas fruições.
Por meio da Prece da Aspiração de Samantabhadra,
que todos se manifestem completamente no palácio do dharmadatu
e se tornem Buddhas.

O alaya[3] não é composto,
é autossurgido, uma vasta extensão inexprimível
e ausente de ambos os nomes samsara e nirvana.
Se tal for visto, isso é o Buddha;
se não for visto, os seres sencientes vagueiam no samsara.
Que todos os seres sencientes dos três reinos
vejam a inexprimível base factual.

Eu mesmo também, Samantabhadra,
sou a base factual ausente de causas e condições.
De tal base, rigpa é autossurgida,
não designada pelas faltas de exagero e depreciação externos e internos,
não coberta pelas obscuridades da escuridão da inconsciência.
Por isso, as aparências autossurgidas não são cobertas por faltas.

Rigpa que vê a si mesma e que reside no frescor,
mesmo que as três existências[4] sejam destruídas, é ausente de medo
e não possui apego pelos cinco prazeres dos sentidos.
A mente não conceitual autossurgida
é ausente de existência de forma e dos cinco venenos[5].
Os fatores de claridade de rigpa são ininterruptos,
de uma [única] essência com as cinco sabedorias primordiais[6].

Da maturação dessas cinco sabedorias primordiais,
as cinco famílias do Buddha Primordial surgem.
Delas, os limites das sabedorias se expandem,
os quarenta e dois Buddhas surgem,
e, pelo surgir da expressividade das cinco sabedorias primordiais,
os sessenta Herukas[7] surgem.
Devido a isso, a confusão não é experienciada na base que é rigpa.
Por eu ser o Buddha Primordial,
por meio de minhas preces de aspiração,
que os seres sencientes dos três reinos do samsara,
após reconhecerem rigpa autossurgida,
expandam os limites da grande sabedoria primordial.

Minhas manifestações são incessantes,
emanadas em milhões e bilhões,
mostrando-se de variadas maneiras
onde quer que seja e para quem quer que [precise] ser domado.
Por meio de minha compassiva prece de aspiração,
que todos os seres sencientes dos três reinos do samsara
sejam expelidos das seis classes do samsara.

Primeiramente, devido à rigpa não ter surgido na base,
os seres sencientes confusos
estão inconscientes de absolutamente tudo, em oblívio!
O não-ver disso é a causa de estar confuso.

Nisso, devido ao súbito entrar em um estado de inconsciência,
em pânico, a mente move-se indistintamente.
Disso surge a fixação ao eu, outros e inimigos,
e, por meio do gradual desenvolvimento das impressões mentais,
a ordem gradual do samsara é causada.
Disso desenvolvem-se os kleshas[8] dos cinco venenos
e as ações ininterruptas dos cinco venenos.
Por isso, esta é a base da confusão dos seres sencientes,
e, por estar em um estado de inconsciência, isto é o não-ver.
Por meio das preces de aspiração feitas por mim, o Buddha,
que cada um entre todos os seres sencientes dos três reinos
autorreconheça rigpa.

O não-ver coemergente
é a mente inconsciente e distraída.
O não-ver totalmente conceitual
é a fixação dual ao eu e outros.
O não-ver coemergente e o totalmente conceitual – os dois –
são a base confusa de todos os seres sencientes.
Por meio das preces de aspiração feitas por mim, o Buddha,
que a densa escuridão da inconsciência seja clareada
e que todos os seres sencientes do samsara
purifiquem a mente de fixação dualista
e que rigpa reconheça a si mesma.
A mente de fixação dual é dúvida.
Do surgir da fixação sutil,
gradualmente desenvolvem-se as densas impressões mentais,
e, devido ao apego à comida, roupa, morada, amigos,
aos cinco sentidos do desejo, ao querer bem aos familiares
e ao desejo pelo que é agradável, aflição é [experienciada]:
essas são as confusões do mundo.

Inexauríveis e ilimitadas são as ações de apreensor e apreendido.
Quando o fruto da fixação amadurecer,
após nascer como um fantasma faminto atormentado pelo forte desejo e apego,
que terríveis serão a sede e a fome!
Por meio das preces de aspiração feitas por mim, o Buddha,
que todos os seres sencientes apegados ao desejo,
sem abandonar as aflições do desejo
e sem adotar para si o apego ao desejo,
mas, pelo relaxar da mente em seu próprio lugar,
tendo rigpa se estabelecido em seu próprio estado,
alcancem a sabedoria primordial que tudo discrimina.

Da aparência dos objetos internos,
move-se a mente sutil de temor e medo;
do desenvolver das impressões mentais da agressão,
surge a potência de fixação, violência e assassinato em relação ao inimigo.
Quando o fruto da agressão amadurecer,
que sofrimento enorme cozido e queimado nos infernos!
Por meio das preces de aspiração feitas por mim, o Buddha,
quando surgir a agressão intensa
em todos os seres sencientes das seis transmigrações,
que, sem atividade de rejeição e adoção, descansem no seu próprio estado
e, após rigpa reter seu próprio estado,
que a sabedoria primordial da luminosidade seja alcançada.

Quando a sua mente torna-se inchada de orgulho,
[surge] a mente competitiva e a mente de rebaixar os outros.
Devido ao surgir da mente de orgulho contaminado,
o sofrimento do confronto e disputa do eu e outros é experienciado.
Quando o fruto desse carma amadurece,
nascem os deuses que experienciam transferência e queda.
Por meio das preces de aspiração feitas por mim, o Buddha,
quando a mente inchada de orgulho surgir nos seres sencientes,
que suas mentes relaxem no seu próprio lugar
e, após rigpa reter o seu próprio estado,
que o significado da equanimidade seja realizado.

Devido ao desenvolvimento das impressões mentais de fixação dualista,
[surge] a atividade de dor do elogio para si e do criticismo aos outros,
e, do desenvolvimento da mente competitiva de conflito e disputa,
nasce-se no reino dos semideuses assassinos;
o seu fruto é a queda nos reinos dos infernos.
Por meio das preces de aspiração feitas por mim, o Buddha,
que todos aqueles em que surge a mente competitiva de conflito e disputa
não ajam na fixação ao inimigo, descansem no seu próprio lugar
e, após a mente reter o seu próprio estado,
que a sabedoria primordial de atividade não obstruída seja [alcançada].

Devido à falta de consciência, imparcialidade e distração;
devido à densidão, embotamento, esquecimento,
inconsciência, preguiça e delusão,
o fruto é vaguear como animais sem proteção.
Por meio das preces de aspiração feitas por mim, o Buddha,
que, na escuridão afundada na ignorância,
surja claramente a compleição da consciência luminosa
e a sabedoria primordial não conceitual seja alcançada.

Todos os seres sencientes dos três reinos também,
em seus alayas, são Buddhas iguais a mim,
[mas], devido aos seus estados de inconsciência, o [alaya] tornou-se a base das confusões.
Agora, eles engajam-se em atividades insignificantes
e suas seis ações são como sonhos confusos.

Eu sou o Buddha Primordial
e me manifesto nas seis transmigrações para treiná-los e domá-los.
Por meio da Prece de Samantabhadra,
que todos os seres sencientes, sem exceção,
despertem no dharmadatu.

A HÔ

Daqui em diante, quando um yôgui possuidor de realização,
no estado ausente de confusão de rigpa autoluminosa,
fizer esta poderosa prece de aspiração,
cada um entre todos os seres sencientes que a ouvir
irá manifestar a budeidade dentro [do período] de três vidas.

Em tempos de eclipse solar, lunar,
ou no surgimento de sismos, tremores de terra,
solstícios e mudança de ano,
se você gerar a si mesmo como Samantabhadra
e recitar esta [prece] de modo que possa ser ouvido por todos,
cada um entre todos os seres sencientes dos três reinos,
por meio dessa prece do yôgui,
irá gradualmente ser liberado do sofrimento e, então,
finalmente alcançará a budeidade.

Assim foi proferido.

Do tantra da Grande Perfeição que revela a transparente intenção iluminada de Samantabhadra. Extraído do capítulo nove, que revela que, por meio desta poderosa prece de aspiração, todos os seres sencientes não têm o poder de não se tornarem Buddhas.

Virtude! Virtude! Virtude!
Prece traduzida do tibetano para o português por Satya Indra.

Revisão do português por Rigdzin Choying e Lúcia Brito.
Fevereiro de 2015.



[1] “Terma do Norte”, ou “Tesouro do Norte”, é o nome de uma coleção completa de termas descobertas por Rigdzin Godem. Após a descoberta, também tornou-se o nome da escola que segue o sistema. O nome “do Norte” foi dado porque os tesouros foram encontrados na parte norte do Tibete, em comparação com as primeiras revelações de tesouros, realizadas no sul do Tibete por Nyangral Nyima Ozer (nyang ral nyi ma’i ‘od zer) e Guru Chowang (gu ru chos kyi dbang phyug). Dizem que os tesouros do Norte são os ensinamentos essenciais de Padmasambhava. Antes de Padmasambhava deixar o Tibete, ele depositou uma variedade de textos e diversos objetos sagrados em um baú de couro marrom e o escondeu em uma caverna chamada Zang Zang Lhadrak. Estes eram os tesouros do Norte. Em 1366, Vidyadhara Godem — considerado uma emanação da mente de Padmasambhava e a encarnação do Nanam Dorje Dudjom, um dos cinco discípulos mais próximos de Padmasambhava — tirou o baú da caverna. O baú continha cinco recipientes, todos de materiais preciosos, e cada um de uma cor diferente. Esses cinco recipientes com seus conteúdos mais tarde tornaram-se conhecidos dentro da linhagem como os cinco depósitos (mdzod lnga). O depósito central era vermelho-escuro e feito de couro. O depósito oriental era branco e feito de concha. O depósito meridional era dourado e feito de ouro. O depósito ocidental era vermelho e feito de cobre. O depósito setentrional era preto e feito de ferro. Vidyadhara Godem decodificou os textos, transcreveu-os e transmitiu os ensinamentos para discípulos selecionados. Uma série de textos dos Tesouros do Norte é muito conhecida. Por exemplo, o nível interno da prática de guru chamado Lama Rigdzin Dung Drup, a Prece em Sete Capítulos, geralmente conhecida como Sampa Lhundrup, a prática de Vajrakilaya do sistema e a prática de Oito Logos do sistema (byang gter bka' brgyad). Os três volumes de textos sobre a Grande Perfeição, chamados Kunzang Gongpa Zangthal, são considerados uma das três mais altas transmissões dos ensinamentos da Grande Perfeição dentro do Tibete (os outros dois são o Longchen Nyingthig o Nyingthig Yazhi). A terceira encarnação de Vidyadhara Godem, chamado Ngagi Wangpo, fundou o mosteiro de Dorje Drak, que se tornou a base principal da linhagem dos Tesouros do Norte, sendo assim até o momento da redação desse texto.
[2] O termo “rigpa” (sâns. vidya) tem uma vasta quantidade de diferentes usos, tanto dentro quanto fora do contexto budista. A forma verbal de rigpa é traduzida do sânscrito “vid”, significando “saber”, tendo uma forte conotação de “ver”. O substantivo é traduzido do sânscrito “vidya”, significando “conhecimento ou saber”, mas com um forte sentido de visão mental, visão ou insight; alguma coisa conhecida/vista pela mente. Palavras em português como “ver”, “vídeo” e “visão” vêm do sânscrito “vidya” através do latim “vide”, “vedere”. Mestres como Jetsun Khandro Rinpoche e outros comentam que o termo inglês “awareness” (consciência, percepção) é inadequado, e Jetsun Khandro corrige para um simples “ver”. Portanto, “ver”, ou “rigpa”, serão utilizados aqui. O termo traduzido aqui como “não-ver” (sâns. avidya) é comumente traduzido como “ignorância”. Nesse contexto será traduzido como “não-ver” para salientar o contraste com o seu oposto citado acima, “ver”, “visão”.
[3] A consciência de alaya ou alayavijnana é a oitava e principal consciência dentro das oito consciências categorizadas no sistema da Escola Mente Apenas, no Yogacara e nos tantras. Esta consciência é a base subjacente a todas as outras consciências e todas as experiências. É também a “cadeia global” sobre a qual são plantadas todas as sementes cármicas e outras coisas que amadurecem nas experiências dos seres sencientes. Alayavijnana também é chamado de “consciência que é a base de tudo” e “consciência armazém” devido ao fato de que todas as impressões mentais e sementes cármicas estão armazenadas nela.
[4] Nesse contexto significa os três reinos: reino do desejo, reino da forma e reino sem forma.
[5] Paixão, agressão, delusão, orgulho e inveja.
[6] Sabedoria primordial similar a um espelho, sabedoria primordial da equanimidade, sabedoria primordial que discrimnina individualmente, sabedoria primordial que realiza a atividade e sabedoria primordial do dharmadatu.
[7] Heruka é usado geralmente para se referir a uma das classes de deidades iradas.
[8] O termo “aflições” (tib. nyon mongs pa) ou “kleshas” em sânscrito, refere-se a emoções de desejo, aversão, delusão, inveja, orgulho, visão errônea e assim por diante. O Buddha falava de “kleshas”, os movimentos mentais de paixão, agressão, delusão e seus muitos derivados, como os fatores que tornam o continuum mental agitado e desconfortável. “Emoções perturbadoras”, “emoções negativas”, “distúrbios mentais”, “emoções obsessoras” e outras formas de tradução do termo não capturam o significado explicado pelo Buddha. “Emoções aflitivas”, embora próximo do significado, pode não ser exato por haver a possibilidade de se fazer distinções entre “emoções aflitivas” e “emoções não aflitivas”. Emoções tidas como positivas — amor, fé e compaixão, por exemplo —, quando experienciadas por seres samsáricos, por serem maculadas pelos venenos da mente, também são consideradas kleshas. Fé e devoção às três joias e ao guru, sentidas por seres ordinários, também são formas de kleshas.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Bodhicitta



O caminho compreende visão, meditação e ação.
Bodhicitta, a mente do Buda, é o que une visão, meditação e ação. É a motivação para se seguir no caminho.
Bodhicitta é a energia que nos move para o caminho da iluminação e através dele. Depois da iluminação, bodhicitta é a energia que move os budas no mundo.
Lama Padma Samten, retiro de verão

sábado, 14 de fevereiro de 2015

O poço e a corda


"Não sei o que é mais extraordinário: o ensinamento para cima ou o ensinamento para baixo."
"Você está no fundo do poço, e alguém lá em cima, do lado de fora, joga uma corda - essa corda é o ensinamento para baixo."
Lama Padma Samten, retiro de verão

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Chegaram!!!!!!


Chegaram ontem, para minha imensa alegria.
Dois títulos da Lúcida Letra, editora voltada para obras budistas.
Eu continuo lendo A gata do Dalai Lama, do mesmo selo.
Um dia desses, uma pessoa me perguntou se sou uma atleta budista ou uma budista atleta. Não me vejo como nenhuma das duas. Sou a Dakini Espertinha, hahaha!
É evidente que o budismo e a atividade física são muito importantes para mim nesta vida. Mas realmente não me vejo assim, com essas identidades. Não me vejo com identidade nenhuma. Inúmeras vezes me olho no espelho e me espanto: essa sou eu? Quem é esse eu? Não é de hoje. É anterior à reconexão com o budismo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Momentos de pura alegria

Quero deixar aqui também algumas imagens do retiro sobre Ioga dos Sonhos com Alan Wallace em janeiro. Um momento tão especial para mim, de tanta consciência, aprendizado.
E o Cebb... ah, o Cebb é incrível por si só. Como disse o Lama Lhawang, o templo já está impregnado da energia de muitas práticas. De muitas preces e de muitas aspirações.
Mal posso esperar para estar de volta. Uma brecha em meio ao tumulto frenético do samsara.

Minha tutora Regina Dresler
e Lama Padma Samten,
meu professor perfeito.
Com a Prajnaparamita,
a Mãe de Todos os Vitoriosos.
Taís Fonseca, uma dakini incansável, una pessoa adorável.










sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Gatos no Dharma


Entre os novos hábitos para favorecer a prática budista está a leitura diária de algum texto do Dharma. O horário de que disponho é ao deitar. Como estou numa fase de trabalho muito puxado - e eu trabalho lendo o dia todo (e boa parte da noite) -, dei um tempo na leitura de Aquietando a mente e estou lendo este, A gata do Dalai Lama. E curtindo muito. Gostei da ideia e estou gostando da forma como o autor desenvolveu a trama, narrando o livro em primeira pessoa felina e apresentando as noções básicas do budismo. Leitura agradável e leve, e ao mesmo tempo rica.
Penso neste livro como especialmente adequado para pré-adolescentes



E agora Ludox adquiriu o hábito de beber água nas tigelinhas do altar todos os dias. Hoje eu me atrasei para fazer as prostrações e preces, e foi engraçado, porque ele subiu e deu de cara com as tigelinhas emborcadas. Voltou assim que percebeu que estavam cheias.
Que seja benéfico para ele!

May it be!



O retiro com Alan Wallace foi tão precioso, tão lindo. Inesquecível.
Durante o retiro, ganhei do Vítor Barreto, da 2AB Editora - Lúcida Letra, uma cópia de Aquietando a mente, livro maravilhoso de Alan Wallace que eu deveria ter traduzido. Mas, como me atrasei horrores, quem traduziu foi a Jeanne Pilli, que é a intérprete de Alan Wallace em português. Foi melhor assim. Eu fiz apenas iuma revisão técnica que não seria nem necessária. A tradução está impecável.
Alan Wallace autografou pra mim, e tudo que eu desejo é que o desejo dele torne-se realidade. Que eu chegue ao caminho em breve.
Tashi delek!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

108.000

Hoje!
No final da tarde, a caminho da academia, antes de sair pra correr, terminei a acumulação de mantras iniciada na metade de 2013.

Om Gate Gate Paragate Parasamgate Bodhi Svaha
"Atravesse, atravesse, atravesse para o outro lado, atravesse plenamente até a iluminação."
O mantra da Prajnaparamita, a essência do Sutra do Coração.


Foi uma atividade bastante lenta e errática. Inconstante como a minha prática budista até o final do ano passado. Mas, assim como a minha prática, tem uma qualidade que, na falta de palavra melhor, posso definir como fé genuína. Minha fé não tem nada a ver com uma crença cega, com a aceitação de coisas que me dizem e leio e que eu saio por aí repetindo como um papagaio. Tenho fé porque ouço, leio e depois reflito, analiso, exercito e vejo que funciona.
Minha prática budista me faz bem e me faz ser melhor. Funciona. Budismo de resultado, que seja.
A recitação do mantra supremo serve para acalmar minha mente. Para diminuir a cascata incessante de pensamentos - a maioria deles totalmente desnecessários ou francamente prejudiciais, num espectro que vai da simples tolice à grossa estupidez perniciosa.
Fiz a maior parte das 108 mil repetições caminhando pela rua ou dirigindo. Na verdade, o número foi maior, porque, sempre que me atrapalhava na contagem, não somava. Antes a mais do que a menos.
Já vou começar nova acumulação. Dessa vez mais focada.

Em virtude da acumulação, descobri também que, quando a mente fica por demais descontrolada ou obsessiva, quando gruda numa ideia e não larga de jeito nenhum, repetindo, repetindo, repetindo, basta começar a recitar que o surto perde a força.
Um dia desses estava na cozinha, arrumando coisas e lavando louça, e a mente agarrou-se em objetos que só causam aflição. Com uns poucos mantras a função estava encerrada. A mente desgrudou, acalmou-se e ficou mais presente no presente.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A Prece de Kuntuzangpo - 2

Minha deidade favorita, cuja imagem me fascina, encanta, alegra, enche meu coração e mente daquilo que é inexprimível, cujo conceito mal posso apreender - e que de qualquer forma está totalmente além da percepção da consciência ordinária.
Kuntuzangpo em tibetano. Samantabhadra em sânscrito. O Buda Primordial.

Minha prece favorita.
Em breve vou postar uma nova tradução, fruto das minhas conexões benéficas no Dharma.
Que seja de benefício a todos os seres.



Chanted by Khenpo Pema Chopel Rinpoche & Ogen Lama

堪布贝玛千贝仁波切、乌金喇嘛诵

Combined English & Chinese translations from different sources:

The Prayer of Kuntuzangpo, The Primordial Buddha Samantabhadra - 
This prayer was taken from the ninth chapter of the Dzogchen Teachings of the Gongpa Zangthal the Northern Treasures discovered by the Terton Rigdzin Godem.

A Prece de Kuntuzangpo - 1

O que eu reconheço sem compreender.
Um eco, uma marca, uma semente.
Eu não lembro, mas está no continuum que hoje sou eu.