sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Sassarico samsárico

Minha prática budista deve merecer nota 3 em uma escala de 0 a 10. E olhe lá...
Não observo nenhuma prática formal. Meu lama compassivo sabiamente me instruiu a praticar apenas no cotidiano. Afinal, se ele prescrevesse uma prática formal, e eu não a seguisse, aumentaria minha portentosa lista de ações não virtuosas de corpo, fala e mente.
Estou no budismo básico sugerido por Sua Santidade o Dalai Lama: "Faça o bem sempre que possível. Se não puder fazer o bem, tente não fazer mal." Eu tento, eu tento, mas samsara é vasto... Afff.
Em todo caso, em meio ao meu frenético sassarico samsárico, tenho certeza de que nem tudo está perdido. Pelo contrário. As sementes do Dharma conseguem brotar no terreno inculto da minha mente, varrido constantemente pelo vendaval de apego e aversão, calcinado por emoções perturbadoras, inundado por aflições mentais.
É evidente que acumulei méritos em minhas vidas passadas. Afinal, nessa vida recebi a bênção de me conectar a meu lama, Padma Samten, meu professor perfeito, cuja compaixão, paciência e generosidade para comigo são imensas.
Meu lama me proporciona a imensa dádiva de trabalhar no Dharma, fazendo a edição de texto de seus livros. Ele publicou "Meditando a Vida", "A Jóia dos Desejos" e "Mandala do Lótus", e tive o prazer e a honra de fazer a edição dos três. Neste ano, ele produziu "O que pensam os budistas", a ser lançado em breve. Também participei. O trabalho de edição dessas obras me propiciou algumas das horas mais significativas de minha vida.
Meus méritos acumulados renderam outra bênção: traduzir livros de Sua Santidade o Dalai Lama. De momento, estou concluindo um desses. Todo dia, quanto sento para trabalhar, penso no quanto é extraordinário eu poder unir meu trabalho mundano com o Dharma. Nos últimos dois anos, traduzi ensinamentos extremamente profundos de Sua Santidade sobre Dzogchen, Lam Rim e Prajnaparamita.
Essa chuva de bênçãos nutre minha felicidade e alegria básicas, o otimismo com que eu costumo encarar todas as experiências. Como poderia ser diferente?

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