domingo, 27 de janeiro de 2013

7+7, 7x7, 7, 7, 7...

Na boa, preferiria o 007...
Enfim, 49 dias com as Serpentes, sete semanas de tratamento. Nos meus 49 anos de idade. No segundo ciclo de tratamento, iniciado no final de 2012, exatos 14 anos depois do primeiro. Dessa vez, pra liquidar a fatura. Embora às vezes pareça que esse processo vai liquidar é comigo.
Da primeira vez, no final de 1998, as crises de cura causaram surtos de ansiedade e pânico arrasadores. Primeiro pensei que fosse morrer. Depois pensei que fosse ficar louca. A seguir, que fosse ficar louca e morrer. Depois pensei que apenas ficaria louca pra sempre, surtando. Daquela vez, removi a espessa camada de medo que me paralisava - inclusive literalmente. Sete anos para finalizar essa etapa.
Vivi sete anos de consolidação daquele estágio de amadurecimento.
E então chegou a hora de ir mais fundo. Depois do medo, a dor. Dor primária. Atávica. A dor da minha alma. Dessa vez, as crises de cura são acessos de dor. Dor de matar. Literalmente. Pude entender o que leva pessoas extremamente feridas ao suicídio. Quando o bicho pega, quando a onda desaba por cima, destroça e arrasta tudo, você sufoca, se debate e, depois de um tempo, a única coisa que quer é sair daquilo. Morrer parece uma boa solução - melhor dizendo, a única solução, você já não está mais preocupado com bom e ruim. Só quer que aquilo acabe. Que passe. Tive vislumbres fugazes, mas altamente nefastos. Depois que passa, nem dá pra acreditar que senti uma dor tão medonha.
2012 foi o ano da dor. Primeiro dor física. Dor neural, a ciatalgia que nem morfina aplacava. Eu nunca havia experimentado uma dor física tão intensa. Nem dor alguma por tanto tempo.
Em dezembro veio a dor da alma. A primeira onda grande quebrou no dia 9, um domingo. Achei que seria a única. O universo protege os insensatos... Na hora não entendi que aquela onda não era o fim. Era só o começo. A abertura das comportas. The hell breaking loose. Caixa de Pandora.
Não sei quantas ondas já quebraram desde então. Várias. Algumas enormes, muitas médias, inúmeras pequenas. E nos dias mais calmos, como hoje, são marolinhas constantes.
Não lembro de chorar por causa da ciatalgia. Agora não tem um dia em que não chore.
Enquanto tentava curar a hérnia de disco, todos os dias eu ia deitar pensando: "Amanhã estarei melhor". Agora é a mesma coisa. Amanhã estarei melhor. Vai passar.

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