domingo, 28 de setembro de 2008

Observação da paisagem

Na semana passada, vi um antigo objeto de desejo/apego. Foi um acontecimento totalmente fortuito, irrelevante em termos práticos, mas causou uma ventania semelhante à que agitou a cidade nesse início de primavera.
A mente cavalga sobre ventos, diz Lama Yeshe no livro que traduzi. E minha mente esteve prestes a sair ventando sabe-se lá por quais veredas, como o cavaleiro da história budista ali embaixo, que se deixa conduzir pelo cavalo desembestado. Mas não dessa vez. Fiquei firme em meio à ventania, puxei as rédeas e fiz o cavalo ir a trote para poder observar a paisagem e decidir um rumo. Essa tem sido uma experiência de observação do apego/desejo.
Percebi que não tenho apego pelo ex (e deve ser por isso que nunca tive ciúme, coisa que sempre me intrigou), e sim pela experiência pessoal, interna, de que desfrutei em função dele. Ou seja, é um apego por determinados tipos de ventos... Concluí que não sinto falta do ex, mas dos ventos, das sensações. E essas sensações sob certo aspecto independem dele, são projeções de minha mente, que atribuiu características a uma base. A famosa imputação, ou rotulamento, dos fenômenos pela mente dualista.
O que me manteve apegada a essa experiência específica sempre me pareceu maior do que uma mera vertigem samsárica. Vi possibilidades de usar esse relacionamento - ou as sensações que ele me proporcionava - na prática budista. Usar a energia do desejo de modo positivo. Espero descobrir se tenho como fazer isso.

4 comentários:

  1. Es claro que tú llegas a conocer por experiencia propia directa, mucho de lo que yo sé sólo teóricamente y sólo gracias a la gran bondad de los Maestros. Por ejemplo, esto de que la causa directa del apego no es el objeto de deseo mismo, sino las sensaciones agradables que surgen del contacto -visual, etc.- con él. Esto, cuando lo oí, fue como una revelación para mí.

    Otra cosa, conectada con ésta y con lo que tú dices, que he oído, es que una manera de transformar estas sensaciones agradables -la causa del apego- en el camino espiritual es ofrecerlas inmediatamente a la Deidad que reside contínuamente en el corazón espiritual de cada uno.

    No obstante, siempre nos parece que la expresión de 'transformar el apego' lleva en ella una connotación más secreta que hay que descubrir. Si es así, estoy bastante convencido de que la descubrirás, y me la dirás, si se puede decir.

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  2. Olá!
    Pois é justamente isso: sempre considerei esse relacionamento uma experiência direta de amor num sentido mais amplo. Experiencei uma expansão da minha capacidade de amar, livre de conteúdos românticos. A aceitação do outro como ele é. Olhar para um ser senciente e ver nele todo o potencial positivo.
    Quando comentei sobre isso com meu lama uma vez, ele disse que eu estava indo muito bem, que deveria aproveitar para estender esse amor aos outros seres. É isso que tenho tentado fazer desde então.
    E o fato é que me tornei muito mais amorosa e interessada em termos gerais. É a coisa de gostar das pessoas de verdade, mesmo sem conhecê-las bem, desejar sinceramente que sejam felizes, e estar sempre disposta a ajudar.
    Lógico que a prática ainda é muito precária, pois às vezes sou extremamente antipática. Mas a semente brotou. :) Está se expandindo em meio às ervas daninhas...
    Nunca ofereci essas sensações à deidade - vou fazê-lo a partir de agora. Vou oferecer a Samantabhadra/Vajradhara, até porque foi também em meio a isso que me conectei a Samantabhadra.
    Creio que a magia da transformação do apego consiste em simplesmente expandir a visão. Em vez de ficar apegado a uma coisa só, apegar-se a tudo, e não ficar apegado a nada, pois que tudo se torna um. Hummmm, um tanto confuso, não? Mas acho que é por aí.
    Beijo.

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  3. Lo del final es un poco confuso para mí, es verdad, o que lo encuentro un poco abstracto. Pero puede ser que más adelante, como me ha pasado otras veces, vea de repente su significado completo. A veces tengo fuertes deseos, por seguir con la analogía del caballo, en vez de intentar subyugarlo, de bajarme de él -de las mentes perturbadas- ¡y dejarlo ir! --- Un abrazo.

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  4. Pra mim também isso ainda está meio confuso, mas foi uma idéia que começou a brotar, quero ver se ela se expande.
    Hoje entreguei a tradução do livro de Lama Yeshe pra editora. :)
    Hahaha, não há como saltar desse cavalo, né? A única alternativa é domá-lo...

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