sábado, 15 de setembro de 2018

Superar é não desistir #2

O sábado chuvoso começou com treino pegado na BPro. O braço esquerdo está quase zerado. Já consigo fazer supino de novo com o mesmo peso de antes de quebrar o braço.
Fiz uma fratura há dois meses e meio. Ia postar, comentar a recuperação, mas preferi me resguardar naquele período. Só que foi algo tão bom que merece ser compartilhado. Vá que apareça alguém por aqui que passe por situação semelhante.
Foi assim: fraturei o rádio do braço esquerdo no dia 1º de julho, domingo. Caí de bike ao desviar de uma criança que apareceu do nada na minha frente. Na hora senti um pouco de dor, mas nada que me impedisse de pedalar mais uns 10km até chegar em casa.
Estava com uma amiga fisioterapeuta quando caí, e à noite, ao conversarmos, ela me tranquilizou: "Em 23 anos de prática e de biker, nunca vi ninguém fraturar o braço e conseguir continuar pedalando". Mesmo assim, ela insistiu em que eu fosse num traumatologista no dia seguinte. A noite foi difícil, o braço doía, não havia posição confortável. Fomos juntas à clínica na segunda à tarde. (De manhã eu trabalhei, fui de carro pra editora e depois pro médico.)
Pra nossa total surpresa e consternação, o raio X mostrou uma fratura total do rádio. Saí da clínica com uma tala enorme, imobilizando da mão ao ombro. Assim:


No momento em que levantei do asfalto após o acidente, meu primeiro pensamento foi: "Não!!! Meu treino amanhã!". Fui dormir sabendo que na segunda-feira não iria rolar. E suspeitando que teria que ficar off por uns dias. Quando soube da fratura, quase comecei a chorar - só por causa do treino. Mas havia uma coisa boa: minha fratura era totalmente estável. A cabeça do rádio quebrou toda e encaixou completamente dentro do osso, tipo uma tampinha. O médico disse que eu havia dado sorte, porque essas fraturas costumam estilhaçar, em vários casos é preciso colocar prótese no cotovelo (!). (Uma colega de treino na BPro que é fisioterapeuta não creditou à sorte, mas à minha constituição física e ao meu preparo. Já a minha amiga fisioterapeuta concluiu que tenho genética de E.T., hahaha.)
Na quarta-feira, resolvi dar uma passada na BPro pra contar o que havia acontecido. Estava lá chorando as pitangas pro meu treinador, quando resolvi ousar: "Daria pra montar um treino pra eu fazer a partir da semana que vem?". "Claro que sim", ele respondeu na hora. Nada daquele nheco-nheco de repouso. "Vou começar a montar hoje", complementou. "Posso vir a partir de amanhã então?" "Claro." Mazahhhh!!!
E foi isso. Fraturei no domingo. Engessei na segunda-feira. Na quinta-feira voltei a treinar. De tala. Um treino bem mais leve, é óbvio. Mas o suficiente pra manter o corpo ativo e o moral elevado.
Na sexta-feira, dia 6, consultei com um especialista em cotovelo. Que médico maravilhoso! Ele confirmou todo o diagnóstico anterior. E, como minha fratura era 100% estável, disse que eu poderia remover a tala na segunda-feira seguinte e deixar o osso consolidar por si - mas sem fazer força com o braço esquerdo. Saí do médico direto pra BPro, feliz da vida.
Treinei com a tala ainda na segunda-feira, dia 9. Depois do treino, Roger, um dos professores, me ajudou a tirar o aparato. Dali em diante, vida quase normal. Claro que o braço incomodava, alguns movimentos causavam bastante dor, eu tinha que manter em mente que havia uma fratura.
Voltei ao médico no dia 20 de julho, sexta-feira. O novo raio X mostrou a fratura consolidada. Tive alta para voltar a treinar normalmente. "Normalmente", não igual ao que treinava antes. Tive de encarar uma reabilitação. O braço ficou fraco, encurtado, sensível. Mas as perdas foram bem menores do que seriam caso eu tivesse mantido o gesso e parado de treinar.
Felizmente treino em um local onde a interrupção da atividade só é recomendada quando não há possibilidade de adaptar exercícios. Fui cuidada e incentivada. E pude exercitar algo inerente em mim: a garra.
Quem quer dá um jeito, quem não quer dá desculpa.

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