sábado, 4 de abril de 2015

In the aftermath

You believe what you see, all the things that you know.
But oh, you don't know the depth of my soul.

Digo isso pra mim mesma.
E hoje, ao amanhecer desse sábado glorioso de outono, fui um pouco mais fundo in the depth of my mind.
E entendi o que me intrigava há meses em um relacionamento que eu percebia ser perturbadoramente parecido com o que mantive com minha mãe. O que eu tenho que aprender com isso? O que eu tenho que aprender com isso? Fiz essa pergunta centenas de vezes. Só que procurando a resposta no lugar errado. Eu olhava para fora. Eu via perfeitamente a interação. Mas não via o que existia em mim.
Hoje eu vi.
Vi como eu me comportava com minha mãe, reagindo à frieza dela. Percebi como eu repetia o padrão, geralmente de forma velada, sempre de modo inconsciente. Eu nunca havia realmente percebido.
Eu sabia que magoava e frustrava as pessoas próximas. Não nas coisas importantes, mas naquelas centenas de pequenas coisas que compõem o dia a dia. Um ex-namorado certa vez pontuou isso muito claramente (e eu entendi racionalmente, mas não consegui absorver). Eu me esforçava para não ser implicante e do contra. Mas era algo que irrompia em palavras e atitudes súbitas. Padrão. Resposta reflexa. Não agir assim era um esforço, eu tinha que me policiar para ser compassiva, e isso me irritava. E quando eu me irritava ficava ainda pior.
Tão mais fácil encontrar autojustificativas para o que, no fim das contas, era crueldade. Tão mais fácil olhar para os defeitos dos outros do que para os próprios. Esconder ou projetar.
O conhecimento liberta.
Soltei mais um nó.
Fiquei mais livre e mais leve.
Há uma reação emocional e física imediata: uma enorme alegria e contentamento pacíficos, uma vontade de sair festejando, riso e lágrimas. o afrouxamento do diafragma, a mudança na respiração.
Insight não é passe de mágica. Agora vem o processo de integrar isso.
Minha mãe nunca conseguiu demonstrar amor por mim, Nem eu por ela. Ela jamais disse: "Eu te amo" para mim. Nem eu para ela (enquanto ela era lúcida). Nosso relacionamento era tão frio e complicado que eu nunca soube se ela me amava (e tenho certeza de que ela se questionava sobre o meu amor por ela). Muito sinceramente, eu nunca consegui sentir amor entre nós. Meus terapeutas sempre garantiram que sim, que existia.
Fosse como fosse, minha mãe sempre cuidou de mim enquanto teve lucidez, Sempre. Sou grata a ela de modo incondicional. E tenho certeza de que muitas das minhas melhores qualidades floresceram pelo exemplo dela. Sou semelhante a ela por fora e por dentro.
Minha hostilidade em relação à mãe cessou em 2008, quando comecei a cuidar dela. Ver a deterioração da mente de minha mãe me abrandou. E acaba de me ocorrer que a doença dela tem sido um ensinamento para mim.
Minha mãe não sabe mais quem eu sou. Mas continua me ensinando. E me ajudando a ser uma pessoa melhor. E provavelmente existe muito mais dentro de mim além da sensação de gratidão e de dever em relação a ela.

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