domingo, 22 de janeiro de 2017

Drinking habit

Desde que esquentou, fiquei muito cervejeira. Primeiro, naquelas de beber quando saio. Depois em casa também, durante a semana. Happy-hour. Comecei a achar muito bom chegar da editora e curtir o final do dia bebendo uma cerveja, olhando o céu lindo de verão, avermelhado, rosado, as nuvens... Entendi perfeitamente o esquema de happy-hour das pessoas que vão beber em bar no final do expediente, coisa que nunca fiz.
Sexta-feira, cheguei aqui às 20h meio tensa por causa da viagem cansativa. Fui tomar uma cerveja enquanto arrumava as coisas e instalava o notebook pra dar uma trabalhadinha. A noite espetacular, as ideias pra escrever, o bem-estar por estar aqui... dê-lhe cerveja. Várias.
Ontem resolvi cortar a cerveja da happy-hour. E isso que fiz um faxinão no apartamento (finalmente!), coisa que detesto. Antes de começar, pensei em buscar umas cervejas pra acompanhar a função, pra me distrair. Pensei em beber depois também, pra celebrar o sucesso da empreitada. Mas o pensamento/sensação que se impôs foi o oposto: sem cerveja, Lúcia Brito. Por um único motivo: eu não estava com vontade genuína de beber cerveja. Era só pelo hábito. Porque é bom. Porque eu gosto.
Lembrei daquelas frases sobre beber porque está feliz, beber porque está triste, beber pra animar, beber pra relaxar... Engancha uma coisa na outra. E com o tempo a mente acaba enganchada nessas criações.
Lembrei também do hábito de comer por ansiedade ou por carência. (Há anos me livrei do hábito de comer doce - e de comer qualquer coisa - em busca de prazer. Mas sempre fico atenta com o açúcar, que já exerceu grande poder sobre meus neurorreceptores. Droga de eleição. Não dá pra vacilar.)
Então, simplesmente voltei a atenção mental para o hábito incipiente de beber cerveja. Muito simples e fácil perceber uma coisa assim e se soltar. Difícil é se desenganchar de hábitos arraigados. Nesses estou ralando. O hábito de roer os dedos é o pior na categoria de fenômenos físicos. Maria Rita, minha manicure e operadora de milagres, que o diga. Vem da infância.

Tudo acaba sempre no budismo: observar a mente.
Caminho do Meio.
Ok comer um doce ou beber uma cerveja quando estiver com vontade. Prazer sensorial samsárico. Agora, juntar esse prazer com carência/ansiedade não é bom.
Bom mesmo é estar livre dos desejos/apegos/aversões samsáricos, claro. Mas disso estou longe. Me manter minimamente focada em almejar o Caminho do Meio já está ótimo de momento.


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