Não sou do tipo que curte praias pequenas, de enseada. Claro que gosto, acho bonitinho e tal. Mas eu gosto mesmo é de mar aberto. E grande. Mar sem onda não é a minha praia (hahaha, não pude resistir ao trocadilho. Aliás, acho o fim a idéia de que trocadilho é "feio" ou infame. Adoooooro trocadilhos, não vejo nada de infame neles. Afinal, pra fazê-los é preciso algum conhecimento da língua e umas idéias tortas e espertinhas...)
Pois bem, tenho vindo pra Capão em todos os fíndis de janeiro. E o mar está uma coisa de louco. Gelado sempre foi. Irregular também. E escuro. E nada disso me incomoda.(Quer dizer, água fria me incomoda. Tenho pavor de água fria, água gelada pra mim só pra beber. O problema é que eu passo muito mal com frio, se meu corpo esfria muito, num instante estou roxa/esbranquiçada, tenho muita dificuldade pra me manter aquecida em baixas temperaturas - tanto que no inverno corro com montes de roupa, porque não consigo me esquentar na rua, suando no vento frio.)
Eu amo a vastidão desolada dessa costa retilínea, aprendi a amar esse mar revolto ao longo de inúmeros verões em Tramandaí. Vejo uma imensa beleza nessa paisagem.
Mas nesse verão a cor do mar está me-do-nha. As marolas não quebram com espuma, mas com uma nata marrom, uma coisa de aspecto viscoso. Minha filha tem coragem (ou falta de sensatez) pra entrar, e sai dizendo sempre que a água está nojenta, que tem uma gosma que roça no corpo. Affff.
Hoje vi dois caras saírem do mar com calções brancos severamente alterados. Duvido que voltem a ficar brancos.
Então, vou pra beira da praia e não tenho o que olhar. Sempre gostei de correr olhando esse mar. Ou de sentar e observar o movimento da água. Mas dessa vez não dá vontade. Corro olhando a faixa de areia. E, quando sento, olho a paisagem humana. Ou preferivelmente, fecho os olhos e me deixo invadir pelo calor do sol.
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