domingo, 20 de abril de 2008

Possibilidades

Astrologia, tarô, búzios, os oráculos em geral me fascinam. Vejo-os como sinalizadores das possibilidades de meu karma. E o que de fato me fascina são as possibilidades. São como um caleidoscópio, sempre cambiantes.
A prática budista está me ensinando a observar as possibilidades com desapego. Uma das coisas mais importantes que aprendi nos últimos tempos foi ver que possibilidades não passam de... possibilidades. Podem acontecer ou não.
Esse aprendizado vale ouro em todas as situações que envolvem outras pessoas. As possibilidades de uma associação podem ser completamente auspiciosas, e mesmo assim podem não se concretizar jamais. A incapacidade de aceitar essa verdade me causou enorme perda de tempo e sofrimento no passado. Eu ficava tentando dar vida a possibilidades auspiciosas, investia toda minha energia, esquecendo o elementar: existem coisas que não dependem só de mim. E os demais envolvidos podem ter outras idéias. Podem até considerar as possibilidades igualmente auspiciosas, mas optar por alguma outra coisa.
Essa percepção tornou-se nítida no início desse ano. Foi uma experiência libertadora: encerrei uma associação que não iria adiante, que se mantinha estagnada apesar do potencial basicamente positivo. E iniciei uma nova fase. Agora estou mais ágil, mais rápida, mais flexível. Mais pragmática. Ficou assim: a minha parte eu faço. Faço e falo, expresso claramente o que vejo, o que sinto, o que quero, como avalio as possibilidades. Se a conexão não se estabelece, eu simplesmente desapego e sigo em frente, fluindo pelas experiências e pela miríade de possibilidades que se abrem a cada instante. Isso me permite estar sempre presente por inteiro naquilo onde estou. Não é um processo instantâneo, e tampouco indolor em certas ocasiões. Mas é um exercício de lucidez e liberdade. E, como tudo, é uma questão de prática, de treinamento e disciplina.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Have I made myself clear?

No, I have not.
Tem gente me tirando pra falcatrua, pra mulher que fica se fazendo ou, pior ainda, pra uma pessoa de pouca firmeza. Só pode ser isso.
Deixo claríssimo que não sou adepta de "ficar", nem com amigos, muito menos com estranhos, e que sexo casual não me interessa. Mesmo assim, aparecem uns achando que vou beijar tipo depois de meia hora de conversa, ou que, tendo saído num dia como amigos, vamos começar a "namorar" no dia seguinte. Outros vêm com uns papos furadíssimos sobre querer me conhecer, o que significa fazer as perguntas mais inconvenientes e descabidas.
O mais sensacional é que essa gente se ofende quando leva um chega-pra-lá. Aí acham que sou grossa e mal-educada, ou metida a gostosa. Hahaha, sou mesmo! Fazer o quê? Falando na boa não levam a sério, não entendem ou simplesmente não se mancam, ficam tentando forçar uma coisa que não vai acontecer.
É a era da falta de noção.
O que me irrita nisso tudo é a falta de respeito básico. Se digo que não estou afim, é isso aí. Não admito ser invadida no direito essencial de escolher o que e quem me agrada.
Simple as that.

domingo, 13 de abril de 2008

Capivara corredora

Gente mal-humorada passa trabalho.
Acordei às 6h pra participar da meia-maratona. Ainda estava escuro. E em seguida começou a chover. E não parou mais. Filó e MM vieram me buscar. Quando chegamos no Gasômetro, chovia que deus mandava. Pensei seriamente em não largar, porque não ando com vontade de esfalfar o corpo de luxo - e muito menos cair... Mas enfim, já estava lá e tal... Aqueci mal e porcamente e... showtime.
Até que estava numa boa, conformada com a situação, quando, uns dois quilômetros depois, desabou um pé d'água daqueles, com um vento contra de foder. Tenho horror de correr no vento, e fiquei totalmente de má vontade. Pensei em parar. Resolvi ir até o km 5 pelo menos. Quando o vento amainou, fiquei na boa.
E então, no km 7, tivemos que atravessar um trecho de uns 100m de água barrenta na altura dos tornozelos. Maravilha. Não dava pra ver o chão, e eu com os joelhos com feridas abertas, e aquela água suja respingando neles. Bem, bem, foi barbada perto do que nos aguardava no km 10: uns 50m de água suja, certamente chuva misturada a esgoto, na metade da panturrilha. Dava para sentir o mau cheiro. Dessa vez os joelhos afundaram naquele caldo, para minha total consternação.
Fiz toda a primeira metade como uma capivara, ruminando o mau humor. Claro que o rendimento baixou, porque eu não estava afim da indiada. Mas fiz a volta e abandonei de vez as idéias de parar e decidi fazer o melhor que desse. Mais água suja nos joelhos, mas eu já estava preparada.
Voltei na boa, terminei a prova inteira. Não sei se conseguiria fazer um tempo melhor, mas certamente teria me sentido melhor se não largasse de mau humor e má vontade. Mais do que o corpo, preciso treinar minha cabeça pra maratona. Sem chance correr 42km com espírito de porco pouco esportivo.

A meia-maratona deste domingo foi minha primeira corrida na categoria feminino 45-49 anos.
Comecei bem. Fiquei em primeiro lugar. Mas isso não será rotina. Bah, vou ter que me puxar. Ou não. Porque quero mesmo é me divertir correndo. Bem, bem, mas eu me divirto forçando meus limites, arregaçando, ir numa corrida pra fazer corpo mole ou dar de mulherzinha certamente não me distrai, e estimula o humor de capivara, afff... Sei lá, tenho que pensar mais sobre isso, encontrar o caminho do meio.

Essa foto foi feita por André Nery, que estava trabalhando na meia-maratona. Vi ele embaixo de um guarda-sol, com água batendo por tudo que era lado, e concluí que eu prefiro correr na chuva do que ficar parada.
Ele e o pessoal da organização e do apoio estavam lá trabalhando, enquanto a folgada aqui foi porque quis, teoricamente pra se divertir testando seus limites. Aí fica de mau humor. Que cara de pau.
Mas hoje voltei a meu bom humor habitual, e já estou achando tudo muito engraçado.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Flutuações

Humor instável hoje.
De manhã estava sombria, meio deprimida com o perrengue. Bateu o desânimo, uma leve tristeza. E ainda tive que ir ao supermercado, o que jamais contribui para minha alegria e bem-estar.
O almoço foi bem bom, aí fiquei mais disposta.
Mas depois do almoço comecei a ficar inquieta e mal-humorada. Foi como estar enjaulada.
O banho foi uma droga. Tirar os curativos é o horror. O que dói mesmo é o puxão nos pelinhos. Os infelizes não são arrancados com o micropore, estão todos ali, sendo puxados diariamente... Pensei em passar uma lâmina, mas nem tenho em casa. E não teria coragem. Não suporto olhar as feridas, menos ainda tocar nelas ou nos arredores. Me dá uma vertigem. Depois tive que suportar a água escorrendo pelas lacerações; hoje isso provocou uma ardência dolorosa.
Agora estou mais estabilizada de novo. MM e Filó vieram fazer novo curativo, e constataram que estou muito melhor do que ontem. Que bela notícia! Estava com medo de infecção.
Vou dormir mais tranqüila hoje.
Meus amigos foram um auxílio precioso nesse dia tão conturbado. Seus e-mails, telefonemas e conversas no msn me confortaram e ampararam. Fui cercada por uma rede de proteção carinhosa que me ajudou a manter distância do buraco da depressão e do mau humor.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Day after

Longa noite essa última... Difícil me acomodar na cama, não sabia de que jeito colocar os joelhos. E depois esfriou, aí fui pegar um cobertor. E depois choveu, aí entrou água no meu quarto. E no meio disso tudo pensando, pensando...
Meu timing ontem foi um fracasso. Tudo truncado.
Mas ao menos os joelhos hoje estão bem melhores. E o resto é uma questão de tempo e de timing.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Caí de novo!!!

Inacreditável.
Fui correr à tardinha hoje. Estava fechando os 16km no Parcão, faltando menos de 300m, e caí. Tombo cinco estrelas, fui deslizando pelo chão. E me ferrei. Perdi um pedaço do joelho direito. Abriu um buraco fundo.
Mesmo assim, como sempre, levantei e terminei a corrida. Mas já sabia que dessa vez tinha sido bruto.
Resolvi lavar antes de chegar em casa, até porque estava com muito sangue escorrendo. Hahaha, ficou ainda pior a situação, uma total lambança. O sangue se espalhou por tudo, manchou as meias... Bah...
Como não conseguia mais caminhar porque não agüentava flexionar os joelhos, liguei a cobrar de um orelhão pro ex-marido, que viria aqui em casa mais tarde pra visitar nossa filha, e ele foi me buscar.
No banho concluí que a coisa estava sinistra. Aí liguei pro MM, meu amigo. Ele é dentista, corredor, me conhece e eu confio nele. Não estava afim de me meter num pronto-socorro, resolvi pedir a opinião dele. MM e Filó são amigos de fé. Ponta-firme. Chegaram logo. E é claro que eu estava certa: me lasquei toda dessa vez. MM limpou o buraco e fez um curativo. E avisou que vai levar uns 15 dias pro joelho direito cicatrizar. E que vai ficar uma marca feia. Putz... Se as outras eu já achava horríveis...
Enfim, é uma questão de tempo. Vamos ver o que acontece.
No resto, desde ontem estou encantada. E é também uma questão de ver o que vai acontecer.