domingo, 24 de novembro de 2013

Sossego azul

Que dia lindo. Que final de semana maravilhoso.
Clima ameno. Sol. Pessoas bacanas. Descanso.
O universo conspira. Basta se deixar levar. Ficar leve.
Melhor impossível.

Tragédia e farsa

A frase de Marx, "a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa", funciona no atacado da história universal e no varejo das vidas individuais. Hoje percebi isso muito claramente. Na minha vida.
O mesmo tipo de acontecimento. Em fases muito diferentes. Na primeira vez foi um baque. A tragédia. A repetição foi de fato uma farsa.
Não achei graça. Mas também não fiquei triste. Apenas decepcionada. I should know better. Achei patético e desnecessário. Fiquei chateada. Mas não fiquei surpresa. De certo modo, não faz a menor diferença, pois eu simplesmente já estou em outra fase. De novo.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tradição


Hohoho.
A árvore é nova. Mas neste ano a decoração é retrô, no estilo da minha infância. Fazia muitos anos que não usava as tradicionais bolinhas de vidro. E não havia pensado em fazer isso. Quando cheguei do supermercado com a árvore, aproveitei e peguei todas as caixas de enfeites natalinos que guardo no depósito da garagem. A ideia era dar uma olhada e organizada, mas usar apenas as bolas douradas, fitas e luzes.
Só que dessa vez achei a árvore monocromática sem graça. Comecei a mexer nas bolinhas. "Vou usar só as decoradas e as antigas." Coloquei cuidadosamente as bolinhas com detalhes e as relíquias de minha avó, enfeites que me acompanham a vida inteira, dos quais me lembro desde sempre. E que são o motivo para eu gostar de Natal: eu era (e sou) apaixonada por árvores natalinas.
Continuei achando pouco. E então enchi o pinheirinho de bolinhas simples coloridas. Sem regra, a não ser evitar que as bolinhas encostem umas nas outras e procurar misturar bem as cores.
Enquanto montava a árvore, decidi trazer minha mãe pra vê-la - porque provavelmente será a última vez que ela terá condições. No ano passado ela participou da festa, neste ano não será possível. Vou trazê-la qualquer dia pra ver minha árvore e os enfeites da infância dela. Trazê-la para o agora por momentos, ou impulsioná-la para o passado remoto de que ela ainda consegue lembrar. Tanto faz, contanto que ela se distraia e se sinta bem.
Montei essa árvore infantil para avivar as memórias possíveis de minha mãe e para celebrar meus 50 anos com um elemento querido que me remete a meus primeiros anos.







sábado, 16 de novembro de 2013

O que importa

Os momentos de lucidez são cada vez mais breves. Mas ela estabilizou de novo em um estado de agitação moderada. É isso ou a sedação de nem parar em pé. Assim é melhor. É o menos ruim.
As três últimas visitas foram boas. Especialmente essas que fotografei (a foto de cima é de hoje).
Agora ela sempre fica faceira quando eu chego - e os olhos dela brilham por segundos no que eu creio que se possa definir como um reconhecimento difuso. Ela já não sabe bem quem eu sou, mas sabe que eu sou alguém. E sempre consegue lembrar quem eu sou, e sempre diz quem eu sou quando lhe perguntam.
Hoje em dia, a única coisa que realmente me importa é o que eu vejo nos olhos dela. Ultimamente, vejo que o sofrimento causado pela confusão e agitação diminuiu muito. Ela está mais confortável. E isso é tudo que eu posso querer e esperar.
Os diálogos em geral se resumem a uma pergunta e uma resposta, poucas palavras. Quando está mais agitada, ela fala bastante, mas não há nexo. Ultimamente ela está mais quieta. Então fico sentada a seu lado em silêncio, ou conto alguma coisa, ou mostro fotos no celular, ou converso com as atendentes e parentes de outros hóspedes. Às vezes ela entra na conversa de repente. Como hoje. Eu estava conversando com outra pessoa, falando sobre ela. Aí ela perguntou:
- O que eu fiz?
Eu respondi:
- Arte! Tu deve ter feito arte, porque tu é uma velha muito sem vergonha!
- De jeito nenhum! - ela rebateu na mesma hora, rindo, entendendo a brincadeira, participando.
Momentos como esse são os mais preciosos para mim. Quando eu consigo fazê-la rir e brincar. Isso é cada vez mais raro.

Hoje quase a deixei cair estatelada na rua. Consegui puxá-la pelo braço antes que batesse de cara no chão. Eu sei que já não dá mais para sair com ela sozinha, mas a tarde estava linda, ela estava bem - e eu resisto a aceitar que essa fase acabou. Vou tentar visitá-la com companhia, ou pedir uma cadeira de rodas pra darmos umas voltas pela rua. Porque por instantes ela observa a paisagem, os cães e gatos da vizinhança, e fica mais presente.

A doença e também a velhice transformaram minha mãe. E a mim. E inverteram nossos papéis. Hoje pela manhã estava conversando com minha irmã sobre algo que sempre tenho em mente, mas que desde ontem está em primeiro plano em meus pensamentos: minha mãe sempre cuidou de mim. Sempre. Quando eu já estava com mais de 40 anos ela ainda cuidava. Se eu ficasse doente ou precisasse de qualquer coisa, ela sempre estava disponível. Jamais foi do tipo que só telefona pra saber que tal. "Filho é promissória que nunca se desconta", ela dizia.
Agora que cuido dela e que tudo que ela foi está se dissolvendo, eu cada vez valorizo mais e lembro mais de tudo que ela fez - e as coisas que faltaram parecem cada vez menos importantes.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Novo amor

Troquei a academia de musculação por um estúdio de treinamento funcional em julho. Foram mais de trinta anos de musculação, de que sempre gostei muito, mas, passados quatro meses, sinto-me totalmente adaptada ao treinamento funcional - e não me vejo fazendo musculação de novo tão cedo.
A resposta do meu corpo ao treinamento funcional foi incrível. Aumento da força, da coordenação motora - e da massa muscular. A diferença é visível.
Fiquei uma semana sem conseguir treinar. Fui hoje. Que maravilha! Melhora o dia, o corpo, a vida. Me deixou totalmente no clima para o começo do final de semana. :)