quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Despedida em grande estilo

No último dia de agosto, a concretização de meu sonho mais desejado. Contratada para trabalhar em uma editora, com horário e salário fixos. Tudo combinado em uma rápida reunião no início dessa tarde chuvosa de um dia triste para a história do país.
Incrivelmente feliz por minha realização pessoal-profissional.
A vida fluindo na direção planejada.
Fruto de determinação, paciência, meticulosidade. E fé, esperança e otimismo.
Hoje de manhã ouvi coisas lindas sobre a pessoa que sou - forte e sensível, uma sobrevivente que não desiste, cuja instabilidade profissional e financeira não é um "defeito" e sim uma dificuldade ocasionada por um bloqueio que estou lutando para resolver.
Um passo decisivo foi dado hoje. E a caminhada começa pra valer amanhã, no novo cargo.

No mês que antecedeu essa conquista, estive cercada de mulheres. Um pequeno grupo de amigas e irmãs de alma que, em vários momentos e de diversas maneiras, cuidaram de mim, me ampararam, consolaram, incentivaram a seguir em frente e exaltaram meu valor e minhas qualidades. Me deram a mão. Me deram colo. Me abraçaram. Me acolheram. Sororidade e empoderamento, pra usar os termos da moda.
Letícia. Carla. Dani. Fran. Flávia. Luciana. Solange. Laura. Ju.
E Lízia. Sempre Lízia. Sol da minha vida, luz dos meus olhos. Agosto é o mês do deleite para mim há 20 anos.


Lux. Rosas. Estrelinha. Let it shine. Minhas novas tatuagens têm tudo a ver com meu novo momento. De luz própria, de brilho, de florescimento das sementes que cultivo com carinho e dedicação.
Desabrochar de mim mesma, do melhor de mim, do melhor que posso ser.
Lux. Lúcia. Luminosa. Iluminada.
Let it shine. Let it blossom.


Lembrando

Comecei o dia vendo essa imagem no Instagram. Auspicioso. Uma espécie de continuidade do meu último post de ontem.
Minha nova tatuagem, como tudo em minha vida, deságua no budismo.
"Let it shine" não é uma simples frasezinha. E não tem a ver com meu "eu" brilhar. Tem a ver com as coisas que realmente me interessam.
Que brilhem a sabedoria e a compaixão, as duas asas do pássaro da iluminação.
Que brilhe Lux no sentido de rigpa.
E, no sentido bem menos sutil e mais pessoal, que brilhem o meu bom coração e a motivação correta.
Para o diamante de rigpa refulgir em todo seu esplendor, é preciso remover as camadas de obscurecimento. Purificar a mente grosseira do ego, do ciúme, da paixão, da ignorância, da ganância e do ódio.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

LET IT SHINE


Não tem namorada. Não tem treinadora.
Mas tem amiga.
A M I G A
Tem parceria, cumplicidade.
Companhia pra rir, pra chorar, pra surtar.
Pra fazer tatuagem.
E tem tatuagem nova, sim!
Lux & Star.
Let it shine.
Que brilhe a nossa estrela.
Que brilhe a nossa luz.
Que brilhe rigpa, a mente inata e fundamental de clara luz.



PT - de perda total

O fim do namoro teve um grave desdobramento prático. Perdi a treinadora. Duríssimo golpe.
Minha planilha de corrida do mês de agosto foi a melhor de todos os tempos. Especialmente planejada para a minha tão sonhada e desejada retomada de performance - com a possibilidade de fazer uma maratona em 2017, caso tudo corresse bem. A reposição hormonal contribuiu para meu bem-estar e disposição, o que ajudou a cumprir os treinos à risca. O desempenho ainda está muito longe do que se pensa ser possível atingir, mas pelo menos readquiri consistência.
Na última semana não corri nenhum dia em função da tatuagem na perna. O tornozelo inchou muito, e fui enfaticamente advertida para ficar quieta, com a perna para cima o maior tempo possível, ou correr o risco de infecção e danos na tatuagem. Hoje ia trotar, mas abortei a missão com a chuva. Espero que o tempo colabore amanhã.
Sem a treinadora e sem vontade de ir para outra assessoria, vou repetir a planilha de agosto em setembro, tentando melhorar a qualidade. E em outubro verei o que fazer.
Na musculação é a mesma coisa. O treino deveria ser trocado agora, vou seguir com ele, que é ótimo, por mais um tempo.
Eu estava muito mal acostumada.

A hora do espanto na musculação

Reminiscências e perguntas


Por que a mente se apega a certas miudezas?
"Bom dia, minha Tigrinha!"
O emoji de botão de rosa.
Essas memórias vêm de repente, enquanto o tempo passa, a vida segue, o passado é passado.
Também de repente vêm as perguntas inconvenientes. O que estará fazendo agora? Tomando banho, como eu? Como será que anda? Está bem? Saindo com outras pessoas? Já conheceu alguém? Ainda pensa muito em mim? Será que está apreciando os ipês em flor?
Em alguns momentos os flashbacks e especialmente as perguntas são extremamente perturbadores e desagradáveis. Causam confusão, dor, a tentativa de rejeitar. Que porra é essa? Não quero pensar nisso, não quero saber disso, estou noutra, isso aí já era. Em outros momentos provocam nostalgia, uma melancolia suave e adocicada.
Uma e outra sensação são apenas isso: sensações. A mente saltitando entre passado, presente, futuro, especulando, apegando-se aqui e ali, tentando rejeitar o que não gosta e se agarrar ao que lhe agrada.
Mesmo quando as recordações e as conjeturas causam desconforto, não existe mágoa, nem rancor. O que abre espaço para preservar o afeto, o bem querer. Bem bom isso assim.







segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O nosso dia

20 anos. Her teen days are over. Young woman.
Bênção maior. Sol da minha vida, luz dos meus olhos.


A rápida visita nesse final de semana foi só doçura. Programas em família, astral amoroso. Eu e Eduardo vimos Lízia basicamente no jantar de sexta e nos almoços de sábado, domingo e hoje. Agenda lotada a dela. Que bom!
Hoje a família foi aumentada, com Arthur, Marcelo e Amanda. Tão, mas tão bom estar com quem se ama e quer bem.
Há pouco ela avisou que já aterrissou em São Paulo. A partida dessa vez foi foda pra mim. De novo, eu e Arthur levamos ao aeroporto.
Na volta, a casa pareceu muito vazia. Mas essa sensação já se dissipou. Presença constante. Em mim. Em meu coração e mente.

Descascada



 Ao me secar hoje depois do banho, a nova tatuagem descascou-se praticamente toda. Mas ainda não está cicatrizada. Curiosa pra ver a cor final. Antes estava escura, agora ficou bem clara, mas a pele está muito fina e sensível. Dê-lhe bepantol.
E amanhã... mais uma!

Dia Nacional da Visibilidade Lésbica



Fiquei sabendo no final de semana, por acaso, que 29 de agosto é o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Fui celebrar num evento ontem, na Travessa dos Venezianos. Bem bacana. Mas achei um público minúsculo, dado o tamanho da "comunidade".

E, em clima de visibilidade, voltei a ter um Facebook totalmente aberto. (O Instagram já era assim.) Que minha transparência atraia pessoas transparentes a partir de agora, num momento em que tenho saído para ver e conhecer gente, fazer novas amizades, expandir meu diminuto círculo social.

domingo, 28 de agosto de 2016

Am I gay enough?

Pelo visto não.
A pessoa vai num evento basicamente lésbico.
Sozinha.
E é abordada por dois homens.
Foram abordagens muito de boa. Mas foi engraçado, porque as mulheres não pareceram me achar tão interessante quanto aqueles caras - e outros que percebi que me viram passar pela rua ontem.
O momento mais bonito e divertido foi numa esquina. Parei para atravessar a rua, e um cara que estava num boteco gritou: "Mas que sorriso lindo que ela tem!". Me virei pra olhar, ele sorriu, eu também, aí ele veio até mim e disse: "Dá um aperto de mão aqui". Apertamos as mãos, eu e ele rindo, os amigos dele rindo. Minha curva mais bonita é a do sorriso - clichê 100% válido.


Em família




Pais felizes com a vinda de Lízia nesse final de semana para comemorar amanhã os 20 anos.
Eduardo já havia se encontrado com ela no Rio durante a olimpíada. Eu ainda não.
Contentamento. Alegria por ver que Lízia está ótima, amando morar em São Paulo, gostando da faculdade (ainda que nem sempre), organizando a vida.

Printscreen ainda???

Não deveria me incomodar, mas me incomoda. Me incomoda que venha aqui catar, acompanhar a minha vida. Ver o que está acontecendo. E, quando tem oportunidade (ou seja, quando é acionada como estepe, como tapa-buraco), mandar print pra quem nunca se interessou em ler o que escrevo.
Achei que esse episódio estivesse superado, que já tivesse me largado de mão. Cheguei a pensar que seria possível um convívio social polido, deixando o passado no passado. Porque eu não guardo mágoa nem ressentimento de terceiros. (Não nesse caso, pelo menos.)
Bem, existe a possibilidade de eu estar enganada (quem dera!). Time will tell. Or not. Porque não pretendo levar isso adiante. Tomei todas as providências para me manter unreachable. Se quiserem falar de mim, do que escrevo, do que faço, do que penso - e do que pensam que escrevi, faço e penso -, falem entre si.


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Rosas, Lux, estrela


Minha primeira tatuagem colorida.
Minha maior tatuagem.
De certa forma, ligada à ex-namorada.
Antes de seguir na tatuagem, uma percepção curiosa: o quanto tornou-se fácil e natural para mim falar da ex. Ou melhor, escrever sobre a ex aqui. Um dos elementos sem dúvida é ter, ao longo do tempo, assumido plenamente para mim o amor por uma mulher, o desejo por ela e de viver com ela. E, encerrado o relacionamento, o olhar que, combinado à saudade, repassa momentos e aprecia com imenso afeto e gratidão a presença e a importância dessa pessoa.
Eu sempre quis que fizéssemos uma tatuagem juntas. Não conseguimos decidir o quê. Pensei na palavra "amor" em sânscrito, mas não consegui descobrir qual das inúmeras variações era adequada ao nosso amor.
Há pouco tempo, tive a ideia de fazermos uma rosa, porque é a flor de Santa Rita de Cássia, que Rita tem tatuada no braço e por quem nutre devoção. Escolhi modelos de rosa semelhantes ao que tatuei. Ela não curtiu, mas eu decidi tocar adiante.
Na última terça-feira virou realidade. Projeto e execução de Jean Etienne, "El Xixo", do Kadu Tattoo e Piercing (que conheci por intermédio de Rita há alguns anos e que fez vários outros trabalhos em mim).
Foi incrível ver o desenho tomar forma, as agulhadas de tinta se transformarem de manchinhas em uma imagem realista, com grande detalhe de tons e profundidade. Estou completamente apaixonada pelo resultado. Eu não havia imaginado que ficaria tão lindo, que eu gostaria tanto.
E por que rosas?, fiquei pensando, tendo em vista não estar mais com Rita. E a resposta veio na véspera da sessão de tatuagem, instigada por Carla. Porque rosa é a rainha das flores. É a flor mais feminina. É a flor que se dá às mocinhas, às mulheres, à esposa, à namorada, à amante, à mãe, às santas. É a flor do feminino. E o feminino adquiriu todo um novo significado em minha vida.
Por ser algo tão ligado ao feminino e à sensualidade, minhas rosas são cor-de-rosa. Não vermelhas, pois vermelho é paixão, sexualidade - e é a cor de Marte, do masculino.



Na mesma sessão, fiz uma estrelinha ao lado de "Lux".
"Lux" é minha primeira tatuagem compartilhada. Com minha amiga Carla. Minha primeira amiga gay, minha mentora no universo lésbico, por assim dizer.
No começo do mês, ela falou que estava afim de tatuar Lux, que é como me chama às vezes, por eu ser uma presença luminosa. Nossa amizade nos faz bem. Achei a ideia um barato e disse: "Bah, eu deveria tatuar Lux também!". E ela: "Vamos. Te dou de presente" . E fomos. Fiquei emocionada por uma pessoa querer fazer uma tatuagem em minha homenagem. E adorei tatuar uma palavra que uso como codinome há anos, que é a raiz de meu nome - e que sem dúvida diz muito de mim.
Ontem retribuí o gesto de reconhecimento da amizade tatuando a estrelinha. Foi totalmente espontâneo, estávamos conversando e comentei que ela tem muitas estrelas tatuadas e estrelas por tudo, "É o meu símbolo", disse Carla. Aí brotou: "Pô, então eu deveria tatuar uma estrela". E aí está ela.
Lux & Star. Let it shine.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Gratidão

Hoje foi um dia em que me senti especialmente grata. Por muitas e variadas experiências.
A mais importante foi a sensação de acolhimento e carinho de minhas amigas. Empoderamento feminino. Mulheres muito diferentes entre si, mas todas dotadas de olhar sábio e compassivo. A visão de cada uma ampliou a minha perspectiva e reforçou a nitidez do cenário.
Gratidão também pelos encontros semanais de análise do discurso no Instituto de Letras da Ufrgs. Outra experiência de ampliação de perspectivas. Um sonho tomando forma concreta - graças a uma dessas amigas incríveis, que me indicou para a coordenadora do projeto.
O técnico do meu computador, que veio em socorro rápido. O HD quebrou. Amanhã a máquina voltará consertada.
E à ex-namorada, que me deu muitas coisas e com quem vivi muitas experiências importantes de autoconhecimento.

sábado, 20 de agosto de 2016

O olhar e o tempo

"Impelidos pelo desejo, deixamos de apreciar e valorizar aquilo que já temos. Precisamos nos dar conta de que o tempo que temos com aqueles que nos são caros - nossos amigos, nossos parentes, nossos colegas de trabalho - é muito curto.(...) Sem saber quando iremos morrer, precisamos cultivar a apreciação das coisas que temos, enquanto as temos, em vez de ficarmos procurando defeitos em nossas experiências."
- Chagdud Tulku Rinpoche


Hoje faz um mês que minha filha foi morar em São Paulo. E que meu namoro chegou ao fim.
Tempo que passa. Vida que segue.
A ida de Lízia não me causou sofrimento. Nem saudade sinto porque ela está dentro de mim e por tudo. Não experimento sensação de ausência. A maternidade é uma experiência perfeita. Lízia é a melhor filha que eu poderia ter. Mesmo com diferenças e brigas eu sempre vejo as qualidades. E saber que ela está feliz, seguindo sua jornada, me deixa feliz. Totalmente feliz e em paz.
Já o fim do namoro... é a perfeita experiência de sofrimento. Porque eu amo e sou amada. Muito. E a separação parece artificial e fútil. Desperdício de um tempo precioso e de uma experiência que poderia se prolongar, aperfeiçoar (e nos aperfeiçoar) e trazer muita felicidade. Lamentavelmente, o olhar desviou-se da beleza e foi para os defeitos, deixou de apreciar e valorizar o que se tem (ou tinha).
Tenho consciência de que o sofrimento não é por amor, é por apego à experiência de amor. Agora é aquele processo de separar uma coisa da outra. E ter a sabedoria de conservar o amor e soltar do apego - e não o contrário.

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Seguindo


Muitas vezes o caminho é acidentado. Estrada de terra, buracos, curvas fechadas, pista escorregadia, caminho estreito na borda de um penhasco. A paisagem de tirar o fôlego - um vale esparramado em meio a montanhas, uma praia recôndita, uma cachoeira - vale o risco e o esforço. Tem que aproveitar a viagem, curtir todo o trajeto.
São muitos os caminhos. As estradas se bifurcam.
Que eu sempre tenha discernimento para escolher os caminhos mais bonitos. E guarde na memória todas as belas jornadas e os cenários deslumbrantes onde estive.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

O demônio interior

O nome dele é ansiedade.
Manifesta-se das mais variadas formas em todos os momentos.
Astucioso, esconde-se por trás de outras sensações que ele mesmo desencadeia.
Olhar para ele faz com que se manifeste mais ativamente. Vejo que estou ansiosa e aí mesmo é que fico mais ansiosa.
"Mais rapidez e menos correria." A ansiedade provoca uma enorme correria e zero rapidez no sentido de eficiência para lidar com as situações. Um turbilhão que não leva a lugar algum. A mente salta sem parar, o corpo também se agita.
Respirar. Ficar dentro e não fora. Atrair a mente dispersa que saltita loucamente entre o passado e o futuro.
Ho'oponopono é ótimo para apaziguar.


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Inked


Ao organizar as fotos de minhas tatuagens para postar no Instagram, percebi pela primeira vez a harmonia do conjunto. Incrível, pois foram feitas sem levar isso em consideração.
"Sabedoria" e "Compaixão" nos pulsos e o Mani nos braços, em grafia indiana e tibetana, foram os únicos conjuntos. E nesse conjunto houve uma harmonização anos depois, quando acrescentei os olhos do Buda para equilibrar com a flor de lótus.
Olhar esse mosaico me encantou.
Caso finalmente a flor de flamboyant venha para a pele, meu conjunto será reconfigurado. A flor ainda não foi tatuada provavelmente por isso.