sábado, 30 de dezembro de 2017

Comparação e engessamento

"Toda e cada coisa, toda e cada pessoa são totalmente singulares. Quando as comparamos com algo, já não as vemos mais como são." (Headspace)

Também não vemos as pessoas e coisas como elas são depois que as engessamos em um formato. Isso é assim, aquilo é assado, fulano é isso, sicrano é aquilo. Metemos coisas e pessoas dentro de moldes e de lá não tiramos.
Que em 2018 eu aprimore minha lucidez para evitar cada vez mais os moldes e engessamentos. E as comparações.

Dá-lhe malandra



Adoro a música. Adoro o clipe. Muito fã de Anitta depois de começar a ouvir. (Sim, já fiz parte do grupo patético do "nunca ouvi, mas não gosto".) A primeira vez que admirei Anitta foi ao ver a apresentação no Planeta Atlântida, pedindo respeito pras minas e lançando a frase de praxe: "Pensaram que eu não ia rebolar a minha bunda?". Sanfoninha pra galera. Gostei ainda mais depois de ver várias declarações contra preconceitos. E achei o máximo abrir o clipe maravilhoso de "Vai Malandra" com a bunda cheia de celulite. Dona de si. De seu corpo e da sua sexualidade. Brincando com o bumbum. E daí? A bunda é dela, a celulite é dela. Se está à vontade, se quer rebolar e embrasar, qual o problema?
Sexualização da mulher pra agradar macho? TUDO que se refere ao comportamento feminino é pautado pelo pensamento patriarcal e machista. Puta. Virtuosa. Vagabunda. Recatada. Que classificação é essa? Pro comportamento do homem não tem nada disso.
Qual o problema da mulher que livremente escolhe rebolar e provocar os homens, andar com pouca roupa, encher a cara, dar pra todo mundo que ELA está a fim? O problema é exercer a liberdade pessoal. Só isso. Não está de acordo com o que a sociedade patriarcal espera da mulher. A mulher livre é a mais vulnerável ao assédio e à violência porque a maioria da humanidade simplesmente não entende que o corpo de qualquer mulher é só dela. Pode olhar, mas não pode tocar, a não ser que ela consinta.
Ser recatada por quê? Pra quem? Se é porque gosta e se sente bem, beleza. Ótimo. Mas ser recatada para ser socialmente aceita, para se conformar ao pensamento machista? Pra ser "pra casar"?
Eu fiz a minha caminhada pra me livrar dos conceitos patriarcais e machistas. Antes disso, muito julguei outras mulheres. Muito chamei outras de puta, piranha e vagabunda. Como foi difícil perceber que isso é um absurdo, que qualquer mulher pode ser o que ela quiser, que não tem que se dar ao respeito, que tem que ser respeitada como qualquer indivíduo.
Puta, piranha e vagabunda por fazer o que eu quero, quando eu quero, com quem eu quero? Não creio. Isso é ser livre. Dona de mim e das minhas escolhas.
Humanidade a anos-luz da igualdade e do respeito elementar. Nisso e em tantas outras coisas.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Melhor de 2017



Tô de bobeira no Facebook e faz-se a luz: dou de cara com o clipe de "Love.", a música mais linda de 2017, das mais lindas da vida. Agora no loop, e eu arrepiada, viajando. Extasiada.
Como alguém produz uma coisa tão estupenda, um casamento tão perfeito de rap com um vocal e um arranjo melódico celestiais? 
Música é uma das coisas que mais me emociona. E as emoções que "Love." desperta em mim são mais bem definidas em inglês: bliss & exhilaration.
Kendrick Lamar é MUITO foda.
Kendrick Lamar rules.
There is nobody, no one to outrun Kendrick Lamar.

E eu morri com esse clipe que começa com uma cena à beira-mar em tons azulados e crepusculares. Porque essa música desde sempre me lembra água, água azul, luminosidade suave.
E ver uma cena de praia no clipe de minha música do ano na semana em que voltei no tempo e me vi numa praia do passado... À beira-mar em outra vida, vendo o crepúsculo de mãos dadas. Éramos muito jovens, talvez crianças. Bem, crianças pelos padrões de hoje, mas não pelos daquele tempo, talvez muito remoto. Não sei. Doze, treze anos? Maybe. Túnicas. Sandálias.
Vi nossos pequenos vultos de costas, apenas as silhuetas escuras recortadas contra o mar e o céu já escuro. De mãos dadas, de frente para o mar. Nenhuma palavra. O silêncio da plenitude. Presente perfeito. Talvez eu fosse um menino. Não sei, não deu para ver que espécie de par éramos naquela ocasião. Só senti o amor. Amor pacífico. Um amor que por algum motivo acabou. Acho que você morreu. E sua partida me despedaçou. Inconsolável, eu chorei uma dor que me consumiu inteira e me tirou a vontade de viver. Não havia desespero, só a dor pervasiva e devoradora (uma dor que eu conheço bem). E eu pensei em formas variadas de morrer. Porque senti o que Kendrick Lamar canta: "Don't got you, I got nothin'". For real. Got nothin', not even a life I would like to live. Mas não sei se morri. Isso não vi. Mas acho que sobrevivi, que aceitei a perda e o fim. Foi um flash, um vislumbre. Como um sonho, muitas informações numa fração de segundo. Outra dimensão de tempo. Só vi que viemos de outro tempo, coisa que por algum motivo nunca me ocorrera. Bem, isso não costuma me ocorrer, não penso em vidas passadas, embora algumas pessoas eu saiba que estou reencontrando no momento em que me conecto com elas. Mas não você. Não nós, as crianças num pôr do sol à beira-mar.
O karma e a vastidão do samsara.

Valei-me, ó gzuissss

Ambrosia, o alimento dos deuses. Essa maravilha divina foi preparada pela deusa aqui. Deusa e rainha da ambrosia, aliás.
Aprendi com a mãe, que aprendeu com minha vó. E ouso dizer que superei as mestras.
É pro Ano Novo. Vou mandar pra casa da minha irmã ou periga comer tudo antes, socorro!!!
Não me venham com cheesecake e esses doces sem açúcar e sem a mínima graça. Affff e argh. Doce tem que ser dooooooooce. Como essa ambrosia olímpica.


Receita
- 1 dúzia de ovos
- 3 litros de leite
- 1 quilo de açúcar (demerara ou mascavo)
- suco de 1 limão
- palitos de canela
- cravo (não usei, não tinha e não sou tão fã)
Bater os ovos no liquificador pra misturar bem gemas e claras. Colocar tudo na panela e cozinhar até ficar com pouca calda. Esse ponto vai do gosto de cada um. Eu prefiro deixar mais seca, com a calda mais grossinha.

Sossego

A paz que busco dentro de mim também busco fora.
Ano Novo em Porto Alegre, em família.
Cidade vazia. Adorável.
A folga no trabalho transformou a semana em um grande final de semana.
Repousar.
Repor energias.
Revitalizar.

quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

Dos vícios

Há alguns anos, ouvi de uma pessoa que eu era o vício dela. Na hora rebati: "Não sou teu vício, sou teu amor". Hoje compreendi que era as duas coisas. E que era recíproco. Ela era meu amor e meu vício. Na verdade, ela era a droga que alimentava meu vício, justamente por causa de meu imenso amor por ela.
Nesta vida, aprendi a amar com "temperos" nada saudáveis. Na verdade, insalubres, negativos, nefastos. Eu só reconhecia como amor uma combinação explosiva de emoções. Quando fui amada por pessoas que não tinham o mesmo drive que eu, não deu certo. Eu achava que não amava, que faltava uma coisa. E tratava de estragar tudo e de me afastar, criando situações intoleráveis. Quando sentia o amor intensamente, era em relações com bastante tempero, claro. Com pessoas que tinham os mesmos impulsos. Banquete bombástico preparado a quatro mãos. Uma tremenda perturbação mútua. Felicidade insustentável, sempre fugidia, basicamente inatingível.
Sempre usei os "temperos" nos relacionamentos. Inclusive nas amizades bem próximas. Em algumas mais, em outras menos, mas estavam ali. Até com minha filha! E foi com minha filha que comecei a me dar conta disso - e a me esforçar para mudar. Mudar para algo até então desconhecido. O amor tranquilo, pacífico. Com ela está sendo fácil e rápido.
Nesta manhã, percebi o quanto minha mente viciada se esforça para continuar ativa. Como qualquer viciado, tenho que manter a vigilância diária, contínua. Jamais ceder ao impulso de "ah, só um pouquinho, não tem problema".
Além de manter a mente viciada fora de ação, preciso aprender a reconhecer e saborear o amor como amor. Como uma experiência de grande simplicidade. A analogia com temperos me agrada muito porque é como na alimentação mesmo: quanto mais sal, mais açúcar, mais pimenta, mais gordura, mais difícil é apreciar os alimentos puros, os pratos não condimentados. Estou refinando meu paladar.



terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Headspace

Quando foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez?
Agora.

Acabo de fazer a assinatura pro Headspace. Muitas, muitas meditações guiadas para os mais diversos propósitos.
Minha relação com o budismo está passando por uma profunda reavaliação. Estou questionando pontos fundamentais da doutrina e da prática. Basicamente o machismo, a misoginia e o consumo de animais.
Por outro lado, meu apreço pelas técnicas budistas de meditação só aumenta. O Headspace me conquistou por oferecer práticas destituídas dos aspectos religiosos. Tem até uma série de meditações para a prática esportiva!
Como as meditações são curtas, de momento vou me dedicar a duas práticas. Básico 2 e Motivação, esta voltada para os esportes.
Neste estágio de minha jornada, estou mais para arhat do que para bodhisattva.

Mestrezinho


Com ele muito aprendi e muito aprendo sobre amor incondicional. Ele me dá todo o amor possível, todos os dias, o tempo todo. Pequeno mestre compassivo.
Animais são excelentes ajudantes para a prática de boas qualidades: amor, compaixão, tolerância, paciência, generosidade, sabedoria. Cuidar deles é cultivar essas qualidades. Cuidar de si mesmo.

Tudo à tona

Veio o aniversário, passou o inferno astral. E veio outra coisa ontem.
Uma onda de ansiedade como as que senti há dezenove anos, quando comecei minha caminhada de cura. Ansiedade de ficar tonta, pontas dos dedos dormentes, pernas moles, respiração difícil. Medo de morrer, medo de enlouquecer. A mente totalmente desorganizada.
De onde exatamente veio isso não sei. De algum recanto até então sombrio da mente/coração. Por que veio eu imagino saber: veio pra ser liberado. Matéria densa que estou acessando com a terapia e a meditação - e com o daime. O negócio é o medo que dá. Afffff. Tipo o medo que senti quando o daime bateu. Medo de não voltar ao estado mental habitual. Quem sofre de ansiedade, depressão e pânico sabe como é. Quem experimenta uma viagem ruim com algum alucinógeno também.
O que fazer quando bate o pavor? Respirar. E buscar ajuda. O socorro veio por intermédio de minha amiga amada Libra, a Brisa. Contei pra ela que estava em surto, nos conectamos, e o tsunami começou a baixar. Fui ver minha irmã. Depois busquei minha filha e viemos pra casa. Na tranquilidade de casa, ao lado da filha, o mar recuou.
Hoje de manhã veio outra onda enorme. Meditei em meio à agitação. Conversei com Libra e Lízia. (O acolhimento de minha filha e suas sábias palavras foram uma das coisas mais lindas desta minha vida, pra lembrar pra sempre. Minha filha cada vez mais maravilhosa comigo e para mim.) E fiquei observando o maremoto, tentando entender o motivo. Que finalmente se revelou quando mar serenou de novo. Acessei uma outra camada emocional. Essa uma delícia. Uma camada de amor. O meu infinito reservatório de amor. Amor que nunca fluiu livremente, que sempre escoou com dificuldade e, o pior, misturado a outros sentimentos nada nobres (medo, desconfiança, raiva, ciúme, mágoa, indiferença, desprezo, sabe-se lá o que mais).
Hoje o amor veio sozinho.
Amor por mim. Amor por minha vida preciosa.
Amor por minha filha, meu amor maior, minha razão de viver, sol da minha vida, luz dos meus olhos.
Amor por aquela que me amou como nunca amou ninguém. A quem eu teria tanto a dizer sobre o meu amor, sobre o que aprendi com o meu amor com ela, por ela e para ela.
Amor por todas as pessoas próximas e queridas. Minha irmã. Minha amiga Brisa.
Amor que eu agora quero deixar transbordar, jorrar, fluir por tudo e para todos. Sem os antigos acompanhamentos.
Olho para minha filha, e meus olhos cintilam, minha mente/coração se expande. E eu sinto o amor por ela de uma forma que nunca senti antes. Sem medo. Sem hesitação. Sem dúvidas sobre o que eu sinto. (Porque sempre fui aterrorizada pela suspeita de que talvez não amasse minha filha.)
O desamor na minha infância aleijou minha capacidade de experimentar o amor, fosse dando ou recebendo. Inclusive com minha filha, talvez até especialmente com ela, dada a experiência com minha mãe.
Tudo isso já foi visto em bastante detalhe na terapia, mas agora começa a ser sentido e a fazer sentido emocionalmente. E agora eu começo a agir diferente porque penso e sinto diferente.
Quando foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez?
Hoje. Outra novidade. Esse fluxo de amor, o arco-íris num céu límpido depois da borrasca.

Como eu, existem milhares de pessoas que sofrem com crises de ansiedade. A todas eu recomendaria a busca do autoconhecimento. Terapia, meditação e se necessário medicação. Prática espiritual para quem aprecia. Pelo menos um amigo para compartilhar o desespero quando a onda quebra, alguém que fique junto, solidário, empático, para ajudar a acalmar e apoiar. Um amigo é essencial. É a ponte com o mundo externo, a boia salva-vida. Por pior que seja, a crise passa. Por pior que seja, é preciso olhar pro medo, deixar ele vir. Só assim ele pode ser dissipado.
Não desejo para ninguém o que senti ontem/hoje e inúmeras vezes antes. Mas tenho a mais cristalina certeza de que, sem passar por essas experiências, eu nunca me libertaria das emoções que sabotavam a minha felicidade e a minha vida no geral.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Natal no que interessa


Quando foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez?
Ontem.
Festa de Natal em microfamília.
Dessa vez reuniram-se apenas os que queriam estar juntos.
Cedo. No meio da tarde, porque não curtimos o esquema de jantar tarde.
Sem bebida, exceto um brinde com espumante moscatel.
Mesa farta, coisa de Natal, mas sem excessos.
E o grande sem: sem um único momento que não fosse agradável. Meu natal com espírito mais natalino até hoje. Conversa leve, risos. Confraternização. Tudo que os encontros familiares festivos deveriam ser sempre. A intimidade no seu aspecto mais amoroso e benéfico.

domingo, 24 de dezembro de 2017

De novo?

Ainda assimilando a experiência do daime.
No banho, me preparando para um Natal em família simples e aconchegante, como deve ser (para mim), lembrei do que Nelson me disse ontem: "O daime leva, o daime traz". Não tem risco de ficar perdido pelo caminho, por mais dura que seja a experiência.
Também lembrei de muitas coisas que Maria Conga me falou. Que, caso aconteça de querer sair correndo porta afora, tudo bem. Porque depois passa. Ela também comentou sobre as imagens escuras e o medo infundado.
Processando informações. Ainda hesitando em afirmar categoricamente que sim, que vou tomar daime de novo. O ego esperneia loucamente contra a ideia. Mas uma outra parte, clara e lúcida, vê essa experiência como a possibilidade de sondar o que há por baixo da superfície, trazer à tona e liberar. Limpeza dos entulhos mentais. Acompanhada da meditação, é claro.
O que causa a dúvida (e o medo) é a possibilidade de ter sessões realmente ruins, de coisas muito densas. Mas o daime leva, o daime traz. E não acontecerá nada que eu seja incapaz de encarar, suportar e superar.

Meditação

Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?
Meditação!
Baby-steps constantes e consistentes.
Dez minutos por dia, por dez dias consecutivos. (Antes disso, 3 minutos por dia, durante dez dias, mas com algumas falhas...)
Acostumando a mente muito aos poucos. Com as meditações guiadas do app Headspace. Fiz o Basic 1. Amanhã começarei o Basic 2.
Todos os dias de manhã cedo, o mais perto possível da hora em que acordo.
Exatamente como ensinam os mestres desde sempre. Meditar ao acordar, quando a mente está mais calma e, portanto, receptiva. E ir aos poucos, sem pressa. Sem forçar nada.
Minha mente já está curtindo a prática. O pequeno espaço já está garantido.

Sem resperidona

Quando foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?
Na terça-feira passada, comuniquei pra psicoterapeuta que larguei a resperidona. Surtei ao perceber um salto no meu peso. Eu sabia que resperidona aumenta o apetite. Notei. E fiquei atenta, não cedendo à vontade de comer mais. Mesmo assim o peso disparou, chegando a bater nos 60kg. Surtei. Inaceitável para mim. Fui pesquisar, vi que o aumento de peso não é apenas por aumento do apetite, mas por alteração no metabolismo, que pode inclusive acarretar aumento do colesterol e diabetes. Evidentemente muitos usuários de resperidona não podem suspender o uso. Eu posso porque meu transtorno não é tão intenso, nem tão debilitante.
Suspendi na quinta-feira retrasada. Apertei a dieta, o peso recuou em dois dias. E em dois dias também senti o efeito da retirada. Veio a tristeza, a dor.
Até aí, nada de novo. Não é a primeira vez que paro de tomar remédios psiquiátricos. E eu sei bem o que sinto.
O que houve de novo foi o olhar.
Pela primeira vez tive a clara percepção dos meus mecanismos de fuga da dor que me flagela desde a primeira infância. O recalque. E a retaliação com ressentimento/raiva. Em vez de sentir a dor na hora, acolher e dissipar, eu a suprimia. E depois extravasava com atitudes vingativas. Inclusive com minha filha. (Um incidente trivial com ela me fez ver isso - e a possibilidade de agir diferente, de ser diferente, até de sentir diferente.)
A retirada da resperidona teve o efeito da exacerbação do meu aspecto sombrio. Mas teve um saldo amplamente positivo: parei de fugir disso. E vi que não quero mais o antigo padrão de resposta, que tanta dor causou a mim e a outros.
Talvez minhas reações a acontecimentos sejam exageradas, talvez eu jamais consiga mudar isso. Mas sem dúvida comecei a mudar o que acontece em função disso. O que vem depois.
A coisa que fiz pela primeira vez foi pensar em novas formas de reagir - e colocá-las em prática.

Santo Daime

Ano novo, novas experiências.
Quando foi a última vez que você fez uma coisa pela primeira vez? Ontem.
Fui conhecer o Centro Espírito Barca do Luar - São Francisco das Chagas pela manhã. (Indicação de uma amiga, claro. Que indicação!) Fiz atendimento com um médico espiritual e, o melhor, atendimento fraterno com uma mulher incrível, uma filha de Oxum, com quem senti afinidade e me conectei imediatamente. Reencontro. (Vou desenvolver um trabalho de autoconhecimento com ela, mais uma futura aventura inédita na expansão da mente.)
Fiquei sabendo que à noite haveria um evento com bailado e passes de Oxum e Iansã e atendimento e bênçãos de pretos velhos. Linha branca. Tipo umbanda. E fiquei sabendo também que nesse evento os interessados poderiam tomar daime.
Fiquei hesitando o resto do dia inteiro. Ir ou não ir? Fui. Minha intuição dizia pra ir, meu ego enumerava razões para não ir (o ego jamais quer qualquer experiência que possa abalar seu poder). Saí de casa tarde, mas cheguei lá e estava longe de começar. Me inscrevi pra tomar o Daime, expliquei que nunca havia experimentado, que uso medicação psiquiátrica, que tenho transtorno borderline. Um dos integrantes da casa, ao me ver meio perdida, me chamou pra conversar, explicou a origem do Santo Daime, culto que utiliza a ahayuasca, bebida tradicional das práticas religiosas dos índios latino-americanos. A Barca do Luar segue a tradição que, além dos elementos da religião cristã, incorporou a umbanda. Sensacional. Ele me instruiu a não ter medo, ficar de olhos fechados e em silêncio, não cantar, ouvir apenas. Enfatizou que eu estaria num ambiente seguro, amparada espiritualmente (e em termos práticos também - várias pessoas cuidam dos presentes).
Tomei. Confiante, mas claro que com uma ponta de medo. Começou o ritual, eu lá sentada, numa boa, sentindo nada. Até que senti (creio que uns 90 minutos depois - o tempo para fazer efeito varia de pessoa para pessoa). Senti a alteração da visão e da percepção espacial e corporal. De olhos fechados o processo foi intenso. Imagens assombrosas, muito em tons de lilás escuro, roxo, tipo uns fractais, ideias pesadas. Vieram os pensamentos e sensações de medo ("Nossa, tô doidona, e agora? Quando isso vai passar? Ai, o que são essas imagens? Por que tudo tão escuro e intimidante? O que eu tenho dentro de mim?"). Quando a coisa apertava muito, eu abria os olhos; ao fechar, era como se as imagens que eu tinha visto do salão e das pessoas se derretessem. Tem um relógio no salão, eu olhava pra ele, perdida na noção de tempo. Tive uma certa ansiedade, pedi para uma menina me acompanhar ao banheiro, saí caminhando bem zonza, meio grogue, rindo um pouco nervosa, ela dizendo que tudo bem, que era normal. A circulada e arejada me fizeram bem. Voltei, retomei o processo. Tinha vontade de me deitar em vários momentos, ficar mais acomodada. Pena que não tinha como.
Quando o ritual encerrou eu ainda estava meio fora, mas já sem medo e sem ansiedade, apenas sentindo uma leve alteração nas percepções sensoriais. Antes do bailado, ofereceram mais daime, e o preto velho que servia me disse para tomar mais um pouquinho, sem medo. Antes, uma menina havia me dito que a segunda dose deixava mais animado e ligado. Então tá. Mais meia dose. Essa realmente não teve o efeito anterior.
Cantos da para Iansã e Oxum, médiuns incorporadas, passes.
Para completar a grande noite, uma longa conversa com a preta velha Maria Conga (recebida pela mulher a quem já estou conectada), que me orientou mais sobre a experiência do daime. E me aconselhou a me entregar mais nos rituais, ser menos mental e dar passagem para as entidades, pois tenho o dom. Desde os 18 anos me dizem isso, mas nunca aconteceu. Maria Conga deu sugestões de como proceder nas próximas ocasiões. Quem sabe seja essa mais uma coisa  fazer pela primeira vez?

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

15:46

Meu aniversário astrológico, pouco depois do solstício de verão.
Meu ex-marido fez uma observação preciosa: é muito provável que há 54 anos, nessa hora, minha mãe estivesse caminhando por Copacabana. Porque no dia 21 de dezembro ela saiu pra uma longa caminhada pensando em antecipar o parto, temendo que eu nascesse no Natal (e que ela tivesse que passar a data no hospital).
Mais um verão. Ano novo. Agora com Saturno em Capricórnio.
Que seja lindo e pleno. Que as metas sejam alcançadas.

Vem, verão!

sábado, 16 de dezembro de 2017

Sempre azul


Não deu pra ser campeão do mundo, mas foi um ano lindo como gremista. É um esporte corrupto, acho a maioria dos times e muitos jogadores e dirigentes desprezíveis, acho absurdo o volume de dinheiro que esse setor movimenta enquanto o resto dos esportes morre à míngua; por tudo isso mantenho uma certa distância.
Mas... mas eu realmente gosto do Grêmio. Gosto muito. Tipo um parente que não vejo seguidamente, mas por quem tenho um enorme afeto; a cada encontro, a cada contato, sinto uma enorme felicidade. Quando vou ao estádio, nossa! Fico quieta, discreta, mas por dentro tenho uma selvagem, por ela ficaria pulando e berrando sem parar. (Eis aqui uma situação em que tenho enorme freio social, talvez por achar meio ridículo ir à loucura por um time.)
Não gosto de futebol, acho o jogo meio besta (bem besta na verdade, lento). Eu gosto de futebol americano. E gosto do Grêmio. Só do Grêmio. De modo geral, odeio todos os outros times, alguns ferozmente. Abomino a seleção brasileira, jamais consegui torcer. Lembro que não torcia nem quando criança, não via a menor graça, não entendia aquela comoção. Zero identificação. Gosto da Argentina e da Alemanha há anos.
Com tanto ódio no coração pelos times em geral, por incrível que pareça o rival local não me desperta grande emoção. Sou basicamente indiferente. Sério. Nem lembro que esse time daqui existe, de modo geral ignoro suas derrotas e suas conquistas. Não sei como pode ser isso. Será que é porque tenho muitos colorados de quem gosto muito? Só vejo essa explicação. Para mim é inaceitável brigar com alguém por causa de um time de futebol. Mesmo assim, fiquei muito feliz com o rebaixamento e com a patética subida em segundo lugar. Mas só porque a agressividade de alguns torcedores rivais me irrita muito. Esses merecem derrotas e fracassos, são uns insuportáveis. Por esses sinto um imenso desprezo. Tamanho desprezo que me recuso a bater boca. Ignoro olimpicamente.
Também não suporto os gremistas agressivos. Não suporto nenhum torcedor que pareça odiar mais o adversário do que amar o seu time. Eu curto torcer, não secar. Imagina ficar um segundo vendo jogo de outro time pra secar. Mas nem em mil anos.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Despertar na madrugada

Alguns dias (e noites) são marcados pelo sono, pela vontade (e capacidade) de dormir horas e horas. Outros, pela mente desperta, alerta e perfeitamente repousada com poucas horas de sono. Como hoje.
Ao contrário dos últimos dias, não deitei tão cedo ontem e não estava exausta. Dormi bem e acordei cedíssimo. Como o sono não voltou, aproveitei para fazer reiki e meditar (um combo dos melhores, não tenho tempo para fazer uma coisa depois a outra, junto tudo, e a prática está sendo revelando eficiente e prazerosa).
Levantei às 5h30, queria correr, mas estava noite e muito úmido. Quando clareou e o tempo abriu, já estava tarde. Bom horário pra traduzir. Mente limpa, fresca.

Tenho buscado trazer a atenção para o corpo e a mente ao longo do dia. Ver os pensamentos, as emoções e as sensações físicas. Estar presente no presente como observadora. Para isso estou usando um aplicativo desenvolvido pela Plum Village (https://plumvillage.org/mindfulness-practice/mindfulness-software/), o MindBell. Usava o MindBell há meses no PC, mas tornou-se incompatível com a nova versão do Firefox, o Firefox Quantum. (Até meu navegador agora é Quantum, no momento mais quântico de minha existência, em que mais do que nunca estou unindo os ensinamentos budistas sobre a mente e a realidade à visão da física quântica.) Descobri o MindBell para Android; então o sino toca no telefone (para espanto inicial das colegas na editora, que agora já sabem que meu alerta para a atenção plena toca de meia em meia hora e se acostumaram com o som). Simplesmente parar por 10 segundos, respirar e tomar contato com a mente e o corpo.
Além do MindBell, estou usando o Headspace: Guided Meditation & Mindfulness, um app para cultivar as habilidades de meditação. Comecei pelo básico do básico, um programa de 10 dias, com meditações de meros 3 minutos, só para começar a observar os pensamentos, tentando manter a atenção na respiração. Impressionante o que acontece em 3 minutos.
No todo, o site do Plum Village, organização criada pelo magnífico mestre budista vietnamita Thich Nhat Hahn, é precioso. Uma fonte de informações e ensinamentos sobre atenção plena.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Hábito quebrado, pele curada

Enquanto trabalhava (arduamente) na retradução e preparação de um livro a ser lançado com o título de Quebrando o hábito de ser você mesmo (Breaking the Habit of Being Yourself, de Joe Dispenza), quebrei um hábito e criei uma nova realidade. Parei de morder os dedos graças a um protocolo de TCC (terapia cognitiva comportamental) desenvolvido por psiquiatras e aplicado em um grupo do qual fiz parte durante oito semanas, nos meses de outubro e novembro.
Sucesso total.
Não é apenas não morder os dedos. É não ter mais vontade de mexer nos dedos, de puxar as peles. Hoje fui tirar uma pele saliente apenas porque estava incomodando. Ao puxar, fiz um pequeno machucado. Fiquei de cara. Meus dedos não têm mais nenhum machucado, e não quero que tenham. Isso simplesmente não é mais aceitável.
Aproveitei uma ida ao centro e fiz as unhas. Fiz as unhas como qualquer pessoa faz. Cheguei no salão e me informei se havia alguma manicure disponível. Pronto. Antes, dadas as condições terríveis dos meus dedos, eu tinha que ir sempre numa mesma profissional que conseguisse limpar os estragos e que não se perturbasse com os sangramentos que ocorriam praticamente em todas as sessões. Agora qualquer boa manicure pode trabalhar nos meus dedos e produzir um ótimo resultado. Como a Daiane, do Mix Hair (https://www.mixhair.com.br/). Esse salão eu descobri no sábado, quando estava atrás de um profissional para fazer relaxamento no cabelo com tioglicolato de amônia. Encontrei lá, fui quando o salão já ia fechar e acabei (muito bem) atendida pelo Alex Silvarkei, que já havia me conquistado via telefone.
Então a semana começa com cabelo e unhas arrumados e mais um livro encaminhado. Quebrando o hábito de ser você mesmo está no estágio final da produção (revisão ortográfica e design gráfico). Ficou anos na lista de obras a serem lançadas pela CDG/Citadel; era pra eu ter traduzido há mais de dois anos. Eu queria muito ter feito essa tradução, não deu por causa dos prazos. Acabei retraduzindo. E, como já imaginava desde que botei os olhos no livro pela primeira vez, aprendi muita coisa. Estou firme na prática dos ensinamentos do autor. Conectando com o campo quântico, colapsando novas probabilidades. Deixando de reagir automaticamente com base no passado para criar uma nova realidade. "Mude!" é a voz que estou habituando minha mente e meu corpo a ouvir quando engrenam nas reações habituais disparadas pelas conexões neurais que estou desmantelando.


domingo, 12 de novembro de 2017

Singeleza dominical

Fui comer amendoim torrado e lembrei da minha mãe.
Tenho lembrado dela de vez em quando. Não apenas lembrado, mas sentido saudade. Só agora... dois anos e meio depois do fim do suplício (mais dela, muito mais dela do que meu, mas que pra mim foi ainda assim excruciante - e cada vez mais percebo o quanto).
Lembro do nada, por coisas como amendoins torrados.
Nos churrascos na casa do meu tio, mesmo quando ela já estava na clínica, mas ainda dava pra sair pra esses passeios em ambiente controlado e compassivo, sempre tinha amendoim torrado, meu tio adora. Aí a mãe ficava lá sentadinha, quietinha, comendo amendoins sem parar. Ela nem lembrava que já tinha comido, nem lembrava que estava comendo, então tínhamos que dar uma controlada.
No amendoim e nas sobremesas principalmente.
Hoje lembro da carinha dela naqueles churrascos... e toda a dor, toda a tristeza se derrama em lágrimas. E toda a saudade.


Praticar, praticar, praticar

Quando comecei minha jornada no reiki, os conhecimentos ainda eram "ocultos", aquele papo de manter em segredo, só para os iniciados, blablablá. Com o mundo do jeito que está, com as pessoas precisando de toda e qualquer ajuda do jeito que precisam, felizmente é cada vez maior o número de praticantes de todos os tipos de técnicas que não aceita essa premissa e libera todo o conhecimento de que dispõe para quem quiser.
Acredito que as energias superiores e sutis ligadas à luz (ligadas ao que nós aspiramos como luz, como positivo etc) sabem muito bem cuidar de si, vão atuar onde e como for necessário. Não precisam ser protegidas, nem direcionadas minuciosamente. Basta invocar com a motivação correta e a certeza de que vai acontecer, e o universo cuida dos detalhes. Acho impossível pegar energias "boas" e usar "errado".
Não existe energia boa e energia ruim. Existe energia. E o que cada um faz com a energia que canaliza. Visão quântica da realidade.

Agora treinando de novo a escrita dos símbolos. O começo foi trágico, uns garranchinhos. Mas hoje já melhorou bastante. E a internet tem dezenas de fontes de consulta.





sábado, 11 de novembro de 2017

Mãos de cura da Dakini Espertinha


Inacreditavelmente precioso. E agora me fazendo perceber
uma conexão entre Reiki e budismo nesta minha vida.
O universo me surpreende, me ampara e me orienta das mais incríveis maneiras.
O Reiki voltou à minha vida ontem à noite, numa conversa com uma amiga que tem o nível I e o utiliza em atendimentos.
Eu tenho o nível III, sou mestra de Reiki. Isso desde final dos anos 1990, início dos 2000. Mas parei de praticar há muitos, muitos anos.
Na conversa de ontem, fui mostrar um livro pra ela. Este aí de cima, um tesouro, de uma mulher incrível, que disponibilizou todos os "segredos", inclusive os símbolos.

Os preciosos símbolos. Sem este livro, teria passado trabalho.
O (nem tão) pequeno acervo. Literatura. Cultura.
Conhecimento, a base da sabedoria.
Aí (re)descobri vários outros livros sobre Reiki na minha biblioteca.
Optei por reativar a prática amparada pelo manual de Diane Stein. Agora há pouco comecei a lê-lo, e vieram o insight e a elucidação de um ciclo importantíssimo em minha vida.
Quando comprei este livro e li pela primeira vez, não era budista. Ao reler agora, fiquei pasma ao ver que ela abre o livro falando extensamente sobre a conexão entre Reiki e budismo. E cita muita coisa sobre budismo tibetano! Budismo tibetano, que se tornou minha prática espiritual principal e minha diretriz filosófica e ética nesta vida.
O mais mágico de tudo foi que as sementes do Dharma floresceram em minha mente nesta vida sentada numa poltrona na sala de minha mestra de Reiki I e II! Num final de tarde fui lá para um atendimento. Ela se atrasou muito, aí falou: "Olha este livro, tenho certeza de que você vai gostar". Era O livro tibetano do viver e do morrer, de Sogyal Rinpoche, obra-prima.
(Aqui um amplo parêntese: fiquei fascinada por Sogyal Rinpoche, tinha o sonho de estudar com ele. Mas, quando ele esteve em Porto Alegre, não pude fazer o retiro, na verdade não fiquei muito interessada. Fui na palestra aberta, e na época tive uma sensação então inconfessável: desconforto, uma certa decepção. Ele não me pareceu tão grandioso, tinha alguma coisa que não me atraía, pelo contrário. Neste ano, Rinpoche foi acusado de abusos, inclusive abuso sexual, por vários alunos. Aí entendi tudo. Mas mantenho minha gratidão e reverência a Rinpoche como autor de um livro excepcional. E a mente iluminada dele com certeza foi a que estimulou meu despertar nesta vida. Samsara, samsara.)
Minha vida mudou fundamentalmente naquele entardecer/noite. E hoje percebo que foi graças ao Reiki, um sistema de tratamento e cura física/mental/espiritual milenar, que (re)comecei minha jornada pelo Caminho do Meio. Reiki como cura no mais amplo sentido possível.
Dakini Espertinha. Cada vez mais.

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Só perrengue, e eu tô como?

Em uma semana:
- queimei um dedo (bem de leve);
- quebrei um dente (dentista e gasto);
- a luminária da cozinha queimou (eletricista e gasto);
- caí correndo (pouco machucado);
- uma garrafa de vidro com um fermentado explodiu na minha cozinha (caco e líquido pra todo lado, maior mão de obra limpar);
- Lelonid teve uma crise renal (veterinário, medicação e gasto, além de xixis pela casa).
E eu estou como?
Numa boa. Tudo resolvido rapidamente. E o trabalho seguindo sem interrupções. Foco e tranquilidade para administrar os percalços sem me estressar.
Palmas para mim. E vivas para a resperidona, que atua magnificamente na contenção dos meus arroubos borderline.
Essa sequência de reveses é o tipo de coisa que me deixaria totalmente desestabilizada há pouco tempo. Dessa vez tirei de letra.
Para quem não é como eu, para os "normais" (!), pode parecer insignificante. Para mim foi uma vitória grandiosa. Não só resolvi tudo com rapidez, como não fiquei remoendo, muito menos paralisada. A vida seguiu normalmente - a tradução manteve o ritmo.
Graças à resperidona, mantenho a estabilidade do humor e o foco no trabalho.
Sempre fui extremamente refratária ao uso de medicação. Não mais. Porque ficou claro que a lamotrigina e a resperidona melhoram em muito minha qualidade de vida. Sonho em poder suspender o uso de ambas. Mas sem pressa. Primeiro o bem-estar e a funcionalidade.
E não, eu não teria (ainda) essa estabilidade sem estar medicada.

Guerreirinho




O amor desse gato me comove às lágrimas. Bem como a vontade dele de viver, provavelmente (também) por mim e para mim.
Nova crise de cristais na bexiga ontem, xixi com sangue, ele sente dor. Voamos pro veterinário de manhã cedo, antes de eu ir pra editora. Medicado. Antibiótico e buscopam.
Volto pra casa, Lelonid Gatiliev estava melhor. E aí grudou em mim totalmente, como se grato pelo cuidado, feliz por estarmos juntos, nem sei. Só sei que amo cada segundo de nossa vida compartilhada.
As fotos são de ontem, mas neste momento Lelonid está aqui no meu colo de novo, cochilando feliz, depois de me recepcionar efusivamente. É o gato cantante, diz Libra. É mesmo.
Meus gatos contribuem para eu ser uma pessoa melhor. Prática de amor, sabedoria, compaixão, paciência, generosidade, equanimidade, alegria. Tudo de bom e do melhor.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Tudo tão azul






Fazia um tempinho que eu não ia na Arena.
Final de tarde espetacular, Lua delicada, noite de classificação pra final.
Perder é ruim, mas não me incomodo de perder quando dá pra perder. Ontem era o dia.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Tessituras



Imagens que compõem minhas memórias visuais e afetivas.
Céu de primavera de uma segunda-feira perfeita.
Esses céus de sonho me fazem sonhar. Sonhos de um passado que não existiu.
Quimeras.

Famíla feliz

A gente realmente se divertiu e riu muito
Terceiro encontro de final de semana desde que Laura e Marcelo voltaram de Portugal. O primeiro com registro fotográfico.
Conversa boa, dessa vez sem nenhuma menção à política ou diversidade de gênero. Comida boa. Muita comida boa. E cervejada.
Por mais domingos assim. Por mais encontros como esse. Por uma vida cada vez mais em família e familiar.
Mais um pedacinho do tecido de minhas memórias afetivas.

domingo, 29 de outubro de 2017

Caminhos

Sou budista. E batuqueira.
Reencontrei a Nação aos 19, 20 anos de idade, muito antes do budismo. Amor pra toda vida. Essa vida e muitas outras com certeza.
Filha de Oxum Pandá. Sempre disseram que meu ajuntó era com Xangô Aganju, mas não mais agora. E realmente me sinto mais identificada com Oxalá Bocum.
Praia.
Cabeça grande.
Sempre, sempre, as rezas de minha mãe e do Babá foram as que mais me emocionaram e empolgaram, embora eu entre na roda na abertura e fique até o fim.
Depois de três décadas indo e vindo, encontrei uma solução pacífica para viver meu amor pela Nação e por Oxum. Vou nas festas, giro na roda, canto, danço, ofereço flores e ebós - mas não faço obrigações. Para mim a obrigação é inviável. Não consigo aceitar o sacrifício. Não está em mim. E tenho a mais absoluta certeza de que meus orixás não precisam disso e não querem. Ou ao menos aceitam minha decisão - e me aceitam como sou.
Não como carne vermelha desde os 18 anos. E como pouco peixe e frango. Sou mais ou menos vegetariana basicamente pela compaixão, por ahimsa. Mas me faz revirar os olhos o discurso que critica o sacrifício na religião como "oh, que horror!" da parte de carnistas. Me poupem. Horror é a matança nos abatedouros, a crueldade com que os animais são criados e mortos unicamente pra consumo. Também me choca que a esmagadora maioria dos budistas (porque eu sou budista - também) coma carne e ache que isso não é problema desde que não matem os animais pessoalmente. Eu acho muito, muuuuuito mais digno e aceitável comer a carne do animal que se abateu pessoalmente.
Não gosto dos sacrifícios. Não faço. Não faria. Mas para mim mais grave é a indústria da carne. Em todos os sentidos. A começar pelo espiritual. Porque acredito na intenção, na motivação subjacente a cada ato. Além disso, o número de animais abatidos para consumo é milhões de vezes maior que os sacrificados em rituais religiosos. Eu preferiria que nada disso ocorresse. Minhas aspirações budistas são nesse sentido.
Por que tenho uma conexão tão intensa com uma religião que faz sacrifícios não sei exatamente. Mas tenho duas ideias.
Talvez porque a Nação seja bem menos misógina que todas as outras religiões - inclusive o budismo. Mulheres e homens são iguais, mães de santo dispõem do mesmo poder que pais de santo.
A Nação também é bem menos homofóbica e transfóbica. A identidade de gênero, a orientação sexual ou o que seja não impedem o acesso à religião e a evolução espiritual. Os orixás não estão preocupados com a vida sexual das pessoas nesse sentido.
Nada é mais importante para mim hoje do que a igualdade de gêneros. É básico em termos de tolerância, de respeito à diversidade.
O resumo de momento é o seguinte: o budismo é meu caminho porque acredito na vacuidade e na liberação, mas a misoginia me afasta. A Nação faz parte do meu caminho pelo respeito à diversidade e o culto às forças do universo, mas o sacrifício me afasta. Sigo num caminho do meio entre ambos. Buscando as minhas verdades. Pensando pela minha mente. Testando o que me serve e o que não me serve.

Yèyè wò



Oxum
Saudação:
Tamboreiro - A júbà Òsun Ìpòndá níbejì, Òsum doko adémù, Iyaloòde, Òsun tàladé lodò, yèyé nire, yèyé pò, yèyé kári, yèyé erijé, yèyé ibu odò. Yèyé wò! (Respeitamos a Oxum criadora de riquezas que tem gêmeos, Oxum do campo que se banha com a coroa, mãe dos arredores, Oxum que exibe a coroa no rio, mãe que tem bênção, mãe da riqueza, mãe do espelho, mãe que é líder, mãe do profundo rio. Cuide mamãe!)
Responder - Yèyé wò! (Cuide mamãe!)

T - Tàlà dê omi ou tàlà yèyé màràjó (Chega do limite das águas, você chega do nascimento das águas, mãe viajante)
R - Òsun tàlà dê (Oxum chega de onde nascem as águas)
T - Omi tàlà dê omi tàlà dê rì lànà (Água que chega do nascimento, a água do nascimento chega, alaga e abre o caminho [ao que vai nascer])
R - Òsun tàlà dê (Oxum chega de onde nascem as águas)
T - Òsum tàlà dê omi ou tàlà meu yèyé ou! (Oxum chega de onde nascem as águas, você chega do nascimento das águas, oh! Minha mãe)
R - Òsun tàlà dê (Oxum chega de onde nascem as águas)
T - Ìyá’ dò jí yèyé meu bàbà dê ou ru kí lànà (Mãe do rio acordada, minha mãe do ouro, chega oferecendo saudações e abrindo os caminhos)
R - Òsun tàlà dê (Oxum chega de onde nascem as águas)
T - Eléwà ti oba (Mulher bela do rei)
R - Òsum àlà ré wá (Em visões durante o sonho virá Oxum)
T - Yé bámi Òsum bi olomi, yé bámi Òsum bi olomi, yèyé pòndá e’ lú nfá ga rè lá yé bámi Òsun bi olomi (Por favor, me encontre Oxum proprietária das águas, mãe que está criando em abundância, senhora que está limpando o povo, tirando com orgulho o cansaço e o sonho, por favor me encontre Oxum)
R - Yé bámi Òsum bi olomi, yé bámi Òsum bi olomi, yèyé pòndá e’ lú nfá ga rè lá yé bámi Òsun bi olomi (Por favor, me encontre Oxum proprietária das águas, mãe que está criando em abundância, senhora que está limpando o povo, tirando com orgulho o cansaço e o sonho, por favor me encontre Oxum)
T - Ou yèyé Òsun p rere mã (Mãe Oxum chama as coisas boas sempre)
R - Ou yèyé Òsun p rere mã (Mãe Oxum chama as coisas boas sempre)
T - Ou yèyé ou eléwà ti Òsun eléwà ti Òsun’ Pòndá (Oh! Mãe você é mulher formosa do rio Oxum, mulher formosa de Oxum que cria em abundância)
R - Ou yèyé ou eléwà ti Òsun eléwà ti Òsun’ Pòndá (Oh! Mãe você é mulher formosa do rio Oxum, mulher formosa de Oxum que cria em abundância)
T - Omo d’Òsun ou! (Oh! Filha que recebe a Oxum)
R - Eléwà ti oba (Mulher bela do rei)
T - Aláse kún ou! (Oh! Nos encha de riquezas)
R - Eléwà ti oba (Mulher bela do rei)
T - Ogun p ní’ léwà (À batalha chama, tem beleza)
R - Omi ní wá rá wàrawàra omi ní wá rá (A água tem que procurar fazer curvas precipitadamente)
T - Òsun ìpòndá pàra wè’ lé wò (Oxum que ruidosamente está criando abundância, nos visita banhando a casa)
R - Òsun ìpòndá pàra wè’ lé wò (Oxum que ruidosamente está criando abundância, nos visita banhando a casa)
T - Olomi l’Òsun (Proprietária das águas do rio Oxum)
R - Ato’níre olomi l’Òsum ato’níre (Sacerdotisa do culto ancestral, proprietária de bênçãos, proprietária das águas do rio Oxum)
T - A mã’ dúpè’ lè oogun fà’ yin (Continuamente agradecemos a terra e sua medicina)
R - Òsun p rere, Òsun p rere (Oxum chama as coisas boas, chama as coisas boas)
T - Aiyo yé eu! (Não aparece, por favor aparece!)
R - Welewele wè’lé Òsun wolé wè (Rapidamente limpe a casa Oxum, entre na casa e limpe-a)
T - Éèdì bá mbo’ lé yò nú meu p ou! (Surpreenda o feitiço vindo para casa com alegria, oh! Me limpe disso!)
R - Éèdì bá mbo’ lé yò nú p wa ou! (Surpreenda o feitiço vindo para casa com alegria, oh! Nos limpe disso)
T - Àgbere àgbè ké abe lè Òsun (O adultério em casa pode cortar com a navalha Oxum)
R - Àgbere àgbè ké abe lè Òsun (O adultério em casa pode cortar com a navalha Oxum)
T - Ou yèyé ou ké meu ní ná ou yé rò, ké meu ní ná yé rò (Oh! Mãe fale primeiro, você entende meus pensamentos)
R - Ou yèyé ou ké meu ní ná ou yé rò, ké meu ní ná yé rò (Oh! Mãe fale primeiro, você entende meus pensamentos)
T - Òsun meu p ou! (Oh! Oxum me chama!)
R - Oujá d’oko erúnmalè ou! (Oiá chega ao campo, espírito de luz!)
T - Omo kári rè wò (Aumenta a vigilância ao redor do filho)
R - Kári rè kári rè mã kári rè mã (Aumenta ao redor e te reflita sempre)
T - Asíri mímó’dù dê (Chega o mistério sagrado da cabaça)
R - E wá siré Oya (Senhora venha divertir-se com Oiá)
T - Elegbé ti òsán (Companheira de jornada)
R - Yèyé m’orò (Mãe que entende as almas)
T - Asso t’omi yèyé meu pòn awò (Vestida de água minha mãe desenha as cores)
R - Èrùn elè wá a jó Òsun èrùn l (Se a seca vier com força nós dançamos para Oxum)
T - Yèyé k’omo k’omo siré lò (Mãe recolha o filho, recolha o filho, divirta-se e use-o)
R - Bàbà yín orò òrìsà ou yèyé ou bàbà yín ourò (O ouro é sua riqueza Orixá, oh mãe, o ouro é sua riqueza)
T - Póndá o sim meu (Criadora de riquezas se manifeste em mim)
R - Omi ní lábà bájà yí (Água se manifeste, luta e transforme)
T - Póndá o sim meu bè hù (Criadora de riqueza se manifeste em mim, rogo que germine)
R - Omi ní nà là sànbo omi ní nà (Água se manifeste, aparece, inunda, água se manifeste)
T - Kéké Òsun omi só rorò (Rapidamente Oxum, água que protege com ferocidade)
R - Kèké kéké Òsun omi só rorò kéké (Inunda rapidamente Oxum, água que protege com ferocidade, rapidamente)
T - Òsum má g tì omi má ní’ lú (Oxum não corte o impulso da água, mas não alague o povo)
R - Tàlà dê yèyé e lù Òsum má g tì (Mãe chega do começo das águas, golpeia Oxum, mas não corte o impulso)
T - Epere ké hùmò hùmò epere sé’ rúnmalè ou (Melhor cortar as idéias, os pensamentos, é melhor agir espírito de luz)
R - Epere ké hùmò hùmò epere sé’ rúnmalè ou (Melhor cortar as idéias, os pensamentos, é melhor agir espírito de luz)
T - A mã wá Òsum yèyé ipè rè mã l’òrun (Continuamente vamos ao chamado mãe Oxum e nos somamos ao céu)
R - A mã wá Òsum yèyé ipè rè mã l’òrun (Continuamente vamos ao chamado mãe Oxum e nos somamos ao céu)
T - Ipè rè mã l’òrun, a dê lúwe yèyé ou! (Nos somamos ao chamado sempre usando o céu, chegamos nadando, oh mãe!)
R - A mã wá Òsum yèyé ipè rè mã l’òrun (Continuamente vamos ao chamado mãe Oxum e nos somamos ao céu)
T - Òsmeu là ou yèyé Òsum là ma’dù kèké Òsum là ma’ dù kèké ou Òsun là meu ou yèyé (Oxum me abra à maternidade, Oxum sempre abra o útero o ovulando, Oxum me abra à maternidade)
R - Òsmeu là ou yèyé Òsum là ma’dù kèké Òsum là ma’ dù kèké ou Òsun là meu ou yèyé (Oxum me abra à maternidade, Oxum sempre abra o útero o ovulando, Oxum me abra à maternidade)
T - Èdé mú ká, èdé mú ká (Socorre os que estão ao seu lado, socorre os que estão ao seu lado)
R - Èdé mú ká yè ayé (Socorre os que estão ao seu lado driblando a terra)
T - Èlò ire olodò ga njó ire ká wè’ lé (Instrumento de boa sorte, proprietária do rio, está dançando orgulhosa, benze e banha a casa)
R - Èlò ire olodò ga njó ire ká wè’ lé (Instrumento de boa sorte, proprietária do rio, está dançando orgulhosa, benze e banha a casa)
T - Pòndá meu rere pòndá minha ‘ré bàbà yí s’orò (A abundância está me trazendo coisas boas, a abundância está me trazendo boa sorte, o ouro transforma e faz a riqueza)
R - Pòndá meu rere pòndá minha ‘ré bàbà yí s’orò (A abundância está me trazendo coisas boas, a abundância está me trazendo boa sorte, o ouro transforma e faz a riqueza)
T - Ìyá mã b’okun p rere ìyá mã b’okun p rere (Mãe que sempre chama as coisas boas como o mar)
R - Estragojó ayé ìyá mã b’okun p rere (Mãe dançando no mundo como o mar sempre chama as coisas boas)
T - Pòndá ire mo dìde pòndá ire mo júbà pòndá ire mo dìde òrìsà d’oko (Está trazendo abundância de bênçãos e está me erguendo, abundância de bênçãos está trazendo, eu lhe reverencio, abundância de bênçãos está trazendo e está me erguendo Orixá que vem do campo)
R - Pòndá ire mo dìde pòndá ire mo júbà pòndá ire mo dìde òrìsà d’oko (Está trazendo abundância de bênçãos e está me erguendo, abundância de bênçãos está trazendo, eu lhe reverencio, abundância de bênçãos está trazendo e está me erguendo Orixá que vem do campo)
T - Èlò ire mo júbà (Instrumento de bênção, eu lhe reverencio)
R - Òrìsà d’oko (Orixá que vem do campo)
T - Ire adé owó ire adé wá omi nem nà bá, adé owó ire adé wá (A bênção coroa de ouro, nos benza coroa, venha água, ocupa, te manifesta, usa a coroa de ouro bendita, coroa venha)
R - Ire adé owó ire adé wá omi nem nà bá, adé owó ire adé wá (A bênção coroa de ouro, nos benza coroa, venha água, ocupa, te manifesta, usa a coroa de ouro bendita, coroa venha)
T - Meu àké sei’ lédè wó wó ou yèyé afi òrò afá ki lò fá mã ki b’ohun (Minha espada pode cortar e derrubar a fim de que você, mãe da riqueza, visite a ponte e limpe sempre, visitando e cobrindo as coisas)
R - Meu àké sei’ lédè wó wó ou yèyé afi òrò afá ki lò fá mã ki b’ohun (Minha espada pode cortar e derrubar a fim de que você, mãe da riqueza, visite a ponte e limpe sempre, visitando e cobrindo as coisas)
T - Adé wòran adé wòran adé wòran yè ou sei’ lé bàbà ikò fi odara a bá ikò yèyé (Nós vemos a coroa, vemos a coroa, o mensageiro nos traz o bem, nós encontramos o mensageiro da mãe)
R - Adé wòran adé wòran adé wòran yè ou sei’ lé bàbà ikò fi odara a bá ikò yèyé (Nós vemos a coroa, vemos a coroa, o mensageiro nos traz o bem, nós encontramos o mensageiro da mãe)
T - A bá ikò a bá ikò yèyé ao ba láàrin t’ounà bò ao ba ikò yèyé (Encontramos o mensageiro da mãe, encontramo-lo no meio do caminho de volta, nós reverenciamos o mensageiro da mãe)
R - A bá ikò a bá ikò yèyé ao ba láàrin t’ounà bò ao ba ikò yèyé (Encontramos o mensageiro da mãe, encontramo-lo no meio do caminho de volta, nós reverenciamos o mensageiro da mãe)
T - A bá láàrin t’ounà bò (Encontramos no meio do caminho de volta)
R - Ao ba ikò yèyé (Reverenciamos o mensageiro da mãe)
T - A mò rorò okun orò éèdì Òssun l’oba (Reconhecemos a ferocidade, o poder do espírito, o encantamento da Oxum no rei)
R - A mò rorò okun orò éèdì Òsun l’oba (Reconhecemos a ferocidade, o poder do espírito, o encantamento da Oxum no rei)
T - Meu Bàbà s’orò (Meu ouro faz a riqueza)
R - A wò’rò a wò’rò (Vestimo-nos com riqueza)
T- Bá rà bá ru ekùn faiya bá rà bá ru èlè ou (Venha e ofereça, venha e ofereça encantos ao leão, venha e ofereça, venha e ofereça a espada)
R - Bá rà bá ru ekùn faiya bá rà bá ru èlè ou (Venha e ofereça, venha e ofereça encantos ao leão, venha e ofereça, venha e ofereça a espada)
T - Bá rà ohun bá rá ode emim r’emim d’oko (Venha e ofereça algo, encontra em segredo o caçador que vive em mim e vem do campo)
R - Bá rà ohun bá rá ode emim r’emim d’oko (Venha e oferece algo, encontra em segredo o caçador que vive em mim e vem do campo)
T - E ire e ire pòndá ou! (Oh! Você benze em abundância criando)
R - Yé! èlò má ilo (Por favor! Instrumento de benção não vá)
T - Èlò iru (Instrumento de rabo de cavalo)
R - G nge nge (Corta, está cortando [os males])
T - Omi d’oko ou’ yánlà mã ti kí bérè (Água do campo, grande mãe, sempre é saudada com respeito especial)
R - Omi d’oko ou’ yánlà mã ti kí bérè (Água do campo, grande mãe, sempre é saudada com respeito especial)
T - Ki bàbà mã ki tò loní (Saudamos o ouro, sempre lhe visitamos e lhe seguimos)
R - Ou yèyé ebora ebora (Você é mãe poderosa)
T - Èlò ìrò dê (Chega instrumento de solução)
R - A d’oko bàbà yí s’òrò èro (Nós chegamos ao campo em peregrinação, o ouro é resistente e faz a riqueza)
T - Ou Yemoja ou Yemoja mã bokun bàbà yí s’òrò (Iemanjá sempre nutre o oceano, o ouro é resistente e faz a riqueza)
R - Ou Yemoja ou Yemoja mã bokun bàbà yí s’òrò (Iemanjá sempre nutre o oceano, o ouro é resistente e faz a riqueza)
T - Dê mù (Chega e te inunde)
R - Bàbà yí s’òrò (O ouro é resistente e faz a riqueza)
T - Pòndá (Cria em abundância)
R - Bàbà yí s’òrò (O ouro é resistente e faz a riqueza)
T - D’oko (Chega à plantação)
R - Bàbà yí s’òrò (O ouro é resistente e faz a riqueza)
T - ‘Mo kéré omo délé (O filho pequeno vem à casa)
R - Ara’ mo kéré’ mo délé (Família, o filho pequeno vem à casa)
T - Yèyé kári ou, yèyé kári ou (Mãe que vemos nos arredores)
R - Altar dê Òsum kári ou kári ou (Família da Oxum vem nos arredores)
T - Yèyé’ bè sàn lè wò bomore yèyé’ bè sàn lè wò bomorre (Mãe roga a melhora da saúde, pode cuidar e nutrir o filho com bênção)
R - Òsun dê olónà yèyé bè sàn lè wò bomorre (Oxum venha proprietária do caminho, mãe que roga pela saúde do filho, nutre-o e benze-o)
T - Òsum dê mù ou (Oh! Oxum te manifesta)
R - E wá siré Oya (Vem te divertir com Oiá)
T - Òsum pòndá ki rawó (Oxum está criando riquezas e avisa esfregando as mãos)
R - E wá siré Oya (Vem te divertir com Oiá)
T - Orò kún má Ì o (Espírito venha e não vá ainda)
R - Wá asso Òsun ! (Procura sua roupa Oxum)
T - Orò kún má rì’lé (Espírito chega, mas não afogue a casa)
R - Wá asso Òsun ! (Procura sua roupa Oxum)
T - Òkêré rebo (Na distância oferece a oferenda)
R - Òkêré rebo! (Na distância oferece a oferenda)
T - Ou fé níse (Você quer e tem que fazer)
R - Ou fé níse ebo (Você quer e tem que fazer oferenda)
T - Yèyé bá ki ré ma yèyé d’oko lodò (Mãe usa, avisa e benze sempre, mãe que vem do campo chega ao rio)
R - Yèyé yèyé yèyé d’oko lodò (Mãe, mãe chega do campo ao rio)
T - Iyãfin ou dê s’àpáta afin á mã ode sim mã (Mãe do palácio, você chega e faz do pedestal uma coluna, vem de fora e fica o tempo todo)
R - Iyãfin ou dê s’àpáta afin á mã ode sim mã, iyãfin ou dê (Mãe do palácio, você chega e faz do pedestal uma coluna, vem de fora e fica o tempo todo mãe do palácio, chega)
T - Pòndá sun meu wá (A que está criando riquezas me abraça e se manifesta)
R - L’àlà rèé wá l’arùn wè (Cruzando as fronteiras, vem curando a enfermidade)
T - Jagun á jà’ rùn dê, jagun á jà’ rùn dê, jagun á jà’ rùn dê ou! (Guerreira vem lutar contra a enfermidade, oh! Chega)
R - Jagun á jà’ rùn dê, jagun á jà’ rùn dê, jagun á jà’ rùn dê ou! (Guerreira, vem lutar contra a enfermidade, oh! Chega)
T - D’àle d’àle tàp’ègún (Em tempo de doença, te revele contra as coisas ruins)
R - D’àle d’àle (Em tempo de doença)

Ofertas recusadas

Não me deem opiniões nem conselhos, me deem dinheiro.
Opiniões e conselhos aceito de quem peço, de quem confio, de quem me interessa.
Dinheiro só se for presente mesmo. Ou pagamento por algo previamente definido.
No mais, é a analogia budista dos presentes recusados. Que fiquem com quem quis dar.


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

É muito pó



Muito pó e muito baixo astral.
Lavouras regadas a sangue negro de escravos do país que mais teve escravos e mais tempo levou para libertá-los.

domingo, 22 de outubro de 2017

Fragmentos de uma tarde

Me sinto bem ctg.
Eu também. Muito mais do que com a maioria da humanidade conhecida. Posso ser eu de um jeito que gosto de ser, mas que raramente sou por causa do julgamento alheio.

Eu acho que temos mais uma relação amorosa do que de bdsm.
Também acho. Acho isso desde a noite lá na metade de 2014 em que me deu carona pra uma corrida noturna. Não fui correr, estava inclusive com os coturnos recém-comprados, muito mistress sem querer querendo, rá. (O que comentamos agora, mais de três anos depois. Como não ficar fascinada com uma memória dessas? Como não ficar fascinada com um capricórnio que nem eu? Que não fica se fazendo com conversa tola. No mérito estético nem vou entrar.) Enfim, só fui na tal corrida porque se não fosse ia dar enredo de um lado. E pior ainda: iria me enredar de outro.

Relação amorosa sim. Mas no estilo capricorniano, haha. Não é amor romântico. Não é namoro. Nunca seria. É amizade. Cumplicidade. Parceiros. Camaradas.
A melhor relação possível com um homem. Falar o que quer. Fazer o que quer. Sem lero-lero. Tudo muito sem frescura.
Segue o baile.

Kefir de água

Tornei-me uma kefira, haha.
Começou com uma conversa casual, uma amiga usa kefir de leite. Fiquei a fim de experimentar de novo. (Quando conheci o kefir era adolescente, minha mãe cultivou por um tempo.)
O grande barato é que fui pesquisar e descobri que existe o kefir de água. E foi com esse que eu fui. Não estou vegana, mas reduzi drástica e naturalmente o consumo de produtos de origem animal. E leite não consigo mais. Não desce, não posso nem pensar. Queijo (e até requeijão, muito de leve) ainda aprecio, mas iogurte está quase repulsivo. Kefir de leite não iria rolar.
Consegui uma doação num grupo de kefir local. (E até nisso acontecem bizarrices, ou o deplorável jeitinho brasileiro: a maioria das pessoas simplesmente doa mudas de kefir de água ou de leite; algumas pedem um pote de vidro porque não têm para doações futuras. É a tradição. Mas sempre tem quem queira levar alguma vantagem, né? E aí inventaram a "doação colaborativa", pedindo leite ou açúcar. Tá louco...)
Agora é água de kefir todo dia de manhã, com chá verde, às vezes acrescido de limão ou gengibre. O cheiro é estranho, cheiro de fermentado. O gosto idem. Mas é tudo questão de costume. Foi o que eu e minha irmã conversamos ontem. Doei uma mudinha pra ela na semana em que recebi a minha. Laura está no mesmo ritmo da água de kefir pra quebrar o jejum e agora já aprecia o sabor.
Hoje fiz um suco verde com a água de kefir. Suco basicão: 3 folhas de couve, 1/2 limão siciliano e água de kefir. Estava temerosa. E o resultado ficou sensacional! Muito melhor que todos os sucos verdes que já fiz. Descobri a receita pro desjejum a partir de agora. Suco verde de kefir seguido do tradicional leite de arroz. :)
Como meu kefir se reproduz velozmente e não tenho pra quem doar, estou aplicando na cosmética. Faço banho de creme pro cabelo com o kefir triturado com óleo de abacate e gel de babosa. Eu tenho uma pequena babosa aqui no terraço. E agora ganhei uma muda de aloé vera, a babosa mais suculenta. Essa vai levar um bom tempo antes de eu poder pegar folhas. É minúscula.

Kefir de água com açúcar mascavo.
Coo a cada dois dias. O kefir é aquela faixa
mais clara no fundo do pote hermético.


Na falha

Treino de musculação maxiotimizado.
Curtíssimo. A e B.
Poucos exercícios e pouquíssimas repetições. Treinar na falha.
Estou amando.
De momento, só tenho disponibilidade para treinos curtos. Disponibilidade de tempo, de energia e de vontade. Treinos longos me cansam antes mesmo de eu começar.
De momento, longos apenas no trabalho de tradução. Gostaria também de manter o ritmo de horário reduzido, mas não é possível. :)

 

Seguindo a saga

História contada como ela é. Vibrante. Altos e baixos. Idas e vindas. Erros e certos. Ninguém é anjo, tampouco demônio. Gente sendo gente.
Ontem postei o episódio sobre D. João VI e Carlota Joaquina, a família real portuguesa no Brasil.
Hoje compartilho os programetes sobre D. Pedro I, sobre a primeira-amante e sobre a imperatriz (que já postei e que curti especialmente). Para completar, Chalaça, o primeiro-amigo do imperador, companheiro das mil tretas.







sábado, 21 de outubro de 2017

Família real surreal



Não vai cair no Enem. E quase ninguém vai saber.
Família muito louca. Como várias.

Skin picking - Semana 3

Foi a semana de aprender duas técnicas de manejo da ansiedade. Ambas já conhecidas.
- Respirar pela barriga, sem mover o peito. Inflar a barriga por 3 segundos e expirar.
- Relaxamento muscular progressivo, primeiro contraindo toda a muscultura, dos pés a cabeça, por 5 segundos, e então soltando por 10 segundos.

A questão é que não estou precisando usar técnica alguma, pois não tenho roído os dedos. E não tenho tido vontade, o que é realmente inédito.
Evidentemente isso não significa que eu esteja "curada" do hábito de morder os dedos. O que estou aprendendo são técnicas que deverei usar o resto da vida - sempre que necessário.

terça-feira, 17 de outubro de 2017

50

Da alegria de comemorar, de compartilhar momentos.
Mais de 25 anos de amizade inabalável.
Libriano do meu coração.