sábado, 30 de dezembro de 2017

Dá-lhe malandra



Adoro a música. Adoro o clipe. Muito fã de Anitta depois de começar a ouvir. (Sim, já fiz parte do grupo patético do "nunca ouvi, mas não gosto".) A primeira vez que admirei Anitta foi ao ver a apresentação no Planeta Atlântida, pedindo respeito pras minas e lançando a frase de praxe: "Pensaram que eu não ia rebolar a minha bunda?". Sanfoninha pra galera. Gostei ainda mais depois de ver várias declarações contra preconceitos. E achei o máximo abrir o clipe maravilhoso de "Vai Malandra" com a bunda cheia de celulite. Dona de si. De seu corpo e da sua sexualidade. Brincando com o bumbum. E daí? A bunda é dela, a celulite é dela. Se está à vontade, se quer rebolar e embrasar, qual o problema?
Sexualização da mulher pra agradar macho? TUDO que se refere ao comportamento feminino é pautado pelo pensamento patriarcal e machista. Puta. Virtuosa. Vagabunda. Recatada. Que classificação é essa? Pro comportamento do homem não tem nada disso.
Qual o problema da mulher que livremente escolhe rebolar e provocar os homens, andar com pouca roupa, encher a cara, dar pra todo mundo que ELA está a fim? O problema é exercer a liberdade pessoal. Só isso. Não está de acordo com o que a sociedade patriarcal espera da mulher. A mulher livre é a mais vulnerável ao assédio e à violência porque a maioria da humanidade simplesmente não entende que o corpo de qualquer mulher é só dela. Pode olhar, mas não pode tocar, a não ser que ela consinta.
Ser recatada por quê? Pra quem? Se é porque gosta e se sente bem, beleza. Ótimo. Mas ser recatada para ser socialmente aceita, para se conformar ao pensamento machista? Pra ser "pra casar"?
Eu fiz a minha caminhada pra me livrar dos conceitos patriarcais e machistas. Antes disso, muito julguei outras mulheres. Muito chamei outras de puta, piranha e vagabunda. Como foi difícil perceber que isso é um absurdo, que qualquer mulher pode ser o que ela quiser, que não tem que se dar ao respeito, que tem que ser respeitada como qualquer indivíduo.
Puta, piranha e vagabunda por fazer o que eu quero, quando eu quero, com quem eu quero? Não creio. Isso é ser livre. Dona de mim e das minhas escolhas.
Humanidade a anos-luz da igualdade e do respeito elementar. Nisso e em tantas outras coisas.

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