Tô de bobeira no Facebook e faz-se a luz: dou de cara com o clipe de "Love.", a música mais linda de 2017, das mais lindas da vida. Agora no loop, e eu arrepiada, viajando. Extasiada.
Como alguém produz uma coisa tão estupenda, um casamento tão perfeito de rap com um vocal e um arranjo melódico celestiais?
Música é uma das coisas que mais me emociona. E as emoções que "Love." desperta em mim são mais bem definidas em inglês: bliss & exhilaration.
Kendrick Lamar é MUITO foda.
Kendrick Lamar rules.
There is nobody, no one to outrun Kendrick Lamar.
E eu morri com esse clipe que começa com uma cena à beira-mar em tons azulados e crepusculares. Porque essa música desde sempre me lembra água, água azul, luminosidade suave.
E ver uma cena de praia no clipe de minha música do ano na semana em que voltei no tempo e me vi numa praia do passado... À beira-mar em outra vida, vendo o crepúsculo de mãos dadas. Éramos muito jovens, talvez crianças. Bem, crianças pelos padrões de hoje, mas não pelos daquele tempo, talvez muito remoto. Não sei. Doze, treze anos? Maybe. Túnicas. Sandálias.
Vi nossos pequenos vultos de costas, apenas as silhuetas escuras recortadas contra o mar e o céu já escuro. De mãos dadas, de frente para o mar. Nenhuma palavra. O silêncio da plenitude. Presente perfeito. Talvez eu fosse um menino. Não sei, não deu para ver que espécie de par éramos naquela ocasião. Só senti o amor. Amor pacífico. Um amor que por algum motivo acabou. Acho que você morreu. E sua partida me despedaçou. Inconsolável, eu chorei uma dor que me consumiu inteira e me tirou a vontade de viver. Não havia desespero, só a dor pervasiva e devoradora (uma dor que eu conheço bem). E eu pensei em formas variadas de morrer. Porque senti o que Kendrick Lamar canta: "Don't got you, I got nothin'". For real. Got nothin', not even a life I would like to live. Mas não sei se morri. Isso não vi. Mas acho que sobrevivi, que aceitei a perda e o fim. Foi um flash, um vislumbre. Como um sonho, muitas informações numa fração de segundo. Outra dimensão de tempo. Só vi que viemos de outro tempo, coisa que por algum motivo nunca me ocorrera. Bem, isso não costuma me ocorrer, não penso em vidas passadas, embora algumas pessoas eu saiba que estou reencontrando no momento em que me conecto com elas. Mas não você. Não nós, as crianças num pôr do sol à beira-mar.
O karma e a vastidão do samsara.
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