quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

domingo, 21 de dezembro de 2008

13:17

Meu aniversário astrológico foi hoje, às 13h17min. Comemorei os 45 anos correndo sob um sol tórrido. Na rua. Eu adoro o verão, o calor abrasador.
Nasci num domingo, dia de Oxalá, no Rio de Janeiro, no solstício de verão, no primeiro dia de verão, com o Sol a apenas 54 minutos em Capricórnio, o que faz de mim um Capricórnio em pele de Sagitário, ou vice-versa. Nasci num dia quente.
Hoje o solstício de verão foi às 10h04min, e o verão teve início às 13h05min, pouco antes do meu aníver.
Celebrei o solstício, a chegada do verão e meu ano novo correndo porque estar à solta pela rua, ao sol, no calor, me enche de vitalidade, de alegria, faz com que eu me sinta muito viva e conectada a esse corpo e esse plano. Às 13h17min eu estava na beira do Guaíba, das águas de Oxum.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Que beleza

Eu deveria fazer uma foto.
Estou dando um banho de creme no cabelo, então coloquei uma sacolinha amarela de plástico na cabeça para conservar o calor do meu corpo.
Aproveitei para fazer uma máscara de lama no rosto e pescoço. Essa lama tem uma cor cinza-esverdeada, algo como verde-lama talvez. Ao secar vai ficando mais clara e cinzenta. E rachando.

Não só deveria fazer uma foto, como fiz.
:)
Não posso rir, porque a máscara de lama iria se espatifar toda e fazer a maior sujeira em cima do meu teclado. Não dá nem pra falar. Mas estou quieta aqui, trabalhando e registrando essa sessão de cuidados corporais.
Um dia desses eu tinha acabado de aplicar a máscara de lama e o porteiro veio entregar alguma coisa. Avisei pra ele antes de abrir a porta, e ele conseguiu manter-se sério, sei lá eu como. Eu fiquei rindo por dentro, já que o rosto estava duro de lama.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Minha criança

No dia 8 levei minha mãe ao médico para uma revisão antes das férias. Faz oito meses que a levei ao médico pela primeira vez. Foi no dia 22 de abril. Ela morava sozinha, fazia todas suas compras, dirigia, geria seus gastos. Era independente.
Desde então tirei o carro. Tirei o cartão do banco. Na semana retrasada tirei o talão de cheques. Estou tirando tudo que fazia dela um ser autônomo para garantir sua segurança e conforto. E para ter um mínimo de tranqüilidade, para reduzir as chances de que algo ruim aconteça com ela, já que não moramos juntas (ainda).
Coloquei uma pessoa para cuidar dela de dia. Minha mãe não sai mais sozinha - felizmente ela não quer, porque eu não deixaria. Agora vou obrigá-la a sair para caminhar pelo menos três vezes por semana. Ela adorava caminhar, agora não mais. Ela era ágil, agora seus movimentos estão cada vez mais lentos e vacilantes. E isso e seu olhar são o que me causa um aperto indescritível cada vez que a contemplo. Vejo a doença avançando inexorável, insidiosa e velozmente, minando o corpo e a mente. Além disso ela está ficando velhinha e frágil.
Minha mãe era uma matraca, agora fica calada, às vezes ouvindo o que se fala, outras vezes perdida em si mesma, com o olhar fixo no vazio. E eu me indago sobre o que se passa em sua mente. E sinto algo que não posso descrever, algo como um desespero surdo, dor e tristeza veladas. Talvez ainda não esteja sentindo plenamente porque estou muito ocupada pensando, planejando e agindo. Mas espero ter méritos para que a serenidade com que estou passando por essa experiência seja genuína, e não um represamento de emoções. Que eu esteja realmente acolhendo e dissipando meu sofrimento naturalmente, sem ter chiliques por não estar me apegando a nada nem rejeitando coisa alguma.
Perguntei ao médico se ela é feliz, se esse conceito ainda é aplicável. Ele disse que o conceito cabível é conforto; ela pode se sentir confortável, e é isso que se pode proporcionar a ela.
Vou levar minha mãe pra praia depois do Ano Novo. Ela irá com uma acompanhante. Espero que se sinta confortável. Ela adorava ir pra praia. Talvez seja o último verão em que ela saiba que está em seu apartamento na praia. Pensar nisso evidentemente me causa um arrepio. Mas, dentro de minha serenidade e determinação para cuidar dela, não penso no que vai acontecer no futuro. Vou na onda.
No ano passado, minha mãe acordou no dia 22 de dezembro e não lembrou que era meu aniversário. Lembrou mais tarde - e chorou ao se dar conta de que não havia lembrado ao acordar. Agora ela aceita o esquecimento, de modo geral ela não sofre mais com isso - o que é um conforto para ela e para mim.
Às vezes brincamos com a situação, conseguimos dar umas risadinhas. Como hoje, ao falarmos sobre Neusa, que ficará com ela a partir de agora, no lugar da Clélia, que saiu porque não poderia ir pra praia. Neusa esteve na casa da minha mãe ontem. Foi hoje de novo, e minha mãe não lembrava quem era. Amanhã Neusa vai de novo, e ficamos comentando que periga ela ter esquecido outra vez, e sorrimos. Minha mãe anotou o nome de Neusa na geladeira pra não ter que perguntar a todo instante. Mas vai chamá-la de Clélia por um tempo.
Às vezes ela fica infeliz por ver o quanto está se tornando dependente. Mas isso dura pouco, graças a deus. Em certa ocasião ela chorou ao concluir que havia se tornado uma mala que só dava trabalho. Tive vontade de me atirar no chão aos gritos. Sheer dispair, full force. Sei lá de onde tirei nervos pra confortá-la. Espero que essa idéia não lhe volte à mente, esquecida de vez. Tudo menos isso.
Outras vezes ela se rebela com o cerceamento de sua liberdade, reclama e se irrita, diz que não está tão mal para ser tratada como abobada ou criança. Graças a deus isso também dura pouco. Ela esquece tudo.
De fato, minha mãe cada vez mais é tratada como criança. A diferença é que, ao contrário de uma criança, ela não pode ser ensinada. O que ela desaprender estará perdido. Mas, enquanto houver conceitos, que ela possa se sentir confortável, cuidada. Amada como uma criança.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Senhora Minha Mãe

8 de dezembro é dia de Oxum, senhora da água doce, das cachoeiras, do amor, do ouro, da fertilidade. A mais bela das orixás, essência da natureza feminina, dona da intuição e da magia.
Senhora minha mãe, que me ampara, apóia, protege, acolhe e cobre com seu manto dourado.

Imagem de Oxum carregada em procissão esta noite em Porto Alegre.

Estátua de Oxum em Ipanema, às margens do Lago Guaíba. Neste local há um orixá Oxum assentado.

Estátua de Oxum produzida pelo artista plástico baiano Tati Moreno.

domingo, 7 de dezembro de 2008

43'07

"Oi mi amor! Vai com tudo! Hj é uma prova 100% cabeça, não é para tempo e sim para colocação, ok? Gruda naquela corredora e no final confia em ti! Eu confio.. Bjo"
De: Edu Perfect Run
Enviado: 6:41


Estava indo pra cama, depois de passar a noite dançando numa festa na casa de minha mãe-de-santo, quando recebi esse sms de mi amor de treinador. Estava decidida a não correr hoje, a etapa final do Circuito do Corpa. Ando cansada, tive uma semana difícil, passei a noite em claro. E achei que não precisava fazer essa corrida, que minha classificação em primeiro lugar na categoria 45-49 anos já estava garantida.
Mas aí Edu mandou esse sms, e eu não consegui dormir. Pensava: "Ah, deixa pra lá. Corrida não é a coisa mais importante, não tem por que me estressar." Mas sentia: "Pô, o Edu tá querendo ver meu resultado, tá achando que posso correr bem... E meus amigos vão se preocupar se eu não aparecer, falei pra todo mundo que eu ia, e vai ter o churrasco aqui depois, vão até pensar que não vai rolar, que papelão..."
Concluí que precisava ao menos ir lá e ver o que acontecia. Afinal, se eu estivesse tãããão cansada da festa e do resto, teria dormido. E eu não durmo de dia mesmo, ia só ficar deitada torrando a paciência, me cansando com o esforço pra tentar descansar e dormir. Saí da cama às 8:06, saí de casa às 8:25 (a corrida era às 9h).
Cheguei no Gasômetro, peguei meu kit, encontrei minha amiga Filó e fui trotar com ela. Depois com Marcia Lima. No início parecia que ia ter que me arrastar na corrida, mas depois fui ficando mais leve de corpo e especialmente de mente.
Na largada estávamos eu, Filó, Marcia e Cynthia, outra amiga muito querida. Na corrida de Gravataí, eu fui atrás da Cynthia e pela primeira vez cheguei na frente dela. Dessa vez foi a mesma coisa, ela saiu mais forte. E eu estava achando que ia só fazer uma corridinha de carnê. Mas comecei a correr e vi que meu corpo estava ok, que eu não estava sofrendo. Então decidi ir forte até onde desse. No km 2 encostei na Cynthia, e fui grudada nela por um tempo, até ultrapassá-la. Na verdade eu não ultrapassei, mantive o mesmo ritmo.
No km 3, pensei: "Agora só faltam mais 2 até a metade, depois é voltar. Vou tratar de ir ligeiro e voltar logo." Como é bom chegar na metade! "Beleza, já é." Quando cheguei no km 7, dei uma amarelada forte; senti o calor, percebi o esforço do meu corpo, os batimentos. E tive medo de desmaiar, cheguei a ter uma leve tontura - e pensei em parar na ambulância que estava por ali. Mas parar para que exatamente? Eu não estava desmaiando, só estava ficando cansada. Aí pensei: "Se eu desmaiar, vão ver, e alguém virá juntar. Não reduzir nada, vou é tratar de acabar logo essa corrida, isso sim." Tratei de me aprumar, e lá se foi a tontura. E lá fui eu pra linha de chegada.
Fui no carro trocar de roupa, e tinha outro sms do Edu:

"Mi amor de corredora deve ter chegado há pouco! Como será que ela foi? Bjooos, Edu".
De: Edu Perfect Run
Enviado: 9:43


Ela foi bem. E voltou melhor ainda. :)
Cheguei inteirinha, bem menos cansada do que em outras vezes.
E fiz meu melhor 10km até hoje: 43:07 líquido (43:13 bruto).
Fui correr por causa dos outros, basicamente por causa de mi amor de treinador, que parece confiar mais em mim do que eu. Seria lamentável não ir. Deixaria de fazer meu melhor tempo, não mostraria a mim mesma como estou hoje, não veria os resultados dos treinos, da dedicação, da disciplina. E o pior é que me arrependeria e ficaria mal comigo mesma, por ter desistido sem ao menos tentar.