quinta-feira, 31 de maio de 2012

Quatro semanas

Fechei quatro semanas de cirurgia ontem. E a grande novidade foi que comecei a fazer pranchas e abdominal normal na fisioterapia.
Sinto um beliscão na nádega esquerda quando faço pontes. Esse movimento ainda provoca desconforto, mas está melhorando. Eu estou melhor a cada dia.
Hoje fiz avaliação com meu treinador, Átila Viero de Conti, da Winners. Ele conversou com meu neurologista clínico, e combinaram a diretriz básica para as próximas semanas: nada de impacto por enquanto. Átila montou uma planilha com caminhada, bicicleta horizontal e transport. Tudo leve.
Natação e musculação ficam para o futuro.
Agora que estou começando a ficar mais ativa percebo melhor que terei um longo período de reabilitação pela frente antes de voltar a treinar pra valer. Mas dessa vez não existe ansiedade, estou tranquila e muito  ciente de minhas limitações. Estou saboreando cada uma de minhas pequenas conquistas diárias. Eu olho com grande entusiasmo e alegria para cada coisa que consigo fazer.
Falei com o neurocirurgião também. Ele achou ótimo que meu treinador tenha assumido o processo de reabilitação, disse que agora é só usar o bom senso. Só falaremos de novo em agosto, quando devo consultá-lo. Hoje consegui agradecer a ele pelo que fez por mim. Disse que estou totalmente satisfeita com a cirurgia, que estou muito feliz e faceira.

domingo, 27 de maio de 2012

Tema de domingo

Acordar cedo naturalmente. Meditar. Traduzir ouvindo música e tomando chá enquanto os gatos brincam ao redor. Sair para a caminhada. Preparar um almoço frugal, pão sírio com salada e queijos. Voltar pro trabalho. Fazer os exercícios da fisioterapia. Ir ao supermercado para as compras da semana.
Estar só e não se sentir sozinha. Redescobrir e experimentar a simplicidade de minha vida, cultivar  espaço interno, paz, tranquilidade, desapego. Observar o novo ciclo que começou com um olhar feliz e sereno, sem maiores expectativas - a não ser o desejo de ser feliz e fazer os outros felizes.
Nessa paisagem calma como um lago, posso dissolver sensações e memórias passadas. É como lançar pedrinhas no lago e observar as ondulações.
Hoje fui caminhar carregando uma bolsinha da Kipling que era da Lízia. Levei ali as chaves, o celular, o iPod e um dinheirinho. No fim nem ouvi música, levei um mala e recitei o Mani o tempo todo. Muito bom. Estou pilhadíssima nas práticas de atenção plena. Minha atenção está longe de ser plena, mas estou praticando. Além de recitar o mantra, procurei me manter no presente observando o corpo ao caminhar. Estou caminhando toda empertigada, hahaha! Antes isso do que soltar tudo - especialmente a musculatura abdominal.

Uma coisa é uma coisa...

...e outra coisa é outra coisa. E o desafio supremo é saber o que é cada coisa.
O que é amor? O que é apego? No caso do amor no sentido mais rasteiro, quando o amor deixa de existir e resta apenas o apego? Como saber se realmente o amor acabou e só resta o apego?
O que é compaixão e o que é vontade de ser uma boa pessoa esperando algo em troca?
Amor e compaixão puros são só para estágios mais avançados. No meu momento, estou simplesmente investigando as proporções de cada coisa na minha experiência. Checando o grau de pureza da minha motivação.
O que é vontade de estar com outras pessoas e o que é vontade de não estar sozinha?
Na natureza condicionada as proporções estão sempre cambiando. Daí a importância de manter a atenção. Pra não achar que uma coisa é uma coisa quando na verdade ela é outra coisa. E para poder trabalhar no sentido de purificar as motivações um pouco mais a cada dia. A cada sessão de meditação.

sábado, 26 de maio de 2012

De coração

Ontem acabei não meditando à noite. Fiquei fazendo tricô e vendo TV até muito tarde. Curiosamente, dois filmes com criminosos russos no TNT. No primeiro, Joaquin Phoenix e Mark Wahlberg. No segundo, Viggo Mortensen e Vincent Cassel. Aliás, que lixo estão esses canais de TV, com filmes dublados, muitos sem sequer o som original. E tudo sem legenda. A gentalhização da TV fechada.
Hoje à tarde sentei por meia hora. Sentei na postura de meio lótus! Em total conforto. Mal pude acreditar. Há muito tempo eu não conseguia mais sequer fazer essa postura. Outra alegria da recuperação de meu corpo.
E a meditação em si é a alegria suprema. Sentei em silêncio, sem tons isocrônicos e sem música, com o objetivo de limpar o coração e a mente de sentimentos de tristeza, perda, ressentimento e raiva. Estava com o peito apertado, a mente em turbilhão. A prática me deixou pacífica, alegre, feliz. Me abasteci de cordialidade amorosa e compaixão, me esvaziei dos estados mentais negativos. Perdão e desapego são tudo. Soltar o objeto e a experiência dissolve o sofrimento. E isso que a minha meditação é das mais chinfrins.
A retomada da prática meditativa tem a ver com o livro que estou traduzindo, "Eight Mindful Steps to Happiness", de Bhante Henepola Gunaratana. Esse trabalho foi uma incrível dádiva do universo. Karma magic. Os trechos que estou traduzindo têm absolutamente tudo a ver com meu momento. "Lúcia Brito, esse é o ensinamento de hoje para você", me diz o Buda.

Olhei meu rosto nesta foto e me alegrei com meu semblante. Claro que fiz a foto após a sessão sentada. Percebi nela o que todo mundo tem me dito depois da cirurgia: estou com uma cara ótima. A dor crônica estava estampada em meu rosto. Hoje mesmo ouvi esse comentário na tenda da Winners.

24 dias, 7km de caminhada

Voltei a treinar.
Fui para o Gasômetro encontrar meu treinador para dar início a um programa de retomada orientada dos treinos. Até agora, eu estava apenas caminhando pelas ruas, basicamente indo a pé para a fisioterapia e voltando.
Átila vai assumir a transição da fisioterapia para o treinamento, estava tudo solto demais. Os médicos liberam certas atividades, mas eles não têm como prescrever como e quanto devo fazê-las. E eu também não sei. Caminhada como exercício é uma completa novidade, por exemplo. Em toda minha vida, sempre caminhei só para ir de um lugar a outro, sem método. Como meio de locomoção, não como exercício.
Hoje caminhei 7km em uma hora, fui mais rápida que a previsão, que era de 6km. Todavia foi tranquilo, uma caminhada vigorosa, mas sem excesso. Creio que tenha gostado. Me senti revitalizada, animada. Mas, por mais estimulante e desafiador que seja neste momento, caminhar é uma coisa meio sem graça... Enfim, foi só uma pontinha de desânimo, no geral estou muito, muitíssimo entusiasmada com o retorno. A cada dia observo meu corpo mais recuperado, e isso gera uma sensação de alegria que se impõe sobre todo o resto.
Vi muita gente correndo, muitos amigos. Senti uma leve vontade de correr, mas nem esbocei um trote. Tudo a seu tempo. Como disse Átila, a única coisa que não podemos ter agora é pressa.
Meu plano era nadar depois da caminhada. Átila suspendeu, vai falar com os médicos antes para ter certeza de que a natação é segura. Ele observou que, a cada respiração, eu precisaria fazer uma rotação de tronco - que é um dos movimentos mais evitados até agora. Eu evidentemente não havia pensado nisso - e é bom pensar, ainda mais que meu desempenho n'água não é lá grande coisa, para dizer o mínimo.
Amanhã farei 40 minutos de caminhada.
E na próxima semana terei uma planilha de treinos. De caminhada. É o retorno passo a passo. Literalmente.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Experimentos

Descobri nessa semana uma coisa de que nunca ouvira falar: os tons isocrônicos e sons binaurais. Estava eu atrás de apps de meditação para instalar no telefone, e apareceram dois aplicativos de Brainwave Entrainment. Instalei, usei, me espantei com os ruídos, hahaha, e fui pesquisar melhor.
O resultado é que ontem mesmo baixei todos os arquivos de sons isocrônicos da Iso-Tone (baixei pelo Torrent, não pelo site, mas está tudo lá, é só pegar). Hoje estou usando o Mental Performance, Mental Performance 2 e Mental Performance 3 enquanto traduzo.
Passei os arquivos para o iPod e para o telefone. A ideia é usá-los para relaxamento e como ferramentas auxiliares na minha incipiente prática de meditação. Já que a mente está agitadíssima, vou acalmar as ondas cerebrais e abrir um espacinho para começar a acomodar minha mente em seu estado natural.
Ainda não tentei meditar sentada, continuo deitando. Mas hoje à noite vou experimentar.

Ontem foi um dia de muitas novidades.
Voltei a traduzir. Nos últimos dias, estava relendo o que traduzi antes da cirurgia pra retomar o foco no trabalho e uniformizar o texto. Casualmente, recebi um telefonema de Cristina Abdo, da Global. É sempre muito bom falar com ela. Falamos do trabalho, falei da cirurgia, e recebi uma dose extra de afeto, interesse, consideração. E de estímulo pra voltar com tudo à ativa. :)
Foi o primeiro dia em que permaneci sentada à mesa de trabalho sem sentir dor alguma na perna esquerda ou na coluna. Sinto apenas uma leve pressão na lombar, que me força a manter a boa postura. Cada vez que observo meu corpo e percebo que não há dor, sinto uma onda de felicidade e alegria.
E ainda ontem pela manhã, na fisioterapia, comecei a fazer novos exercícios de fortalecimento. E decidi marcar uma avaliação com meu treinador para o dia 2 de junho, sexta que vem. Com um mês de cirurgia, farei minha primeira corridinha. Na esteira. E veremos como está meu corpo em termos de composição, postura e mecânica de movimento.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Gratidão eterna

Enquanto estive doente, tive a felicidade de contar com o apoio e o carinho de muitas pessoas. Nos momentos mais tristes, desesperançados e desesperadores, sempre aparecia alguém com uma palavra de incentivo ou conforto. Todas essas pessoas manifestaram duas das mais belas qualidades humanas, empatia e generosidade. E  manifestaram também as Quatro Qualidades Incomensuráveis: amor, compaixão, alegria e equanimidade.
Os dois neurologistas que me atendem manifestam sabedoria e compaixão.
Francisco Rotta está presente na minha vida e na de minha mãe desde abril de 2008. Foi ele que diagnosticou o Mal de Alzheimer em minha mãe, e é ele quem tem cuidado dela e me orientado enquanto a doença avança inexorável e implacavelmente. É com ele que poderei contar para garantir à minha mãe o máximo de qualidade de vida e de dignidade até o fim.
Foi Rotta que me socorreu por acaso em maio do ano passado, ao me encontrar na emergência do Hospital Moinhos de Vento. Foi quando eu também me tornei paciente dele, primeiro para me recuperar do trauma em decorrência de uma punção lombar e depois para investigar um distúrbio neurológico. Hahaha, foi ele que me disse que a dor de cabeça alucinante que tenho muito raramente é enxaqueca.
No início de abril, telefonei para Francisco Rotta para pedir a indicação de um médico de coluna. Ele perguntou o que havia acontecido, expliquei que era para mim e tive a luminosa ideia de perguntar se ele tratava hérnia de disco (eu sempre o vi como neurologista de doenças degenerativas do cérebro.) Rotta disse que me atenderia, marcamos um encaixe e, depois de me examinar cuidadosamente, ele propôs um tratamento com gabapentina como última tentativa. Ele deixou claro que não havia garantia de que desse certo e que, se a gabapentina não funcionasse, só restaria a cirurgia. E, se o caso fosse cirurgia, ele indicaria um neurocirurgião. No final de fevereiro, um traumatologista havia sugerido que eu fizesse uma artrodese e, para meu completo horror, havia explicado no que consistia tal procedimento. Eu estava apavorada com a possibilidade de ter minha a coluna parafusada. Rotta me tranquilizou: ele indicaria um neurocirurgião que fizesse discectomia.
O neurocirurgião que fez a discectomia em minha coluna, Albert Brasil, foi indicado por Jocimar Müller, fisioterapeuta que também conhece o Rotta. (Todo mundo se conhece, hehehe.) E, quando Rotta decidiu suspender o tratamento com gabapentina e me encaminhar para a cirurgia, disse que Albert Brasil era um dos nomes que estaria em sua lista de neurocirurgiões. Fui consultar já confiante, e saí do primeiro encontro convencida de que estava em ótimas mãos. Em momento algum pensei em procurar outro médico. Seria com ele mesmo.
Na manhã de 3 de maio, Albert Brasil atuou em um dos momentos mais felizes da minha vida, indo a meu quarto para me tirar da cama depois da cirurgia. Antes ficara combinado que eu só sairia da cama na presença dele. Quando ele chegou eu já estava acordada em grande expectativa. Eu não sentia mais dor alguma deitada, mas não sabia como seria quando ficasse de pé.
Ele fez a manobra para eu levantar, puxando minhas pernas para fora do leito e me ajudando a erguer o tronco, e eu me sentei. Sem dor alguma no ciático. Foi totalmente incrível. A dor não estava mais lá. Tinha desaparecido. Depois eu fiquei de pé. Sem dor. E dei meus primeiros passos sem dor. Foi uma experiência extraordinária. Parecia mágica. E eu parecia uma criança assistindo um truque de mágica. Melhor ainda: protagonizando a mágica! Foi sensacional.
Discectomia é um procedimento corriqueiro na rotina de Albert Brasil. Não é um acontecimento excepcional, impactante. Mas para mim foi. Mudou a minha vida, que havia se transformado em uma experiência infernal em termos físicos. Restituiu minha saúde e minha alegria.
Sou muito afortunada por ter dois médicos tão habilidosos conduzindo meu tratamento.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

21 dias

Três semanas depois da cirurgia, comecei hoje a fazer alongamentos leves na fisioterapia. Movimentos minúsculos. Foi estranho, estou receosa, o corpo parece meio desengonçado. Mas foi bom. Bem bom.
Falei com o neurocirurgião, que, como eu, ficou muito feliz com os avanços. Tenho uma dor mínima. Tomei a última dose de naproxeno ontem à noite. Agora é passar sem medicação, observando.
Ficou combinado de eu telefonar de novo daqui a uma semana. Até lá, caminhadas e fisioterapia.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Vizinho ridículo

Intolerância e mesquinhez são uma infelicidade. E os infelizes que padecem desses males têm uma acentuada tendência de contaminar o ambiente ao redor com sua miséria e pobreza de espírito.
Hoje fiquei sabendo que um morador do prédio nos fundos do meu denunciou nosso condomínio para o Ministério do Trabalho devido a um conserto no telhado do meu apartamento. (Há mais de três anos eu tenho problemas com goteiras, que espero terem acabado com essa obra.) O sujeito deu-se ao trabalho de registrar imagens enquanto o zelador e os homens que fizeram o conserto estavam no telhado averiguando a situação. Quando o fiscal do ministério veio aqui, a obra já havia acabado, e não fomos multados. Não sei se seríamos, não sei se a obra seguiu os protocolos de segurança do trabalho.
O que eu sei é que o tal vizinho não encaminhou sua denúncia motivado pela preocupação com a segurança dos trabalhadores. A criatura fez isso apenas para causar problemas para o nosso condomínio. O motivo? As festas no salão do meu prédio. No ano passado foram DUAS festas. Duas. No ano inteiro. Um aniversário de 15 anos e uma formatura universitária. Foram festas ruidosas, mas acabaram ali pelas 4h e não foram uma esbórnia. Nada que pessoas normais não possam tolerar (tanto que todas as outras centenas de vizinhos não reclamaram.). Pois nas duas ocasiões o vizinho chamou a BM (que veio e nada fez, é claro, a não ser pedir para que baixassem um pouco o volume da música) e alvejou as vidraças do salão com ovos. Quanta intolerância.
Fiquei pasma. Não posso entender o que leva uma pessoa a agir dessa forma, não sei como alguém pode se sentir tão importunado pela alegria alheia.
No prédio desse vizinho ocorrem festas de aniversário de criança com mais frequência que as festas aqui no nosso salão. E a criançada passa a tarde correndo, brincando e gritando por uma área aberta. Elas que se cuidem, ou qualquer dia também serão alvejadas com ovos. Ou a BM será acionada para que elas parem de fazer barulho.

Duas estrelas

Donna Summer e Warda morreram na semana passada. Estrelas do firmamento musical, vozes celestiais.
Donna Summer eu conheci na pré-adolescência e sempre achei o máximo. Tenho versões de "Love to Love You Baby" e "I Feel Love" no iPod e uso para correr.
Warda eu só conheci no ano passado ou retrasado. E seus clássicos "Haramt Ahebak" e "Batwannes beek" também estão no meu iPod e na minha trilha sonora de corrida. (Corro ouvindo basicamente música árabe, com pitadas de lounge, electronica e pop.)

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Good news

Hoje sim!!! Finalmente notícias maravilhosas.
Fui no neurologista clínico para o primeiro exame dele após a cirurgia. Melhor só se eu não tivesse ficado com dor alguma, mas a dor que resta é realmente apenas residual e deve desaparecer daqui a um ou dois meses. Não fiquei com lesão no ciático, minha perna esquerda já apresenta força normal, o alongamento está excelente. A cirurgia, realizada pelo neurocirurgião Albert Brasil, foi totalmente bem-sucedida.
Agora é fazer fisioterapia até não sentir mais dor. Nesse período de recuperação e reabilitação, a físio irá progredindo até tornar-se basicamente uma sessão de exercícios. E aí eu estarei pronta pra voltar a treinar. Na semana que vem, se eu estiver sem dor, poderei começar a nadar. Se tudo seguir bem, daqui a umas duas semanas poderei voltar a trotar.
Perguntei pro médico se eu poderia fazer maratona de novo. A resposta foi sim - desde que não haja dor. Claro que ele ressaltou que maratona não é algo saudável e não faz bem para a coluna (nem para nada) de ninguém, "mas existem coisas piores para a saúde".
Sim, eu tenho uma protrusão em L4-L5, mas o fato de ter tido uma hérnia não significa que terei outra. E a questão é: eu fiz essa cirurgia para ficar bem e ter qualidade de vida. E minha qualidade de vida está diretamente ligada à prática esportiva. Eu sei que faço atividades desgastantes, mas vejo da seguinte maneira: estou com quase 50 anos, o meu corpo está naturalmente envelhecendo e se desgastando - e ele vai apresentar problemas com treino ou sem treino, mais cedo ou mais tarde. Eu prefiro que seja com treino - e mais tarde, é claro - e prefiro aproveitá-lo ao máximo enquanto for possível. Aproveitar ao máximo não quer dizer que eu vá acabar com minha saúde treinando demais. Significa apenas que vou curtir as coisas que me dão prazer enquanto puder. Não vou treinar como se tivesse 20 anos de idade - mas também não vou me economizar como se tivesse operado a hérnia aos 20 anos de idade. Vou treinar dentro do que é possível para o meu corpo agora. É isso. Se ele  puder correr maratona, vou correr maratona.
Saí do consultório exultante. Liguei pro namorado, pro ex-marido, pro treinador.
E pela primeira vez senti vontade de trotar.
Também olhei pela primeira vez a ressonância feita no dia 1º de maio. A hérnia havia piorado de forma impressionante desde 23 de fevereiro, data da ressonância anterior. Ela simplesmente passara a comprimir totalmente o canal da medula. Minhas ressonâncias são perfeitas para uma aula sobre desenvolvimento de hérnia de disco.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Três meses hoje

No dia 18 de fevereiro, sábado, corri pela última vez. Corri não, penei por intermináveis 8km até abortar o treino e voltar caminhando para casa. Simplesmente não tinha força, não tinha ânimo. Não entendia o que diabos estava acontecendo comigo. Cada vez mais lenta, cada vez mais pesada, cada vez mais cansada, cada vez mais desanimada.
No dia 19, domingo, me arrumei toda para correr. Na hora de sair, na porta, simplesmente desisti. Não fui. E, ao decidir que não iria, caiu a ficha: eu não conseguia mais correr porque estava doente, vinha com dor crônica desde o final de setembro. Só naquele momento minha mente processou as informações que meu corpo transmitia há tempos: a dor não era de esforço, era uma nova crise da hérnia de disco. Na tarde daquele domingo eu comecei a sentir realmente a dor, e comecei a mancar levemente.
Dali em diante foi downhill.
Ressonância, fisioterapia, neurologista, medicação, cirurgia.
A cabeça manda no corpo. E a minha mente manda muito. Sou muito determinada, muito disciplinada. Treino dado é treino cumprido. Sou também muito ativa, cheia de vida e de energia. Eu amo me exercitar, a hora do treino é um momento de prazer, uma alegria, raramente uma obrigação - às vezes saio meio de má vontade, mas é começar a malhação que a preguiça acaba. Nos últimos meses antes da crise isso mudou, e eu não vi o óbvio, a doença, achei que estivesse entrando na menopausa, estressada, alguma coisa por aí. Afff. Nada disso. Estava era ferrada mesmo.
Em nenhum momento depois de entrar na crise pensei: "Se eu tivesse visto antes, se tivesse me cuidado antes, não teria havido a necessidade de operar". Não me arrependo de nada do que fiz. E tenho a mais absoluta certeza de que, se eu levasse uma vida menos ativa, essa hérnia teria era estourado antes. Gostaria que meu corpo tivesse reagido à fisioterapia, ou à gabapentina. Não deu. Ok. Agora espero que se recupere plenamente e que em breve não haja mais dor alguma. E aí vou ver como será minha nova vida.
O que eu quero? Quero voltar às aulas de dança. Quero nadar. Quero poder fazer alongamento, yoga e pilates. Quero praticar no trx. Quero voltar a correr. Correr, trotar não me interessa. Quer dizer, se eu não puder mais correr, treinar corrida, vou fazer outros exercícios, porque ficar trotando não é pra mim. E quero voltar à musculação. E quero poder pedalar. Quero o de sempre: abalar, badalar e me esbaldar. Quero fazer atividades vigorosas e me sentir bem, sem colocar minha coluna em risco.
Na corrida, sempre me vi como maratonista - e não sei se terei vontade de continuar treinando corrida se não puder mais fazer a maratona. De momento não estou pensando nessas coisas. O neurocirurgião é contra a maratona, eu sei que voltar a treinar para isso será uma aposta altíssima, não sei se vale a pena, tenho muito a perder - e talvez os ganhos não compensem. A única coisa que sei é que ainda me vejo como uma velha coroca maratonista. Mas talvez eu seja uma velha coroca esportista em alguma outra modalidade.
Felizmente até agora não sinto vontade de fazer nada. Não tive vontade verdadeira de correr nenhuma vez desde 18 de fevereiro. Sinto vontade teórica de fazer as outras coisas, mas sei que ainda não dá, então não há sofrimento ou frustração. Minha mente está atenta às minhas necessidades físicas de recolhimento. Estou observando meu corpo, percebendo as dores e me esforçando para dar fim a elas. E esse esforço significa basicamente não fazer força, não fazer movimentos bruscos, ter paciência e manter o otimismo. E tomar os remédios que o neurocirurgião propõe.
Enquanto eu caminhava ao sol hoje, tive a percepção de que, desde 18 de fevereiro, uma coisa sempre se manteve constante: as melhores horas dos meus dias, por mais dor que houvesse, eram aquelas em que eu estava em movimento: na aula de dança, na musculação, na fisioterapia, ou apenas me arrastando manca pela rua às vésperas da cirurgia, quando eu não conseguia mais fazer quase nada. Por isso eu dava jeito de sair da cama todas as manhãs - e sair da cama era o pior momento. Eu sabia que, depois do horror para me pôr em pé e me vestir, o resto seria menos ruim. Em nenhum momento me deixei paralisar pela dor. Em nenhum momento eu desisti de me manter funcional. Eu sabia que a dor não passaria se eu ficasse na cama, então melhor levantar e manter a vida em curso do melhor jeito que desse.
Depois da cirurgia essa sensação segue estável. Meus melhores momentos são quando consigo dar pequenas caminhadas com um passo firme e ritmado. Me sinto tão bem, tão animada e confiante, mesmo com as pinçadinhas e o desconforto do ciático. É muito melhor do que estar sentada ou deitada, a dor é menor - ou menos perceptível talvez. Quando eu me movimento, me sinto uma pessoa saudável, eu sou muito maior que a dor, que a lesão, meu corpo não é uma chaga ambulante, ele tem apenas uma parte sensível.
Hoje fui no neurocirurgião. Comecei a tomar naproxeno, 500mg de 12/12h por cinco dias. Sem exercício, com exceção de caminhadas leves. E sem fisioterapia nesse período. Na quarta vamos nos falar de novo e ver como evoluí.
Ele disse que gostou de me ver em movimento, que olhando pra maneira como me movo não dá pra dizer que eu esteja com dor. E não dá mesmo. Eu não vou andar por aí mancando, me arrastando, encurvada. Estou me movendo com cuidado, mas com firmeza. A dor não diminui se eu andar toda renga e encolhida. Em alguns momentos o corpo trava e se curva, mas faço o possível para me manter o mais funcional possível. 
Acho que o corpo trava quando a mente se retrai, quando eu sinto medo. Medo de não ficar curada, medo de que a cirurgia não tenha dado certo. Medo de que a dor não suma. Quando eu sinto medo, a dor parece maior, mais incapacitante. E aí eu tenho mais dificuldade para me mover.
Mas meu medo é muito menor que meu otimismo, minha autoconfiança e minha determinação. E por isso eu passo a maior parte do dia numa boa. 
Todo mundo que me vê diz a mesma coisa desde o momento que a cirurgia acabou: não parece que eu fui operada. Claro que não parece. Hahaha, já na sala de recuperação as enfermeiras ficaram malucas comigo, eu só dizia que queria ir pro meu quarto de uma vez, falei tanto que elas me ajudaram, colocaram uma sonda, fiz xixi e pude ir embora. No outro dia de manhã, a enfermeira que me acordou disse que nem parecia que eu estava no pós. E eu não me sentia mesmo em pós-operatório. Estava ótima, sem dor. Feliz da vida. Fiquei exultante quando o Albert Brasil apareceu, me tirou da cama, e eu pude dar meus primeiros passos. A glória!
Achei que fosse ser tudo uma barbada. E sofri um baque na quinta-feira da semana passada, no oitavo dia, quando acordei com dor pela primeira vez. No final de semana fui pro buraco no sábado à noite. A dor aumentou, eu fiquei com muito medo, achei o cúmulo ligar pro médico em pleno final de semana, aí me travei toda, mal conseguia andar. Tive uma crise de choro e instabilidade. E depois me reorganizei. Minha mente acalmou-se, concluí que não havia motivo para pânico - ainda -, que com certeza a dor era reflexo da retirada da medicação e do pós-operatório. E desde então venho levando.
E todo mundo me diz que eu não pareço recém-operada. Claro que não. Acontece que eu me vejo como sempre me vi: uma pessoa muito saudável e disposta, cheia de energia e vida, ativa, abençoada com um corpo de luxo, um corpo perfeito, que funciona maravilhosamente, que me dá grande alegria e prazer. Eu sei que estou em recuperação, eu sinto a fragilidade. Mas ela não é incapacitante. Ela é uma parte menor do poderoso e feliz agregado que eu sou.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Médicos

Bem assessorada eu estou.
Hoje falei com os dois neurologistas que me tratam.
Ambos acharam um ótimo sinal a dor recuado com a dexametasona. Sinal de que provavelmente estou apenas com o ciático ainda inflamado. Se houvesse uma lesão neural, a dor não cederia com corticoide. E aí estaria ferrada.
Na segunda-feira que vem irei no neurologista clínico, ele quer me examinar, só me viu no dia seguinte à cirurgia, quando deu uma passada no meu quarto pra saber como eu estava. Desde então eu tenho feito consultas por telefone.
Conforme o combinado, conversei com o neurocirurgião no final do dia. Esse pediu pra que eu me mantenha sem exercícios e sem fisioterapia até segunda-feira, mas posso fazer caminhadas leves. Amanhã de manhã devo ligar pra ele, se eu não estiver bem serei encaixada na agenda. Ele observou que já me atendeu duas vezes por telefone, e que esse não é o método dele, que se eu ainda tiver qualquer coisa terei que ir lá pra novo exame. Também acho, também acho.
A dor cedeu, os médicos estão ligados, e eu me sinto de novo mais tranquila, confiante e otimista.

15 dias

Minha nova cicatriz, que realmente vai forçar uma grande transformação em mim, está cada dia melhor. No futuro pretendo fazer uma tatuagem sobre ela.
O pós-operatório no geral está bem menos maravilhoso que inicialmente. A dor continuou apertando. Ontem liguei pro neurocirurgião, que mandou eu ficar bem quieta e tomar 8mg de dexametasona às 10h, às 22h e às 10h de hoje pela última vez, e ligar pra ele no final do dia. Ele disse que está dentro da normalidade, mas que tem que cuidar, é claro. Pediu para eu suspender inclusive a fisioterapia. Não fui hoje, mas lá estou fazendo apenas analgesia com aparelhos. Faço apenas um alongamento muito leve, o mais basicão, de puxar uma perna e outra e depois as duas juntas.
Com 50mg de tramadol a dor não cedia por completo. Também não desapareceu com esse petardo de corticoide, mas diminuiu bastante.
Ontem o fisioterapeuta viu que eu estava com contraturas no glúteo médio, e esse pode ser um motivo para eu sentir a dor irradiada do ciático atrás da coxa esquerda. A irradiação me causa não apenas um enorme desconforto (e eventualmente um sofrimento físico importante), como me deixa temerosa quanto ao sucesso da cirurgia.
O neurocirurgião disse que em 70% dos casos de discectomia o sucesso é total, a dor some; 25% dos pacientes têm sucesso relativo, ou seja, a dor diminuiu, mas não desaparece; e 5% não têm melhora alguma na dor. Claro que eu reúno todas as condições para ter não só uma recuperação acima da média, como ficar completamente sem dor. Mas vai saber...
Na consulta do dia 9 de maio, o médico calculou que eu precisaria de seis a dez sessões de físio, com alongamento, reforço muscular e reeducação postural, e que em cerca de 20 dias poderia voltar a trotar e nadar. No dia seguinte acordei com uma dorzinha. E agora essa previsão foi pro brejo.
Na fisioterapia já me disseram que farei pelo menos umas 20 sessões. E nem pensar em nada além disso por enquanto. Affff. Mas estou muito contente com minha escolha de clínica, a Biofisio (http://www.biofisio.net/). Hoje não fui, e de manhã mesmo a Marcia, proprietária, ligou pra saber como eu estava, se tinha acontecido alguma coisa. E isso que é um tratamento por plano de saúde. Faz TODA a diferença do mundo saber que as pessoas estão atentas e cuidando de você num aperto desses.
O pior dessa lamentável situação é que tenho uma má fama (totalmente infundada e errônea) de não parar quieta, de não sossegar. Para eu ficar mais quieta agora, só se passar o dia deitada e sentada.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

14 dias






A exatas duas semanas da cirurgia, tive uma tarde e noite muito agradáveis graças às amigas.
Minha bellyamiga Cintia Prado foi me ver com a Antônia, a bebê mais simpática e querida do mundo. Antônia chegou sorrindo e se comportou como nunca vi. Ficou um tempão no quarto da Lízia, deitada na cama ao lado dela, bem faceira. Foi de colo em colo, a coisa mais graciosa. Amamos. :) Tem cinco meses e é completamente esperta, toda durinha, fica em pé. E quer comer tudo que vê, hahaha! Ela está só no leite e papinhas de frutas, mas beliscou um bolo e tomou chá. E ficou furiosa quando a mãe encerrou as atividades gastronômicas. Uma figura!
Minha bellyprofe Grazi Shazadi foi com a mãe, dona Genir (que se recusa a tirar fotos). Ficamos lá conversando, rindo, tomamos chá, fizemos umas fotos. E eu me senti incrivelmente feliz. O tempo voou.
Pra completar, minha amigona Filó veio aqui no começo da noite. E trouxe um pão australiano divino, feito por ela, quituteira de mão cheia. Filó e o marido foram as pessoas que me acolheram logo que me separei, com ela conheci o mundo da corrida, e foi nesse mundo que fiz boa parte de minhas atuais amizades.
A dança do ventre também está me propiciando isso, um novo círculo de amizades, de pessoas com um interesse comum.
Quero voltar logo para esses mundos que habito com tanta alegria.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Tramadol de novo

Hoje tive consulta com minha homeopata. E ela liquidou com a ideia de aguentar a dor a seco, mandou eu voltar imediatamente aos analgésicos - no caso, o poderoso cloridrato de tramadol - até a consulta com o neuro na semana que vem. Ela disse que eu não poderia ter ficado sem tomar nada no pós-operatório e que não devo de modo algum sentir dor, pois isso vai criar memória celular e arrasar o meu emocional.
Cheguei em casa e tomei o remédio. Já tomei outro à noite. A dor diminuiu, mas não sumiu.

Tudo de novo

Comecei pra valer o novo ciclo de fisioterapia. A partir de hoje, diariamente às 8h.
Passei um final de semana muito complicado. A dor voltou. Não é tanta quanto antes, mas é muita dor de novo. Dói a perna esquerda de alto a baixo, até o pé, dói a base da coluna, dói a região do períneo.
A dor manifesta-se de várias maneiras e em graus diversos de intensidade. Em alguns momentos é como um choque, e a descarga provoca um estremecimento, ou da linha da L5-S1 pra baixo, pelas pernas, ou coluna acima - esse tipo era inédito pra mim, é como seu realmente estremecesse e os pelos e cabelos se eriçassem, horrível. Outras vezes é a famosa pinçada - ou na coluna, ou na perna, ou em ambas -, que gera um espasmo agudo, a respiração pára por um breve instante, é como um congelamento instantâneo. E tem a pressão ou o aperto na coluna, e a dor difusa no posterior da coxa esquerda, na panturrilha esquerda, eventualmente no pé e tornozelo. Tossir e especialmente espirrar são intoleráveis. A região machucada da espinha parece que vai se romper.
Fiquei abaladíssima, com medo. Não posso imaginar uma vida com dor crônica - pelo menos não nessa intensidade. Afinal, desde outubro de 2009 eu convivia com dor crônica, a hérnia era uma lembrança constante, eu sempre sentia sua presença.
Hoje de manhã o pessoal da Biofisio me tranquilizou. Os dois fisioterapeutas que me atendem disseram que a dor é normal. A proprietária da clínica disse que eu estou ótima, que todos os que chegam lá com o mesmo tipo de cirurgia que eu chegam sempre acompanhados e mal conseguem caminhar. Eu apareci lá sozinha, a pé, com oito dias de pós-operatório. (Hoje, 12 dias depois da cirurgia, fui de carro, voltei a dirigir na sexta-feira e consigo fazê-lo numa boa em trajetos curtos e rápidos, mas realmente não posso me exceder no tempo que fico sentada no banco do veículo.) 
Mesmo assim liguei pro neurologista com quem me trato, Francisco Rotta. Ele disse o que eu havia concluído no final de semana: a cirurgia removeu a pressão da hérnia sobre a raiz ciática, mas o nervo estava e continua inflamado - e vai levar um tempo para se recuperar e, por conseguinte, parar de doer. Eu não havia sentido dor alguma no pós-operatório imediato porque estava abarrotada de medicação - analgésicos, antiinflamatórios, relaxantes musculares e a célebre gabapentina. Embora não tenha feito a ciática cessar, a gabapentina evidentemente reduzia em muito a sensação. Com sua retirada total, voltei a sentir o estrago provocado pela hérnia no meu ciático.
Marquei uma consulta com Rotta pra semana que vem. Vou ver com ele como proceder a partir de agora. Até lá pretendo evitar ao máximo os analgésicos. Comprei uma caixa de cloridrato de tramadol, mas por enquanto ainda estou preferindo aguentar a dor do que os efeitos colaterais dos painkillers.

domingo, 13 de maio de 2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Fisioterapia, o retorno

Hoje vou dormir bem mais alegre e animada, depois do começo de dia nada promissor.
Fiz minha primeira sessão de fisioterapia agora à noite.
Fui até a clínica a pé. E a caminhada foi excelente. Consegui manter a passada em um ritmo constante e firme, com uma postura ereta. Foi a primeira vez que caminhei direito em nem sei quanto tempo.
A sessão de fisioterapia foi muito agradável, apenas movimentos suaves. Mas deu pra notar a diferença na hora, as mobilizações afrouxaram a perna esquerda, que eu logo consegui alongar mais e melhor. Meu corpo está todo travado.
Para completar, o neurocirurgião mandou sms dizendo que não preciso me preocupar, a dor de hoje é normal.

Oito dias

Essa noite senti uma pressão mais forte na coluna e uma leve dor na perna esquerda, no posterior da coxa. Acordei ainda assim. E meu ânimo desabou. Mandei um sms pro médico, tou aguardando resposta. Creio que não seja nada de mais, mas o déjà vu foi altamente perturbador. Affff.
Marquei a consulta inicial da fisioterapia pra hoje à noite. Vou fazer pelo plano de saúde, preciso mais que nunca cortar gastos, economizar. Meu orçamento sofreu um forte abalo com toda essa função, trabalhando menos e gastando mais. E, assim que possível, preciso comprar um colchão e uma cadeira de trabalho novos.

O desarranjo físico e mental manifestou-se na prática meditativa. Nos primeiros dias depois da cirurgia simplesmente foi impossível ficar quieta para meditar, o corpo surtou. Ontem a situação começou a melhorar. O corpo está se acalmando (mas ainda não permanece imóvel sequer por 20 minutos). A mente permanece frenética...

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Uma semana

Minha recuperação segue constante e rápida. Mas é mais lenta do que eu gostaria...
Não consigo ficar muito tempo sentada.
E ainda sinto um tremendo cansaço.
Meu sono está totalmente irregular, acordo muito à noite, com frio, com calor, inquieta, simplesmente não consigo me acomodar na cama.
A medicação pesada alterou não só meu sono, mas também meu equilíbrio digestivo. Acordo com uma leve náusea, o intestino está desregulado.
What a mess... Anyway, on the go to climb all the way once again.

Tive consulta com o neurocirurgião no final da tarde. Uma coisa rapidíssima. Ele me liberou pra fisioterapia - e caberá ao fisioterapeuta me conduzir de volta a algo que eu considere uma vida mais normal. Por enquanto, nada além de fisioterapia e caminhadas curtas.
O médico sugeriu umas dez sessões de físio, com alongamento, reeducação postural e fortalecimento muscular. E calculou que daqui a uns 20 dias poderei voltar a trotar. E nadar. A dança do ventre e a musculação devem ficar para depois.
Essa noite sonhei que estava dançando sozinha numa sala com uma roupa azul. Mas o ex-marido estava em algum lugar próximo, então eu ficava observando pelo espelho, pois ele me mataria se me pegasse saracoteando. A coisa de que mais sinto falta são as aulas de dança. :(

sábado, 5 de maio de 2012

Minha casa

Deitada na minha cama, cercada por meus gatos felizes com meu retorno. Não tem preço.
Fiquei muito cansada. Mas não senti dor, e foi o primeiro dia sem painkillers. Incrível.
Sinto tensão na zona da cirurgia, um aperto. Há um pouco de edema. Estou levemente curvada, caminho devagar. E sinto muito medo de sentir dor. Mas estou espantosamente bem. Consigo me vestir com facilidade. Ainda é difícil vestir meias e amarrar sapatos, minha coluna está rija, mas não dói. A perna esquerda não dói mais nada. Observo e sinto meu corpo maravilhada.
Ainda há pouco espirrei. E foi só isso. Espirrar era a coisa que mais me aterrorizava. A dor era dilacerante.
Daqui a uns dias tudo isso será corriqueiro de novo. É incrível como nos acostumamos com o esplendor de ter saúde.

Tudo pronto

Banho tomado, curativo feito, malas prontas. Esperando o ex-marido me buscar. Vou pra minha casa, pra minha vida. Pra perto dos meus gatos e das minhas plantas e coisas, hehehe.
Estou emocionadíssima. Tinha muita coisa represada em mim, usei toda minha energia até agora pra ficar boa, pra me recuperar depressa. Estou me esvaziando da tensão e sofrimento acumulados.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pronta pro novo

Vou pra casa amanhã.
Minha cirurgia foi um sucesso total. Minha recuperação é veloz. Acordei na sala de recuperação sem dor alguma na perna. Posso movê-la normalmente. Dor agora só no corte, mas está diminuindo. É um corte minúsculo, minha filha viu e ficou na boa. É ela que fará os curativos.
Amanhã volto pra casa decidida a aproveitar melhor essa vida humana tão preciosa e tão frágil. Não vou mais perder tempo brigando com as pessoas que amo, me afastando delas. Vou viver uma vida mais amorosa. Vou me esforçar mais pra isso.
Essa pomba foi minha companheira de internação. Aparecia todos os dias na minha janela. Muito mansa, acostumada com os humanos. Abri a janela certa vez, ela ficou onde estava, me olhando. Dei umas bolachinhas. Depois um enfermeiro me disse que ela costuma ganhar coisas mesmo.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Diário pré-cirurgia - Falta pouco

Banho desinfetante tomado e de camisolão. Tou muito doida, mal paro em pé. Não consigo digitar. Vou deitar. Agora falta pouco.
Oba!!!! Mais um tramal. Que loucuraaaaa!!!
Affff, tou com a boca seca e não posso beber água. Cadê o espumante??? Hoje as bellyamigas vão inaugurar a Confraria do Espumante Lantejoula. Espero que brindem a mim, que estarei na sala de recuperação. Yallaaaaaaa!!!!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Diário pré-cirurgia - 9.1 No quarto

Tou aqui na minha cama do hospital. Começando a sentir sono. Mas terei função até a meia-noite. Ainda vou comer (o jejum inicia à meia-noite) e tomar mais tramadol endovenoso.
Já fiz todos os exames. A tarde passou depressa. Filó veio me ver. Amigos telefonaram. Vários médicos da equipe também passaram por aqui.
Fiz ressonância em campo fechado pela primeira vez. Paguei mico, entrei na máquina de olhos abertos e surtei. Apertei a campainha. As atendentes me acalmaram. Cobriram meus olhos e entrei de novo com eles fechados. Aí foi. Fiquei recitando o Mani ao som da máquina, como uma música. Hahaha. Funcionou.
No mais estou totalmente tranquila e em paz. E curiosa. :) E otimista. E feliz, apesar de minha vida ter tomado um rumo tão inesperado.

Diário pré-cirurgia - 9. É hoje

Agora só falta tomar banho, lavar umas roupas e almoçar. Vou fazer uma salada com queijo minas e pão sírio. Emagreci nesse mês, não tenho fome, em geral tenho que empurrar algum alimento. Pelo menos isso, só faltava engordar (e botar mais pressão em cima da coluna e abalar o moral) - aumento de peso é um dos efeitos colaterais da gabapentina.
Vou pro hospital no começo da tarde. A filha e o ex-marido vão me acompanhar. Minha amiga Filó ofereceu-se pra ir também, combinamos de eu ligar pra ela quando estiver instalada, hehehe.
Hoje faço exames, inclusive uma nova ressonância da coluna, pra ver se houve alteração da hérnia desde o carnaval.
Dormirei no hospital - e espero que me deem muitos analgésicos, aliás, vou pedir já na chegada, meu tramadol acabou de madrugada, e já nem está fazendo efeito, essa noite senti dor pacas mesmo medicada.
Serei operada amanhã à tarde, devo passar a noite na c.t.i. ou na recuperação, indo pro quarto quinta pela manhã.
Minha expectativa é acordar da cirurgia sem dor. Sem essa dor, quero dizer. O médico avisou que poderei sentir dor na coluna, no local da cirurgia. Bem, pelo menos será de uma espécie diferente.