quarta-feira, 29 de abril de 2015

April, 27th

A day to remember.
In the morning I've thought about this song. That I've heard for the first time in Natural Born Killers soundtrack. OMG. Since then I love not only the song, but also Patsy Cline, country music queen, along with the mighty Dolly Parton.


It's been a long and rough road, but "now I'm back where I belong and in my baby's arms I'm gonna stay".
We belong, and now we are starting from the scratch. It is not a resumption. It's a new beginning.

domingo, 26 de abril de 2015

Cansei - e soltei

Cansei de fugir.
Cansei de me fazer de louca.
Cansei de erguer barreiras e me esconder atrás delas.
Cansei de reagir às coisas de uma forma convencional baseada em julgamento.
Cansei de reagir às aparências - mais especificamente, às atitudes dos outros - a partir das minhas fixações, de isso é bom (pra mim), isso é ruim (pra mim), disso eu gosto, disso eu não gosto, quero assim, não quero assim.
Durante o último retiro, tive uma dor na cervical e uma dor de cabeça terríveis. Um dos participantes era especialista em medicina chinesa e fez algumas manipulações. Melhorei, mas não fiquei curada. A dor se concentrava nas regiões ligadas ao controle. Ela se dissipou de vez na quarta-feira, quando comecei a agir de forma menos controladora e mais compassiva.
Ao afrouxar o controle, os conteúdos que estavam represados começaram a fluir. E percebi que há muito tempo eu vinha andando no sentido contrário ao que queria, sempre reagindo, sempre jogando, aumentando as minhas complicações. Fazer isso estava drenando minha energia, ia acabar afetando a minha saúde. Minha mente não tinha paz, o tempo todo planejando como manter as defesas e validar as fixações e os julgamentos.
Soltei. Soltei tudo.
Ontem fui dançar com amigas no Ocidente, e, enquanto o corpo se soltava na música, minha mente se soltava no espaço interno que se abria. E aí tocou I Follow Rivers, que ouvi no verão de 2014, em Capão, no carro - e foi daqueles momentos eternos: senti uma leveza, uma liberdade, uma alegria por estar onde estava, como estava, com quem estava. Sempre que ouço essa música lembro daquele momento e daquela sensação.
Agora vou sair pra correr nesse domingo de sol maravilhoso. I Follow Rivers está no iPod. E eu estou sentindo algo muito parecido com o que senti daquela vez. Liberdade, alegria, felicidade. Leveza.
Eu tenho muitas expectativas, muito desejos. Sei o que quero neste momento, o que eu queria faz tempo. Fiz os movimentos que podia para as coisas tomarem um novo rumo. O rumo que deveriam ter seguido há tempo. Não sei se o rumo que eu desejo será o rumo que se manifestará. Mas tenho uma certeza: haja o que houver, vou ficar bem. Feliz e em paz. Leve. Porque dessa vez eu fiz o meu melhor. Soltei os jogos mentais, sincronizei a mente e o coração, fui honesta. Comigo, com os outros. E minha bodhicitta incipiente me motiva a agir pensando na felicidade dos outros (e na minha), e não apenas nos meus desejos e fixações.
Haja o que houver, seja como for, no próximo final de semana, feriadão, irei pra praia. Pra ver o mar, correr na areia, e ouvir I Follow Rivers sabendo que estou seguindo meu rumo.


Dança comigo? Vem comigo?

sábado, 25 de abril de 2015

Olhar melhor

"Se você deseja fortalecer uma relação, não tem sentido fazer coisas que irritam ou aborrecem a outra pessoa. Você pode evitar fazer algo que, sabidamente, tornará seu amigo infeliz. Não há razão para ficar o tempo todo tocando em um ponto vulnerável. Ao contrário, você deve se ater àquilo que fará seu amigo feliz." — Chagdud Tulku Rinpoche


Os ensinamentos do retiro seguem reverberando.
Lucidez no cotidiano. Bodhicitta.
Tudo a ver com as relações pessoais, profissionais, todas.
As reflexões de ontem e de hoje pela manhã centraram-se nas relações e atitudes negativas, tóxicas, e na necessidade de dar nascimento elevado ao outro (e a si mesmo, claro).
Alguns relacionamentos desenvolvem um padrão nocivo de estimular o pior dos envolvidos nas ações de corpo, fala e mente. As pessoas se aborrecem, irritam e ferem mutuamente. Não só manifestam o pior em si e nos outros, como passam a olhar a partir dessa perspectiva.
Aí lembrei dos ensinamentos do lama sobre dar nascimento elevado. Para mim, isso significa ver o outro (e a si mesmo) pelo melhor aspecto. Olhar compassivo. Bodhicitta.
Se eu fixar meu olhar nos defeitos - meus e dos outros -, vou vibrar nessa frequência. Como esperar que o outro seja bacana, se eu o considero desprezível? Como desejar que o outro seja feliz, como agir para que ele seja feliz, se estou chafurdando nas recriminações e críticas? Se fico fixada nos aspectos negativos, reforço isso nos outros e em mim.
Agora é observar esses padrões quando surgem e dissipá-los.
Soltar.
Soltar.
Soltar.
E, enquanto a prática falha e a energia oscila, o lance é me cercar de pessoas interessadas em cultivar a mesma visão e buscar situações favoráveis. Evitar o que  me leve a pensar mal, falar mal e agir mal. E aos poucos purificar a mente das mágoas.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Amor e desejo - e apego

"Compaixão é o desejo de que os seres realizem sua natureza interna e se livrem de suas complicações. Essencialmente é o desejo de que o outro supere suas dificuldades e possa melhorar. Compaixão é reconhecer no outro sua natureza estável, perfeita, luminosa, sua condição verdadeira, quebrando o encanto dos jogos mentais que estão produzindo as complicações."
— Lama Padma Samten

Neste último retiro, meu amado professor falou muito sobre compaixão, sobre gerar bodhicitta.
O efeito foi potente. Refleti muito sobre meus percalços. Depois de transitar pela aversão e pelo apego, de sofrer por desejar isso e aquilo, finalmente estou começando a manifestar uma compaixão mais consistente. Não é assim uma bodhicitta, mas é um princípio.
Ontem recebi o texto acima no www.goawake.org.
Perfeito. Complementar.
Estou tentando solucionar meus conflitos com amor e compaixão. Saindo dos jogos. Dos julgamentos. Da distribuição de culpa entre os outros e eu. Quero ser feliz e evitar o sofrimento. Os outros também. Que eu possa ajudar. Ou pelo menos não atrapalhar.
Compaixão por mim mesma e pelos outros.
Desejo e apego? Tenho. Aversão? Também. Mas estou ampliando o olhar.
E terei um longo, longo caminho.
Hoje foi o dia do desejo/apego.
Começou tudo muito bem. A mente pacífica. Amorosa e compassiva. Mas aí... aí a percepção do amor não permaneceu estabilizada, e desejo/apego instalaram-se. E veio o sofrimento. Não é bom. Mas tem um lado bom: posso ver que existe amor, que sempre existiu. Eu achava que sim, mas estava sempre misturado com aversão, gostar e não gostar. Raramente havia se manifestado de forma mais pura.
Hoje o amor veio com o desejo e a fixação, mas veio forte. E consigo vê-lo em meio às emoções perturbadoras.
E agora? Agora é praticar o desapego.
Soltar.


quarta-feira, 22 de abril de 2015

22 de abril, 7 anos

Crystal clear memory.
Eu estava no CETE, o dia estava cinzento. Como hoje.
Antes eu havia levado a mãe pra primeira consulta com o neurologista a quem confiaria a saúde dela a partir daquele momento. Eu havia ficado horrorizada com o desempenho dela no Minimental. Na frente dela não falamos muito.
Mas não aguentei. Deixei a mãe na casa dela, onde morava sozinha, independente.
Fui pro CETE treinar. E de lá telefonei pro médico.
"Estou muito preocupada com a minha mãe", eu disse.
"Eu também", respondeu Francisco Rotta. E, quando ele falou isso, tão sincero, tão direto, fiquei surpresa com a franqueza, mas não com o significado.
Eu já sabia que era Alzheimer. Meus sensores haviam disparado quando ela voltou da praia.
Rotta disse que faríamos os exames para excluir outras possibilidades, mas que ele realmente achava que era.
No dia 28 de março passado, Rotta foi ver a mãe na clínica. É com ele que eu converso quando me angustio ou me desespero. É para ele que eu tenho perguntado o que esperar, o que fazer e como fazer ao longo desses longos anos.
Rotta achou que minha mãe está muito bem dentro da sua condição. E está mesmo. Eu sei, Eu sinto. Ele também avaliou que ela não sofre mais.
E me disse o que eu já sei: que ela não está mais ali. Foi uma conversa muito interessante e reconfortante. Expliquei meu ponto de vista como budista, de que a consciência grosseira de minha mãe está se dissolvendo na consciência substrato, alayavijnana. É isso que acontece na morte. No meu entendimento, Alzheimer é uma espécie de bardo da morte com o corpo ainda funcionando. (Tenho que perguntar sobre isso para o meu lama.) Rotta comentou que o que define morte hoje é a cessação da atividade cerebral. Pelo ponto de vista da ciência, minha mãe está morrendo aos poucos, à medida que o cérebro dela se deteriora. Para ele, minha visão está ok.
Enfim, não é mais minha mãe. A consciência daquela que foi minha mãe já se dissolveu. Ela não lembra mais de quem ela foi. Ela tem uma percepção momento a momento de si mesma e de todos os fenômenos que percebe. Ela percebe cada vez menos a si mesma e o mundo externo.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Nostalgia

Prática budista mais ou menos tem (muitas) armadilhas.
Vou pro Cebb e desintoxico. E aí o olhar muda.
E aquelas coisas que parecem tão sérias (e horríveis) no cotidiano perdem a solidez (que na verdade não têm). E aí a aversão se desfaz, e brota um perigoso abrandamento. Perigoso porque me deixa vulnerável a subestimar experiências negativas - e repeti-las com a motivação de fazer melhor, de corrigir o que não deu certo. Embora a motivação em princípio seja boa, a aversão dá lugar ao apego. E isso é muito parecido com trocar o seis pela meia dúzia. Antes achava ruim pela aversão, agora acho que pode ser bom pelo apego. Sofrimento certo.
Que dificuldade soltar as fixações, cultivar bodhicitta, achar o Caminho do Meio.
Todas as aparências são vazias. As qualidades positivas ou negativas são imputadas. Ok, ok. No nível absoluto, a talidade, um só sabor, a mente livre e desobstruída criando aparências e jogando com elas. Mas no nível condicionado certas ações causam sofrimento grosseiro. Para mim e para outros.
De volta à minha casa, com a missão de reduzir as fixações. Desenvolver um olhar amoroso e compassivo genuíno, desapegado.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O lema é


O Cebb é um lugar de poder. E eu recebo muitas bênçãos sempre que venho.
Ontem foi um daqueles dias mágicos.
O mais curioso é que as coisas vieram de fora. Conversando com três amigos queridos. De três cidades diferentes. Cada um deles falou coisas preciosas. Fatos que eu precisava saber, verdades que eu precisava ouvir.
Tudo à noite.
A conclusão de um processo iniciado durante o retiro de carnaval.

domingo, 19 de abril de 2015

Bodhicitta


A mente da iluminação.
A energia autossurgida, independente das aparências.
Essencial para se avançar no caminho.
Bodhicitta é a base para shamata (lucidez) e vipassana (silêncio).

Nos próximos retiros, vou tentar chegar um dia antes do começo.
No primeiro dia, estou sempre agitada demais.
No segundo, sinto sono, pois a mente enfim desgruda um pouco dos aspectos frenéticos do cotidiano e aí quase para.
Só então vem a acomodação.

sábado, 18 de abril de 2015

Pulseirismo


Na semana passada, voltei a usar minhas queridas pulseirinhas. Na verdade, as da linha Life da Vivara não são as mesmas. São novas.
Em março aconteceu algo inacreditável.
Perdi a minha pulseira mais antiga, que eu nunca tirava do pulso, com um olho grego. Não sei como pode ter acontecido. Eu lembro que estava com ela numa quarta à noite, treinando na pista. No outro dia havia desaparecido. Ou seja, o fecho abriu, e o fecho de segurança rebentou. E eu não vi nada disso acontecer. Não pude acreditar, mas foi assim mesmo. Revirei a casa, não estava. Caiu na rua.
Para completar, fui colocar a outra pulseira, com vários muranos, e na hora em que a vestia o fecho de segurança rebentou! Do nada. Não forcei, não puxei.
Pra evitar outra perda, fui na Vivara. Trocaram a pulseira toda.
Aí não resisti e comprei outra com um olho grego.
Para dar sorte. :) Até porque a pulseira anterior com certeza se extraviou levando energias densas com ela. Ainda bem.

Lucidez no cotidiano

Eu tenho muito mérito.
E cá estou de novo.
Meu professor perfeito está ensinando como cultivar e manter a lucidez no cotidiano, baseado em um roteiro de 14 conselhos pessoais.
Hoje pela manhã o Lama apresentou os 14 pontos.
Fiquei especialmente interessada em dois:
- Pacificar as relações em todas as direções.
- Desenvolver a capacidade de efetivamente ajudar os outros seres.
Tenho trabalhado muito nisso recentemente. Em certos casos, para pacificar e ajudar, o melhor é manter distância. Em outros, chamar pra conversar e colocar tudo às claras.
Não é algo apenas para relações pessoais. Vale também para o profissional.
Pra coisa funcionar, tem que ter a motivação correta. Nada melhor do que manter o sorriso, a leveza, a gentileza. Evitar clima tenso, confronto, hostilidade.
Desde que optei por manter a serenidade e não brigar, não entrar em discussões cujo resultado só seria desgaste e irritação, a vida ficou muito mais fácil em todos os aspectos.
E tudo e todos que têm energia densa, hostil, de confronto, estão se afastando naturalmente.



quinta-feira, 16 de abril de 2015

Até fartlek



Motivação é tudo.
Na hora que eu tinha que sair pro treino, desabou água.
Pensei em deixar pra amanhã.
Mas a chuva passou, e fui.
E como foi bom ter ido.
11km na pista. Destes, 6,6km de fartlek, 400m x 100m.
Eu agora gosto de tudo. Até de fartlek, que sempre detestei fazer.
O de hoje foi maravilhoso. Rápido. Sem sofrimento.
Tudo é uma questão de atitude mental.

Saí da pista elétrica. Aí fui brincar de selfie antes do banho.
E depois ainda encarei um supermercado.
Nada como uma boa dose de dopamina.
A corrida está ótima. Já a musculação... afff.

sábado, 11 de abril de 2015

Night out

Nina e Lin, parceria reativada. Alegria!






Sobre ontem à noite, posso dizer que foi muito bom.
Estreei o novo cabelo no Ocidente com duas amigas.
Nos esbaldamos dançando. Fazia tempo. E como eu gosto!
Noite totalmente gay, perfeita pra curtir o som e o ambiente.
Tenho que retomar essas atividades noturnas dançantes. O problema é o day after. Mesmo sem beber, fico acabada. Hoje era folga da corrida. Ia na musculação. Ia...
Fui pro shopping. E visitei a mãe. :)
E até agora, 17h45, não comi nada. Tomei café com leite de manhã. E foi isso.
Um absurdo. Que anda meio corriqueiro. Não tenho fome, nem vontade de comer. Me entretenho com outras coisas (quaisquer coisas) e esqueço das refeições.
E claro que. ficando tantas horas sem comer, aí mesmo é que não sinto vontade. Já estou observando o fenômeno. E vou tratar de melhorar isso.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Haja paciência


"Abençoe-me com paciência... Nâo oportunidades para ser paciente, essas já tive aos montes e não parecem estar funcionando. A verdadeira paciência..."

"Uma forma poderosa de melhorar nossos relacionamentos é aprender a reconhecer e a soltar nossas próprias projeções inúteis. Precisamos fazer isso para que possamos ver as outras pessoas de forma mais clara e aceitá-las mais plenamente como elas são. Em outras palavras, relacionamentos saudáveis envolvem um elemento de aceitação, ou o que podemos chamar de paciência." - 

Ontem perdi a paciência. E postei aqui, pra ficar registrado. Porque a prática vacila muitas e muitas vezes todos os dias.
O que me faz perder a paciência? Milhares de coisas. O trânsito. O supermercado. Internet lenta.
A implicância, os ataques velados. Falta de sinceridade, de coragem. Quer brigar? Chama pra briga. Está com alguma coisa entalada na garganta? Desembucha. Ou, mais civilizadamente, chama pra conversa e tenta esclarecer. Em vez de ficar alfinetando e falando pelas costas. Não tenho paciência pra esses jogos e pra fofocas.
Mas, enquanto não sou abençoada com a verdadeira paciência, vou tentar utilizar as oportunidades para ser paciente e praticar direito.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Notionless

Falta de educação, de consideração, de respeito.
Barreiras morais? Não.
Do ridículo tampouco.
Sempre dá pra descer mais, não é mesmo?
Não é mau gênio. É mau caráter.

A reação? Não reagir. Ignorar.

Melhor ainda: rir. Valesca Popozuda feelings.
"Late mais alto que daqui eu não te escuto."
"Beijinho no ombro pro recalque passar longe."
E para encerrar:
"Rala, sua mandada!"

O momento por aqui é:
"Beijinho no ombro só quem tem disposição."
Os dispostos estão se distraindo, hehehehe.
Beijinho no ombro e no todo, dos pés à cabeça.
Só love, só love, só love, só love...

terça-feira, 7 de abril de 2015

Bom dia!

Não sei vocês, mas eu hoje acordei excepcionalmente bem. Risonha. Vendo a graça das coisas.
É o conjunto de fatores prévios.
O treino de ontem foi maravilhoso, curto e intenso. Tiros de 300m.
Depois do treino, uma sensação que não se manifestava há quase dois anos: a excitação sensual dos sentidos, provavelmente pela inundação de endorfina, dopamina and the whole pack. A palavra que me ocorre para isso é o inglês arousal. É muito semelhante à excitação sexual, mas sem um objeto de desejo específico. Não é sempre que acontece, não sei exatamente o que desencadeia, mas imagino que seja a combinação de esforço físico muito intenso (e das reações químicas decorrentes) com a atitude mental de satisfação pelo desempenho. Porque só acontece quando o treino ou competição me agrada, claro. Depois de correr a maratona sempre senti isso.
Conversei a respeito há muitos anos com uma amiga maratonista, e rimos muito, porque ela disse que sentia a mesma coisa; terminava uma maratona e ia voando pra casa transar com o marido.
Depois da onda de excitação, vem a lassidão. Ontem fiquei extremamente cansada, mas não foi só pelo treino. Dormi pouco e mal durante o feriadão, bebi álcool, comi coisas exóticas para os meus padrões. Desmaiei ao deitar ontem.
A noite de sono foi reparadora. Acordei revigorada. E uma sessão de 50 minutos de meditação antes mesmo de levantar aguçou a mente. E me vi sintonizada num humor para rir. Rir de mim, sorrir para a vida. Sassy mood.
Essa coisa de rir de mim e do outro é algo que muito me agradava em um relacionamento recente. Era a melhor parte da parceria - a parte de que sinto saudade. Adoro gente engraçada e bem-humorada, companheira para dizer bobagens.


O que me fez rir de mim mesma hoje de manhã foi a infame indumentária. Pijama. Carpins pretos. E chinelo. Sentada na cozinha, tomando meu tradicional balde de café com leite e achocolatado, olhei para baixo e dei de cara com essas meias tão pretas, o chinelo cinza-claro e o pijama azul-claro. Que sexy, Lúcia Brito. Na verdade, só não gostei da (péssima) combinação. Porque do pijama velho de botões e dessas meias eu gosto, mas não juntos; o chinelo é simpático, digamos, e é confortável e é isso que me interessa. E eu sou rainha da autocomplacência em termos de vestimenta. Por que não seria?

domingo, 5 de abril de 2015

Aleluia!

Os dispostos se atraem e se distraem.
Me conheceu no Orkut. Disse que eu não adicionei. Jurei que foi porque eu não vi, porque eu sempre adiciono qualquer um nas redes sociais ("sociais", if you know what I mean). Especialmente um "qualquer um" tão singular, que se destacaria aos meus olhos anywhere, anytime.
Passaram-se anos, me reencontrou no ambiente que estabelece a nossa conexão primária. E aí foi pesquisar no Facebook até me achar. Não lembrava mais meu nome, fez trabalho de detetive e, sabe-se lá como, conseguiu me localizar. Me chamou no inbox. Como não responder a uma presença arcangélica? Oi, oi, tudo bem?, tudo bem, umas rápidas formalidades, e vem ele: "Posso te fazer uma pergunta?". "Pode." Eu esperaria qualquer coisa, menos o que ele queria confirmar. WOOOOOOOOOAAAAA! Não acreditei. Não acreditei que ele tivesse me reconhecido - e mais incrível ainda como havia me reconhecido. Quebrou a banca na primeira rodada. Conquistou crédito eterno na casa.
Isso foi em 2012, no momento em que eu estava reavaliando quem eu era, onde eu estava, o que eu queria e do que realmente eu gostava. Desde então, estamos nos atraindo e distraindo.
Conversando com ele, eu me vejo sendo eu de um jeito que eu não sou quase nunca. Com ele, eu sou eu no meu melhor, exercito uma sinceridade absoluta. Sou livre. Senhora de mim.
É divertido, é leve. E é muito sexy.
Ele não tem nenhuma conexão religiosa, não sabe nada de budismo. Achou graça quando eu disse que ele é do meu karma. Não só é do meu karma, como é uma presença benéfica, que se manifesta sempre que eu preciso lembrar de certos aspectos da minha natureza. O arcanjo me ajuda a ver quem eu sou, do que eu gosto e como eu posso ser eu. A luz que ele lança sobre mim corta meus apegos ao que não me serve e ao que gera karma negativo.
E ontem ele me mostrou que posso me manifestar livremente sem cruzar linhas éticas e morais, sem gerar karma negativo - pelo menos com ele.
Gratidão. Pela parceria e pela cumplicidade.

Vai, não vai

Ou é, ou não é.
Ou tem, ou não  tem.
Esse é.
Esse tem.
Esse sim!

sábado, 4 de abril de 2015

In the aftermath

You believe what you see, all the things that you know.
But oh, you don't know the depth of my soul.

Digo isso pra mim mesma.
E hoje, ao amanhecer desse sábado glorioso de outono, fui um pouco mais fundo in the depth of my mind.
E entendi o que me intrigava há meses em um relacionamento que eu percebia ser perturbadoramente parecido com o que mantive com minha mãe. O que eu tenho que aprender com isso? O que eu tenho que aprender com isso? Fiz essa pergunta centenas de vezes. Só que procurando a resposta no lugar errado. Eu olhava para fora. Eu via perfeitamente a interação. Mas não via o que existia em mim.
Hoje eu vi.
Vi como eu me comportava com minha mãe, reagindo à frieza dela. Percebi como eu repetia o padrão, geralmente de forma velada, sempre de modo inconsciente. Eu nunca havia realmente percebido.
Eu sabia que magoava e frustrava as pessoas próximas. Não nas coisas importantes, mas naquelas centenas de pequenas coisas que compõem o dia a dia. Um ex-namorado certa vez pontuou isso muito claramente (e eu entendi racionalmente, mas não consegui absorver). Eu me esforçava para não ser implicante e do contra. Mas era algo que irrompia em palavras e atitudes súbitas. Padrão. Resposta reflexa. Não agir assim era um esforço, eu tinha que me policiar para ser compassiva, e isso me irritava. E quando eu me irritava ficava ainda pior.
Tão mais fácil encontrar autojustificativas para o que, no fim das contas, era crueldade. Tão mais fácil olhar para os defeitos dos outros do que para os próprios. Esconder ou projetar.
O conhecimento liberta.
Soltei mais um nó.
Fiquei mais livre e mais leve.
Há uma reação emocional e física imediata: uma enorme alegria e contentamento pacíficos, uma vontade de sair festejando, riso e lágrimas. o afrouxamento do diafragma, a mudança na respiração.
Insight não é passe de mágica. Agora vem o processo de integrar isso.
Minha mãe nunca conseguiu demonstrar amor por mim, Nem eu por ela. Ela jamais disse: "Eu te amo" para mim. Nem eu para ela (enquanto ela era lúcida). Nosso relacionamento era tão frio e complicado que eu nunca soube se ela me amava (e tenho certeza de que ela se questionava sobre o meu amor por ela). Muito sinceramente, eu nunca consegui sentir amor entre nós. Meus terapeutas sempre garantiram que sim, que existia.
Fosse como fosse, minha mãe sempre cuidou de mim enquanto teve lucidez, Sempre. Sou grata a ela de modo incondicional. E tenho certeza de que muitas das minhas melhores qualidades floresceram pelo exemplo dela. Sou semelhante a ela por fora e por dentro.
Minha hostilidade em relação à mãe cessou em 2008, quando comecei a cuidar dela. Ver a deterioração da mente de minha mãe me abrandou. E acaba de me ocorrer que a doença dela tem sido um ensinamento para mim.
Minha mãe não sabe mais quem eu sou. Mas continua me ensinando. E me ajudando a ser uma pessoa melhor. E provavelmente existe muito mais dentro de mim além da sensação de gratidão e de dever em relação a ela.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Dissolução

Uma tristeza dolorosa, deprimente.
Saudade.
Um aperto no peito.
Mas um processo pacífico. Sem turbulência.
Irreversível.
Plena aceitação.
Lucidez sobre a inviabilidade e a necessidade de dissolução.
Desapego gradativo.
Inexorável.

"What is and what should never be."
O grande problema, como sempre, são as possibilidades especulativas turbinadas pela dupla desejo/apego. "What could have been." It could have been this and that, but it wasn't.
Além do que poderia ter sido, a memória seletiva focada nas (poucas) coisas boas. Obliteração das (muitas e muitas) coisas (muito, muito) nocivas.
Melhor assim. Muito melhor a tristeza pelo fim de coisas boas do que raiva do que era ruim.

Processo totalmente interno. Pessoal e intransferível.
Nada a fazer. Nada a dizer. Simplesmente soltar.
E não é soltar o que está fora. É o que está dentro.
AH
AH
AH


You believe what you see, all the things that you know.
But oh, you don't know the depth of my soul."

Para o despertar

"Sem saber quando iremos morrer, precisamos cultivar apreciação e aceitação das coisas que temos, enquanto as temos, em vez de ficarmos procurando defeitos em nossas experiências e buscarmos, incessantemente, preencher nossos desejos. "
— Chagdud Tulku Rinpoche.

"Curiosamente, todos os seres que estão em situações de sofrimento têm todos os argumentos para justificar suas ações equivocadas e não mudar. Quando a pessoa faz uma ação equivocada, não se dá conta e pensa que aquilo é bom, que trará benefícios para ela. É o veneno da ignorância atuando. A pessoa não percebe que está construindo um longo carma de sofrimento para si mesma."
— Lama Padma Samten.




Goawake é um app gratuito que envia citações diárias do Lama Padma Samten e de Chagdud Tulku Rinpoche. Instalei no meu telefone neste verão e passei a compartilhar as mensagens que recebo no Facebook. Minha singela contribuição para disseminar o Dharma e para fazer da minha rede social algo mais que um registro de atividades mundanas.
O que eu não imaginava é que essa ferramenta fosse me proporcionar tantos insights. O maior deles é perceber que, sim, eu estou avançando no caminho. Que já tenho internalizada em mim uma sólida compreensão dos ensinamentos. Não é um mero conhecimento intelectual. Percebo isso sem orgulho, sem vaidade, mas com uma imensa alegria. Porque eu prefiro olhar para o que tenho do que para o que não tenho, para o que falta. Em todas as situações.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

FemDom


Manda quem pode. Obedece quem quer, quem gosta, quem tem vontade.
Jogo consensual. Com regras muito claras, previamente combinadas. Com limites.
Tem que haver afinidade e química.
50 tons de cinza? Nunca pensei.
Nunca pensei em satisfazer vontades que não as minhas.
Nunca pensei tampouco em forçar alguém às minhas vontades.
Eu faço o que quero. Cada um faz o que quer.
Se há convergência no querer, ótimo. Se não há. ótimo também.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

E se?


O reino das possibilidades. Infinitas possibilidades.
E se eu tivesse dito sim? O que teria acontecido?
E se, e se, e se...
Existe uma qualidade de magia em pinçar qualquer instante do tempo, absolutamente qualquer um, e pensar: "E se?"
E se eu tivesse feito isso e aquilo? E se tal coisa tivesse sido de tal jeito? E se aquela pessoa tivesse feito tal coisa e não o que fez?
"E se?" pode ser um problemão. Tira do presente, joga pro passado e impulsiona pra devaneios sobre um futuro inexistente. Uma distração e tanto na vastidão do samsara. Em geral só serve pra gerar mais aflição, críticas a si mesmo e aos outros, acusações, coitadismo. Na versão mais suave, pensamentos melancólicos. Nas gradações mais intensas, tristeza, depressão, arrependimento, raiva, ódio.
"E se?" também pode gerar de alívio a grande alegria ao se perceber que, caso as coisas tivessem tomado outro rumo, o resultado poderia ser negativo. Ainda assim, especulação.
Acredito que possa haver algum valor de aprendizado em "E se?" quando se consegue fazer uma análise para tentar descobrir o que funciona e o que não funciona. Porque as experiências passadas com certeza produzem lições para o futuro. E é possível antever os resultados de certas atitudes.
Mas de modo geral "E se?" abre uma Caixa de Pandora. E se eu tivesse dito sim? Poderia ter sido maravilhoso se o resultado fosse tal e tal. Poderia ter sido horroroso se o resultado fosse tal e tal. 
Se, se, se... Não acaba nunca. Enquanto isso, o presente vai passando sem que se preste atenção.

A ideia agora é permanecer no presente. Isenta de "E se?". Refletir sobre o que me trouxe até aqui. E sobre quais as melhores atitudes para seguir pela trilha que desejo. Observar as possibilidades que estão se apresentando. Fluir com leveza. Soltar. Relaxar.
AH