sábado, 26 de janeiro de 2008

Coisas de corpo

Loraine fez um comentário ali embaixo que eu ia responder como comentário, mas concluí que ia ficar enorme. Aí abri outra postagem. Mas não me contive e também comentei, hahaha. Estou prolífica. Cheia de idéias.
Acho curioso que as pessoas em geral não tenham uma percepção aguçada do próprio corpo. E se constranjam com coisas absolutamente naturais, como a menstruação.
Um critério decisivo na minha seleção de namorados e afins é como o homem encara o período menstrual. Eu não gostaria de conviver com alguém que achasse menstruação uma coisa desagradável.
Eu havia recém-começado a sair com um cara, quando ele me convidou pra dormir na casa dele. Eu ia começar a menstruar, achei que poderia ser meio chato, basicamente por causa dos lençóis; também não sabia qual era a dele a respeito. Falei, e ele perguntou com um tom completamente casual: "E daí?", meio surpreso por eu achar que ele precisasse ser informado. Por essa e outras coisas, esse foi um namorado querido. Parceiro. Curtia o meu aspecto mesmo depois das corridas, toda suada, pegajosa e fedida. Não esperava que eu primeiro tomasse banho e me arrumasse para chegar perto de mim.
Passo parte do dia de tênis e roupas de treino. Não fico completamente desgrenhada porque prendo o cabelo e enfio um boné, mas estou sempre meio esculhambada. Ainda mais no calor, com suor e protetor solar no rosto e no corpo, uma mistura pegajosa e brilhosa.
Meus pés de momento estão com todas as unhas, mas uma delas vai cair em breve. Esteve bem roxa, agora está uma coisa assim meio bege. Volta e meia faço umas bolhas, estou com uma enorme desde a semana retrasada. A musculação provoca uns calinhos eventuais nas palmas das mãos.
Eu não me incomodo com essas coisas. Acho que faz parte, é natural. E espero que as pessoas que privam de minha intimidade entendam que o visual pós-treino faz parte do pacote.
Na academia onde faço musculação instalaram ar-condicionado. No verão, passo frio lá dentro. Além do ar, ainda ligam uns ventiladores. As pessoas não querem suar nem enquanto fazem exercício!!! Eu adoro suar, mais uma modalidade de limpeza, de desintoxicação.

O máximo possível de arrumação, no aníver de 44 anos em 22 de dezembro. E minha filha linda

Bem, bem, com tudo isso não estou querendo me passar por despreocupada com minha aparência, desleixada ou relaxada. Faz parte da minha curtição com meu corpo me arrumar. Desde que isso não signifique muita função ou gasto de tempo. Raramente demoro para escolher uma roupa. E quando isso acontece não é por ficar procurando um traje que me deixe maravilhosa, mas porque vejo que tenho um armário abarrotado de coisas, algumas das quais acabo nem usando tanto quanto acho que deveria. É roupa demais para um corpo só. Aí fico meio perdida, olhando o monte de opções e questionando o consumismo e o apego que me levam a juntar tanto pano.
Como não sei me maquiar e nunca tive interesse consistente em aprender, fiz maquiagem definitiva nos olhos, sobrancelhas e lábios. Que maravilha! Nunca mais fiquei com "cara de queijo", como minha mãe definia minha cara lavada. Além disso, acabou o perrengue de tentar passar lápis no olho. Cansei de ficar horas na frente do espelho tentando acertar o traço dos dois olhos e terminar optando pela loção demaquiante. Que frustração que era isso... Me sentia a mais inepta das mulheres. Batom comecei a usar regularmente no ano passado, para evitar rachaduras devido à exposição constante ao sol e ao vento.
Para me manter penteada, alisei o cabelo. Outra idéia genial. Meu cabelo era uma massa ondulada intratável. Se não penteava, ficava uma touceira embaraçada; penteado, parecia uma vassoura. Claro que se eu usasse creme e secador daria pra deixar direitinho, mas secar cabelo é algo fora de cogitação para mim (nem os da minha filha eu secava quando ela era menor). Ainda mais que lavo o cabelo todos os dias em função do suador. O máximo que faço é secar a franja.
Uso protetor solar como remédio. Creme no corpo, só quando a pele está quase rachando. Como a pele do meu rosto mantém-se em eterna adolescência, sujeita a acne, faço uma limpeza diária cuidadosa. Vejo isso como uma questão de higiene e cuidado básico, assim como depilar e fazer as unhas das mãos e dos pés. Não é uma questão de beleza, mas de capricho.
Enfim, curto muito o meu corpo e todos os seus ciclos. Observo como ele se comporta em cada estação, como reage a determinados treinos, dietas, alimentos, horas de sono, ritmos de trabalho, tudo. Vejo como as fases da lua influem no meu ciclo menstrual. E obviamente estou acompanhando as alterações provocadas pela idade. Mantenho a mente atenta ao agregado físico. E acolho na boa todas as coisas ligadas a ele - inclusive o envelhecimento. Como sempre digo, sinto-me muito bem, muito à vontade dentro da minha pele.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Ciclos

Ontem saí pra um fartlek. Fiz tudo, sabe-se lá como. Foi daqueles dias (e daqueles treinos) que deu vontade de chorar. Todo meu corpo sentiu o esforço. Apenas 1h05min, mas terminei na capa da gaita. Voltei da Redenção caminhando. Ao cruzar para o Parcão, tive que dar uma corridinha porque o sinal ia abrir. Que sufoco! Simplesmente não tinha mais perna pra nada. E o que sobrava do resto do corpo acabei no treino de bíceps e tríceps.
Às 22h30min caí dura na cama. Nas duas noites anteriores eu havia dormido às 2h e bebido umas cervejas, o que certamente contribuiu para a canseira.
Hoje acordei bem, mas logo depois comecei a me sentir exausta de novo. E veio uma vertigem, um mal-estar, passei a manhã bem zonza – e ainda tive a idéia de fuçar no jardim. Comprei dois bougainvilles e quatro mudas de gerânio. Já tinha outros dois bougainvilles e vários gerânios, mas quero bombar a área aberta de flores. Sou doida por plantas com flores, o que me levou a eliminar uma palmeira medonha que tinha aqui. Meti um biquíni e fiquei arrancando a tal palmeira do vaso no maior sol. Bah, que suador. A tal palmeira saiu do vaso – mas porque quebrei o vaso. A dita cuja só foi removida pelo porteiro, munido de uma picareta.
Enfim, o surto de jardinagem me mandou para a oitava galáxia, fiquei spaced-out. Já estava meio preocupada quando percebi que a tontura toda era apenas o começo da menstruação. Meu ciclo é completamente regular, eu sabia que o fluxo estava chegando, mas havia esquecido. Quando falei pro meu ginecologista, ele quase riu, mas sei exatamente o momento em que meu sangramento vai ter início. Sempre tenho uma vertigem forte, e logo depois o sangue começa a descer. E aí todo o mal-estar desaparece na mesma hora. Nunca conheci nenhuma mulher que tenha esse tipo de aviso da chegada do fluxo menstrual.
Minha tpm fica mais ou menos restrita a essa indisposição momentânea. Também é comum eu não conseguir dormir nas duas noites anteriores ao início da menstruação; são noites em que me remexo na cama o tempo inteiro - aliás, isso aconteceu ontem, embora eu estivesse exausta. Em certos meses dá uma vontade maluca de comer doce. Aí como na boa, sem culpa.
Desde que me separei, meu humor não desanda. Bem, hoje fiquei meio azeda. Saí pra correr no fim da tarde. Estava cansada, me sentindo lerda e pesada. Mas fui numa boa até o vento me pegar de frente. Aí o humor foi abalado. Detesto vento. Sempre detestei, desde criança. Deve ser o trauma dos veraneios em Tramandaí, com o nordestão correndo solto, a areia pinicando nas canelas e irritando os olhos, o frio ao sair d'água, arrepiada como galinha depenada. Posso correr com sol de rachar, chuvarada, calor boçal, até frio, mas vento me estraga o humor, fico uma capivara.
Hoje fiquei especialmente indignada porque esse verão está fraco. Adoro calorão. Aí, não só não está fazendo calor, como ainda tem um vento frio! Pronto, lá se foi a paciência.
Saí pra jantar com minha filha, ainda mal-humorada e descontente. E caindo aos pedaços. Mas depois passou.
Algumas mulheres detestam menstruar. Eu sempre gostei. Sempre vi esse momento como uma oportunidade de limpeza, de descartar tudo que não quero mais. Um ciclo chega ao fim, outro tem início. O samsara do meu corpo. A impermanência, a mudança constante. E a cada novo ciclo a possibilidade de avançar no caminho.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Instantes eternos

"Primeiro Instante" desencadeou uma série de associações e recordações. A pequena teia de Indra de Lúcia Brito, a conexão entre todos os seres.
A gravação que tenho não é a original, do Miguel & Almas, mas a do Butchas Bitch. Nessa, Jimi Joe, meu namorado nas priscas eras, chamou Marcelo, também ex-namorado (e padrinho de minha filha), e Beto, que eu gostaria de ter namorado se não tivesse namorado o Marcelo, para fazer backing vocals.
Quem me deu essa gravação preciosa foi o Reinaldo (em 2005), amigo e parceiro de noitadas inesquecíveis, a melhor delas um show do De Falla na Sogipa, que gravamos da mesa de som. Jesus, Maria, José & grande elenco, naquela fase Edu K era o que havia. Bem, pra mim ainda é. Curto total o trabalho dele. E Edu K era totalmente ligado ao Jimi.
Conheci esses queridos do meu coração entre 1986 e 1987, quando trabalhava numa rádio. E eles noutra. Ambas FM, da mesma rede. Éramos vizinhos de sala.
Jimi e eu namoramos por uns seis meses. Ele abriu meus horizontes musicais, gravou fitas e fitas do The Cure pra mim, e eu coloquei pilha para que ele se tornasse vegetariano. Durante nosso namoro, Jimi me apresentou casualmente àquele que seria o pai de minha filha dez anos depois. Os dois se conheciam há anos, e haviam trabalhado juntos em São Paulo.
Marcelo foi meu namorado depois do Jimi. Namoramos vários anos, e creio que foi a pessoa que melhor me entendeu (e aceitou). Tínhamos uma sintonia finíssima, não precisávamos falar para saber o que se passava em nossas mentes. Judy, mãe do Marcelo, será sempre minha sogra de coração, é uma avó emprestada da Lízia. Marcelo, eu e meu ex-marido também trabalhamos juntos. (Somos todos jornalistas, ou fomos.) Os dois ficaram muito amigos. Quando contei pro Marcelo que estava grávida, ele disse: "Oba! Vou ser o padrinho." Com certeza.
Enfim, conheci pessoas da maior importância em minha vida na mesma época, e todas se conheciam, ou vieram a se conhecer. Todas foram, são e serão para sempre queridas ao meu coração – enquanto o espaço perdurar. Amei cada uma delas de uma maneira, tive relacionamentos diferentes com elas. Nos afastamos e reaproximamos ao longo dessas duas décadas, a impermanência manifestou-se para o bem e para o mal. Mas o cerne – o amor incondicional – mantém-se imaculado, inalterado.

Na terça-feira, fui ver Jimi tocar no Zelig. A banda improvisada, uma reunião de amigos que se divertiu e divertiu o público atacando em todos os estilos, inclusive marchinhas de carnaval e Wando, tocou "Primeiro Instante", e foi um instante memorável pra mim. Pena que não foi Jimi que cantou...
Jimi me deu seu CD – prometido desde 2005!!! Finalmente! E eu dei um mala de mantra de contas de açaí feito por mim. Estamos combinando uma ida ao Cebb, o centro budista do meu lama – que Jimi conhece há décadas. Mais um dos fios de nossa teia.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Primeiro Instante

Estou numa fase altamente musical. Bem, o fato é que eu sou um ser musical. Ouço música direto. Ontem tive um surto com duas canções que estão entre minhas favoritas absolutas – "Presença Morena", sobre a qual escrevi ontem mesmo, e "Primeiro Instante", do meu amigo Jimi Joe. Pedi a letra pra ele, e cá está!!!

Um gato cruza a rua
A lua é cheia como meu coração
A noite é apenas meia
Louco sou eu, ainda te chamo
Amo
Não dá pé
É mais uma paixão inútil
Fútil é você
Fingindo não me ver
Mesmo quando os olhares insistem
Se cruzam
Baby, você me deixa
Sempre sonhando
Quem sabe você
Me deixa ser do seu bando?

Ontem à noite
Tanta coisa a dizer
E eu só disse adeus...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O melhor do pior, o pior do melhor

Usei trechos de "A Tua Presença Morena" (ali embaixo) como assinatura em meus e-mails. Até ter que trocar de software, porque o Mail da Apple enlouquecia certos usuários de Outlook, que recebiam meus txts salpicados com todo tipo de sinais gráficos, impossível de ler. Agora estou usando um chamado Thunderbird, que não permite assinatura. Francamente...
Curto um monte meu Mac. Especialmente a ausência de vírus. Mas tem chatices. Descobri, por exemplo, que o msn para Mac não permite o uso de webcam. Tampouco o Adium. Aí instalei o Yahoo Messenger, que me permite usar webcam – desde que a pessoa do outro lado também use o Yahoo. Fala sério!!!
Bem, mas pude estrear meu novo brinquedo ontem de tarde com o Reinaldo, que encontrei no msn, e que tem yahoo. E aí ele foi pra lá comigo ver se funcionava. Funcionou, mas sem som... Mesmo assim nos divertimos vendo um ao outro. E nossos gatânlios gatáquilos.

Ted e Lelo em junho de 2007

Reinaldo me deu o gato Ted Boy Marino. Mi amor Ted Boy adora aboletar-se na minha mesa de trabalho. Maravilha, pesa 6,5kg, é gigante, fica jóia. Melhor ainda quando Felícia ou Lelo decidem se sentar do outro lado da mesa. Ontem Ted e Lelo estavam aqui empatando o espaço, e foram essas as imagens que Reinaldo assistiu.
Enfim, concluí que vou poder usar a webcam com quem tiver Skype. É dose.
Como disse o Reinaldo: "Tem um monte de programas brigando para ser o melhor, mas todos concorrem mesmo é a pior." Bem isso.
Presença Morena agora só posso usar como frase no meu msn meia-boca. O que fica engraçado, porque jamais associei a letra nem a mim, nem a ninguém. Mas Odon passou a me chamar de Presença Morena por causa disso. E com Claudio, meu I and I, a coisa desdobrou-se para Sambão Morena, não lembro mais como. Hahaha, Sambão Morena é que não sou mesmo. Tentei dançar samba no meu aníver, que completo fracasso! Vou fazer aulas de dança de salão pra corrigir a falha grave. Mas prefiro belly dance. Mas não tenho é tempo, e, se tivesse, ia me puxar no triatlo.
Essa coisa de ser chamada de morena é uma novidade pra mim também. Nunca tinha me considerado morena. Mas gostei. Agora só falta causar o impacto da Presença Morena. Eta!!!

A Tua Presença Morena

Minha letra favorita de Caetano Veloso. De "Qualquer Coisa", de 1975. Lembro que ouvi essa música pela primeira vez no rádio. Há bem mais de 20 anos. E depois devo ter ficado quase que todo esse tempo sem lembrar dela. Até que no meio do ano passado... pof!!! Lembrei. Fui atrás na internet, baixei. E sempre que ouço ou penso, sinto a mesma coisa. Simplesmente perfeita.

A tua presença
Entra pelos sete buracos da minha cabeça
A tua presença
Pelos olhos, boca, narinas e orelhas
A tua presença
Paralisa meu momento em que tudo começa
A tua presença
Desintegra e atualiza a minha presença
A tua presença
Envolve meu tronco, meus braços e minhas pernas
A tua presença
É branca verde, vermelha, azul e amarela
A tua presença
É negra, negra, negra
Negra, negra, negra
Negra, negra, negra
A tua presença
Transborda pelas portas e pelas janelas
A tua presença
Silencia os automóveis e as motocicletas
A tua presença
Se espalha no campo derrubando as cercas
A tua presença
É tudo que se come, tudo que se reza
A tua presença
Coagula o jorro da noite sangrenta
A tua presença é a coisa mais bonita em toda a natureza
A tua presença
Mantém sempre teso o arco da promessa
A tua presença
Morena, morena, morena
Morena, morena, morena
Morena

domingo, 20 de janeiro de 2008

Sutra do Coração

A Mãe Abençoada, o Coração da Perfeição da Sabedoria
EM SÂNSCRITO: Bhagavati Prajna Paramita Hridaya

FOI ASSIM QUE CERTA VEZ EU OUVI:

O Abençoado estava em Rajagriha, no Pico do Abutre, junto com uma grande comunidade de monges e uma grande comunidade de bodhisattvas, e, naquela ocasião, o Abençoado entrou na absorção meditativa sobre as variedades de fenômenos chamada de aparência do profundo. Naquele momento também, o nobre Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, contemplou claramente a prática da profunda perfeição da sabedoria e viu que até mesmo os cinco agregados são vazios de existência intrínseca.
Então, por meio da inspiração do Buda, o venerável Shariputra falou ao nobre Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, e disse: “Como deve treinar qualquer nobre filho ou nobre filha que deseje empenhar-se na profunda perfeição da sabedoria?”
Quando isso foi dito, o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, falou ao venerável Shariputra, e disse: “Shariputra, qualquer nobre filho ou nobre filha que deseje empenhar-se na prática da profunda perfeição da sabedoria deve ver claramente dessa maneira: deve ver perfeitamente que até os cinco agregados são vazios de existência intrínseca. Forma é vacuidade, vacuidade é forma; vacuidade não é outra coisa senão forma; forma também não é outra coisa senão vacuidade. Da mesma maneira, sensações, percepções, formações mentais e consciência são todas vazias. Portanto, Shariputra, todos os fenômenos são vacuidade; não têm características definidas; não nascem, não cessam; não são puros, não são impuros; não são deficientes, e não são completos.
“Portanto, Shariputra, na vacuidade não existe forma, sensações, percepções, formações mentais e consciência. Não existe olho, ouvido, nariz, língua, corpo e mente. Não existe forma, som, odor, sabor, textura e objetos mentais. Não existe elemento da visão, e assim por diante até o elemento da mente, inclusive o elemento da consciência mental. Não existe ignorância, não existe extinção da ignorância, e assim por diante até o envelhecimento e a morte e a extinção do nascimento e da morte. Do mesmo modo, não existe sofrimento, origem, cessação ou caminho; não existe sabedoria, obtenção, nem mesmo não-obtenção.
“Portanto, Shariputra, visto que os bodhisattvas não têm nada a obter, eles confiam nessa perfeição da sabedoria, e nela permanecem. Não tendo obscurecimento em suas mentes, eles não têm medo e, por irem completamente além do erro, alcançarão o final do nirvana. Todos os budas dos três tempos também obtiveram o pleno despertar da iluminação insuperável e perfeita ao confiar nessa profunda perfeição da sabedoria.
“Portanto, deve-se saber que o mantra da perfeição da sabedoria – o mantra do grande conhecimento, o mantra insuperável, o mantra igual ao inigualável, o mantra que subjuga todo o sofrimento – é verdadeiro porque não é enganoso. O mantra da perfeição da sabedoria é proclamado:

tadyatha gate gate paragate parasamgate bodhi svaha!

Shariputra, os bodhisattvas, os grandes seres, devem treinar na perfeição da sabedoria dessa forma.”
A seguir, o Abençoado saiu daquela absorção meditativa e elogiou o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, dizendo que isso é excelente. “Excelente! Excelente! Oh nobre filho, é exatamente isso; é exatamente assim que deve ser. Deve-se praticar a profunda perfeição da sabedoria exatamente como você revelou. Pois então até os tathagatas se regojizarão.”
Quando o Abençoado proferiu essas palavras, o venerável Shariputra, o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, junto com toda a assembléia, incluindo os mundos dos deuses, humanos, asuras e gandharvas, todos se regojizaram e saudaram o que o Abençoado havia dito.

sábado, 19 de janeiro de 2008

No Dharma

Minha conexão com o Buddhadharma me encanta, me alegra, me fascina.
Nesta semana, escrevi um bilhete para um amigo falando sobre os seis sensos dos sentidos conforme o budismo: visão, audição, olfato, paladar, tato e consciência. Não creio que ele tenha entendido muita coisa, hahaha, mas o tema tem estado muitíssimo presente em minha vida, dado que venho me dedicando a observar minhas experiências sensoriais e a atuação de minha consciência sensorial. Gostar, não gostar, ser indiferente. As reações sensoriais aos fenômenos. Escrevi o tal bilhete e no dia seguinte dou de cara com o assunto no livro que estou traduzindo! Noooossa!
Isso me acontece com freqüência. Penso em algum ensinamento, e ele aparece na obra budista que estou traduzindo naquele momento. É mágico!
Hoje assisti a um ensinamento de Sua Eminência Jetsun Kushok sobre o Prajnaparamita. As palavras de Sua Eminência foram como uma recapitulação do livro que estou traduzindo; fiquei lá ouvindo embasbacada, extasiada. E estar na presença dela e dos monges e lamas que a acompanhavam foi uma bênção, minha mente se sossegou e reduziu o ritmo samsárico desatinado. Vi bodhisattvas em atividade. Entre eles estava meu professor perfeito, minha conexão direta com o Buddhadharma, Lama Padma Samten. Não posso descrever a alegria que sinto cada vez que encontro meu lama.
Daqui a poucas horas receberei de Sua Eminência a iniciação do Prajnaparamita, o Sutra do Coração. Sou uma criatura muito afortunada, certamente acumulei mérito infinito em vidas passadas (e agora estou torrando tudo com meu relaxamento, affff...), pois tenho uma forte conexão com o Prajnaparamita. Tive a honra, o prazer e a felicidade de traduzir o livro de Sua Santidade o Dalai Lama sobre o Sutra do Coração. E essa é a prática básica do Cebb, o centro budista de meu lama. E agora receberei a transmissão oral e a iniciação de uma lama de enorme realização, emanação de Vajrayogini. É uma chuva de bênçãos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Target

Houve um tempo em que eu me irritava com os manés que me brindam com elogios duvidosos ou comentários tacanhos enquanto dou duro correndo pela rua ou pedalando. É chato ser gostosa!!! Hahaha, jura... O critério da turma verbosa não é beleza. Eles falam qualquer coisa pra qualquer uma que passar. Parei de me aborrecer por isso: não é nada pessoal.
Sou alvo de comentários simplesmente por ser mulher. Os caras se acham no direito de abordar mulheres sozinhas ou em grupos em que não haja um homem. Mentalidade machista. E, como disse meu grande amigo e confidente Alex: "Educação não é como sujeira, que todo mundo tem no corpo."
Uma conhecida comentou: "Se dizem o que dizem pra mulheres da nossa idade, imagina o que não ouvem as meninas..."
Eu e uma companheira de corrida dizíamos que iríamos agradecer os comentários favoráveis. "Gostou, querido? Muito obrigada! Acha que eu estou bem? Maravilha!"

Coroas preparadas e seu escudo masculino anticomentários


Os mais sensacionais são os elogios que arrasam com a pessoa. Um cara disse pra minha irmã quando ela corria no Parcão: "Pra tua idade, tu tá muito bem." Hahaha, ela podia voltar pra casa sem essa. Uma amiga foi chamada de "coroa preparada" por um garoto quando corria na Redenção. Pô, coroa é foda... Sempre achei esse termo péssimo. E agora que ele muito bem se aplica a mim, affffffff... é dose.
Pra evitar abalos na auto-estima ou comportamento anti-social, a coroa preparada aqui corre com o mp3 bombando. Ou tenta arrumar um acompanhante masculino, o que é uma dificuldade... Um homem do lado é a garantia de não ouvir nada. Meu treinador disse que vai mandar fazer uma burka pra mim. "Bem bonitinha, estampada com flores."
Mas nem tudo é abordagem rasteira, e as exceções valem ouro. A mais engraçada foi quando passei por dois garotos. Um deles me olhou, sorriu e disse pro amigo: "Ela é mais forte que eu!" Ficamos os três rindo. Já ouvi coisas realmente simpáticas de homens e mulheres, já vi olhares amistosos de admiração, sorrisos francos. Quando isso acontece, o dia fica mais radiante, e o treino fica mais leve.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Pé de chinelo

Sou uma mulher chinela. No doubt about it.
A bonita se puxou no salto alto ontem de tarde para uma sessão de shopping com a amiga. Grande compra de calcinhas, de todos os tipos, tamanhos e cores. Para todas as ocasiões.
Não é que a sandália detonou meu pé direito? Voltamos à casa da amiga, e troquei a sandália por um chinelo, para dar seguimento às compras. Mas já era. O pé fodeu master. Estou manca desde ontem de noite.
Claro que hoje fui meter peso e correr. Que nem farrista, enquanto estou mandando ver não sinto dor nenhuma, nunca. Vou pro treino toda ferrada, mas depois do aquecimento já é. Então, quando chego em casa... o barraco desaba.
A sandália maligna causou uma bolha gigante, de sangue, na sola do meu pé. Agora estou de meia e com um chinelo de inverno nesse calor boçal, tentando manter a bolha em um ambiente fofo. Uma outra bolha comum, acoplada a essa, já estourou. Uma beleza.
Enquanto isso, uma unha do pé esquerdo prepara-se para cair. Isso que uso tênis um ou dois números maiores. Afff.
Às vezes até minhas adoradas Havaianas, objeto de consumo favorito, esfolam a pele entre meus dedos. E sapatos são um perigo. Só posso usar quando não vou caminhar muito. Se é alto, corro risco de desabamento. Se é baixo, de solado fino, a sola do meu pé fica acabada.
Sexta vou na podóloga, e ela vai querer dar na minha cara.
Podólatras, tremei!

Mas uma coisa é certa: mesmo metendo o pé na jaca, garanto a pose em cima das tamancas. O barraco é chique.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Tarja preta

Getting myself bodied is getting me crazy. Eta vida loca!!! Haja estamina pra agüentar o tranco.
Mas a mulher aqui é tarja preta. Full charge. Tá sobrando.
Os dispostos se atraem e encontram-se de madrugada para animado intercâmbio no reino da safadeza. Safadistas juramentados, diria Odorico Paraguassu ao povo de Sucupira. Que fase!
Quanta diferença entre ter bossa e ser boçal. Educação não é como sujeira, que todo mundo tem no corpo. Sexyback também. E bom humor, esperteza, sagacidade e criatividade. Inteligência. Noção. Elegância. Savoir faire.
A palavra certa na hora certa. Do sutil pro pé na porta sem perder a graça e a classe. This is what do the trick. This is what it takes to make things get going.
A grande arte é conciliar a função com o treinamento, o trabalho, a casa e o sono. Haja disposição!

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Ponto de vista

They say: Seeing is believing.
But the true question is:
What do you believe you've seen?

Dizem que é ver pra crer.
Mas a verdadeira questão é:
O que você acredita ter visto?

Spiritual Spy, música de um projeto chamado M-Seven. Só consegui duas faixas, essa e Invisible. Um clima melódico que muito combina com meu espírito empreendedor no estágio de warm-up ou chill-out.
E a frase é.


O que eu vejo? Brincadeira, diversão. Passatempo inocente. Exercício de liberdade e criatividade, isento de baixaria e complicação. Respeito e admiração. Sinceridade. Honestidade. Proximidade. Amizade. Carinho. Leveza. Intimidade descompromissada.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Conexão virtual

Tão longe, tão perto. Tão improvável, tão plausível. Tão distante e tão etéreo, e ao mesmo tempo tão penetrante, tão dentro, tão envolvente. Tão presente.
Três mil quilômetros e 24 anos pulverizados no universo virtual.
Internet. Msn. Orkut. E-mail.
Telefone celular. Mensagens de texto e multimídia.
Comunicação instantânea em um mundo atemporal.
A experiência de contato e intimidade no universo virtual reafirma a ausência de solidez da realidade convencional. Tudo vacuidade e luminosidade. Tudo uma simples criação da mente.
Na realidade convenciomal, a mente não aceitaria as distâncias, rechaçaria o contato, iria dar um fora e dar o fora. No mundo virtual, a mente mostra-se aberta e receptiva, curiosa, menos julgadora. E as coisas acontecem.
Minha mente une-se a outra, e ambas criam uma paisagem e abrem espaço para uma experiência inusitada de proximidade e troca. E eu me encanto e me dissolvo nesse sonho de duas mentes luminosas.
É uma tremenda diversão. Passatempo samsárico.