sábado, 27 de março de 2010

A for Absolute

Saí pra correr hoje. Meu iPod só tem música árabe. Lá pelas tantas, toca Zay El Hawa, na versão de Sami Nossair Orchestra. Uau! Estava me estrebuchando na Redenção, e fiquei mais sem fôlego ainda cantarolando: "Zay el hawa ya habibi, zay el hawa, We ah mel hawa, ya habibi, ah mel hawa."
"A" de apaixonada por Abdel Halim Hafez.

quarta-feira, 24 de março de 2010

De novo!

Quanto mais ouço, mais gosto.
E hoje enfim descolei a letra.


أنا كل ما اقول التوبه
Ana kol ma agol Eltoba


أنا كل ما قول التوبه يا بوي ترميني المقادير يا عين
Ana kol ma agol Eltoba ya boia / Terminy El magader ya'een
Every time I say never again, oh my father
Fate throws me back, oh my eyes

وحشاني عيونه السودة يابوي ومدوبني الحنين يا عين
Washany oiono Elsoda ya boia / we medawebny El anin ya'een
I miss his black eyes, oh my father
I'm melting for longing, oh my eyes

متغرب والليالي يا بوي مش سايباني في حالي يا عين
Metgarab we El laialy ya boia / mosh saibany fi aly ya'een
Being away, the nights, oh my father
don't leave me alone, oh my eyes

والرمش اللي مجرحني يا بوي ضيعني وأنا كان مالي يا عين
we Elremsh Elly megarany ya boia / daiany we ana kan maly ya'een

يا رموش قتاله وجارحه يا بوي وعيون نيمانة وسارحة ياعين
Ya romosh atala we gara ya boia / we oion naimana we sara ya'een
Her eyelashes kill and hurt, oh my father
and my eyes are lost in dreaming, oh my eyes

أديكي عمري بحاله يا بوي واديني انتي الفرحة ياعين
Adeky omry bealo ya boia , we ediny enty Elfara ya'een
I give you all my life, oh my father
and you give me happiness, oh my eyes

القلب الأخضراني يا بوي
El alb Alakhdarany ya boia

دبلت فيه الأماني يا عين
Deblet feh Elamany ya'een

ولا قادر طول غيبتكوا يا بوي
Wa la ader tol gebetko ya boia
And as long as you are away, oh my father

يشرب من بحر تاني يا عين
Yeshrab men bar tany ya'een
I can't drink from another sea, oh my eyes

domingo, 14 de março de 2010

Perfil de corredora

Isso aqui faz parte de um questionário que respondi para uma pesquisa sobre um produto ligado a corrida.

O que significa correr pra você?
Corrida pra mim uma atividade física e uma atitude mental. É bem mais que um passatempo, eu dedico tempo, energia e empenho. Eu me dedico, levo a sério. E ao mesmo tempo é lúdico, é uma brincadeira. Eu corro basicamente porque gosto. Adoro me esbaldar!
Correr faz bem pro meu corpo e pra minha mente.

Na sua opinião, correr é individual ou coletivo?
Ambos. Corro sozinha na maioria das vezes, e é um momento de introspecção. Ouço música, fico atenta ao trânsito, mas fico voltada pra mim, observando o desempenho do meu corpo. E pensando muito, em todo tipo de coisa.
Mas adoro correr com amigos também. Às vezes nem corremos juntos no mesmo pace, mas corremos no mesmo local, cada um no seu tempo. Aí passamos uns pelos outros e é bom também.
Até nas competições rola uma aproximação, um contato visual, ou um aceno, ou mesmo uma saudação ou grito de incentivo, tanto entre amigos quanto com estranhos. Isso acontece direto na maratona, as pessoas se ajudam. É maravilhoso quando acontece.

Quais suas maiores referências dentro deste esporte em Porto Alegre e no Brasil?
Só tenho referências muito, muito pessoais, de meus amigos corredores. Conheço corredores de todos os tipos: atletas, homens, mulheres, jovens, meia-idade que nem eu, idosos. Admiro vários deles pela forma como treinam, me espelho na garra deles. Tem uns que correm muito, outros correm pouquinho, mas todos esses que eu admiro me encantam pela forma como encaram a corrida. Como eu, eles correm porque gostam, porque acham bom correr. Eles dão o melhor de si.

Você acha que existem diferentes tipos de praticantes do esporte? Qual perfil você seria?
Lógico que existem vários grupos de corredores. Creio que dá pra separar basicamente entre atletas, o pessoal que treina pra competir; e amadores, como eu, que treinam porque gostam de correr. Entre os amadores, muitos, como eu, também competem regularmente. Eu sou uma amadora, mas com condicionamento de atleta. Sou um híbrido, hahaha! Somos muitos dessa espécie, aliás. Somos corredores disfarçados de tradutores (eu!), dentistas, advogados, professores, juízes, empresários, militares, médicos, secretárias, bancários, motoristas, carteiros, somos de tudo, estamos por toda parte. Não vivemos da corrida, não é a nossa profissão, mas somos corredores de alma, de coração e mente.
Tem também aquele pessoal que só dá uma corridinha pra manter a saúde e/ou tentar manter o peso, que corre meio que na marra. Mas imagino que esses não se vejam como corredores.
Corredor é qualquer um que corre porque gosta de correr. Mesmo que em termos de desempenho seja uma lesma. Isso é irrelevante. A pessoa coloca o tênis e se puxa, faz o seu máximo e curte isso.

Há quanto tempo você corre? E por que começou a correr?
Comecei a correr com uns 18 anos de idade por motivos estéticos, pra manter a forma. Simplesmente me deu vontade e fui.

Como foi o início da prática? Quem lhe motivou a correr? E como você se informou?
Coloquei o tênis (que certamente não era de corrida naquelas priscas eras) e fui dar voltinhas no Parcão. Não me informei com ninguém, não conhecia ninguém que corresse. Não tinha quase ninguém correndo em Porto Alegre naquele tempo. Ficava todo mundo olhando eu passar, como se fosse coisa muito inusitada correr.
Desde que comecei a correr, nunca abandonei. Desde os 18 anos eu pratico corrida e musculação de forma constante. Eu amo atividade física.
Mas nunca corri a sério antes de 2006, quando entrei num grupo de corrida e conheci minha grande amiga Filó Menin. Foi ela que me pôs a pilha de correr a sério. Eu nem sabia que se podia treinar corrida, nem sabia da existência do circuito de corridas de rua. Fui com ela na minha primeira rústica do Corpa em setembro de 2006. E depois fui com ela treinar no Cete em outubro de 2006, com um treinador. E a corrida adquiriu outro sentido e dimensão pra mim. Filó é minha madrinha na corrida.

Qual a sua maior motivação e seu maior objetivo?
Minha maior motivação é a percepção do quanto a corrida me faz bem mental e fisicamente.
Meu maior objetivo é ser uma velha coroca maratonista, hahaha! Quero chegar à velhice correndo. Quero manter a disposição, a vitalidade, o corpo em forma, funcionando bem.

Quantos dias por semana você corre?
Atualmente, estou correndo apenas 5 vezes por semana. Em breve voltarei a correr 6 vezes.

Quais os lugares onde corre?
Corro por tudo. Basicamente fico no Parcão quando vou trotar leve (40min a 50min) e na Redenção e Gasômetro quando vou rodar um volume médio (de 10km a 15km). Mas eu faço muita rua sempre, porque vou pra esses locais já correndo e volto correndo. Corro muito pela Goethe, Vasco da Gama, Sarmento Leite, aquela perimetral até o Gasômetro, toda a Beira-Rio até a Tristeza, Ipiranga. Meus trajetos habituais ficam nesse circuito. Às vezes faço toda a Nilo e o Parque Germânia, mas odeio por causa das lombas, hehehe. Mas tem que treinar lomba.

Desde que começou a correr houve momentos em que você parou? Por quê?
Ah, entre os 18 e 41 anos parava por preguiça às vezes. Porque enchia o saco.
Desde 2006 só parei por lesão ou problema de saúde. O ano de 2009 foi terrível, eu fiquei muitos e muitos dias sem correr, porque tive uma série de doenças e enfraqueci demais. Agora é que estou voltando a treinar direito.

Para você, correr está mais ligado a superação ou a entretenimento?
A superação é meu entretenimento na corrida. O que me dá prazer é ir lá e fazer o treino, cumprir a planilha. Melhorar meu desempenho e meus tempos. Eu me divirto me esbaldando.

Ser um corredor implica em participar de eventos?
Não.

sábado, 13 de março de 2010

Voltando a fluir

A roda de minha vida concluiu um giro nesta semana. Foi como ajustar o foco da visão, ou ver nitidamente um novo padrão no caleidoscópio, os pedacinhos coloridos se arranjaram em nova e linda formação.O trabalho e o treinamento, as duas coisas mais importantes da minha vida "civil" - a família e a espiritualidade não contam, porque envolvem muito mais que "eu" - voltaram a andar em frente. O movimento começou na metade de fevereiro, depois de um 2009 desastroso e um início de 2010 totalmente inauspicioso.
O trabalho vinha mal há anos. Pelo que me lembro desde 2005. Jamais me faltou trabalho, e sempre tive o bom karma de só traduzir bons livros, que me interessam por um motivo ou outro. Mas me faltava tesão pra trabalhar. Eu simplesmente não tinha vontade. Não era preguiça, era um desânimo, um cansaço anormal. Como me disse uma pessoa com um insight incrível: "Você sentava pra trabalhar, olhava pro livro e parecia que ele estava em grego." Era bem isso. Levava horas pra traduzir umas poucas linhas, tudo me dispersava. O horror, o horror. Gastava uma quantidade absurda de energia. Claro que não conseguia ter prazer no trabalho, embora tenha continuado amando o que faço mesmo nessa fase negra.
Isso mudou dias antes de meu último tombo. Eu já vinha trabalhando bem, estava engrenando - e mal podia acreditar. Aí, quando voltei do hospital suturada, fez-se a clara luz: "Agora chega, cansei disso tudo. Essa fase acaba aqui." E acabou mesmo.
E voltei a ter um prazer enorme em traduzir. Eu sento pra trabalhar, e a coisa acontece. O ritmo agora é outro. A paisagem mental é radiante!
No treino aconteceu a mesma mudança de paisagem. Quando levantei depois daquela queda, vi meu joelho rasgado e fiquei segurando a borda dilacerada no lugar, concluí: "É isso, então. Agora não falta mais nada." O tombo foi o fechamento com chave de ouro da fase da uruca.
Voltei a treinar há três semanas. Não está sendo como o trabalho. Ainda me sinto pesada, fraca, sem ritmo, termino os treinos de língua de fora - trotes de 40min, 45min, 50min, no máximo 60min a pau e corda... É tudo bem difícil, e eu ainda não me sinto plenamente à vontade: tenho medo de cair, tenho medo de estourar as hérnias de disco (elas andam se manifestando, não me deixam esquecer que existem), tenho pavor só de pensar no sofrimento que foram as corridas da metade de 2009 em diante, aquela sensação de simplesmente não conseguir fazer... Mas estou seguindo minhas planilhas à risca. E os medos estão se dissipando, e eu consigo sentir prazer pelo menos quando termino, a sensação de dever cumprido, um pequeno desafio vencido. Está sendo um dia depois do outro mesmo.
Não sei se vou conseguir voltar a correr como antes. Se vou ter vontade de competir, se vou ter condições de fazer outras maratonas. Isso me causa uma certa angústia, mas esta se desfaz diante do que realmente importa: voltar a ter prazer com a corrida, durante a corrida.
A retomada das aulas de dança me fez um bem enorme. E nesta semana voltei a fazer musculação. Como na corrida, estou fazendo pouco e cansando muito. Mas ali já existe o prazer. Embora hoje eu esteja manca depois do treino de coxa de ontem.

Fim da linha

Não sei por que, lembrei dessa letra do U2 hoje.

See the stone set in your eyes
See the thorn twist in your side.
I wait for you.
Sleight of hand and twist of fate
On a bed of nails she makes me wait
And I wait without you

With or without you
With or without you.

Through the storm, we reach the shore
You gave it all but I want more
And I'm waiting for you

With or without you
With or without you.
I can't live with or without you.

And you give yourself away
And you give yourself away
And you give, and you give
And you give yourself away.

My hands are tied, my body bruised
She´s got me with nothing to win
And nothing left to lose.

And you give yourself away
And you give yourself away
And you give, and you give
And you give yourself away.

With or without you
With or without you
I can't live
With or without you.

terça-feira, 2 de março de 2010

Deixa quieto

Tem gente que gosta de viver perigosamente. Eu que me conheço não gosto mais. Bem, poderia dizer o contrário: talvez não goste porque não me conheço o suficiente.
How far can one go once the hell breaks lose? Wicked mind. Vicious behavior. Bad karma. How low can one get?
"If a man is considered guilty for what goes on in his mind, then give me the electric chair for all my future crimes."
Existem fronteiras que não se deve romper. Fronteiras das quais não se deve sequer chegar perto. Porque é como entrar na órbita de um planeta, de um buraco negro. Lei da gravidade. Poder de atração. Magnetismo.

Quanto mais luz, mais sombra. O melhor de um lado, o pior do outro. Quanto mais o melhor se aprimora, mais as possibilidades do pior se expandem. Reciprocidade e equilíbrio da natureza condicionada pela mente dual.