segunda-feira, 5 de maio de 2014

Até breve, Teddy Boy

Teddy Boy deixou de existir na manhã de hoje. Antes das 7h30. Lízia já tinha saído depois de uma noite difícil. Ontem às 21h30 Teddy foi pra baixo de um armário. Achei que ele fosse morrer lá, deixei-o em paz e fui dormir, estava exausta da noite anterior quase toda acordada. Mas às 23h30 ele veio pra minha cama e se deitou entre eu e Lízia. Ficamos confortando e acomodando nosso felino noite adentro.
Ao amanhecer, Teddy quis deitar no chão ao meu lado. Quando levantei, coloquei-o de volta na minha cama. Decidi me arrumar para o caso de ter que levá-lo para o veterinário a fim de evitar sofrimento desnecessário. Desci para buscar uma toalha para transportá-lo. Quando voltei, ele tinha partido. Sozinho, como os animais preferem que seja.
Para meu consolo, Teddy Boy morreu em sua casa, com sua dona por perto, na cama onde ele passou boa parte de seus oito anos. Envolvi meu amado Teddy na toalha, acomodei-o numa caixa, recitei mantras, me arrumei. À tarde vou sepultar Teddy no melhor lugar do mundo.
A morte de Teddy Boy me causa uma tristeza deprimente, e já começo a sentir a saudade, a ausência. Era o primeiro a me receber quando eu chegava em casa, dormia sempre comigo (muitas vezes me incomodando com a mania de se grudar em mim), levantava quando eu levantava, me seguia pela casa. Ficava numa banqueta embaixo de minha mesa enquanto eu trabalhava. São essas pequenas lembranças tão triviais que agora me fazem chorar.
Estou desolada, mas em paz. Meu coração está tomado pela tristeza, mas estou tranquila. Teddy deixou de existir como gato, o conjunto de agregados dissolveu-se, mas sua consciência inata e fundamental permanece, a natureza de clara luz, o continuum que existe desde tempos sem princípio passou para outro bardo. Que tenha um renascimento veloz e auspicioso. Que os méritos de Teddy amadureçam. A isso dedico todos os meus méritos e minhas preces.
Om gate gate paragate parasamgate bodhi soha.



Desde que voltou para casa no sábado, Teddy foi acompanhado por Lelo. (Ludovico manteve-se totalmente distante.) Foi uma agradável surpresa. Lelo é muito ciumento, e estranhava muito quando um dos gatos voltava do veterinário, ficava atrás deles fazendo fuuuu. Dessa vez não. Manteve-se perto de Teddy Boy como um guardião.
Ontem à noite, Lelo estava com Lízia quando Teddy resolveu sentar-se junto e se atirou por cima. Lelo jamais tolerava isso, ia embora no mesmo instante. Ontem não. Ficou numa boa com Teddy desabado sobre ele. Mais tarde, quando Teddy deitou-se perto dele no chão da sala, Lelo lambeu sua cabeça carinhosamente. (Foi logo depois da foto acima.)
Quando Teddy foi para baixo do armário, Lelo ficou sentado em frente ao móvel. E se manteve próximo ao longo da noite e nos momentos finais. Passou o resto dessa manhã basicamente sentado no meu colo. Também deu algumas voltas pelos locais onde Teddy esteve mais tempo nesse final de semana e se aproximou da caixa onde depositei o corpo.
Assim como eu soube no sábado retrasado que meu gatão estava de partida, sei que Lelo percebeu e ficou solidário com seu companheiro. E agora está me consolando, ciente do meu luto. Creio que ele também está de alguma forma sentido pela partida de Teddy.

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