Tudo começa na mente.
Minha mente foi extremamente beneficiada pelos retiros de janeiro e fevereiro, com Alan Wallace e Lama Padma Samten.
E é a isso que atribuo todas as mudanças que fiz desde então.
Os retiros propiciaram clareza. E geraram mérito para a remoção de obstáculos.
E bota remoção de obstáculos nisso: tudo que estava emperrado e estagnado andou (o movimento foi bastante doloroso em alguns momentos), tudo que era tóxico se dissipou.
Movimento.
Abertura.
Luz.
Ar fresco.
Mas teve algo ainda mais essencial que os retiros. A base interna.
Um pouco antes dos retiros, eu havia consolidado a prática da meditação diária.
E é isso que está mudando tudo pra mim. A meditação desencadeou uma onda luminosa que se expande por tudo.
O efeito mais notável é o foco, a organização.
Minha vida estava frenética e caótica. Muita correria e pouca rapidez. Dispersão geral.
A modesta prática meditativa está ajudando a diminuir o tumulto. É uma coisa tão pequena, mas tão espetacular.
Os efeitos são mais visíveis no trabalho e nos treinos.
A relação com o trabalho mudou. Toda ela.
Voltei a ser produtiva. Depois de anos da mais completa desorganização, acabaram-se os atrasos.
Não foi fácil. E tive dois grandes revezes antes de conseguir chegar ao ponto em que estou hoje, agora, no último dia de março.
As duas últimas semanas foram extremamente difíceis. Me vi sem perspectivas. Tive um momento de pânico. O que vou fazer agora? Regina, minha tutora, me tranquilizou: "Você tem muito mérito. Encare como férias, tire férias. Logo vai surgir algo".
Nem cheguei a ter férias. Mas desacelerei, descansei.
Me dediquei à finalização de um trabalho e fui buscar novos. Continuo buscando. E o primeiro já apareceu. E não poderia ser melhor.
Uma tradução budista. Um livro maravilhoso, de uma grande personalidade do Dharma, para uma editora com a qual tenho uma conexão de dakini. É uma nova modalidade de parceria.
Na corrida:
91km em janeiro
108km em fevereiro
226km em março
Em um mês, mais do que a soma dos dois anteriores.
Motivação é tudo.
Finalmente recuperei o prazer e o foco perdidos lááááá na sensacional maratona de 2013, que só não foi melhor porque o processo descendente começou um mês antes.
O que aconteceu comigo pra parar de correr direito não sei.
Mas sei o que aconteceu pra eu voltar: decidi resolutamente que voltaria. (Já havia decidido várias vezes, mas sempre fracassava, sucumbindo à confusão samsárica e me desorganizando. Simplesmente a vontade não resistia às pressões.)
No dia em que fui conversar com Leo Ribas na Sogipa, cheguei lá com o propósito de retomar o treino, de seguir a planilha. De fazer a coisa direito. E sem cobrar de mim mesma nada além disso: treinar direito, seguir a planilha. Abandonei as expectativas de voltar a correr como antes. E não estou pensando em competir.
Antes eu tinha ideias semelhantes, mas elas não eram claras o bastante. Eram inconsistentes. Desfocadas.
A mente clareou, o corpo começa a reagir. E está sendo
E tem mais.
A interação social.
Um amigo muito querido morreu aos 44 anos, e isso me fez lembrar da importância de manter contato com as pessoas de quem se gosta.
Fui em busca de velhos e novos amigos.
Desintoxicada. Purificada. Leve. Focada.
Muito mais está por vir.