segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Jardinagem mental

De manhã, a caminho do treino, um momento de contemplação.



Vontade de ficar sentada naquele banco.
Isso não pude fazer, mas no trajeto de volta tomei a decisão de implementar uma medida para liberar espaço na mente. Evitar distrações. E também expectativas e frustrações. Tem havido um excesso disso tudo. E o resultado é apenas cansaço e desperdício de energia.
Momento de cultivar o meu jardim interior. Limpar o terreno, remover o lixo e as ervas daninhas, afofar o solo. Nutrir e regar o que já existe e cresce. E depositar novas sementes.
Ficar mais atenta a mim mesma e menos aos estímulos externos.
Simplificar.

domingo, 30 de agosto de 2015

Cheia de luz e beleza

Sábado aconchegante.
Aniversário da filha.
Bobeira.
Descanso.
E a lua cheia soberba.
Serenata Iluminada na Redenção.


Domingo de muito trabalho.
Sossego externo e interno.
A mente se desintoxicando.
Menos conversa mental.
Menos agitação.
E ela está por aqui de novo.


quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Muito amor envolvido


Que todos os seres sejam felizes.
Que todos os seres encontrem as causas da felicidade.
Que todos os seres fiquem livres do sofrimento.
Que todos os seres fiquem livres das causas do sofrimento.

Não fazia muito que eu havia enviado uma mensagem via WhatsApp dizendo "muito amor envolvido" e um amigo postou esse cartaz no Facebook. Ressoou com o que eu estava pensando, sentindo e havia conversado também recentemente, também via WhatsApp.
Não quero mais "olho por olho" na minha vida. Quero fazer o que me faz bem, quero tratar os outros como gostaria de ser tratada. Mas preciso abrir um parêntese para o meu coração mau (afffff):
Ainda não estou pronta para ser assim com azinimiga. Ah, Valesca Popozuda, grande pensadora contemporânea, pra essas é vida longa e beijinho no ombro. E indiferença olímpica, ou, quando passam da conta, o famoso "rindo muito do seu recalque" e o mais famoso ainda "Get a life".
Gente frustrada, recalcada, mal-amada, rancorosa, invejosa e patética em geral, gente que, em vez de cuidar da sua vida, cata a vida alheia, faz fofoca e intriga, se faz de coitada, se expõe ao ridículo e ao desprezo, manda energia ruim e inacreditavelmente paga pra outros fazerem isso também - pra esse pessoal ainda não estou muito disposta. Mas até esses eventualmente despertam o meu melhor. Quando olho em profundidade, e ao mesmo tempo distanciada, sinto compaixão e desejo felicidade. O problema é que ainda não consigo sustentar essa visão e escorrego pra reação neutra/hostil. Não desejo mal (não só porque sou boa, mas também por medo, porque sei que volta), mas não desejo bem e ergo uma barreira pra ficar isolada.
Se eventualmente já sinto compaixão por quem me deseja mal (e acha que eu faço o mesmo, como se eu estivesse na mesma e, mais ainda, ficasse pensando neles e, mesmo se e quando isso ocorresse, não evitasse plantar sementes ruins pelo simples fato de saber o que acontece depois), que dirá pelas pessoas que amo e quero bem ativamente. É pra essas que meu coração sempre diz: "Dê uma chance". Against all odds.
Pro orgulho tento não dar ouvidos faz tempo. Ouço a experiência lembrando que sempre pode ser aprimorada - e é preciso experiências novas. A razão realmente pode ter razão. Mas o amor e a compaixão operam milagres, e é muito melhor ter felicidade e paz do que ter razão.
"Muito amor envolvido" viralizou. Vírus do bem. Com muito amor e compaixão envolvidos dá pra curar todas as feridas e males. Essa é uma experiência interna, individual, no sentido de não envolver expectativas românticas e/ou reciprocidade. É o desejo de ver os outros felizes e de ser causa de felicidade.
Pra mim, dar uma chance não se refere a dar uma chance para algo que está "fora", para "o outro". É dar uma chance para mim mesma, para o meu coração. Para o meu amor e compaixão pelo "outro". E por mim mesma. Dar uma chance de ser uma pessoa melhor.

* * *

Pois bem, nada como ouvir o coração. Ontem ouvi dois discursos do meu. O budista, firmemente comprometido com bodhicitta, e o não budista, por assim dizer, que reage com apego/desejo, raiva/aversão, medo e todos os demais venenos.
Não postei o texto ontem porque fiquei perturbada com minhas emoções aflitivas. Ser indiferente ou desdenhosa em relação a outros não combina com a realidade que busco construir. E deixei tudo ali em cima como um lembrete do que acontece quando não ouço o bom coração.
Conversei com minha tutora, perguntei como me desengachar de conexões cármicas negativas. Tratei diretamente da situação mais complicada, quando a outra pessoa me vê como inimiga e me deseja mal. A resposta foi metta bhavana. "Não há como uma pessoa para quem você deseja o bem lhe causar mal", disse Regina. Na verdade, o "outro", o "não eu", não causa mal. Sou eu mesma que me causo mal quando reajo mal ao que vejo como externo a mim.
Lembrei da famosa parábola budista:

O Buda estava debaixo da árvore do esclarecimento quando alguém que tinha ouvido falar que ele era uma pessoa iluminada veio para testar o seu autocontrole. Ficou em frente ao Buda e começou a xingá-lo, chamando-o de todos os nomes possíveis, e não houve nenhuma reação do Buda. Algum tempo depois essa pessoa cansou-se e foi embora, descansou um pouco, voltou e começou novamente. Abusou da família do Buda e proferiu todo insulto que pôde pensar, mas ainda assim não houve reação. Ele ficou bem cansado e então perguntou ao Buda: “Eu o estou difamando de todas as maneiras que posso pensar, e ainda assim você não diz nada?”. O Buda olhou para ele e disse: “Se alguém lhe dá um presente e você não o aceita, com quem fica esse presente?”.

Para não aceitar "presentes", metta bhavana.
Para ter muito amor envolvido de verdade, metta bhavana.
Então, para aqueles que amo, para aqueles que quero bem - e com os quais ainda assim muitas e muitas vezes entro em conflito - e para aqueles que me querem mal, proclamo de coração e com muito amor e compaixão envolvidos:

Que você seja feliz.
Que você encontre as causas da felicidade.
Que você fique livre do sofrimento.
Que você fique livre das causas do sofrimento. 

terça-feira, 25 de agosto de 2015

A linda de julho

Como estou no mood, lembrei de postar aqui as fotos da sakura que vi no final de tarde em que fui até a casa da Nonô Joris buscar croissants que ela distribuiu para amigos. Dia 19 de julho.
Que visitinha bem proveitosa essa.
Os croissants eram simplesmente divinos. E vi essa árvore. E ainda voltei pra casa com mudinhas de manjericão e alecrim da Nonô. As pequenas causas de grande felicidade.






Prévia de primavera

Que árvore. Flores coloridas no mesmo pé. E o perfume...
Vi esta no sábado passado, à tarde, pouco antes de cair um temporal.
Desci do carro, fotografei, cheirei, me diverti, feliz como sempre fico diante de árvores em flor.
Fiquei tanto tempo que o porteiro do prédio sofisticado veio ver o que afinal de contas eu estava fazendo ali, hahaha.
É incrível, muita gente não repara na natureza, não dá bola. Observo várias vezes que as pessoas só veem a beleza que eu estou vendo quando olham pra mim fazendo fotos de uma planta e daí voltam o olhar para o que estou fotografando. Não é à toa que as cidades são cinzentas.
E um dia desses, enquanto eu fotografava e admirava um ipê bombástico, um cara me disse: "É muita sujeira, mas é bonito". Sujeira. Ver flores e folhas na calçada como sujeira realmente é triste.





Agosto rosa

Os ipês floresceram neste ano como há muito não acontecia.
Como foi maravilhoso vê-los por toda a cidade. Fiz muitas, muitas fotos. Simples, no celular. Mas perfeitas para reviver a beleza do momento na memória cada vez que eu olhar para elas. Quando olhos as minhas muitas fotos de flores, colecionadas há anos, lembro de detalhes de quando as fiz. E lembro também de outras flores da mesma época que vi pelas ruas e não fotografei.
Tenho um jardim na minha mente.
Os ipês fizeram deste agosto um mês lindo. Memorável.
Que venha setembro com as primaveras, que já estão florescendo.






 

 

Golden days, golden nights

7 de agosto, Passo Fundo
8 de agosto, Passo Fundo
12 de agosto, Porto Alegre
14 de agosto, Capão da Canoa
18 de agosto, Porto Alegre

Registros do glorioso veranico de agosto, de uma breve primavera particular.
Os finais de tarde espetaculares estão arquivados na memória e nas fotos.
Doces lembranças no coração.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

100.000


Minha principal prática - e praticamente a única - tem sido a acumulação de mantras.
Hoje à noite, voltando pra casa a pé, com uma lua crescente no alto, cheguei a 100.000 de uma série iniciada no final de maio. Usei este mala de quartzo verde por verde ser a cor da cura. E usei muito meu contador analógico, a ferramenta que me permitiu turbinar a recitação, pois passei a recitar enquanto corro. Troquei o iPod (que havia estragado dias antes) e as músicas pela recitação durante a corrida. E a corrida cada vez mais torna-se muito mais que um exercício físico.
A primeira série de 100.000 mantras que acumulei levou anos - literalmente. Totalmente errática.
Percebi que o motivo da procrastinação e total displicência tinha a ver com a motivação inadequada.
A seguir, acumulei 50.000 muito mais rapidamente - porque havia uma motivação importante. Essa série deveria ser de 100.000, mas suspendi porque iniciei outra, a que concluí hoje. E esta foi muito mais rápido do que eu imaginava porque desta vez eu realmente estava (e continuo) motivada.
A necessidade que sinto de gerar benefício tornou bodhicitta uma experiência muito mais vívida.
Minha série chegou ao fim com um sinal auspicioso. Um encontro totalmente inesperado no Parcão, enquanto eu corria e recitava. Mágico. Sublime. O universo mostrando que sim, que minha prática, por mais fajuta que seja, tem valor.
Eu recito enquanto corro, caminho, dirijo. Recito no supermercado, na sala de espera de consultórios, na fila. Não fico sentada recitando. Não tenho tempo (não, eu não quero deixar de correr para ficar sentada - ainda não). Minha recitação está longe de ser focada. Muitas vezes é mecânica, às vezes tão distraída que não sei se contei ou não (e sempre que fico na dúvida, conto de novo). Em algumas ocasiões é até meio de má vontade. Mas sigo recitando. Sigo dedicando os méritos. Sigo muito, muito motivada para gerar benefícios.
Amanhã já vou pra uma nova série. Com meu precioso contador analógico e este mala aqui, de pérolas e turquesas.