Estar doente nunca é bom. Mal-estar leve ou sofrimento agudo, desgaste físico, mental e emocional, o esforço para a recuperação, tudo contribui para a experiência em geral ser muito desagradável. No caso das doenças físicas todo mundo entende isso. Mas quando a doença é mental...
"Não é nada."
"Desencana."
"Faz alguma coisa para se distrair."
"Para de pensar nisso."
"Já passou."
Ninguém diz uma coisa dessas pra um diabético. Mas para um doente mental...
Além de sofrer com a doença, você sofre com a invalidação constante do seu sofrimento. Sempre tem alguém para insinuar de mil maneiras (ou dizer explicitamente) que você está nessa porque quer, porque não se esforça para mudar.
O mais triste, perverso e danoso é a autoinvalidação.
Antes do diagnóstico de TPB, eu mesma achava que eu "não tinha nada", que as oscilações, o vazio, o medo doentio de abandono e todas as outras manifestações eram algo que eu poderia não ter se eu me tratasse e me esforçasse. Bem, eu me tratava. Se não melhorava, então só podia ser porque não me esforçava o bastante.
Não era nada disso.
O sofrimento que o transtorno de personalidade borderline me causa às vezes parece mais suportável do que a invalidação dos sintomas da doença. O diagnóstico me libertou da invalidação. O que os outros pensam e falam - exceto meu psicoterapeuta - não me afeta mais, não me invalida mais. Eu não me invalido mais.
Livre da invalidação, ciente de que é uma doença que talvez nem tenha cura, concentro meu foco e energia no tratamento e no manejo cotidiano. É como diabetes: seguir o tratamento e se cuidar não significa que a cura esteja garantida. Mas é possível viver com grande qualidade, sem sintomas. Sem crises.
Imagem encontrada em https://wakeup-world.com/2016/01/30/the-other-side-the-spiritual-gift-of-borderline-personality-disorder/ |
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