Fiquei aqui, toda arrumadinha, esperando algo que não aconteceu. Que não poderia acontecer neste momento, a não ser nos meus sonhos. Que eram só meus.
Fiquei aqui olhando pra mim, pro meu coração partido, pros meus sonhos
despedaçados. Pros meus dedos roídos de aflição. (Minha manicure vai me matar.)
Dor. A emoção que experimentei com mais intensidade nesta
vida. (Medo foi a segunda.)
Mas finalmente a ansiedade, a expectativa, o desejo ardente
de realizar um sonho abrandaram. Aí vieram a tristeza e um cansaço imenso. O
corpo curvado, o andar arrastando os pés. Me senti tão velha, tão alquebrada.
Em meio a todo esse martírio, essa loucura de descontrole, a lucidez se manifestou sempre. "Você não é isso. Solte. solte, solte." Uma parte de mim observou a agitação frenética e o esgotamento subsequente com total tranquilidade e a certeza de que tudo isso vai passar.
E agora está passando.
E veio o desejo de sobreviver.
E soltei.
Soltei dos sonhos que não vão acontecer. Esses sonhos morreram.
E agora?
Agora vou sonhar novos sonhos.
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