quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Leandro Runner

Tenho um amigo chamado Leandro. Leandro Bauermann. Ele entrou em minha vida pelo orkut. Ele era corredor. Um dia, numa corrida do Corpa, ele veio falar comigo, e nos conhecemos pessoalmente. Além de corredor, Leandro é cozinheiro. Um de nossos últimos encontros ao vivo foi no dia 2 de abril. Eu fui buscar uma torta salgada que havia encomendado. Lembro da data porque, antes de buscar a torta, eu estava correndo e, ao terminar o treino de 16km, me estatelei no Parcão e abri os dois joelhos. Foi um ferimento feio, tive que ser resgatada no parque por meu ex-marido, e ele foi comigo buscar a torta.
Há pouco tempo, vi Leandro online no msn, fazia meses que a gente não se falava, dei oi e perguntei: tudo bem? Não. No dia seguinte ele faria uma artroscopia no joelho direito. No ano passado, Leandro correu as maratonas de Porto Alegre, Blumenau, Curitiba e Punta del Este. Eu vivia dizendo pra ele contratar um treinador, porque ele treinava sozinho, o que não dá certo.
No dia seguinte à cirurgia, a gente ficou falando sobre isso, e ele: "Bah, Lúcia, bem que tu me avisou um monte de vezes pra eu não fazer tanta maratona, né?" Sim, sim, eu dizia pra ele que era demais, e ainda por cima sem treinador. Combinamos que, assim que o médico liberasse, eu acompanharia Leandro nos trotes. Ele me falou que já estava angustiado por não poder correr, e eu disse pra ele tentar manter a calma e o foco na recuperação, que ia passar melhor e mais rápido se ele tivesse paciência e aceitasse a situação. A gente já havia falado outras vezes sobre o quanto a corrida é importante pra ele, que tem um corredor tatuado no braço e usa o e-mail leandrorunner.
Uma das últimas coisas que a gente falou nesse telefonema foi o quanto gostamos um do outro. Ele me disse: "Lúcia, a gente se fala pouco, mas tu sabe que eu te considero um monte, né?" Sim, eu sei. E sei que ele sabe que eu também gosto muito dele.
Hoje fiquei sabendo por um scrap no orkut que Leandro sofreu um acidente trágico. Ele estava de bike na segunda-feira, dia 9, por volta das 18h, na Goethe com Mostardeiro, e foi atropelado por um ônibus da Carris. Antes da cirurgia, Leandro já estava pedalando porque não podia correr.
Agora, Leandro não poderá correr, nem pedalar. Ele teve a perna direita amputada. A perna esquerda está muito comprometida, com risco de amputação. O estado dele é grave.
O pai de Leandro pediu duas coisas:
1 - que rezem pelo filho dele;
2 - que ajudem a encontrar testemunhas do acidente, pois, além do sofrimento devastador pelas consequências do atropelamento, a família é afligida pela falta de informações sobre as causas.

Um comentário:

  1. Cara Dakini. Não a conheço, mas temos um amigo em comum: o Leandro. Ele é meu amigo de ir em Shows de Metal. A história dele me comove bastante e mais ainda a vontade dele em voltar a correr. Hoje eu usei seus comentários e citei seu blog em resposta a uma discussõa que o Orlandini abriu sobre ciclistas. Veja aqui: http://www.ricardoorlandini.net/comentarios/ver/28146/a_prepotencia_que_mata_ii.

    Espero termos contribuído para a discussão de um assunto sério pelo qual passou e passa nosso amigo batalhador, o Leandro.

    Forte abraço.

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