Minha filha passou no vestibular da Ufrgs. Letras.
Fiquei sabendo por acaso. Vi uma amiga postar no FB que sua filha havia passado, fui conferir o listão sem grande expectativa. Lízia tinha dito que tinha ido mal, não estava confiante. Eu não estava preocupada porque ela já está matriculada em Design de Moda na ESPM. Além do mais, meu plano original era que ela apenas concluísse o ensino médio em 2013 e fizesse cursinho em 2014. Não acho fundamental passar no vestibular de primeira. Concluí que seria desperdício de dinheiro pagar a escola e o cursinho no mesmo ano e abortei essa ideia sumariamente. Lízia não iria se dedicar a nenhum dos dois, ficaria exausta e mais dispersa do que já é (sem falar do mau humor que tomaria conta da pessoa).
Mais que isso, cursinho junto com escola seria um desperdício do precioso tempo de Lízia. 16 para 17 anos, o auge da adolescência. Tem o resto da vida pra estudar e trabalhar e ter uma agenda apertada e pouco tempo para não fazer nada ou fazer qualquer coisa que queira.
Essa foi minha filosofia de vida desde que Lízia nasceu. Lízia sempre foi livre. Bebê, dormia o quanto queria, mamava quando queria, tinha todo colo que queria. Comia só o que queria e gostava. Brincava, via TV, ficava no computador, ou lendo, ou ouvindo música. Andava por onde queria. Na casa das amigas e da minha mãe, depois entre a minha casa e a casa do pai dela.
Lízia nunca fez muitas atividades extraclasse. Ficou basicamente no ballet e no inglês. Eu queria que ela tivesse infância, depois adolescência. Que tivesse tempo, que a primeira parte de sua vida não passasse voando.
Eu nunca fui uma mãe convencional. Tentei ser uma mãe que eu gostasse de ter. Obviamente pisei na bola milhares de vezes, fui negligente, grosseira, cruel. Mas estou satisfeita comigo mesma e com a educação que dei a Lízia. Minha filha me enche de orgulho - e não que eu não veja seus defeitos. Vejo. Como vejo os meus. Mas prefiro ver as qualidades e focar no que pode se fazer para melhorar sempre.
Quando passei no vestibular, não dei a menor bola. Achei bacana. Só. E achei ridículo meu avô telefonar pros parentes pra contar que eu havia passado em Jornalismo na PUC. Eu já havia passado no meio do ano, ainda na escola. Então não vi a menor graça.
Hoje fiz que nem meu avô. Fiz muito mais. Primeiro acordei Lízia, que estava numa sesta. Depois liguei pro pai dela. Aí telefonei pra minha irmã e meu tio. Em meio a isso, postei no FB, é claro.
Estou muito, mas muito mais feliz do que fiquei com minha própria aprovação.
O trabalho foi pro espaço, estou eufórica, curtindo as felicitações via FB. E escrevendo aqui para me reorganizar. E deixar registrado para a posteridade. Para poder ler a respeito daqui a um tempo.
No começo da tarde, eu estava pensando que nada é pior para uma mãe que ver o filho sofrer. Amanhã o namorado de Lízia vai embora, depois de uma semana aqui em casa. Ela já está ficando triste. E eu comecei a sentir aquele aperto no meu coração de mãe. Porque ela vai sofrer, e eu já estou sofrendo junto.
Mas hoje vamos comemorar o vestibular. Eu vou comemorar. Lízia está mais ou menos no mesmo grau de animação que eu quando passei. No vestibular da ESPM a reação dela foi ainda mais indiferente. E pior ainda foi no da Ritter. Eu achava que o listão demorava para sair. Como ela não falou nada, fiquei aguardando. Afff, soube sei lá quanto tempo depois, numa conversa casual. Então nem pude comemorar, porque fiquei de cara, hahaha.
É isso aí. Não há nada tão empolgante quanto ver o sucesso dos filhos. Nada causa tanta felicidade quanto ver os filhos felizes.
Lízia vai vibrar com o vestibular em outro momento de sua vida. Espero estar aqui para ver e me alegrar e comemorar e falar pra todo mundo da conquista de meu neto.
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