sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Um ano

"Só para lembrar... Amanhã faz um ano que nos conhecemos."
Recebi o sms às 23:15 de ontem.
O que poderia levar a pessoa a querer refrescar minha memória me fez perder o sono por umas duas horas. Depois de ter respondido no bate-pronto que eu sabia, perguntei por que estava me escrevendo isso àquela hora. Nenhuma resposta – o que poderia ser considerado uma das notáveis características de seu comportamento em relação a mim nesse um ano de conhecimento (conhecimento meu, especialmente autoconhecimento, e desconhecimento do outro, sobre mim e acima de tudo sobre si mesmo).
Nossa comunicação sempre foi mantida - e cortada – conforme seus interesses e venetas. Jamais vivi nada tão unilateral em minha vida – e essa é uma experiência que não pretendo repetir. Por outro lado, experienciei o amor incondicional – e espero um dia poder amar todos os seres dessa maneira.
Voltando ao sms: será que achou que eu teria esquecido a data? Improvável, porque a velha senhora aqui tem ótima memória.
Queria que eu soubesse que lembrou? Talvez. Mas para quê?
Na verdade, acho que, como sempre, não teve a menor preocupação com o impacto que sua veneta teria sobre mim. Mandou o sms apenas por impulso. Impulso egoísta, autocentrado – e doloroso. Mandou porque não há mais ninguém com quem se sinta à vontade para falar sobre mim a não ser eu mesma. E, principalmente, mandou porque, embora não queira amar, quer se sentir amado. Não quer perder a mulher que não quer ter. Afff... Samsara é vasto.
Ele acha que o problema era ficar comigo. O problema é não estar comigo.
O problema é não viver o presente pensando em um futuro que só existe na imaginação. Ignorar o que existe agora em função de algo que talvez jamais venha a existir.
Como disse meu lama a respeito dessa lambança, é uma pena que a pessoa se preocupe tanto com a identidade do relacionamento e deixe de viver a experiência.


Um ano depois de termos nos conhecido, só tenho a agradecer a meu jovem mestre informal.
Primeiro, porque sua presença reativou minha conexão com Samantabhadra – e só isso já é algo extraordinário.
Segundo, porque me possibilitou a experiência de amor incondicional, que agora estou tratando de expandir. Quero ter um bom coração falante – espalhar amor, alegria, felicidade.
Terceiro, porque, devido ao aspecto inusitado da nossa conexão, eu avancei muito na prática de não me apegar às aparências da realidade convencional. Fiquei muito mais livre.

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