segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Alívio

O que já estava péssimo piora mais e mais depressa a cada dia. Mas, enquanto o mundo desaba e se despedaça - para se refazer de uma nova forma na impermanência do samsara -, algumas coisas resplandecem com as facetas mais positivas e benéficas possíveis.
Minha filha hoje foi muito boa para mim. Foi ao supermercado comigo - coisa que eu odeio fazer, odeio, ainda não consegui superar essa aversão -, me ajudou nas compras, no caixa, ajudou a carregar e descarregar o carro. Depois ajudou a fazer o almoço. Isso me fez tão bem... O que seria apenas uma série de obrigações tornou-se prazeroso. Foi bom abastecer a casa e preparar o almoço pra nós.
Lízia está cada vez mais sofisticada em seus gostos. Fui abençoada por ter uma filha que possui bom gosto natural, aprimorado pelo acesso ao consumo e, acima de tudo, à informação. Ao mesmo tempo ela mantém a simplicidade que me encanta desde que era uma criancinha. Lízia adoraria vestir apenas Marc Jacobs, Chanel, Dior, mas usa feliz da vida as lingeries que comprei na Renner e as camisetas básicas de algodão da Sulfabril. Perto do guarda-roupa das amigas, Lízia parece uma mendiga. Ela tem menos da metade de tudo que as amigas possuem - e jamais reclama disso. Lízia curte as coisas que tem, contenta-se com elas, não é uma consumista obsessiva. Nunca foi.
Ela está feliz da vida com a cama nova que ganhou do pai. Achou que o quarto ficou maravilhoso da forma como foi reorganizado, apesar de ter um armário e uma cômoda bastante velhos.
Olhar para esses aspectos tão doces de minha filha me comove. E, embora ainda não haja alegria em mim, sinto-me feliz.

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