sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Os nervos

Não há (ainda) meditação que me estabilize a ponto de manter a serenidade quando o celular toca e vejo que é da clínica de minha mãe. Aconteceu há pouco. Nos segundos que levei para atender, a vertigem, o terror. O sangue gela, é como se descesse todo. E sobe aos borbotões, o coração dispara, a respiração pára, depois volta irregular, é como se eu tremesse toda por dentro, um choque, um calafrio maligno. As pernas amolecem, a cabeça fica totalmente zonza.
E depois a dificuldade para me reorganizar. Me sobressalto de tal maneira que fico à beira de um ataque de choro.
Hoje ligaram para pedir uns cremes que levarei amanhã.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

17

Sol dos meus dias, luz de meus olhos, alegria de minha vida. Causa de felicidade e orgulho. Bênção que me ajuda a ser uma pessoa sempre interessada em melhorar.
Para uma mãe como eu e um pai como Eduardo, uma filha como Lízia é um presente, uma manifestação de mérito. Nossa filha compartilha o amor pelas letras, pelos livros. Me pediu de presente a edição de luxo de Guerra e Paz da Cosac Naify. Então nós duas fomos almoçar no Dado Bier ontem depois da aula, e dali rumamos pra Livraria Cultura, pra pegar o livro e ver os títulos disponíveis com desconto de 60% do catálogo da Cosac Naify. Ela escolheu 12 livros da promoção, atenta aos preços e ao total da compra, para que eu não gastasse muito; insisti com ela para que ficasse com alguns itens - inclusive o Liev Tolstoi, que ele já queria deixar pra lá.
Me emociono com essas atitudes da Lízia. Desde muito pequena, ela nunca foi gananciosa, sempre ficou extremamente feliz com o que tinha, nunca foi de pedir coisas o tempo todo. Lízia tem um contentamento natural.
Hoje, eu, ela e o pai fomos almoçar de novo no Dado Bier (porque ontem ela descobriu que aniversariante do dia não paga e resolveu economizar). Demos mais uma passada pela Cultura, pra Lízia encomendar a última edição da NME.
Eu acho simplesmente o máximo ter uma filha que pede livros de presente, que gasta sua mesada em livrarias e sebos. E que é econômica nas despesas com roupas, sapatos, maquiagem, perfumes, bijuterias e modismos e futilidades em geral. Um outro presente que comprei há uns dias foi uma paleta de sombras que ela viu com um descontão na internet, aí aproveitamos.
Lízia está amadurecendo seus valores, desenvolvendo hábitos de consumo sensatos. Por ser filha única de uma mãe propensa a dar o que não teve na infância e de um pai que não sabe dar limite, Lízia poderia ter se tornado uma consumista compulsiva. Mas não.
Outro motivo de felicidade é ver o bom coração de minha filha. Lízia é amorosa, atenciosa, gentil, educada, generosa. É assim de modo geral. Neste ano, as melhores oportunidades de observar Lízia no seu melhor têm sido as visitas à minha mãe na clínica. Lízia distribui atenção, abraços e beijos entre todos os hóspedes, tem um afeto genuíno por eles. E, como sempre, uma paciência infinita com a avó, que em geral a reconhece, mas às vezes a confunde comigo ou com minha irmã.
Lízia também é adolescente. Bate de frente comigo no atacado e no varejo, me ataca e insulta por tudo e por nada, leva a minha paciência a novos patamares, briga com o pai, tem ataques de mau humor, surtos de arrogância e pretensão, manifesta uma preguiça terrível pra qualquer coisa que não seja de seu máximo interesse (e às vezes sente preguiça até nesses casos). Mas quem não é meio peste na adolescência?
Passados 17 anos, tenho certeza de que, apesar de nossos defeitos como pessoas e como casal, eu e Eduardo criamos e educamos uma boa menina. Que será uma mulher do bem.
Feliz aniversário para Lízia, felicidades para nós.

domingo, 25 de agosto de 2013

O fogo do ciúme

Diva. Divina.
Essa música é maravilhosa. E essa versão ao vivo... uau!
Warda morreu no ano passado. Fadl Shaker parou de cantar porque converteu-se radicalmente, juntou-se a um grupo extremista sunita e agora é procurado pela polícia do Líbano. Putz...


Try the fire of jealousy and tell me your opinion
Try and describe it for me
Try to make night into day
Under you are thorns and your eyes are afire
Try the fire of jealousy!

So many times, jealousy took me from you and brought me back
And now you are leaving me in this fire
without feeling my suffering
It seems that you are without care
or that you enjoy my jealousy?
I vow to make you taste it, to make you try it a little.
I'll allow you, once, to see me in the eyes
of the one who saw me
Neither do I know him, nor he me,
though making himself close to me
I saw in your eyes a glance which contains bitter jealousy
That way was the first time!
Now taste the second!


Garrab nar el gheira w 2olly eih ra2yak
Garrab w ewsefly
Garrab leylak yb2a nhar
Ta7tak shok w 3younak nar
Garrab nar el gheira
Yama el gheira khadetne 2odamak w gabetne
W enta fnary fayetne wla 7ases wih beiha
Atareek mesh 3la balakaw gheirety bte7lalk
2olt adwe2halak w tgarrabha shwaya
Sebtak mara tshofne fe 3youn wa7ed shafne
La a3rafo wla ye3rafne w yet3arab leiha
Shef fe 3ynak nazra feeha el gheira el morra
Keda men awal marra tayb el tanya

sábado, 24 de agosto de 2013

40.000

Acumulando mantras numa boa, adquirindo o hábito de recitar diariamente.
Na vida ideal eu faria isso sentada, com preces antes e dedicação de mérito depois. Mas estou fazendo na vida como ela se apresenta, e a hora pra recitar e acumular é enquanto dirijo ou faço compras no supermercado - o que gera o benefício extra de reduzir em muito a minha acumulação de karma negativo com essas duas atividades.
Também recito enquanto caminho, mas tenho caminhado pouco. Já penso em recitar enquanto corro, mas por enquanto só penso, estou muito acostumada a correr com música. Vou experimentar qualquer dia.
Estou usando o terceiro mala. Os dois anteriores tiveram vida útil de 20 mil mantras cada. O primeiro, de quartzo verde, rebentou. O segundo, de sementes de lótus, ficou com uma conta a menos, uma das bolinhas quebrou. Creio que vou aproveitar esse sábado chuvoso para consertá-los.
Comprei um contador eletrônico nessa semana, hehehe. Vai facilitar a atividade. Na verdade, comprei dois contadores pra aproveitar o valor do frete, de R$ 6; cada contador custou R$ 4,90.

गते गते पारगते पारसंगते बोधि स्वाहा

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

De esquerda

Fiz o teste do Monroe Institute.

Right Brain/ Left Brain Quiz

The higher of these two numbers below indicates which side of your brain has dominance in your life.  Realising your right brain/left brain tendancy will help you interact with and to understand others.

Left Brain Dominance: 10(10)

Right Brain Dominance: 5(5)

Left Hemisphere StyleRight Hemisphere Style
Rational
  • Responds to verbal instructions
  • Problem solves by logically and sequentially looking at the parts of things
  • Looks at differences
  • Is planned and structured
  • Prefers established, certain information
  • Prefers talking and writing
  • Prefers multiple choice tests
  • Controls feelings
  • Prefers ranked authority structures
Intuitive
  • Responds to demonstrated instructions
  • Problem solves with hunches, looking for patterns and configurations
  • Looks at similarities
  • Is fluid and spontaneous
  • Prefers elusive, uncertain information
  • Prefers drawing and manipulating objects
  • Prefers open ended questions
  • Free with feelings
  • Prefers collegial authority structures
Sequential
  • Is a splitter: distinction important
  • Is logical, sees cause and effect
Simultaneous
  • Is a lumper: connectedness important
  • Is analogic, sees correspondences, resemblances
Draws on previously accumulated, organized informationDraws on unbounded qualitative patterns that are not organized into sequences, but that cluster around images

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Cool cat Lion

My favorite Gandharva is turning 65 today.

What Is and What Should Never Be. And the one who was, who is, who will always be.

domingo, 11 de agosto de 2013

Recitação em sânscrito


EVAM MAYA SHRUTAM

EKASMINSAMAYE BHAGAVANRAJAGHE VIHARATI SMA GHDHRAKUTE PARVATE MAHATA BHIKSHUSAMGHENA SARDHAM MAHATA CHA BODHISATTVASAMGHENA

TENA KHALU SAMAYENA BHAGAVANGAMBHIRAVASAMBODHAM NAMA SAMADHIM SAMAPANNAH

TENA CHA SAMAYENARYAVALOKITESHVARO BODHISATTVO MAHASATTVO GAMBHIRAYAM PRAJNAPARAMITAYAM CHARYAM CHARAMANA EVAM VYALOKAYATI SMA

PAMCHA SKAMDHASTAMSHCHA SVABHAVASHUNYAM VYAVALOKAYATI

ATHAYUSHMANCHARIPUTRO BUDDHANUBHAVENARYAVALOKITESHVARAM BODHISATTVAMETADAVOCHAT

YAH KASHCHITKULAPUTRO GAMBHIRAYAM PRAJNAPARAMITAYAM CHARYAM CHARTUKAMAH KATHAM SHIKSHITAVYAH

EVAMUKTA ARYAVALOKITESHVARO BODHISATTVO MAHASATTVA AYUSHMAMTAM  SHARIPUTRAMETADAVOCHAT

YAH KASHCHICCHARIPUTRA KULAPUTRO VA KULADUHITA VA GAMBHIRAYAM PRAJNAPARAMITAYAM CHARYAM CHARTUKAMASTENAIVAM VYAVALOKAYITAVYAM

PAMCHA SKAMDHASTAMSHCHA SVABHAVASHUNYANSAMANUPASHYATI SMA

RUPAM SHUNYATA SHUNYATAIVA RUPAM

RUPANNAPHTHAK SHUNYATA SHUNYATAYA NA PHTHAGRUPAM

YADRUPAM SA SHUNYATA YA SHUNYATA TADRUPAM

EVAM VEDANASAMJNASAMSKARAVIJNANANI CHA SHUNYATA

EVAM SHARIPUTRA SARVADHARMA SHUNYATALAKSHANA ANUTPANNA ANIRUDDHA AMALA VIMALA ANUNA ASAMPURNAH

TASMATTARHI SHARIPUTRA SHUNYATAYAM NA RUPAM NA VEDANA NA SAMJNA NA SAMSKARA NA VIJNANAM

NA CHAKSHURNASHROTRAM NA GHRANAM NA JIVHA NA KAYO NA MANO NA RUPAM NA SHABDO NA GAMDHO NA RASO NA SPRASHAVYAM NA DHARMAH

NA CHAKSHURDHATURYAVANNA MANODHATURNA DHARMADHATURNA MANOVIJNANADHATUH

NA VIDYA NAVIDYA NA KSHAYO YAVANNA JARAMARANAM NA JARAMARANAKSHAYAH

NA DUHKHASAMUDAYANIRODHAMARGA

NA JNANAM NA PRAPTIRNAPRAPTIH

TASMACCHARIPUTRA APRAPTIRTITVENA BODHISATTVANAM PRAJNAPARAMITAMASHRITYA VIHARATI CHITTAVARANAH

CHITTAVARANANASTITVADATRASTO VIPARYASATIKTAMTO NISHNIRVANAH

TRYADHVAVYASTHITA SARVABUDDHAH PRAJNAPARAMITAMASHRITYANUTTARAM SAMYAKSAMBODHIMABHISAMBUDDHAH

TASMAJJNATAVYAH PRAJNAPARAMITAMAHAMAMTRO MAHAVIDYAMAMTRO 'NUTTARAMAMTRO 'SAMASAMAMAMTRAH SARVADUHKHAPRASHAMANAMAMTRAH SATYAMAMITHYATVAT PRAJNAPARAMITAYAMUKTO MAMTRAH

TADYATHA

GATE GATE PARAGATE PARASAMGATE BODHI SVAHA

EVAM SHARIPUTRA GAMBHIRAYAM PRAJNAPARAMITAYAM CHARYAYAM SHIKSHITAVYAM BODHISATTVENA

ATHA KHALU BHAGAVAN TASMATSAMADHERVYUTTHAYARYAVALOKITESHVARASYA BODHISATTVASYA SADHUKARAMADAT

SADHU SADHU KULAPUTRA EVAMETATKULAPUTRA

EVAMETADGAMBHIRAYAM PRAJNAPARAMITAYAM CHARYAM CHARTAVYAM YATHA TVAYA NIRDISHAMANUMODYATE TATHAGATAIRARHADBHIH

IDAMAVOCHADBHAGAVANAMNADAMANA AYUSHMANCHARIPUTRA ARYAVALOKITESHVARASHCHA BODHISATTVAH SA CHA SARVAVATI PARSHATSADEVAMANUSHASURAGAMDHARVASHCHA LOKO BHAGAVATO BHASHITAMABHYANAMDAN ITI PRAJNAPARAMITAHDAYASUTRAM SAMAPTAM

sábado, 10 de agosto de 2013

O sutra do meu coração

Eu sou muito afortunada.
Traduzi essa versão resumida do Sutra do Coração pela primeira vez em 2006, em um livro de Sua Santidade o Dalai Lama, A Essência do Sutra do Coração. Agora traduzi de novo, para A Lua no Espelho, de Sua Eminência Gyalwa Dokhampa, a ser lançado em breve, por ocasião da visita de Rinpoche ao Brasil.
Só hoje resolvi olhar a tradução anterior para comparar com a atual. Fiquei satisfeita, pois são praticamente idênticas. Em 2006 meu modestíssimo conhecimento de budismo era ainda mais limitado. Marpa deve aproximar-se de mim quando traduzo o Dharma para evitar que eu cometa erros crassos.
Traduzir o Dharma faz meus olhos e minha mente brilharem. Felicidade maior só sinto quando trabalho nos livros do Lama Padma Samten. Também, que honra maior eu poderia ter do que fazer a preparação de texto e a edição dos livros de meu professor perfeito?
A tradução de A Lua no Espelho proporcionou o mesmo tipo de felicidade, pois me aproximou de Lama Jigme Lhawang, que me convidou para esse trabalho e me elucidou algumas dúvidas. Lama Jigme Lhawang, que junto com o budismo estuda tibetano e sânscrito, tem profundo interesse pela tradução do Dharma para o português, e para mim é uma alegria poder trocar algumas ideias com ele a respeito disso.



Sutra do Coração

Bhagavati Prajna Paramita Hridaya Sutra
(Sutra da Mãe Abençoada,
o Coração da Perfeição da Sabedoria)

Assim eu ouvi certa vez:
O Abençoado estava em Rajagriha, no Pico do Abutre, junto com uma grande comunidade de monges e uma grande comunidade de bodhisattvas, e, naquela ocasião, o Abençoado entrou em absorção meditativa sobre a variedade de fenômenos chamada de aparência do profundo. Naquele momento também, o nobre Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, contemplou claramente a prática da profunda perfeição da sabedoria e viu que até mesmo os cinco agregados são vazios de existência intrínseca.
Então, por meio de inspiração do Buda, o venerável Shariputra falou ao nobre Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, e disse: “Como deve treinar qualquer nobre filho ou nobre filha que deseje se empenhar na prática da profunda perfeição da sabedoria?”.
Quando isso foi dito, o nobre Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, falou ao venerável Shariputra e disse: “Shariputra, qualquer nobre filho ou nobre filha que deseje se empenhar na prática da profunda perfeição da sabedoria deve ver claramente dessa maneira: deve ver perfeitamente que até mesmo os cinco agregados são vazios de existência intrínseca. Forma é vacuidade, vacuidade é forma; vacuidade não é outra coisa senão forma, forma também não é outra coisa senão vacuidade. Do mesmo modo, sensações, percepções, formações mentais e consciência são todas vazias.
“Portanto, Shariputra, todos os fenômenos são vacuidade; não têm características definidoras; não nascem, não cessam; não são maculados, não são imaculados; não são deficientes e não são completos.
“Portanto, Shariputra, na vacuidade não há forma, nem sensações, nem percepções, nem formações mentais, nem consciência. Não há olho, nem ouvido, nem nariz, nem língua, nem corpo, nem mente. Não há forma, nem som, nem odor, nem sabor, nem textura, nem objetos mentais. Não existe elemento do olho e assim por diante até não haver elemento da mente, inclusive nenhum elemento da consciência mental. Não existe ignorância, não existe extinção da ignorância, e assim por diante até não haver envelhecimento e morte, nem extinção do envelhecimento e morte. Do mesmo modo, não existe sofrimento, origem, cessação ou caminho; não existe sabedoria, nem realização e não realização.
“Portanto, Shariputra, uma vez que os bodhisattvas não têm realização, eles confiam nessa perfeição da sabedoria e nela permanecem. Não tendo obscurecimentos em suas mentes, eles não têm medo, e, por irem completamente além do erro, atingirão o fim do nirvana. Todos os budas que residem nos três tempos também atingiram o pleno despertar da inexcedível iluminação perfeita ao confiar nessa profunda perfeição da sabedoria.
“Portanto, deve-se saber que o mantra da perfeição da sabedoria – o mantra do grande conhecimento, o mantra inexcedível, o mantra igual ao inigualável, o mantra que subjuga todo sofrimento – é verdadeiro porque não é enganoso. O mantra da perfeição da sabedoria é proclamado:

Tadyatha gate gate paragate parasamgate bodhi svaha!

“Shariputra, os bodhisattvas, os grandes seres, devem treinar na perfeição da sabedoria dessa maneira.”
A seguir, o Abençoado saiu daquela absorção meditativa e elogiou o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, dizendo que isso é excelente. “Excelente! Excelente! Ó Nobre Filho, é assim mesmo; é assim que deve ser. Deve-se praticar a profunda perfeição da sabedoria exatamente como você revelou. Pois então até os tathagatas se regozijarão”.
Quando o Abençoado proferiu essas palavras, o venerável Shariputra, o sagrado Avalokiteshvara, o bodhisattva, o grande ser, junto com toda a assembleia, inclusive os mundos dos deuses, humanos, asuras e gandharvas, todos regozijaram-se e saudaram o que o Abençoado havia dito.


गते गते पारगते पारसंगते बोधि स्वाहा
Gate gate paragate parasamgate bodhi svaha

Na balada

De Chopin. Ballade No. 4, Opus 52: Andante con moto in F minor. A minha favorita. Neste momento, em gravação de Arthur Rubinstein. Hoje voltei a ouvir a coleção, CD 45 de 82.
Andei ouvindo lounge music por um tempo. E depois engatei um relacionamento sério com os binaural beats e isochronic tones. Tenho ouvido esses sons, com música ou sem, nas sessões de meditação, antes de dormir e também durante o trabalho. Prefiro faixas com melodia ou mescladas com sons da natureza. Os tons e batidas puros eventualmente me incomodam. Estou experimentando as várias frequências e possibilidades de uso.
Hoje, porém, fiquei a fim de música de verdade para concluir um trabalho nesse sábado chuvoso enquanto aguardo o tempo melhorar pra dar uma corrida. Na chuva não vou, mas estou pilhada, embora esteja sentindo efeitos da sessão de funcional de ontem. Tata me deu uma série de resistência pela primeira vez; pela primeira vez também fiz finca-pé. Que tranco! Eu e os outros que estavam lá tomamos um suador, todo mundo bufando e vermelho, hahaha. É bom demais! O funcional proporciona um tremendo bem-estar no resto do dia, o corpo fica energizado e organizado.
Ajustando a mente e o corpo. Aprimorando a sintonia. Aguçando o foco.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Dia do Maratonista

É hoje.
Parabéns para todos nós que temos provas de 42,195km no currículo.

"Os covardes nunca tentam, os fracassados nunca terminam,
os vencedores nunca desistem."
Norman Vincent Peale
E ontem, aliás, o treinador acabou com meus planos de uma maratona nesse segundo semestre. Ponderado como sempre, Átila disse que eu poderia treinar para fazer em 3h30, o que ele achava que possivelmente seria um tempo frustrante para mim. Mais do que isso, observou que tivemos um longo período de recuperação e cuidado desde a cirurgia, e uma nova maratona nesse ano poderia sim render uma lesão. Ou seja, eu estaria arriscando muito para ganhar pouco.
Assim, vamos focar nos treinos de velocidade. E veremos como me saio em provas de 10km. Mais adiante ainda devo fazer uma meia maratona.
Fiquei feliz com a decisão. Estou curtindo os treinos mais curtos, e só de pensar em longos de 30km já me sinto exausta. A corrida para mim tem disso, são ciclos. Em certas épocas gosto de fazer longas distâncias, em outras prefiro rodar menos. O bom é que nunca enjoo de correr.
Cansar eu canso. Desistir nunca. Mas tem que ter bom senso. Pra isso também que tenho treinador.

sábado, 3 de agosto de 2013

Feliz Dia dos Pais


Sei que é domingo que vem, mas no meu caso não faz diferença. Não sei se comemorei essa data com meu pai alguma vez, provavelmente apenas no meu primeiro ano de vida, quem sabe no segundo. E não mais. Porque depois disso só o vi mais duas vezes, uma em 1969, creio eu, e a outra em 1975, quando eu e minha irmã fomos para o Rio de Janeiro com minha mãe conhecer a família paterna. Nessa ocasião, um acontecimento ilustra com perfeição o que "pai" significava para mim aos 12 anos - e antes e depois disso, até dezembro do ano passado, pouco antes de eu completar 49 anos e abrir minha Caixa de Pandora.
Uma das tias morava numa casa em São Conrado, ficamos lá. E lá fizeram a reunião de família. Quando eu cheguei na sala, havia um mulherio, avó, tias, primas e apenas um homem. Perguntei pra mãe: "Quem é aquele homem lá?" "Teu pai", respondeu ela. Essa possibilidade simplesmente não havia me ocorrido. Foi uma completa surpresa para mim ouvir "teu pai". Eu não tinha pai.
Meu pai foi embora de Porto Alegre de volta para o Rio de Janeiro em 1965, ele e minha mãe se separaram. Na viagem para o Rio dez anos depois, lembro de sair sozinha com ele e minha irmã apenas uma vez. E lembro da sensação totalmente desconfortável, da artificialidade, da distância que nem era só distância, era uma total falta de conexão. Ele era um estranho, e eu o estranhei muito. Muito mesmo. Eu só queria voltar logo pra perto de minha mãe, das tias, da avó. Das mulheres.
Meu pai morreu quando eu tinha cerca de 30 anos. Não lembro a data, lembro apenas que uma das tias ligou do Rio de Janeiro para avisar. O que eu senti: nada. O que eu poderia ou deveria sentir? Lembro de ficar parada diante de um espelho me olhando, vasculhando meus olhos e meu rosto, tentando descobrir alguma emoção em mim. Achei que eu deveria sentir alguma coisa. Não senti nada.
Já fiz muita terapia nessa vida para, entre outras coisas, entender o que a ausência de meu pai causou em mim. Entender eu entendi faz tempo. Comecei a entender na infância, no desconforto que eu sentia na escola quando se falava de família. Eu sempre era uma das poucas das minhas turmas que não tinha pai. E não tinha no sentido absoluto, porque eu não sabia nada dele. Ele não existiu na minha vida. E no lugar dele dentro de mim havia um vazio que tentei preencher projetando o pai nos homens que amei. E, como nós budistas sabemos (e os físicos quânticos também), vazio não é ausência de tudo, um nada, e o meu vazio paterno estava repleto de coisas que eu não via e não sentia, mas que lançavam uma sombra e pesavam dolorosamente sobre mim.
Não por acaso, sempre tive horror de Dia das Mães e Dia dos Pais. Sempre sonhei em abolir ambas de meu calendário. Eu realmente odiava essas comemorações, por mais que tentasse não sentir isso. O Dia dos Pais só se tornou menos desagradável quando me tornei mãe. Contudo, só no domingo da semana que vem eu realmente vou dizer "Feliz Dia dos Pais" para meu ex-marido com sinceridade, com vontade. E com enorme respeito, admiração e carinho por ele ser um pai maravilhoso não só para nossa filha, mas também para as suas duas filhas de coração.
Ao pensar em meu pai, observei que dois homens da maior importância em minha vida são ótimos pais - de filhas mulheres. E isso me deixou feliz comigo mesma, porque, por mais descompensada que eu fosse, nunca me envolvi maus pais ou ex-pais. Primeiro pensei “ex-pais como o meu”, mas depois veio o abrandamento. A aceitação. Meu pai teve os motivos dele para fazer suas escolhas. Eu não sei de nada. Como teria o direito de julgar? E de que adiantaria condená-lo?
O que é a realidade senão aquilo que se vê, aquilo que a mente cria? Eu prefiro pensar que meu pai foi um homem bom, com seus defeitos – que são a única coisa que eu soube dele desde a primeira infância até o começo deste ano, quando pedi para meu tio contar alguma coisa, qualquer coisa sobre esse homem cuja ausência só agora estou conseguindo preencher dentro de mim sem querer que os homens que eu amo façam isso. O pouco que meu tio lembrava me ajudou a ver meu pai como um homem normal, não um monstro. Bem melhor, até porque, além do silêncio eloquente sobre ele, quebrado apenas por breves comentários sobre os defeitos, também cresci ouvindo: “Ela tem o gênio do Martin”. O que evidentemente não era um elogio.
De que me serviu toda essa negatividade? Me fez feliz? Me ajudou? Não. Pensar em meu pai como alguém com qualidades boas (e defeitos, como todos) me faz feliz, me alegra. E só assim eu posso me aceitar de verdade – afinal, ele está em mim, eu sou parte dele, ele vai viver para sempre através de mim e da minha descendência. E, pelo que consta, tenho o gênio dele. Não ter meu pai dentro de mim era não ter uma parte de mim. Não gostar do pai era não gostar de mim. Não aceitá-lo era não me aceitar . Rejeitá-lo era me rejeitar. Julgá-lo, condená-lo, culpá-lo, era julgar, condenar e culpar a mim mesma. Se posso me ver como uma Dakini Espertinha, posso ver meu pai como um Daka Espertinho.
Feliz Dia dos Pais para todos. Em especial para os dois homens que eu amei, amo e sempre amarei, que são pais amorosos para suas queridas filhas. É muito claro para mim que um dos motivos para amar esses homens e ter me envolvido profundamente com eles é justamente o fato de serem bons pais. Pais sempre presentes na vida de suas amadas filhas.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

História de ninar

http://www.overmundo.com.br/banco/contacao-de-historias-romilda-e-margarida-de-eduardo-e-lizia-bueno

Contação de histórias, por Henrique Celso, dentro do projeto Contadores de Histórias, realizado pela ASSARTI - Associação Artística de Imperatriz, em Imperatriz - MA, patrocinado pelo Governo Federal, através do Banco do Nordeste, no Teatro Ferreira Gullar, durante o ano de 2007.

Muito emocionante ver isso. Participei da edição desse livro, Romilda e Margarida, surgido de uma história que Eduardo contava para Lízia na hora de dormir. Ela adorava, ouvia todas as noites; depois de um tempo, como toda criança, ela mesmo contava. E aí começou a inventar trechos também.
Hoje começou o mês do aniversário da minha filha, que completará 17 anos. Amazing grace.

145km

Julho foi mais fraco ainda que junho. Corri 10km a menos, e muito mais lenta. Mas faz parte, tive uma queda forte de rendimento depois da maratona. Parei uns dias, peguei um resfriado maléfico, que se transformou numa rinite alérgica ao frio que até agora está me importunando.
Voltar a correr direito só voltei nessa semana, no treino de pista de terça-feira. Foi o primeiro treino decente desde a maratona.
O acumulado do ano está em 1.578km.
Se tudo der certo, o segundo semestre terá um volume maior que o primeiro.
Julho foi fraco na corrida, mas foi ótimo no treinamento funcional. Aranha, meu treinador, está satisfeito. E eu estou exultante com as transformações que já notei em apenas um mês. (Aranha diz que é fácil notar em mim porque sou muito magrinha.) E isso que estamos pegando leve e estou fazendo uma variedade muito limitada de exercícios, tudo ainda bem simples. "Tu é muito atiradinha", diz Aranha. Sou mesmo! Eu me atiro, me esbaldo, vou com tudo, me acabo. Ele está com o freio puxado pra ver como minha coluna reage. So far, so good.
Já estou com o calendário de competições definido. Na minha cabeça. Na semana que vem vou conversar com o treinador a respeito.