terça-feira, 27 de maio de 2008

Fragmentos

Quem tem amigos tem tudo.
Corri a maratona basicamente por insistência de minha amiga Lena Stropper. Ela não pôde correr porque está com uma dolorosa fascite plantar, teve que desistir duas semanas antes da prova, depois de ter ralado o treino todo. Em meio à sua imensa frustração, dor e tristeza, minha amiga achou tempo e disposição para longas conversas, me animando e consolando na minha fase de uruca geral. E ainda fez o meio de campo para eu me reconciliar com outro amigo.
Esse nosso amigo diz que eu sou mal-educada, geniosa e trato ele mal, e aí me pune com afastamento e silêncio. Eu digo que ele é marrento comigo e muito mais genioso que eu, e teimoso, mal-humorado, temperamental e ranzinza. Mas temos uma conexão linda. No sábado nos encontramos e conversamos, e fizemos as pazes. E me senti incrivelmente confortada quando ele me abraçou e disse que estaria por perto caso eu precisasse, que me ajudaria no que fosse possível. Foi maravilhoso ter ficado de bem com ele na véspera da corrida.
Ainda no sábado encontrei meu amigão Barbosa, que não pôde correr por ter lesionado o joelho. Como Lena, ele também se machucou depois de ter feito todo o treino. Como Lena, ele me disse para tentar, ir lá e correr numa boa, só na alegria, sem me preocupar com tempo.
Barbosa e Lena estavam lá na largada da prova para a qual treinaram duríssimo e da qual não puderam participar. E muito da minha força para agüentar o tranco e não desistir veio do meu desejo de correr por eles, para eles. Barbosa foi de bike e me encontrou no árduo trecho da Ipiranga, na ida. E na Ipiranga, na volta, quando pensei em parar no km 22, lembrei dele e Lena, e de que eles ficariam decepcionados e preocupados caso eu parasse.
Também na volta da Ipiranga dei de cara com um vento contra e um chuvisco. E não senti a repulsa que costumo sentir ao correr no vento. Pedi a Iansã, senhora do vento, que soprasse embora a uruca e o cansaço e que me desse sua energia de guerreira. Pedi a Oxum, senhora minha mãe, que me mantivesse leve, graciosa e alegre como sua filha que sou. E lembrei do que me disse pai Adilson de Ossanha: que eu deveria correr porque isso me dava prazer e me faria bem. E que eu conseguiria.
Meu boné voou, pensei em voltar pra pegar, mas seria ruim. Senti que aconteceria o que de fato aconteceu: pouco depois, um corredor chegou ao meu lado e estendeu o boné pra mim, sem uma palavra, ele estava em ritmo forte e concentrado, mas mesmo assim deu-se ao trabalho da gentileza. Não vi seu número, não sei quem era, mas serei eternamente grata.
Também sou grata a todos amigos e estranhos que me incentivaram durante a corrida. Muita gente bacana. E o que dizer de todos aqueles que me animaram antes...
Após a corrida, meio zonza e louca de frio, fui auxiliada pela querida Edna a encontrar Lena. E Soares foi comigo até o carro deles e esperou pacientemente que eu trocasse de roupa. E sorriu feliz quando depois eu disse pra ele e Lena o quanto estava me sentindo bem por ter corrido, o quanto aquilo tinha mudado o meu astral, tão em baixa nos últimos tempos. Que eu finalmente gostava de correr de novo!
Do pódio vi Filó, a pessoa que me trouxe pro mundo das corridas de rua, abanando e sorrindo pra mim. Ela não me viu correr, mas sabia que eu tinha completado, e sei o quanto ela se alegrou por mim.
Meu amigo Perna me viu passar na Ipiranga, aí telefonou e foi lá me dar um abraço. Giovani, que havia me adicionado no orkut há poucos dias, foi me conhecer pessoalmente. Newton, outro amigo que saiu do orkut pro mundo real, mandou sms cedinho da tarde pra saber como eu tinha ido. Na semana que vem, farei uns treinos de musculação com ele, que já me passou as dicas para secar e definir.
Jacaré telefonou no fim do dia pra saber como eu estava. E hoje estava comigo no trote de 30 minutos lá no Cete.
Com tanta gente que me quer bem só posso me sentir feliz e amparada. Mas a felicidade essencial está dentro. Ela andou meio embaçada, mas no domingo voltou a brilhar e fluir mais livremente. De dentro para fora, irradiando-se luminosa, fazendo com que eu veja claramente o quanto sou afortunada e as belas possibilidades de que disponho.
Mude seus pensamentos, e você muda o mundo.

11 comentários:

  1. Que belo relato...na real eu comecei a ler, pois vi teus comentários no blog da Lo..faço triathlon, mas iria fazer a maratona de Porto Alegre, pois estou fazendo uma base para fazer o Iron em 2010, mas infelizmente a três semanas da prova, tive TENDINITE NA PATELA..sim me solidarizo com os teus amigos que também ficaram fora por lesão..é complicado pois fiz praticamente todos os longos..Mas tudo bem, sempre penso positivamente..quem sabe vem uma coisa boa pra mim..Bjs e adorei o seu sorriso correndo...

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  2. Que legal que gostou! Do relato e do sorriso. :)
    Imagino a sensação de fazer todo o treino e chegar na hora e não poder competir. É muito frustrante e dolorido. Espero que você esteja bem e que possa retomar os treinos a pleno em breve, se ainda não pôde. Que bom que mantém o otimismo! Eu sou assim também. Tenho certeza de que faz bem, pra nós e pro mundo. É lógico que virá uma coisa boa pra você! Bem boa!
    Olha só, já convidei a Loraine, agora convido você: vamos correr a maratona de Buenos Aires? Dia 12 de outubro. Que tal?

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  3. Na real, eu sou um completo curioso tenho amigos com blogs e adoro ler o que eles e voces escrevem..ainda não tomei coragem para fazer o meu..Li outros relatos teus e te confesso que quase deixei recados em todos os teus post..Quanto a voltar estou proibido de correr pelo meu médico até no final do mês, por enquanto apenas: mantenho natação e bike, de resto, fisio, alongamento e reforço muscular..Porém não é uma má idéia essa maratona de Buenos, tenho alguns amigos interessados, mas é super perto da meia-maratondo do rio de janeiro esse ano vai ser em outubro os dois anos anteriores foram sempre em setembro

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  4. Aaaaahhhh, que pena que não deixou recados por tudo... quase ninguém escreve. Deve ser porque quase ninguém lê, hahaha! Enfim, é legal ver o que as pessoas acham e as idéias que elas têm a partir das coisas que a gente escreve.
    Eu fui procurar seu blog e vi que não tinha... :( vá tratar de escrever também!
    Você quer fazer a meia do Rio, é?
    Que bom que está podendo treinar todo o resto. Ficar parado é desesperador. Você compete em triatlo? Eu gosto de triatlo, mas nado como uma pedra e sou um perigo de bike, como a Loraine pode atestar... Afffff

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  5. POis é, não tenho blog ainda, um dia talvez..já faço um montão de coisas no meu trabalho e ainda treino três modalidades...Pois é pretendo fazer a meia do rio, sei lá ainda..com a minha lesão só penso em recuperar o meu joelho primeiro 100%...sim faço trithlon, na real eu comecei na corrida, mas dai conhecia pessoas que fazem triathlon e um dia resolvi comprar uma bike de corrida(speed) e voltei a nadar novamente em um clube( eu já nadava) e correr isso eu ja corria..Um dia vai olhar uma prova de triatlhon em faz revezamento com alguém...é super bacana também..

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  6. Loraine me convidei pra um revezamento no verão, mas eu estava totalmente desmobilizada.
    Agora que estou me entusiasmando de novo.
    Quero pelo menos assistir uma prova, nunca fui.

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  7. bom então um dia quero te ver em um revezamento...pelo que li dos teus relatos tu corre muito bem...

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  8. ah..eu li quase todos, tens uma ligação bacana com as coisas da INDIA?? É ISSO? estou errado..

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  9. Eu corro muito mais ou menos, isso sim! Mas adoro.
    Tenho uma enorme ligação com as coisas da Índia, sim, as coisas que mais prezo surgiram lá. O budismo surgiu na Índia. Mas a tradição de budismo que sigo é tibetana.

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  10. Ok!!! continuas escrevendo eu sempre que possível estarei lendo, já coloquei o teu blog juntos com meus preferidos. Bjs e bons treinos sorridente

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  11. Oi Lúcia,

    acabo de achar teu blob e li quase todos os posts.
    Espetacular como a autora.
    Beijao pra ti
    Eduardo

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