Queria que fosse hoje. Daqui a pouco.
Desde a espetacular, inesquecível e fenomenal viagem pra NY eu tinha desencanado da maratona. Lá me atirei na vida louca, que treino que nada. Primeiro uma friaca e um chuvisco maléficos. Depois o tempo melhorou e ficou perfeito, mas eu piorei, hohoho. Com tanta coisa pra fazer e ver, a pessoa ia dormir lá pelas tantas e acordava já cansada. O treino ficou prejudicado.
Óbvio que treinei. Um pouco. O Central Park que me pareceu tão enorme em 1994 dessa vez pareceu pequeno. Corri toda a volta por fora, dá quase 10km apenas. É tudo questão de ponto de vista, de paisagem mental. Em 1994 eu não corria como hoje. Naquela viagem nem corri.
Voltei pra Porto Alegre com um Garmin novo, dois pares de tênis e um Oakley. E sem entusiasmo. (Também, voltar pra Porto Alegre é pra acabar com o entusiasmo da pessoa aqui... Mais um tema para refletir, a minha falta de ligação com Porto Alegre, com o Brasil, com esse lance de "nacionalidade", eu não tenho conexão desse tipo, nessa vida sou um ser senciente terráqueo, espécie humana, sexo feminino.) Estava lenta, fora de ritmo - e fora da casinha.
Hoje fiz o último trote pré-maratona. 6km no Parcão. De manhã.
E ainda muito sem vontade.
Mas de tarde tudo mudou.
Agora estou só por essa maratona. A quinta. Com gosto de primeira vez.
É a primeira vez que estou bem treinada, em que o planejamento do treinador foi seguido praticamente à risca por mim e sem maiores percalços.
É a primeira vez desde a cirurgia.
Até as 13h, eu estava desanimada e insegura. Aliás, estava desanimada porque estava insegura. Aí veio o insight: insegura por quê? Porque fiquei uns dias treinando menos do que deveria? Porque estava cansada? Porque a maratona sempre me dá um nervosão? Agora é tarde! Agora já é. Estou bem treinada, minha saúde está ótima, minha vida está cada vez melhor. Tudo certo.
Fiquei elétrica. Foi-se a insegurança. E se foi o desânimo. Fiquei tão empolgada que tive que me movimentar um pouco, não conseguia ficar sentada. Separei roupas pra domingo, comecei a arrumar a mochila.
Participar dessa maratona já é uma vitória. É muito mais do que parecia possível há um ano.
Domingo vou abalar, badalar e me esbaldar. Vou curtir intensa e apaixonadamente por 42,195km. Vou celebrar. Motivos tenho aos montes.
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