Somente depois de operar a coluna e voltar aos treinos é que percebi o quanto a hérnia estava me causando mal. Eu tinha uma limitação imensa de movimento. Não conseguia mais erguer a perna esquerda e abrir a passada, a hérnia segurava, eu fazia um esforço enorme pra avançar.
Eu achava que não conseguia mais correr porque estava cansada, porque estava ficando velha, porque ia entrar na menopausa, porque não treinava o suficiente... Nunca me ocorreu que estava com uma lesão séria e limitante. Nunca me ocorreu que a hérnia estava me imobilizando. Nunca me ocorreu tampouco investigar o que a hérnia significava em termos mais amplos. Meu terapeuta explicou ontem, enquanto eu chorava ao ouvi-lo.
Enfim, tirei a hérnia, tirei a limitação física. E a cada treino me sinto mais segura, mais confiante, mais satisfeita. E começo a sentir prazer em correr, uma coisa que achei que nunca mais sentiria, pelo menos não na intensidade de antigamente. Claro que depois de operar fiquei na maior alegria e felicidade quando voltei a trotar. Mas não tinha mais aquela voracidade, o tesão. Estava uma coisa morna. Agora estou ficando pilhada. A corrida volta a me excitar porque o esforço me dá prazer de novo.
Antes de operar, eu sofria durante o treino e encerrava a sessão acabada. E logo vinha a dor, que me acompanhava o resto do dia e à noite. Não tinha como sentir tesão. A hora do treino sempre havia sido a mais feliz do meu dia; com a hérnia, virou uma obrigação, um momento tenso. Eu já sabia que seria uma frustração.
Mas agora eu e a corrida estamos voltando a manter um relacionamento sério, intenso e muito prazeroso. Concluo os treinos cansada, mas satisfeita. Sem dor. E logo estou recuperada pro próximo. Livre da dor, meu esforço rende. E com isso estou voltando a gostar de competir. Parei de ir em provas no ano passado porque não havia de onde tirar mais força, era um desgaste excessivo e meu corpo e minha mente sofriam demais. Era uma tortura física e mental.
Na Corrida Monumental e no revezamento da Meia Maratona do Sesc consegui me puxar e curtir o esforço extra. Não foi tortura, não foi suplício. Foi o que tem que ser: uma forçada extra, mas dentro do suportável, na boa.
Meu médico e meu treinador me liberaram pra correr a maratona de Porto Alegre no ano que vem. Dia 9 de junho. A ideia inicial era tentar apenas no segundo semestre, mas minha recuperação permitiu a antecipação. Meu médico escreveu o seguinte: "Parabéns pela ótima recuperação. Acredito que podes começar a treinar para maratonas em 2013. Claro que tua tolerância aos treinos é que vai acabar ditando o ritmo e os objetivos. Confio no bom senso do teu treinador (e um pouco no teu também)".
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