quarta-feira, 13 de março de 2013

And now what?

Deixei minha mãe na clínica perto do meio-dia.
Fui embora sorrateiramente, sem me despedir.
Neuza e Vera, as babás fiéis, que fizeram por minha mãe e por mim o que não há palavras para agradecer adequadamente, estavam comigo nesse momento tenebroso. Arrumaram as coisas dela pra levarmos. Ficaram lá com ela enquanto eu tratava da burocracia da internação. E fugiram embora comigo.
Voltamos pra casa da mãe. Almoçamos lá. Arrumamos algumas coisas. Já trouxe algumas recordações pra minha casa, dei algumas coisas para elas.
É surreal. E está só começando.
O melhor não é bom.
O máximo possível não é o bastante.
Eu sei que fiz o que era melhor. Sei que não havia escolha. Mas sinto a mais absoluta amargura. Me sinto horrivelmente mal por deixar minha mãe sozinha, perdida entre estranhos. Eu sei que essa sensação é apenas isso, uma sensação. Mas tudo que eu sei, tudo que o médico, as babás, os amigos, a gerente da clínica e o mundo me dizem simplesmente não me consola.
Amargura e desolação. Mas agora está brotando uma sensação de alívio. Há meses eu convivia com a tensão de saber que isso aconteceria, que o momento se aproximava. Aconteceu. E poderia ter acontecido de um jeito pior.
A doença de minha mãe não dá margem para nenhum otimismo. Não haverá melhora, nem sequer estabilização. As coisas vão seguir um curso inexorável. Mas posso ter uma esperança: de que tudo transcorra da forma menos ruim possível. E posso continuar fazendo o que faço há cinco anos: trabalhar para que ela fique o melhor possível, ou o menos mal possível.

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