Ano Novo.
Equinócio de outono.
E Dia Internacional da Felicidade.
Minha mente opera por metáforas com frequência. Uma das mais recentes - e de momento a mais impactante - é a do cercadinho.
Fui um bebê de cercadinho. Minha irmã nasceu quando eu tinha um ano e três meses, e fui despachada para o cercadinho. Não que antes recebesse muito colo - minha mãe contou que naquele tempo vigorava a teoria de que colo deixava o bebê manhoso - então era berço ou carrinho. Ela afirmou que eu gostava muito de ficar no cercadinho.
Passadas cinco décadas, me percebi ainda dentro do cercadinho. Não por gostar, e sim por não conhecer outra coisa, por não imaginar alternativas. O cercadinho oferecia uma (falsa) sensação de segurança. Acompanhada de isolamento, solidão e do onipresente abandono. E a expectativa de ser retirada dali, de ser pega no colo. Em uma analogia budista, o cercadinho era/é uma paisagem mental (como a do sapo que imagina que o poço onde vive é o mundo que existe).
O cercadinho/paisagem mental abriu-se quando vi que estava ali dentro e que poderia sair sozinha. (Nem tão sozinha, com acompanhamento psicoterapêutico.) E então? Uma vertigem, um ofuscamento. A realidade redimensionada é imensa. Empolgante e assustadora. Tira o fôlego.
Nesse ano que se inicia, começo a dar meus primeiros passos fora do cercadinho. Ainda estou muito perto dele, tipo andando ao redor, indo aqui e ali e voltando. Na entrada do outono, no equinócio, no Dia Internacional da Felicidade, percebo que, depois de ter saído do cercadinho, chegou a hora de conhecer o mundo. E sair sem levar o cercadinho junto, é claro.
Lidar com esse novo despertar te mostra um universo amplo em que te coloca na liberdade de ser, no rompimento de velhos ciclos para otimizar sua vida.
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