Quantos leitores me levaram? Milhares. Muitos milhares.
Tradução é aquilo que transforma tudo para que nada mude.
Em tudo que traduzo e edito me esforço ao máximo para preservar o original. Ser fiel ao autor, a seu estilo, às palavras que ele escolheu. Trabalho subjetivo. Tento imaginar como seria se ele escrevesse em português. E crio um estilo, um fio condutor para que o texto seja homogêneo do começo ao fim.
O início de cada tradução é difícil, parece que não vai fluir. De repente... pá! Surge uma voz interna, a seleção de palavras vai ficando mais fluida.
Que coisa sensacional sair pro treino e ver essa paisagem, esse céu crepuscular, com raios filtrados pelas nuvens. Não foi hoje, foi ontem, mas ontem teve tanta, mas tanta coisa antes e depois do treino que nem lembrei de passar por aqui.
Vida prática às vezes não tem nada de prática, aff.
Quaisquer ações motivadas pela ignorância (confusão e delusão), pela ganância ou fixação, raiva ou aversão terão resultados negativos. Não importa quantas justificativas nos demos. Nossas justificativas não são o ponto. O ponto é a motivação subjacente. Ações motivadas por entendimento claro, amor ou generosidade terão resultados positivos.
- Jetsunma Tenzin Palmo
Ah, a filosofia e a ética budistas! Não adianta bancar a boazinha. Se a motivação é obter algo em troca da "generosidade", não é generosidade genuína. Dar esperando receber não é dar. É negociar. E essas negociações muitas vezes dão muito errado.
Praticar o amor, a compaixão e a generosidade com os animais é um excelente treinamento para mim. Lelonid é um mestre compassivo (ainda que às vezes exija paciência). Desdobro-me em atenções para com ele e Ludox. Para que sejam felizes e se sintam genuinamente amados. O que eu espero? Unicamente que eles sejam felizes.
Uma mulher importantíssima para a história do Brasil. Culta, com uma incrível visão política. E tão, mas tão infeliz no casamento. Para completar, ignorada pela memória nacional.
Telefone, sms, Gmail, Facebook, Instagram e WhatsApp bloqueados. Assunto esquecido.
Aí... assédio pelo LinkedIn.
Pelo LinkedIn!!! Uma rede profissional.
Ultrajante.
Parecia que nada poderia ser mais baixo do que o envio de mensagens via Blogger, uma escrotice absurda, colocar email alheio na lista de envio de postagens de assédio.
Uma vergonha atrás da outra.
Uma invasão atrás da outra.
Desrespeito sistemático. Abuso sem fim.
Haja paciência para não reagir. Para tentar ignorar. Para esperar que um dia cesse.
A cada invasão, a existência do fantasma faminto vem à mente, com a sensação nauseante de ser (per)seguida nas redes sociais.
Vergonha alheia não mais define.
Repulsa.
Náusea.
Raiva.
Cansaço.
Haja paciência. Para seguir a rotina e de algum modo tentar cultivar a prática da compaixão.
Que o fantasma faminto encontre a felicidade e as causas da felicidade.
Que o fantasma faminto seja libertado do sofrimento
e das causas do sofrimento.
Hoje foram 25km. (Teve 1km antes do longão, parei pra ajustar os tênis.) As unhas pouco incomodaram. MAS... agora estou com o dedinho do pé esquerdo machucado, sei lá o que houve, imagino que tenha sido um sapato que deu uma leve apertada nele nesta semana. Bem, já que estou escrevendo a respeito, fui examinar. A unha está roxa (mais uma!) e tem uma microbolinha perto dela. É essa bolinha que dói por encostar no dedo ao lado. Ninguém merece. Meus pés viraram alfenins. Aliás, quando fui tomar banho, vi que estava com os dois pés avermelhados nas laterais internas na região do calcanhar e da almofada dos dedões. Pelo menos isso não doeu.
Corri com o Wave Creation. Que é ótimo. Os tênis novos estão ajudando a não agravar a situação crítica dos meus dedos. E cortei as unhas o mais rente possível para reduzir a zona de contato delas. Acho que isso ajuda também. O negócio é ter coragem de cortar as unhas no estado em que estão. Aquele medo de senti-las frouxas. Felizmente ainda não, porque unhas frouxas me afrouxam as pernas. Terror horror da sensação, hahaha.
Além da paciência com os problemas nos pés, precisei de paciência pra fechar os 25km. Muito, muito tempo correndo. Dá um certo tédio. Chega nos 10k, faltam 15km. Quando cheguei nos 12,5km fiquei animada: metade. E 12km é moleza. Mas depois já ficou chato de novo. Com 15km tinha mais 10km pela frente, é chão, é tempo. Fecha 18km e ainda faltam 7km! (Aí fico me distraindo com a ideia: tá, 7km é um trote, um aquecimento.) Nos 20km eu estava mais de saco cheio do que cansada hoje. Mas aí foi aguentar o tranco e fechar. E estar mais de saco cheio do que cansada não significa que eu estivesse pouco cansada. Estava bem cansada, e a velocidade caiu nos kms finais. Eu saí pra treinar cansada. As pernas estavam menos doloridas, mas ainda não 100%. Terminei a corrida com coxas travadas. Chegando em casa, pancadão no iPod, dancinha da vitória. Sem chão, porque não havia como flexionar as pernas.
"Somos como pedaços de madeira. Tentar aparar nossas arestas ásperas com veludo e seda não vai funcionar. Precisamos de uma lixa. As pessoas que nos incomodam são a lixa. Elas vão nos aplainar. Se considerarmos aquelas que são extremamente irritantes como nossas maiores ajudantes no caminho, podemos aprender muito. Elas deixam de ser problema e em vez disso tornam-se desafios."
Quando eu digo que sou muito afortunada, que tenho muito mérito, não é exagero. Às vezes creio que inclusive falho em manter essa percepção. Porém, quando ela se manifesta, como há pouco, é uma bênção.
Acabo de traduzir o trecho acima. Faz parte de um comentário sobre a Paciência, uma das Seis Paramitas, as qualidades fundamentais para a iluminação, pilares da ética budista.
Enquanto traduzia, um desconhecido veio aqui no blog e se deu ao trabalho de postar comentários agressivos, provavelmente porque se sentiu agredido pelo que escrevi sobre o patético evento da autocensura do Santander Cultural, subserviente a conservadores incultos e de índole ditatorial. Conservadorismo e índole ditatorial evidentemente não se restringem à direita, muitíssimo pelo contrário, como qualquer um que leia um mínimo de história sabe bem. E o episódio da exposição Queermuseu mostrou isso, com conservadores de direita e de esquerda unidos nos ataques a uma mostra que nem ao menos foram ver.
Paciência não é meu forte nas Seis Paramitas. (Nenhuma das Paramitas é meu forte - ainda.) E eu realmente não tenho paciência com gente agressiva e ignorante/intolerante. Agora, se eu perco a paciência, obviamente me rebaixo ao nível do que abomino e que me impacienta.
Que bênção já ter essa percepção. Que bênção maior ainda estar traduzindo um trecho especificamente sobre a paciência quando ela se fez necessária. Em vez de ceder aos meus baixos instintos, tentei me manter pacífica. Pacífica me mantive.
And let´s give credit where credit is due: minha prática da paciência e minha prática budista em geral estão evoluindo sim. Nada de progresso espantoso. Mas progresso sim.
Não é a primeira vez que percebo a nuvem negra da irritação se avolumar e avançar ligeira pelo céu de minha mente e, ao perceber, dissipá-la ou ao menos soprá-la embora. Isso tornou-se a prática habitual. No caso da Queermuseu. No trânsito. No trabalho. No treino. Nos relacionamentos.
Não é fácil. Não é automático. Não é perfeito. Mas já é um belo começo.
Amanhã, duas prioridades: levar as camisetas da equipe pra customizar (deixar num estilo perigoso cavado) e comprar protetores pros dedos dos pés.
Meu treinador fez camisetas totalmente recatadas. Não é pra mim. Tesoura nelas!
Vou tentar amenizar o estrago e a dor nas unhas com ponteiras de silicone. Tô cagando pra feiura. Mas a dor tá foda. Ontem felizmente não senti muito. Mas não dá pra dizer que estava tranquilo, houve momentos em que senti meio manca - lembro de um momento específico na reta do espelho d'água da Redenção, perto do final do treino.
Hoje doeu bem mais. Foram 14km, destes 8km na pista, em 7x 1.000m x 200m. Depois da série lá fui eu sentar e tirar um pouco o tênis pra dar uma aliviada. Estou sentindo os dedos sensíveis até agora. Nem tenho coragem de mexer nessas unhas. Não sei o que dói mais. Acho que é o dedo do meio.
Já vi uns modelos nas farmácias, mostrei pro treinador, ele sugeriu um deles. Vamos ver se ajuda. Preciso conservar essas unhas até as novas estarem razoavelmente crescidas.
Hoje não foram só os dedos que doeram. As coxas estão doloridas do longão. Tá aquela dureza pra descer escada. E eu aqui subo e desço direto. Ai, ai, ai.
Mesmo assim, tô linda, livre, leve e solta. O que me falta em velocidade, começa a me sobrar em prazer, alegria, força e determinação.
24km hoje. Finalmente treino depois da semana de chuva insuportável. Depois de penar com um resfriado no inverno, tô ressabiada com frio e chuva. Já detesto, pior ainda ficar doente.
Treino bem bom, com direito a 2km de trotinho depois de fechar os 24km. O estipulado era 23km, mas não gosto de número ímpar - e quis fazer a metade da meta. Muito massa conseguir fazer 1km a mais depois de uns treinos em que fechava a planilha naquelas de nem um passo a mais - sem falar das vezes em que não consegui cumprir.
Abandonei o hábito de voltar correndo da Redenção pro Parcão, perco muita velocidade naqueles 2-3km. Então termino na Redenção e volto caminhando. Ou às vezes num trotinho, como hoje. No total, 26km.
As ruas estavam muito movimentadas, não consegui chegar ao Gasômetro, lotado com a função farroupilha. Felizmente acaba nessa semana. E nessa semana vou dar uma puxada furiosa nos treinos. Não tem aquela de deixar pra trás. Não posso me dar a esse luxo.
Chegando em casa, a recepção da vitória. É muito amor. Recíproco.
Quanto mais ouço, mais quero ouvir. A atenção flutua entre a
letra, a melodia, a batida, as milhares de nuances da produção.
A ambientação me traz a sensação de água, piscina térmica indoor. Água tépida, o azul ondulante à meia-luz.
O som tiquetaqueante me parece um metrônomo. A passagem fluida do tempo.
E eu flutuando nesse cenário, imersa em mim, na música, alheia ao tempo e espaço externos.
E agora essa versão de uma hora. Já vai pro iPod.
Hoje vou correr muito tempo. E boa parte dele com Kendrick Lamar, pra sempre na trilha sonora de minha vida - e das minhas corridas.
[Streaming Intro: Kendrick Lamar] Damn, love or lust Damn, all of us
[Physical Intro: Kid Capri] We still lettin' it spin, y’all Here we go!
[Chorus: Zacari & Kendrick Lamar] Give me a run for my money There is nobody, no one to outrun me (Another world premiere!) So give me a run for my money Sippin' bubbly, feelin' lovely, livin’ lovely Just love me I wanna be with you, ayy, I wanna be with Just love me, just love me, just love me I wanna be with you, ayy, I wanna be with Love me I wanna be with you Love me, just love me
[Refrain: Kendrick Lamar & Zacari] If I didn't ride blade on curb, would you still love me? If I minimized my net worth, would you still love me? Keep it a hundred, I'd rather you trust me than to love me Keep it a whole one hund': don't got you, I got nothin'
[Verse 1: Kendrick Lamar] Ayy, I got somethin' Hol' up, we gon’ function, no assumptions Feelin’ like Tyson with it Knock it out twice, I'm with it Only for the night, I’m kiddin' Only for life, you're a homie for life You're a homie for life, let’s get it Hit that shoulder lean I know what comin' over mean Backstroke oversea I know what you need Already on ten, our money come in All feeling go out, this feeling don't drought This party won't end
[Refrain: Kendrick Lamar & Zacari] If I didn't ride blade on curb, would you still love me? If I minimized my net worth, would you still love me? Keep it a hundred, I'd rather you trust me than to love me Keep it a whole one hund': don't got you, I got nothin'
[Chorus: Zacari & Kendrick Lamar] Give me a run for my money There is nobody, no one to outrun me So give me a run for my money Sippin' bubbly, feelin' lovely, livin' lovely Just love me I wanna be with you, ayy, I wanna be with Just love me, just love me, just love me I wanna be with you, ayy, I wanna be with Love me I wanna be with you Love me, just love me
[Verse 2: Kendrick Lamar] I'm on the way We ain't got no time to waste Poppin' your gum on the way Am I in the way? I don't wan' pressure you none I want your blessing today Oh, by the way, open the door by the way Told you that I'm on the way I'm on the way, I know connection is vague Pick up the phone for me, babe Damn it, we jammin' Bad attitude from yo' nanny Curves and your hips from yo' mammy Remember Gardena, I took the studio camera I know Top will be mad at me I had to do it, I want your body, your music I bought the big one to prove it Look what you made Told you that I'm on the way I'm like an exit away, yep
[Refrain: Kendrick Lamar & Zacari] If I didn't ride blade on curb, would you still love me? If I minimized my net worth, would you still love me? Keep it a hundred, I'd rather you trust me than to love me Keep it a whole one hund': don't got you, I got nothin'
[Chorus: Zacari & Kendrick Lamar] Give me a run for my money There is nobody, no one to outrun me So give me a run for my money Sippin' bubbly, feelin' lovely, livin' lovely Just love me I wanna be with you, ayy, I wanna be with Just love me, just love me, just love me I wanna be with you, ayy, I wanna be with Love me I wanna be with you Love me, just love me
Sábado com a família estendida do trabalho. Café colonial, porque a gente nunca se economiza na comida, na bebida. Na parceria. Na alegria e conforto de estar junto. É exatamente como reunião de família. Cada um do seu jeito, com as suas manias. Todos unidos pelo afeto.
Fazia um tempo que não me atirava no rap. Aí apareceu Kendrick Lamar numa seleção aleatória do Spotify (app do qual não consigo gostar, fico no YouTube) há uns meses. O álbum Damn é soberbo. "LOVE.", com o vocal suave de Zacari (que inicialmente pensei que fosse mulher), é escandalosamente sexy, meiga, hipnotizante. E que declaração de amor! Confirmada no iPod, eu correndo e cantando: "Just lo-oo-ve me, I wanna be with you, ay, I wanna be with you".
Hoje foi dia de repassar a carreira de Kendrick Lamar e conhecer Isaiah Rashad, Lil Uzi Vert, Migos, Future, Gucci Mane. Umas pitadas de Nicki Minaj, Drake, Lil Wayne, Dr. Dre.
É tanta, mas tanta música que eu precisaria trabalhar no ramo pra poder ouvir pelo menos uma fração.
Música negra sempre. De samba a funk. De rap a pop. Até no pouco de rock que aprecio.
Com exceção de música clássica e música árabe, tudo o mais que ouço é basicamente de raiz negra.
Mas o inesperado, o que mais uma vez fez a diferença, foi o atendimento totalmente fora do padrão habitual. Tenho esse Ray-Ban Orb há mais de vinte anos. As ponteiras e plaquetas não eram fixas, e acabei perdendo as pecinhas. Fui em várias óticas tentar achar reposição ou algum substituto possível. Nunca consegui. Os óculos ficaram numa gaveta por mais de uma década.
No início da semana, tive a brilhante ideia de levar no Centro Óptico pra ver o que dava pra fazer. Ficaram com ele sem compromisso. E o que fizeram foi sensacional. Ponteiras e plaqueta fixas, mais bonitas e muito, mas muito melhores que as originais.
E teve mais. Meu Ray-Ban Jackie Ohh teve as hastes levemente abertas para ficar mais confortável. Ele apertava minha cabeça, e eu não conseguia usar por muito tempo esse que é meu favorito pra beira da praia e dias de solaço de verão. Quando falei dele, antes de levar, o atendente avisou que o material do Jackie Ohh é muito rijo, que não daria pra mexer muito. Mas o pouco que as hastes cederam deve ser o suficiente pra garantir o conforto.
Em duas semanas, três óculos de prescrição e dois solares totalmente renovados. E, no Dia do Cliente, a cliente aqui megassatisfeita e feliz.
Transtorno de personalidade borderline. TPB. Borderline personality disorder. BPD.
Só é diagnosticado após os 18 anos, mas pode se manifestar na infância.
No meu caso começou muito cedo, anos antes da alfabetização. Lembro das minhas unhas ruídas até a metade. Lembro de me olhar no espelho e não saber quem era aquela menina sombria (e feia - eu me achava muito feia) que eu via refletida. Lembro da sensação de vazio. Lembro do medo paralisante de me perder, de ficar sozinha. Lembro da dor. Lembro da tristeza. Lembro do desamparo.
Ambiente muito hostil. Abuso. Mãe doente.
Ontem, prestes a completar dois anos de terapia, tive uma sessão extraordinária. Pela primeira vez pedi para ser medicada. Eu já tomo uma medicação, mas por sugestão da terapeuta, porque eu nunca quis por livre vontade. Já havia usado antidepressivos, parei por conta própria no verão. No outono a coisa desandou, e há alguns meses tomo lamotrigina, "antiepilético usado também atualmente como estabilizador de humor para os casos de pacientes com o espectro bipolar". (Só agora, pra escrever aqui, fui pesquisar a bula da lamotrigina. Sei que é para estabilizar meu humor, mas não sabia que era no espectro bipolar.)
"Para quê?", perguntou Letícia, quando eu disse que queria ser medicada. "Para não sentir o que eu sinto, para não sentir as coisas do jeito que eu sinto. Para não me sentir do jeito que eu me sinto." Porque tenho feito tudo o que posso para me manter estável. Trabalho. Alimentação. Meditação. Treino. Mas nada basta. Do nada vem a turbulência. Onda. Ventania. Explosão. Não consigo prever. Não consigo impedir. E me desgasto muito no esforço de reestabilização.
Pela primeira vez pedi para ser medicada e pela primeira vez perguntei qual era o meu diagnóstico clínico. O que é isso que eu tenho? Letícia foi reticente e muito cuidadosa. Mas é isso. Transtorno de personalidade borderline. Muito bem resumido na Wikipedia (https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtorno_de_personalidade_lim%C3%ADtrofe). Ler esse artigo foi ler uma descrição de mim mesma. Foi um alívio. Não é um rótulo, eu não sou isso. Sou muito maior que isso. Mas isso faz parte da minha personalidade. É algo com que tenho que viver. Aprender a conviver. Não posso ser outra pessoa, mudar a personalidade não é algo exatamente viável. Mas posso me manter basicamente estável. Além da terapia, comecei a usar a risperidona, um antipsicótico, "um composto que possui um efeito eficaz sobre um certo número de
transtornos, geralmente relacionados com o pensamento, com as emoções ou
com as atividades. (...) Melhora também a ansiedade, a tensão e o estado mental causados por
estes transtornos, sendo também utilizada para manter os distúrbios sob
controle".
O transtorno de personalidade borderline causa muito, muito sofrimento. Mas não apenas isso. Tem também um lado muito positivo: "Pessoas com TPB são excepcionalmente idealistas, alegres e amorosas". Eu sou assim. E pretendo me manter mais nesse polo, próximo dele. Isso é possível.
A pessoa aqui tenta não ser intolerante. Mas é impossível aceitar e respeitar o ponto de vista de gente que pretende censurar manifestações artísticas por se sentir ofendida nas suas crenças religiosas e morais. Que direito essa gente acha que tem de impor seus princípios, sua moral, seu deus e sua religião? Na arte e na sociedade em geral.
À ignorância e à intolerância junta-se a burrice, outra irmã ou talvez prima.
Porque olhar para essas obras e ver apologia à pedofilia e à zoofilia só sendo muito BURRO. Opa, burro e burrice são palavras para as quais preciso encontrar substitutas mais adequadas. São uma ofensa aos pobres animais.
Amanhã lá na frente do Santander Cultural pra protestar contra o avanço do obscurantismo, do conservadorismo. Da burrice, na falta de termo melhor por enquanto.
Horrorizada com o avanço dessa horda de "gente de bem".
"Cruzando Jesus Cristo Deusa Schiva", 1996, Fernando Baril
"Travesti da lambada e deusa das águas", 2013, Bia Leite
O regenerativo de hoje foi no calorão. Coisa boa. Fazia tempo que não me sentia bem correndo em alta temperatura (também não estava assim uma maravilha em temperaturas amenas). Mas hoje foi ok. E bom mesmo foi que havia menos muvuca nos parques. Porque é difícil. Em dia perfeito é corrida com obstáculos: gente que se recusa a dar um mísero passo pro lado ou que não olha por onde anda, cachorro solto (fui atropelada por um na Redenção há dois finais de semana, que ódio, por sorte não me esborrachei), criança, bicicleta.
Sempre curti treinar/correr no horário do meio-dia. Abandonei o hábito nos últimos anos, e agora só dá nos finais de semana.
A falta de vontade de usar protetor solar no corpo inteiro já está me deixando com aquele bronzeado diferenciado. Mas das tattoos estou cuidando direitinho. Faço um block de FPS 30 nos braços e na canela. Logo terei que passar também nos flamboyants, ainda que fiquem por baixo da camiseta. Na real, tá na hora de passar filtro por tudo.
Por quê? Porque sim, ora bolas.
Feliz com o calor, livre das camadas e camadas de roupas pra treinar.
Plenamente adaptada aos saiotes pra correr. Muito melhor que shorts e muito mais bonito que calção. Visual arrumadinho. Trabalhado numa lycra.
No final da tarde de sábado, um lindo desenho colorido no céu.
Esse pedaço de céu entre os prédios que avisto do terraço muitas vezes proporciona visões belíssimas. Como ontem. Momento pra fazer uma pausa, sentar no deck e simplesmente apreciar.
É bastante frequente eu olhar o céu e lembrar da alegoria budista sobre a mente/base e os fenômenos. O firmamento amplo, ilimitado, todo-abrangente, acolhe as nuvens, sóis, planetas, galáxias, buracos negros, tudo, assim como a mente acolhe todos os pensamentos, mas não é esses pensamentos.
Dor faz parte. E tem que reconhecer, admitir e liberar. Ou vira sofrimento.
Pois bem, no treino de hoje finalmente consegui lidar de boas com o desgaste e a (pouca) dor. Não rolou sofrimento. Encaixei 21km sem parar. Primeiro longão sem quebrar depois de dois que não fluíram. Falei pro treinador ontem que não estava conseguindo, que deixaria pra ele decidir o que fazer. A resposta me deixou segura. "Fica tranquila que vai dar tudo certo. Vai dar os 48 sim." Então tá.
Na vida em geral, outro insight, dessa vez durante a corrida. Nos primeiros quilômetros, no trecho Goethe-Vasco da Gama, minha mente teve um vislumbre. Algumas coisas doem. E é normal que doam. Mas o sofrimento pode ser reduzido/eliminado. Seguindo o protocolo de Joe Dispenza e a instrução de minha terapeuta, examinei os motivos de sofrimento sem tentar recalcar ou sublimar. E concluí que o sofrimento era causado por meus mecanismos para lidar com a dor. Em vez de dissipar, estava reforçando. Em vez de aceitar a emoção primordial, estava tentando mascarar com outras. Então tá.
Sei o que sinto. Sei que ser honesta comigo vai me fazer bem. Sei que devo observar, reconhecer e entregar pro universo. E sei que não devo fazer nada além de manter a mente aberta e atenta, pra pegar as recaídas nos velhos padrões e no mesmo instante ordenar: "Mude!".
Amor não rima com dor. Menos ainda com sofrimento.
Amor é desejar felicidade.
É nessa onda que quero vibrar. O resto não faz parte da realidade que estou criando.
Óculos novos com as lentes antigas. Tô naquelas de que preciso ter sempre uns óculos à mão. No verão coloquei lentes numa armação que era da minha mãe. Péssima ideia. Estrutura frágil demais, os óculos simplesmente entortavam o tempo todo. Levava na ótica, mas haja saco. E haja saco trabalhar horas e horas com óculos desconfortáveis, que não se ajeitam direito no rosto.
Ontem fui na ótica mais uma vez pra ajeitar. Toda vez que ia eu procurava uma armação em que pudesse colocar as lentes, de ótima qualidade e no grau correto, confirmado na ida ao oculista neste inverno. Nunca tinha.
Tive eu então a brilhante ideia de dar uma passada no Centro Óptico (https://www.facebook.com/CentroOpticoPoa/), na Luciana de Abreu. Em meia hora me tornei cliente fiel. Fui atendida por Rodrigo Ribeiro, impecável nos detalhes. Não havia apenas um modelo de tamanho compatível com as minhas lentes, mas três - lindos e modernos. Que ele me mostrou depois de eu dizer muito sucintamente que tipo de armação eu curto. Talvez houvesse outros, mas Rodrigo foi direto nas minhas especificações, o que já me encantou. Detesto especificar uma coisa e o atendente trazer algo que simplesmente não tem nada a ver. Optei por esse das fotos, púrpura (oh, Prince).
Eu havia levado uma armação maravilhosa que Lízia deixou de usar. Rodrigo me convenceu, mediante um preço ótimo e parcelamento conforme eu precisava, a já fazer lentes pra essa armação também. Lentes melhores que as minhas, pra usar diante da tela do computador.
O resultado é que agora terei três pares de óculos. A nova armação com as lentes reaproveitadas foi entregue ontem à tardinha. Aproveitei pra levar meus óculos titulares, que têm pelo menos dez anos. Rodrigo trocou as plaquetas e deu uma reajustada geral. Amo o veterano, seguirei usando. Mas o fato é que ele se encaminha para a aposentadoria. O dourado da armação já oxidou em vários pontos.
Óculos no meu caso é instrumento de trabalho. Não dá pra vacilar. Agora encontrei um local onde ficou muito melhor tratar desse assunto vital.
Quando o trabalho é mais que um prazer. É também aprendizado. Bem, sempre é aprendizado. Eu sempre aprendo muito com cada tradução, cada edição.
Mas um livro está sendo instrumental para minha vida e minha prática meditativa. Breaking the Habit of Being Yourself, a ser lançado como Quebrando o hábito de ser você mesmo, de Joe Dispenza. Uma abordagem que muito me interessa - a criação da realidade pelo indivíduo. A possibilidade de criar a vida que se deseja, rompendo os hábitos que produzem uma vida que não se deseja ou a repetição de padrões que não contribuem para a saúde e a felicidade.
O livro é acompanhado de meditações guiadas, vendidas no site do autor. Baixei e estou ouvindo. Praticando. Fascinante.
Na sexta à tarde, saindo da manicure, em plena Padre Chagas, um vislumbre disparou uma série de emoções e sensações. E da observação destas veio insight sobre a emoção que quero eliminar, que se manifestou na primeira infância e se percolou por todas as minhas experiências.
Exercitei o protocolo de Joe Dispenza: detectei a emoção perturbadora que quero desmemorizar da minha mente e do meu corpo, identifiquei o estado mental associado a essa emoção, reconheci quem eu sou e o que eu escondia, entreguei tudo para a inteligência quântica reconfigurar o todo de forma benéfica para mim e manifestei gratidão.
Todo esse processo me remeteu ao Ho'oponopono, minha amada meditação, tão importante para mim que gravei na mente e no corpo, tornei parte da minha existência. No corpo, gravei inclusive literalmente. Uma linda tatuagem. Um sincero pedido de desculpas e de perdão. Uma sincera declaração de amor e de gratidão. Para mim. Para você. Para todos os seres e fenômenos de minhas incontáveis vidas.
Não tenho mais as minhas aqui. Foram para um local muito melhor. Um jardim com bastante espaço pra crescerem. Com muro pra se enroscarem. Nos vasos elas não eram felizes. E eu quero que as plantas sejam tão felizes quanto eu fico feliz ao vê-las exuberantes.
Meu olhar de hoje fixou-se nessa bougainvillea na ponte do Parcão, a caminho da academia. Ela e suas irmãs e os ipês que se emaranham dos dois lados da ponte me seduzem e alegram ano após ano.
Noite suave.
Jazz.
Cerveja artesanal.
Petiscos.
Brownies.
Funk.
E aquela tranquilidade e espontaneidade que se sente e compartilha entre amigos verdadeiros na conversa que flui mansamente.
Eu chego, e eles vêm pro conferes. Trocamos olhares, afagos, energias. E eles vão adiante. Ou se acomodam pertinho. Sem stress. Sem cobranças. Vida de gato.
Ganhei esse raminho de manjericão. Segui as instruções. Deixei num copo d'água por cerca de três semanas. E aconteceu exatamente o esperado: nasceram as raízes. Aí foi pro vasinho.
E tô cuidando, olhando e sonhando com as bruschettas, pizzas e molho pesto. Hahaha. Menos, Lúcia Brito. Bem menos, Dakini Cozinheira Voraz.
Nos conhecemos em 1987, ele na Ipanema FM, eu na Bandeirantes FM. Ele e a Élida estão casados há 35 anos. Eles me deram o amado Teddy Boy Marino. A gente se ama, mas fica anos e anos sem se ver. Agora nos reaproximamos. E espero que o convívio seja mais constante.
Amizade que ignora o passar do tempo. Quando nos reunimos, seguimos falando como se tivéssemos nos visto ontem.
Gatos, música, maconha, cinema, comida, religião, devaneios, loucuragem, fantasias sexuais. É muito assunto, muita atividade. Muito amor.