domingo, 16 de novembro de 2008

Cebb

Mais um fim de semana de retiro. Ouvi meu lama ensinar sobre o Vajracchedika, o Sutra do Diamante. De pirar o cabeção. A budista relaxada aqui nunca havia lido o Vajracchedika e ficou embasbacada. Nada de Caminho do Ouvinte, nem Sutrayana, nem Tantrayana. O lance é Guru Yoga, só assim pra realizar a sabedoria da vacuidade. Tem que pensar como um buda, ter a mente de buda. Tudo o mais é conceitualização.
Enfim, mesmo com minha limitadíssima capacidade, tive vislumbres que me fizeram sorrir e brilhar.
Forma é vazio. Vazio é forma. Mas forma é forma. E vazio é vazio. É e não é. Nada para afirmar, nada para negar, porque é tudo conceitualização dual. É igual, é diferente, não é igual, não é diferente. É inexprimível e inescrutável.
Minha primeira percepção disso foi no retiro com monge Gabriel. A teoria, o conhecimento cognitivo, começa a adquirir um outro sabor.
E cada vez mais Samantabhadra me atrai.

Eu sou um fenômeno. Não sou capaz de citar as Quatro Nobres Verdades. Não sei de memória o Nobre Caminho Óctuplo. Há pouco aprendi a ordem das Quatro Qualidades Incomensuráveis, e só neste fim de semana enfim consegui reter as Seis Perfeições em ordem. Também neste findi, finalmente a anta budista integrou o significado dos 3 venenos representados pelo javali, a cobra e o galo. As dez ações não-virtuosas (que muito cometo) também não sei citar de memória. Nem vou comentar o que sei sobre os 12 Elos do Surgimento Dependente... (Esse é um tema traumático; o primeiro livro de Sua Santidade o Dalai Lama que traduzi foi O Sentido da Vida, sobre os 12 elos. Eu mal havia me aproximado do budismo, não sabia nada e deparei com um ensinamento do Dalai Lama editado por Jeffrey Hopkins, erudito cujo estilo não me atrai, se é que você me entende...)
Em resumo, sou uma vergonha no básico.
Mas é falar em Samantabhadra/Vajradhara, Prajnaparamita, Dzogchen, Mahamudra, sabedoria da vacuidade, verdade absoluta e relativa, e eu me assanho toda. Não é por acaso que me conectei ao lama Padma Samten, que se concentra no estudo do Prajnaparamita e do Vajracchedika.
Mas vou tratar de estudar mais os fundamentos. E recitar mantras. E meditar.
Essa é minha idéia de aproveitar a vida.
:)

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