terça-feira, 24 de abril de 2012

Diário pré-cirurgia - 2. Resolvido

A consulta com o neurocirurgião Albert Brasil, marcada para as 14h30min de hoje, foi antecipada para as 8h15min. Ele mesmo ligou ontem à tardinha pra pedir a alteração. Gostei. Gosto de médicos acessíveis, evito os que não são encontrados a não ser nas consultas. E fujo dos que se acham deuses.
Gostei mais ainda ao conhecê-lo. Jocemar e Rotta haviam dito que ele só propõe cirurgia depois de todos os tratamentos conservadores serem testados. Rotta me disse que eu informasse que meu tratamento com gabapentina fora conduzido por ele, e que ele considerava meu caso intratável por métodos conservadores, pra evitar uma proposta nessa linha. Falei isso, e meu novo médico riu. Mas isso foi mais no final da consulta, quando já estávamos mais descontraídos.
De início a conversa foi mais formal. Cheguei dizendo que queria operar - acompanhada do ex-marido, que fez adendos pra ressaltar que, se eu dizia que queria ser operada, era porque estava realmente mal, que, se não estava treinando, era porque estava totalmente incapacitada, que minha carga diária de treino era enorme e que minha tolerância a dor era altíssima. Tudo verdade, mas eu não falaria essas coisas. O neuro puxou o freio de mão e quis saber por que eu achava que a cirurgia resolveria. Contei minha história de altos e baixos. Ele fez perguntas pontuais e me examinou. Depois falou longamente sobre as coisas ruins que podem acontecer no pós-operatório. E foi muito reticente sobre o que eu posso esperar. Eu reafirmei a decisão de operar - porque eu e meu médico achamos que não há outro caminho. (Eduardo vinha me perguntando há semanas por que eu não operava de uma vez, ele sabia que eu jamais quis, e ontem, quando liguei pra contar que minhas chances e esperanças haviam acabado, ofereceu-se pra ir comigo nessa consulta - e foi muito bom ter companhia.)
Agora a data da cirurgia depende das tratativas do hospital com o plano de saúde. Por mim eu faria amanhã. Como eu disse na consulta, durante todo o tempo que convivi com a hérnia jamais cogitei operar, eu sabia que teria que enfrentar crises eventuais e estava conformada com isso. Eu não operava porque não queria abrir mão de meu estilo de vida. Mas faz dois meses que meu estilo de vida inexiste, e há 24 dias não tenho sequer qualidade de vida.
É provável que minha carreira de maratonista tenha acabado. Não creio que meus médicos achem sensato eu voltar a fazer maratona por melhor que seja a recuperação. Não estou interessada nisso agora. Em todo caso, se a porta da corrida for fechada, com certeza haverá várias janelas abertas.

9 comentários:

  1. Querida Lúcia, tenho certeza que muitas portas e janelas vão se abrir para ti - é só questão de tempo e paciência!
    Viver é enfrentar desafios todos os dias - faz parte da nossa evolução!
    beijos muito carinhosos e saudosos
    Adorei teu blog!

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    1. Querida!
      Que saudade! Que bom que veio aqui! Esse meu blog era "secreto", ninguém sabia dele, agora tenho postado links no FB, aí as pessoas podem dar uma olhada.
      Estava mesmo conversando com a Dani e outra amiga (tudo pelo FB), estou animada e confiante. Um ciclo fechou-se, outro está prestes a começar. E vai ser bom. :)
      Beijos. E até breve!

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  2. Eu sabia que existia e confesso q me choquei ao ler:

    É provável que minha carreira de maratonista tenha acabado. Não creio que meus médicos achem sensato eu voltar a fazer maratona por melhor que seja a recuperação.

    Torço por ti, Lúcia!

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  3. Ciclos acabam e começam a todo tempo. Sou exemplo disso. Quase fui atropelado na rua por uma coisa trivial. ñ consegui correr 50 ou 60 metros para atravessar a rua quando o sinal abriu. Desse dia em diante, me senti incapacitado. Eu ñ conseguia subir escadas sem me apoiar. Vc chegou a ver mais ou menos isso pessoalmente. Por sorte ñ tive nenhuma situação q tivesse em feito forçar o rítmo da caminha señ vc ia ver o capenga em ação.. Minha cirurgia foi um sucesso, o q foi ruim foi minha pós recuperação. Culpa minha, culpa de um médico ruim e um pequeno acidente q tive na escada. Saí do plano( e olha q é dos melhores e tdas as garantias) contratei um médico especialista em traumatologia do esporte e um fisioterapeuta. Gastei uma furtuna em 7 meses de tratamento pós cirurgia q dava pra comprar quase aquela cadeira q vc postou faz pouco tempo.
    ************
    7 meses depois do início do tratamento e mais de 6 meses pós cirurgia me vejo ainda com dor e sem dinheiro pra continuar. O fisioterapeuta rresolve ñ me cobrar maispois depois de tudo q paguei para ele, ñ fiquei bom e ele aceitou esse desafio da minha cura. 1 mês e meio depois me sentia quase curado e recebi alta. Mtas lesões advindas de mto tempo afastado ocorreram. Mtas dores em locais q eu nem sabia q eu tinha. As dores do joelho( 1 ano e 3 meses de dores terríveis) já tinha ficado para trás Isso foi de ooutbro de 2009 qndo parei de correr...Decidi operar em janeiro de 2010 e só consegui vootar em outubro de 2011 e cá estou. Firme e forte na batalha. ñtenho o joelho esquerdo de antes. Mas eel estã uns 90% e sem dor. Agora tenho mto mais fé e determinaçao. Meu patrocínio se foi, a'' amigos'' se foram. Mtos q eu adorava. Decepções, fustrações, raiva, mágoa e eu cá estou falando com pessoas q eu nem deveria amis dirigir a palavra sabe pq ?! Hje sou mtoo mais forte q elas msmo. Mto mais forte do q eu era. Sigo e seguir em frente. Se hje eu parar de correr, paro de cabeça esqguida. Fiz tudo e enfrentei tudoo para está aqui agora. De pé. Correndo. Me preparando pra correr nos próximos 3 meses meio 4 provas. Inclusive uma meia maratona. Hje eu posso falar. Perdi medos. Consegui.

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  4. Força, Lúcia! Tenho acompanhado no blog esta "maratona", já que o meu marido também sofre com uma hérnia discal, com algumas crises por ano. Esteve a ponto de ser operado mas entretanto a decisão foi adiada porque ele superou uma grande crise com medicamento e descanso. Rezo todos os dias para que ele se mantenha estável. Faz 40 anos em Junho, mas também já se conformou que terá de lidar com muita dor para o resto da vida. Entretanto começou a correr pouco (média de 3-4 km) e voltou ao ginásio para se fortalecer, porque está farto que lhe digam que não pode fazer isto ou aquilo. A corrida fá-lo sentir -se bem mentalmente, acima de tudo.
    Desejo que tudo corra bem e que em breve possas referir-te a essa tormenta como coisa do passado.
    Beijos!

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  5. Reinaldo, Rafael e Lénia, fiquei completamente emocionada ao ler as mensagens de vocês. Estou com os olhos marejados. Desde que essa crise começou eu lutei muito pra manter o ânimo, pra preservar minha felicidade interna. Mas houve dias em que me senti terrivelmente só.
    Agora meus amigos estão todos aparecendo, e isso é (mais) uma dádiva do universo. Eu sou uma pessoa de muita sorte! Irei pra cirurgia amparada pelos pensamentos e orações de pessoas que me querem bem, e isso dá uma alegria, uma paz, uma felicidade imensas.
    Muito obrigada pelo carinho, pelo tempo que dedicaram a escrever pra mim. Vocês fizeram meu dia começar lindamente. Que todas as coisas boas que estão me desejando voltem em dobro pra vocês.
    Beijos e carinho.

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    1. Única coisa que gastei foram meus dedos escrevendo num teclado touch screen irritanfe.rsrs. Foi um prazer "perder" meu tempo por aki. Bjs

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  6. Rafael, simplesmente não entendi. Perdeu tempo????

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  7. E, se eu sou uma das pessoas com quem você não deveria estar mais falando, menos ainda posso entender.

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