Caindo de cansada, mas não posso deitar antes de registrar a grande, maravilhosa, sensacional e mais aguardada novidade - para mim. Voltei a treinar. Oficialmente. Com treinador.
Estava há tempos pensando onde e com quem treinar. Queria meu amigo Tauro Bonorino, mas ele atua em Canoas. Concluí que, na minha fase desmotivada, sem o treinador junto não ia rolar.
No sábado e domingo falei muito sobre isso com as amigas. Chego em casa domingo à noite, e o queridão e grande corredor Laírton da Silva me chama no Facebook pra saber se eu estava correndo. Laírton é incrível. Nos conhecemos na Perfect Run, equipe do Eduardo Schutz, com quem eu fiz minha melhor maratona. Desde então, ele volta e meia conversa comigo pra saber dos meus treinos. Eu, que não corro nada. E que parei de correr de vez no ano passado. (Desde a maratona de 2013 eu nunca mais consegui encaixar.) Laírton sempre me estimulava a voltar. Sempre.
No verão, Laírton me disse que um amigo dele, educador físico e corredor fera, Glenio Caetano Rodrigues, viria de Chapecó pra Porto Alegre em breve pra começar uma equipe de corrida. Pois então, no domingo à noite, falei pro Laírton que tinha corrido no final de semana, que tinha me entusiasmado de vez e que estava procurando uma equipe. "Treina com o Glenio!", disse ele. O amigo já estava em Porto Alegre e ia começar a trabalhar.
A vida mágica e abençoada de Lúcia Brito, Dakini Espertinha & Corredora. Laírton me deu o telefone do Glenio, falamos ontem, longamente. Ele me explicou a metodologia dele. Senti firmeza.
Hoje estreamos.
Aula particular.
Que aula!
Tudo que eu queria e de que precisava. Intensidade com curta duração.
Glenio combina a corrida com o treinamento funcional. Estreei com um circuitinho no Parcão. Misericórdia. Aquela meia hora que parece a eternidade mais um dia. Não dá tempo nem de gemer. Nem sobra fôlego pra gemer.
Como estou há muito tempo parada, saímos do zero. Preciso desenvolver força, resistência, coordenação motora, equilíbrio, melhorar a técnica. A corrida por enquanto é rodagem leve.
Hoje rodei 30 minutos depois do circuito. Ouvindo música. Curtindo a noite. A temperatura amena. E sentindo um tesão que não sentia desde maio de 2013. Lust for life, né non, Iggy Pop? I got a lust for life.
E, enquanto corria - lenta, pesada, mas inacreditavelmente viva, desperta, excitada -, caiu a ficha de que 2013 foi muito porrada. E tudo foi mais porrada dali em diante. E já tinha sido antes.
Em 2012 operei a coluna e encerrei um relacionamento. Em março de 2013, há quatro anos, internei a mãe. E dali pra frente as coisas saíram do prumo de vez. Eu saí do prumo. Quase dois anos da morte da mãe, e ainda não veio à tona tudo que recalquei desde 2008, quando passei a cuidar dela.
Hoje, no Parcão, a frestinha por onde as emoções que eu calei estão começando a sair abriu-se mais um pouco. Foi por essa fresta que a Dakini Corredora escapuliu no sábado, correndo com a amiga Verônica em Canoas.
A propósito: Dakini significa "andarilha do céu".