Libra me deixou nua de palavras com as palavras lindas de Caio Fernando Abreu.
Libra, soul-sister, espelho de mim, me entende e me traduz em poesia. E torna um ser de Capricórnio poético, quem diria! Libra me deixa brisada. :)
Só tenho olhos e ouvidos para a beleza, a harmonia.
Libra traz novos ares.
Zero grau de Libra
Caio Fernando Abreu
Sol entrou ontem em Libra. E porque tudo é ritual, porque fé, quando não se tem se inventa, porque Libra é a regência máxima de Vênus, o afeto, porque Libra é o outro (quando se olha e se vê o outro, e de alguma forma tenta-se entrar em alguma espécie de harmonia com ele), e principalmente, porque Deus, se é que existe, anda destraído demais, resolvi chamar a atenção dele para algumas coisas. Não que isso possa acordá-lo de seu imenso sono divino, enfastiado de humanos, mas para exercitar o ritual e a fé - e para pedir, mesmo em vão, porque pedir não só é bom, mas às vezes é o que se pode fazer quando tudo vai mal. Nesse Zero Grau de Libra, queria pedir a isso que chamamos de Deus um olho bom sobre o Planeta Terra, e especialmente sobre a cidade de São Paulo. Um olho quente sobre aquele mendigo gelado que acabei de ver sob a marquise do Cine Majestic; um olho generoso para a noiva radiosa mais acima. Eu queria o olho bom de Deus derramado sobre as loiras oxigenadas, falsíssimas, o olho cúmplice de Deus sobre as jóias douradas, as cores vibrantes. O olho piedoso de Deus para esses casais que, aos fins de semana, comem pizza com Fanta e Guaraná pelos restaurantes, e mal se olham enquanto falam coisas como: "você acha que eu devia ter dado o telefone da Catarina à Eliete"? e o outro grunhe em resposta. Deus, põe teu olho amoroso sobre todos os que já tiveram um amor, e de alguma forma insana esperam a volta dele: que os telefones toquem, que as cartas finalmente cheguem. Derrama teu olho amável sobre as criancinhas demônias criadas em edifícios, brincando aos berros em playgrounds de cimento. Ilumina o cotidiano dos funcionários públicos ou daqueles que, como funcionários públicos, cruzam-se em corredores sem ao menos se ver, nesses lugares onde um outro ser humano vai se tornando aos poucos tão humano quanto uma mesa. Passeia teu olhar fatigado pela cidade suja, Deus, e pousa devagar tua mão na cabeça daquele que, na noite, liga para o CVV. Olha bem o rapaz que, absolutamente só, dez vezes repete Moon Over Bourbon Street, na voz de Sting, e chora. Coloca um spot bem brilhante no caminho das garotas performáticas que para pagar o aluguel tão duro como garçonetes pelos bares. Olha também pela multidão sob a marquise do Mappin, enquanto cai a chuva de granizo, pelo motorista de taxi que confessa não ter mais esperança alguma. Cuida do pintor que queria pintar, mas gasta seu talento pelas redações, pelas agências publicitárias, e joga tua luz no caminho dos escritores que precisam vender barato seu texto. Olha por todos aqueles que queriam ser outra coisa qualquer a que não a que são, e viver outra vida se não a que vivem. Não esquece do rapaz viajando de ônibus com seus teclados para fazer show na capital. Deita teu perdão sobre os grupos de terapia e suas elaborações da vida, sobre as moças desempregadas em seus pequenos apartamentos na Bela Vista, sobre os homossexuais tontos de amor não dado, sobre as prostitutas seminuas, sobre os travestis da República do Líbano, sobre os porteiros de prédios comendo sua comida fria nas ruas dos Jardins. Sobre o descaramento, a sede e a humildade, sobre todos que de alguma forma não deram certo (porque, nesse esquema, é sujo dar certo), sobre todos que continuam tentando por razão nenhuma, sobre esses que sobrevivem a cada dia ao naufrágio de uma por uma das ilusões. Sobre as antas poderosas, ávidas de matar o sonho alheio. Não. Derrama sobre elas teu olhar mais impiedoso, Deus, e afia tua espada. Que no zero grau de Libra, a balança pese exata na medida do aço frio da espada da justiça. Mas para nós, que nos esforçamos tanto e sangramos todo dia sem desistir, envia teu Sol mais luminoso, esse Zero Grau de Libra. Sorri, abençoa nossa amorosa miséria atarantada.
Libra can read me so easily.
I've showed her the botanical picture:
"O primeiro da esquerda para a direita... arrebatador!", disse ela.
"Sou eu."
"Então... a mais bela e arrebatadora de todas!"
"Consegue imaginar as outras quem são? Acho que não, né?"
"Consigo. A última, de uma cor semelhante à tua, é a tua pequena."
"Acertou."
"A segunda tua mamãe... e a terceira tua sister."
"Nossa. E como pode?"
"Como assim como pode? Para mim pareceu tão óbvio..."
Soul-sister.
Um mês da morte de George Michael no dia 25. Passei a semana cantarolando um trechinho dessa música - "Come back to me darling/ I will make it worth your while/ Come on back to your baby/ I miss your kiss/ I miss your smile" -, uma das coisas mais sexies ever o modo como ele canta isso. OMG. De derreter a pessoa. Pra mim não precisaria dizer duas vezes. E não considero uma coisa straight. O melhor dos mundos, isso sim. Pra mim homens como GM estão perto da perfeição. Mas homem como GM por aqui não tem. E, se tem, o interesse é por homens. Oh desgraça. Enfim, samsara é vasto.
Ouvia muito GM quando terminei um namoro em 2006/2007, o primeiro depois do final do casamento. Wow, ten years now. E essa música, uma das minhas favoritas dele.
So every day I see you in some other face
They crack a smile, talk a while
Try to take your place
My memory serves me far too well
I just sit here on this mountain thinking to myself
You're a fool, boy
Why don't you go down
Find somebody
Find somebody else
My memory serves me far too well
It's not as though we just broke up
It's not as though it was yesterday
But something I just can't explain
Something in me needs this pain
I know I'll never see your face again
C'mon now
I've got to be strong now
Now everybody's talking about this new decade
Like you say the magic number
Then just say goodbye to
The stupid mistakes you made
Oh, my memory serves me far too well
Don't you know that
The years will come and go
Some of us will change our lives
Some of us still have nothing to show
Nothing, baby
But memories
And if these wounds
They are self-inflicted
I don't really know
How my poor heart could have protected me
But if I have to carry this pain
If you will not share the blame
I deserve to see your face again
C'mon now
You don't have to be so strong now
Come back
Come back to me darling
I will make it worth your while
Come on back to your baby
I miss your kiss
I miss your smile
Seems to me the peace I search to find
Ain't gonna be mine until you say you will
Don't you keep me waiting for that day
I know
You hear these words that I say
I know
You can't always get what you want..
Nunca tinha feito isso. Sentar na sacada e olhar o mar.
Talvez porque fosse uma das lembranças mais vívidas de minha mãe aqui. Um dos motivos pra ela ter escolhido esse apartamento foi a visão de uma nesga de mar. Na época não tinha esse prédio ao lado, que retirou preciosos centímetros da vista.
Não que eu não aproveite a sacada. A primeira coisa quando chego e quando acordo é sempre ir ali olhar o mar. Já fiz montes de fotos, inclusive. Fotos do mar, fotos minhas, foto de beijos numa noite. Mas foi a primeira vez que sentei especificamente virada para o mar, pra curtir essa vista, como a mãe fazia.
É o primeiro verão em que venho para cá e não sofro com as memórias. Lembro de tudo. Inclusive das coisas horrorosas. Mas me apaziguei. Lembro basicamente dos momentos bons que ela teve aqui. De todas as pequenas coisas que eu pude fazer por ela. Eu e as babás queridas, que cuidavam dela no dia a dia. Mesmo quando as coisas horrorosas aconteciam, a gente conseguia reverter. E a mãe estabilizava de novo.
Não sinto dor (aguda). Não sinto saudade. Sinto carinho. Sinto amor.
A alegria e satisfação de concluir um trabalho com muita qualidade.
Receber um telefonema da Négina's avisando que as saias-shorts que encomendei haviam chegado. Ir lá e ser superbem atendida. Cliente conhecida já sou.
Caminhar à tardinha, curtindo o clima ameno. O pé melhorando, mas de chinelo e meia.
Dar uma chegada no mar, quente e límpido. Fazer fotinhos.
Olhar o céu rosado de verão. Nuvens belíssimas.
Jantar uma lasanha maravilhosa, preparada com todo o esmero.
Transbordar de paz, contentamento, alegria e felicidade.
Simplicidade. Singeleza.
Libra disse que sou pura poesia e que a deixei nua de palavras. "Podem nos dar DELÍRIOS... nós merecemos", disse ela. Quantas possibilidades nessa frase. Brincando com as palavras. De-lírio. Eu deliro.
Ser de Capricórnio anda muito pensante e falante. Há quem me considere tagarela demais e não se interesse pelas minhas ideias e palavras. Tranquilo. Faz parte aprender a trocar essas palavras com quem quer e gosta. Reciprocidade. Sincronicidade.
Todavia não me considero poética. Ser de Capricórnio está mais para a prosa e a crônica. Mas vejo tanta, tanta beleza em tantas coisas boas. Olho pra isso. E fecho os olhos e a mente-coração para o que não me faz bem. Cuidando de mim. Me tratando bem.
Nada como final de semana pra trabalhar adoidado. Rá!
O dia inteiro num texto da Stricher Comunicações, enfim concluído com sucesso. E qualidade.
Agora tomar banho, dar uma volta e cumprir uma promessinha. :)
Estou em jejum. Acordei sem fome, como sempre. Muito chimarrão, muito trabalho. Zero vontade de comer. Mas já está montada uma linda lasanha de molho de tomate, queijo e massa pra depois do passeio.
Esqueci três coisas nessa vinda: dos óculos de leitura, do relógio de corrida e do novo pacote de erva-mate. Achei que seria pior sem os óculos, mas foi tranquilo.
A produção de conteúdo me deixa elétrica. E com vontade de trabalhar mais. E escrever mais. E aí o tempo passa, e não desgrudo do notebook.
Tigrinha Pé-queimado é forçada a andar de meia. Pelo menos desde ontem com essa sandália Timberland, que comprei há muito tempo, quando rasguei a sola do pé direito numa âncora e fiquei um tempão sem poder calçar quase nada. Agora quero dar um pulinho na beira-mar. E vai ter que ser nesse esquema ridículo. Afff.
Hoje teve a TTT, Travessia Torres-Tramandaí. Coisa que tanto me interessou em outra época, outra vida.
Preciso sair da frente dessa tela e dar uma arejada. Já.
Meu numeral favorito é 8. Conta de Oxum. E a lemniscata.
Os numerais que amo são 8 e 4. Não gosto de 6.
Sempre números pares. Em tudo.
Quando compro vegetais ou frutas, tipo cebola e pêssego, sempre pego números pares. Sempre.
No restaurante japonês, sempre pego niguiris e sushis em pares também. Até porque uma vez li que era a tradição japonesa.
Observando minhas tatuagens de flor, são todas pares. Duas rosas, duas flores de flamboyant, quatro flores da ornamental que emoldura meu Ho'oponopono (a flor em si e três botõezinhos). E até dois lótus, por "acaso". Eu tinha um lótus acompanhando o Mani em tibetano. E no final do ano fiz o lótus que compartilho com Lízia. Lótus duplo na minha pele. E lótus duplo com o melhor de mim.
São dez flores em meu corpo. Se as coisas correrem como me ocorreram agora, serão 16 um dia. Esse é outro dos meus favoritos. Uma dupla de 8. Um quarteto de 4.
Um acontecimento totalmente imponderável no domingo passado foi a chave.
Vi com clareza cristalina que só havia uma coisa a fazer: nada.
E foi o que fiz. Nada.
Porque nada do que eu fizesse seria bom.
Tudo me doeria. Tudo me causaria sofrimento. Tudo me machucaria.
Qualquer ação seria uma autoagressão. Como roer os dedos.
No momento em que decidi não fazer nada, a vontade de roer os dedos diminuiu. Não apenas ali. Diminuiu desde então. E, quando começo a mexer nos dedos, percebo o que estou fazendo. E em geral paro.
Mais do que me tratar bem, estou aprendendo a não me maltratar. A evitar o que me fere e me faz sofrer. Não roer os dedos. Não reagir. Não provocar. Não me expor.
Quando fui procurar violetas no Google, apareceram também amores-perfeitos. E aí lembrei do quanto minha mãe adorava essas florzinhas. Olhávamos encantadas os canteiros repletos de amores-perfeitos multicoloridos.
Achava que violeta era a flor preferida da mãe. Fiz uma enquete com Lízia e Laura. Minha irmã também achava que eram as violetas. Mas Lízia foi taxativa: amores-perfeitos. Disse lembrar com toda certeza. E minha filha é quem tem as melhores memórias de minha mãe, pois foi quem mais conviveu com ela em seus últimos anos de lucidez.
Minhas mãe tinha várias. O curioso é que ela detestava roxo - mas não nas violetas. Cuidava tanto das plantinhas. Curtia muito quando floresciam. Eu também.
Lízia contou que a vó recolhia água da chuva pra regar suas violetas. Meu coração apertou quando ela compartilhou a memória vívida de criança. Nem eu, nem Laura sabíamos disso.
Uruca. Vinha sentindo. Ontem à noite, enquanto pensava no assunto - especificamente, pensava que preciso dar jeito de barrar uma nuvem trevosa (não intencional, mas que me causa mal) -, pela primeira vez na vida deixei uma panela com comida cair no chão. Uma panela com massa e água fervendo, recém-tirada do fogão. Escorregou/voou da borda da pia.
Inacreditável. A panela de aço ficou amassada. A água espirrou nos meus olhos (por sorte eu estava de óculos) e colo. Fiquei tão aturdida e preocupada com os olhos e o peito que de início não reparei no pé esquerdo. Míseros segundos até sentir. Depois foi só o que senti. Tenho um limiar alto de tolerância à dor, mas mal conseguia caminhar. Arrumei a lambança, fiz outra panela de massa, jantei e fui deitar.
Agora o pé está assim. Não dói. Bepantol. Descalça sempre que possível (felizmente posso ficar descalça na editora). Ou meia e tênis.
E a mente se recuperando do baque. Do acidente e do que propiciou o acidente. Vamos melhorar. Tudo. Em tudo.
Ganhei essa cafeteira KitchenAid muito chique do meu tio. Que comprou pra ele, mas não conseguiu fazer nenhum café decente e largou de mão.
Minhas primeiras tentativas de fazer café fracassaram. Horrivelmente. O primeiro ficou aguado e com borra. O segundo ficou ruim e com borra. E assim foi indo. Já estava achando que a cafeteira não prestava.
Quando a mente é fraca, o corpo padece, né non?
Ontem falei pro tio que tinha feito mais um café. Até ficou ok, mas o pó desceu todo, então era muita borra. À noite, quando fui lavar a cafeteira, caiu a ficha: tinha que atarraxar o filtro. Eita gênia!
Agora, antes de sair pro treino, mais um café. Perfeito, impecável.
Socorro!!! Que perigo. Ainda bem que ela é trabalhosa de limpar, assim terei preguiça e falta de tempo e não tomarei café sem parar.
Segunda-feira, volta da praia, trabalho. E treino!
Depois do insight sobre o hábito da cerveja que estava começando a cultivar, ainda levei um puxão de orelha da soul-sister Flavia. Ela estava de cara por eu estar trocando o treino pela cerveja.
A vontade de beber cerveja passou (ou diminuiu muito), e a vontade de treinar voltou. Incrivelmente, saí às 20h30 pra academia. Trote de 5km (quase morri) e musculação. E hoje foi bom, prazeroso.
Eu, minhas tatuagens e minha saia-short de oncinha e tigrinha. Puro deleite. Amei perceber que minha saia-short não é só onça. Tem padrão tigrado também. Muito eu. Muito me representa.
Chato foi voltar a pé às 22h30. Adoro caminhar pelas ruas à noite. Estava perfeito. O clima, a falta de movimento. Só que agora tenho medo. Não quero virar estatística. Que saco. Voltei tensa, em passo acelerado.
Hoje só não fiquei mais tempo na água porque estava com coisas que não queria deixar na beira da praia. E também não fiquei afim de pedir pra ninguém cuidar. Ou seja, não estava com tanta vontade de tomar banho de mar. Mas estava perfeito, melhor ainda que ontem. A praia pareceu ainda mais lotada ao longo dos 8km habituais. Hoje de chinelo, pra não ter que andar de pantufa durante a semana. Minhas solas estão sensíveis.
Céu lindo. E essas pipas que eu amo olhar. Sempre quis ter uma. Mas pra fazer o que exatamente não sei. Quer dizer, não creio que fosse brincar na beira da praia com ela. Então me contento em observar os vendedores e o pessoal que tem.
Minha mente estava bem mais agitada que o mar. Desde ontem à noite. Por dois episódios totalmente casuais e que não me dizem respeito diretamente, sobre os quais nada posso fazer. Mas que emocionalmente levei para o lado pessoal. Bom, aí é o de sempre: observar sem se apegar e sem rejeitar. E soltar quando der. Quando conseguir.
Durante a caminhada, estava apegadíssima às sensações experimentadas e às paisagens mentais criadas por mim mesma. Especulando, fantasiando. Ao voltar pra casa, tratei de voltar pro meu centro. Nada a dizer. Nada a fazer. Nada a pensar. Repousar no presente.
Por que eu teria que acordar cedo? Ir pra praia cedo? Por que eu deveria correr?
Não sou obrigada a nada. Não tenho que fazer nada que não queira.
Meus compromissos são profissionais. Tenho uma resenha para escrever, talvez hoje à noite. E pessoais, quando me comprometo a algo com alguém. Tipo ler um texto para um amigo e colega de trabalho no final de semana, coisa que acabo de fazer.
Mas estava deslizando para umas ansiedades por obrigações criadas pela minha mente. Acordei cedo, tomei chá, chimarrão, conversei com a filha, ouvi três gravações do Rach 3 por Vladimir Horowitz, escrevi, pensei na vida, revisei o texto conforme combinado. E agora, 14h30, acho que vou pra praia. Pra dar uma caminhada, porque não estou com vontade de montar acampamento à beira-mar. Por que teria que fazer isso?
Descobri mais gravações de Horowitz tocando o Rach 3, uma de 1941, outra de 1943. E assim vai se passando um domingo lindo de sol. E eu bem feliz aqui, fazendo o que quero e posso.
De caminhada. De casa até a Plataforma de Atlântida. E de volta. Adoro fazer esse trajeto, mesmo com a praia abarrotada. O problema é que a sola do pé fica esfoliada/esfolada. Mas caminhar de chinelo... afff.
Dia lindo. Mar lindo. Eu linda. Tudo lindo.
Lindeza nos olhos de quem vê.
Caminhando pela areia, a água incrivelmente límpida e quente batendo de leve nos tornozelos, sentindo o sol amenizado pelo vento. E sentindo mais uma vez minha inédita autossuficiência. Meu empoderamento me maravilha. Wonderment. Self-wonderment.
Como é que eu não vinha pra cá antes? O que eu estaria fazendo/sentindo há dois anos, um ano, poucos meses? Quem eu era? Quem eu sou agora? Quem eu quero ser?
Lízia no WhatsApp da família há pouco pedindo uma lista pra nós, por e-mail, dos essentials em música e filme. Comecei sugerindo Prince, claro. Purple Rain, o filme e o álbum, como starter, appetizer.
Eduardo comentou que está na hora de começar a ouvir clássicos também. E aí já lancei o primeiro da minha lista. Concerto para Piano nº 3, de Rachmaninoff. Se eu tivesse que escolher uma única música pra ouvir o resto da vida, provavelmente seria esta. Como disse pra Lízia, se ela sentir 1/10 do que eu sinto quando ouço, já será um bom começo.
Aí, depois de um sábado de funk no KondZilla, domingo com o gênio da raça Vladimir Horowitz tocando Rach 3. E mais tarde tentar encontrar documentários de Horowitz no YouTube. De momento, já no YouTube, inteiramente arrepiada ouvindo a gravação de Ann Arbor em 1978, com Eugene Ormandy. Tenho o arquivo dessa, mas fui catar o link pra mandar pra filha. E já encontrei uma que nem lembrava que já tinha ouvido, uma remasterização da apresentação em Nova York, da mesma turnê. Ouvir de novo e baixar agora, se não estiver no acervo. (Não está e já estou baixando.)
Não tem vez que não ouça Horowitz tocando Rach 3 em 1978 e não lembre que ele já era "velho". Um concerto que exige uma destreza incrível. Emocional, mental e física.
Desde que esquentou, fiquei muito cervejeira. Primeiro, naquelas de beber quando saio. Depois em casa também, durante a semana. Happy-hour. Comecei a achar muito bom chegar da editora e curtir o final do dia bebendo uma cerveja, olhando o céu lindo de verão, avermelhado, rosado, as nuvens... Entendi perfeitamente o esquema de happy-hour das pessoas que vão beber em bar no final do expediente, coisa que nunca fiz.
Sexta-feira, cheguei aqui às 20h meio tensa por causa da viagem cansativa. Fui tomar uma cerveja enquanto arrumava as coisas e instalava o notebook pra dar uma trabalhadinha. A noite espetacular, as ideias pra escrever, o bem-estar por estar aqui... dê-lhe cerveja. Várias.
Ontem resolvi cortar a cerveja da happy-hour. E isso que fiz um faxinão no apartamento (finalmente!), coisa que detesto. Antes de começar, pensei em buscar umas cervejas pra acompanhar a função, pra me distrair. Pensei em beber depois também, pra celebrar o sucesso da empreitada. Mas o pensamento/sensação que se impôs foi o oposto: sem cerveja, Lúcia Brito. Por um único motivo: eu não estava com vontade genuína de beber cerveja. Era só pelo hábito. Porque é bom. Porque eu gosto.
Lembrei daquelas frases sobre beber porque está feliz, beber porque está triste, beber pra animar, beber pra relaxar... Engancha uma coisa na outra. E com o tempo a mente acaba enganchada nessas criações.
Lembrei também do hábito de comer por ansiedade ou por carência. (Há anos me livrei do hábito de comer doce - e de comer qualquer coisa - em busca de prazer. Mas sempre fico atenta com o açúcar, que já exerceu grande poder sobre meus neurorreceptores. Droga de eleição. Não dá pra vacilar.)
Então, simplesmente voltei a atenção mental para o hábito incipiente de beber cerveja. Muito simples e fácil perceber uma coisa assim e se soltar. Difícil é se desenganchar de hábitos arraigados. Nesses estou ralando. O hábito de roer os dedos é o pior na categoria de fenômenos físicos. Maria Rita, minha manicure e operadora de milagres, que o diga. Vem da infância.
Tudo acaba sempre no budismo: observar a mente.
Caminho do Meio.
Ok comer um doce ou beber uma cerveja quando estiver com vontade. Prazer sensorial samsárico. Agora, juntar esse prazer com carência/ansiedade não é bom.
Bom mesmo é estar livre dos desejos/apegos/aversões samsáricos, claro. Mas disso estou longe. Me manter minimamente focada em almejar o Caminho do Meio já está ótimo de momento.
Não conhecia essa música. E não sabia que fazem esses remixes.
Uma coisa leva a outra.
Vi MC Livinho, "Cheia de marra", aí descobri esse remix na barra lateral do YouTube. E soube da parceria MC Livinho e MC Pedrinho. Ouvi "Dom Dom Dom" pela primeira vez nesse remix e não entendi a letra. ("Ajoelha, se prepara e faz um boquete bom.") Aí fui ouvir a original e a versão clean.
E, no exato momento em que estou aqui escrevendo, me preparando pra ir pro mar, passa um carro tocando "Deu onda". De novo. Ontem também teve. Sempre tem. Louco.
Minha irmã mandou um trecho dessa música no fim do ano. Morri. Eu estava aqui em Capão, Laura disse que era um sucesso do momento no Brasil. E sugeriu que eu fosse cantar e dançar na janela. Receber um whats com um trecho da música e a sugestão de cantar na janela foi demais. Que zoeira.
"Ai que saudade do meu ex!" Um pinguço, né non? O que ela gostava mesmo era de amarrar uns pifas com o bofe. Claro que não só isso, curtia a cumplicidade. E eu curti conhecer uma coisa nova. E curti esse olhar feminino, de certa forma.
Mas sertanejo não me atrai tanto. Prefiro pancadão.
Depois de descobrir "Deu onda", do MC G15, voltei a me interessar por funk. Depois do TBT com Lana del Rey e da curtição com Marília Mendonça, ontem à noite fui me atualizar no funk. E é um universo inteiro a explorar. De momento, pelo canal do KondZilla. Mas amei uns remixes que descobri por acaso, eletrônicos, especialmente o da clássica "Dom Dom Dom".
Well, well, well, what a pity you are not that good in English. Anyway, Google Translator may help you. Or you can call me - anytime - and I'll be delighted in translate you everything I have in mind. And perform it. And god knows what. Your pleasure, my pleasure. And I know what I mean. But you don't. Isn't it a pity? (Song #1)
I can do anything you want. Choke me, strike me, pull my hair. (Song #2)
Well, I will not draw it to you. I've done it already.
I love these lyrics. But I don't feel a suicidal sadness. Not at all. Not even a summertime sadness. Au contraire. I feel so fucking alive, and electric, and powerful. An empowered woman. A full-fledged tigress. Full of myself in the best possible sense. And I'd love to be filled by you. To feel you inside, and atop of me. And here comes song #3.
Kiss me hard before you go Summertime sadness I just wanted you to know That baby you're the best
I got my red dress on tonight Dancing in the dark in the pale moonlight Got my hair up real big beauty queen style High heels off, I'm feeling alive
Oh, my God, I feel it in the air Telephone wires above all sizzlin' like your stare Honey I'm on fire I feel it everywhere Nothing scares me anymore
Kiss me hard before you go Summertime sadness I just wanted you to know That baby you're the best
I've got that summertime, summertime sadness Summertime, summertime sadness Got that summertime, summertime sadness Oh, oh
I'm feelin' electric tonight Cruising down the coast goin' 'bout 99 Got my bad baby by my heavenly side Oh if I go, I'll die happy tonight
Oh, my God, I feel it in the air Telephone wires above all sizzlin' like your stare Honey I'm on fire I feel it everywhere Nothing scares me anymore
Kiss me hard before you go Summertime sadness I just wanted you to know That baby you're the best
I've got that summertime, summertime sadness Summertime, summertime sadness Got that summertime, summertime sadness Oh, oh
I think I'll miss you forever Like the stars miss the sun in the morning skies Late is better than never Even if you're gone I'm gonna drive, drive
I've got that summertime, summertime sadness Summertime, summertime sadness Got that summertime, summertime sadness Oh, oh
Kiss me hard before you go Summertime sadness I just wanted you to know That baby you're the best
I've got that summertime, summertime sadness Summertime, summertime sadness Got that summertime, summertime sadness Oh, oh
Cheguei às 20h. Me organizei pra ir mais cedo pra editora e sair antes a fim de evitar a muvuca na Freeway. Ainda bem, porque entrei na estrada às 18h, e já estava uma bosta. Minha pior vinda pra cá até agora. Várias paradas. Engarrafamento por nada - muitas vezes, porque diminuem a velocidade pra olhar um carro parado no acostamento. Me irrito no último. Haja prática budista... Enfim, danem-se.
Cheguei e estou que é só alegria. Cheguei com apetrechos domésticos. Bolsinha térmica eficiente. Montada desde as 12h. Oito horas depois, a comida seguia congelada, e a cerveja, gelada.
Comprei um novo filtro de barro! Hoje de manhã, antes de fazer as unhas e ir na academia (Tigrinha Bundapequena da nação Bundamalhada), me despenquei até a Ferragem Nunes pra comprar o precioso São João Classic. R$ 158, 6 litros. Achei caro, tinha um de 4 litros por R$ 108, mas era feio. Não clássico. Foda-se. Vou deixar de herança pra Lízia.
Mania de velha? Maybe. Criança, lá em Tramandaí, a casa tinha filtro de barro. Aqui em Capão tinha um, mas rachou no verão passado. Descobri por quê. Eu deixei sem água. Não pode. Tem que deixar sempre com água depois que começa a usar. Agora, Tigrinha Bundapequena está ligada. Ótimo, porque achei o tal filtro meio caro. Mas queria trazer dessa vez, que ferver água me cansa a beleza.
Aliás, por falar em beleza... não vou dizer nada. De momento. Vou postar depois.
Bom, além do filtro São João Classic, uma cestinha pra prendedores de roupa. Acha idiota mencionar? Guarde os prendedores num recipiente corroído pela maresia, que se esfarela ao toque, e vai ver a importância. A porra da cestinha anterior estava toda fodida. E eu nunca lembrava de comprar. Só na hora de pendurar roupa ou de recolher. Hoje avistei o utensílio na Ferragem Nunes, que ótimo. Meus problemas de prendedores caindo acabaram.
6 de Paus na carta do tarô (arcano 56). Mais uma carta sobre conquista. E triunfo.
Seis meses de paus?
Neste momento me parece que ocorre o triunfo da vontade. O triunfo da vontade de agir com sensatez sobre a vontade de cometer desatinos, so to speak. O triunfo da lucidez sobre o delírio.
Quem sou eu, afinal? Quem é a dominante?
Essa que se comporta de forma centrada, equilibrada? A lúcida, que dá limites para si e que reconhece seus limites?
Ou a impulsiva, passional, ardente? A que ignora a razão e os limites e se entrega aos desejos violentos?
Desenvolvendo a confiança em si
É chegado o momento de conquistar algo
bastante almejado, Lúcia! A presença do 6 de Paus como arcano
conselheiro favorece o triunfo sobre a adversidade e pressagia uma
situação específica de triunfo muito em breve. Suas aspirações e
objetivos tomarão forma e você sentirá imensa satisfação ao perceber que
seus esforços não foram em vão. Você se recordará de uma fase em que
agiu de forma realmente insegura e rirá disso. Todas as pessoas, por
mais fortes que sejam, passam por momentos de insegurança. Isso não as
faz menos fortes. A fraqueza surge apenas quando queremos fazer de conta
que não passamos realmente por momentos de dificuldade e posamos de
orgulhosos. Pedir ajuda a quem se confia não é má ideia, o grande lance é
saber em quem confiar!
Oh céus, oh céus! WTF?
O mesmo conselho de ontem, com outra carta.
Ontem um arcano menor. Hoje um arcano maior.
A importância do controle emocional
O arcano da Carruagem emerge do Tarot
como arcano conselheiro neste momento da sua vida, Lúcia, sugerindo a
importância de um maior controle emocional e do entendimento de que
antes de querermos ter poder sobre o que (ou quem) quer que seja, é
fundamental ter domínio sobre nós mesmos. Saia da inércia, passeie,
viaje, conheça gente. É chegado o momento de se pôr em ação na direção
das coisas e pessoas que você almeja conquistar. O mais importante,
neste momento, é se mover. Ao invés de esperar que as coisas aconteçam, faça acontecer!
Quanto mais você esperar, hesitando, maior a chance das oportunidades
se esvaírem. Em alguns momentos, precisamos ter o máximo de senso de
oportunidade... e alguma velocidade!
Entendi o que me incomodava tanto ao ser importunada em uma situação que poderia ignorar perfeitamente (e que de modo geral ignoro, porque nem lembro, porque não é minha). Me via fazendo o mesmo. Ou melhor, querendo fazer o mesmo. Nunca fiz. Não fiz, mas tive vontade. Ainda tenho vontade. Sempre. O tempo todo.
Tenho vontade de falar o que sinto, acho, penso. Só que... é o que EU sinto, acho, penso. É meu. É problema meu, inclusive. É algo totalmente meu. Que não tenho motivo - e muito menos o direito - de compartilhar com quem deixou claro que não se interessa pelo que eu sinto, acho e penso - porque sente, acha e pensa diferente.
Que bênção ter ido buscar ajuda - e principalmente estar me ajudando. Eu vejo lucidamente o que sinto, acho e penso. Parei de fugir, de tentar sufocar, esconder, matar. E aprendi que é tudo comigo, porque é meu. Respeito a mim mesma. Acolho o que sinto, acho e penso. Não me apego e não rejeito. Não gosto da situação. Mas sei que não há nada que eu possa fazer a não ser o que estou fazendo: ficar na minha e tratar da minha vida. Me tratar. E me tratar bem.
Ao aprender a respeitar a mim mesma - e respeitar e acolher o que sinto, acho e penso, mesmo que não goste, mesmo que quisesse que fosse tudo diferente -, consigo respeitar os outros. Não invado o espaço de ninguém.
Amar é desejar a felicidade.
Estou aprendendo a me amar. E aprendendo a amar os outros.
Amar os outros é desejar que sejam felizes e não que me façam felizes.
Creio que me amar seja desejar a minha felicidade. Que depende apenas de mim. Que está em mim.