domingo, 29 de janeiro de 2017

Mateada matinal

Nunca tinha feito isso. Sentar na sacada e olhar o mar.
Talvez porque fosse uma das lembranças mais vívidas de minha mãe aqui. Um dos motivos pra ela ter escolhido esse apartamento foi a visão de uma nesga de mar. Na época não tinha esse prédio ao lado, que retirou preciosos centímetros da vista.
Não que eu não aproveite a sacada. A primeira coisa quando chego e quando acordo é sempre ir ali olhar o mar. Já fiz montes de fotos, inclusive. Fotos do mar, fotos minhas, foto de beijos numa noite. Mas foi a primeira vez que sentei especificamente virada para o mar, pra curtir essa vista, como a mãe fazia.
É o primeiro verão em que venho para cá e não sofro com as memórias. Lembro de tudo. Inclusive das coisas horrorosas. Mas me apaziguei. Lembro basicamente dos momentos bons que ela teve aqui. De todas as pequenas coisas que eu pude fazer por ela. Eu e as babás queridas, que cuidavam dela no dia a dia. Mesmo quando as coisas horrorosas aconteciam, a gente conseguia reverter. E a mãe estabilizava de novo.
Não sinto dor (aguda). Não sinto saudade. Sinto carinho. Sinto amor.


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