segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Boa noite

Foram tantas, mas tantas emoções que tô exausta. Exaurida. Na real, esvaziada.
Reajustando o olhar. O foco.
Serena. Confiante.
Meu estado de tranquilidade é inédito, chego a estranhar. Pra ser exata, estou estranhando muito, isso sim. É estranho não sentir mais o que eu sentia, não ver mais do jeito que eu via.
O garrote não existe mais. Nem o cercadinho.
Amplitude. Espaço aberto.
Livre. Solta.
Animal de cativeiro liberto. É por aí.




domingo, 30 de outubro de 2016

Amor, saudade, carência, ciúme

Depois das enormes e violentas ondas de saudade da sexta-feira, os efeitos da ressaca passaram, e meu mar emocional está calmo nesse domingo lindo.
Enquanto tomava o café da manhã/tarde há pouco, tive um insight sobre como vejo amor, saudade e carência. É impressionante a quantidade de insights que tenho pela manhã. Em geral enquanto estou nas tarefas iniciais, preparando o café, lavando louça, arrumando o espaço dos gatos, essas coisas.
Amor é o desejo de que o outro seja feliz. É o conceito budista. É a minha visão faz tempo.
Saudade para mim é a recordação de experiências felizes. Minha saudade de uma pessoa amada é a recordação dos momentos felizes com ela. E, muitas vezes, o desejo de reviver essas experiências.
Carência no relacionamento amoroso para mim é o desejo de que o outro me faça feliz.
Saudade e carência são formas de apego, é claro.
O que percebi ao observar meu maremoto emocional recente foi uma sutil, mas importantíssima qualidade da saudade experimentada. Minha saudade tem origem no amor, no apego a uma experiência de amor e não de carência. Sinto saudade de estar feliz com uma pessoa que ficava feliz ao meu lado. Sinto saudade do amor que havia. Sinto saudade da felicidade compartilhada. Não da minha felicidade apenas. Os momentos de que realmente sinto saudade são aqueles em que a outra pessoa estava feliz simplesmente por estarmos juntas.
Não tenho a pretensão (nem a falta de noção) de proclamar que não existe carência em mim. Claro que existe. Claro que espero que as pessoas que amo me façam felizes (e fiquem felizes comigo mesmo que eu não faça nada para isso, só por estarem comigo). Mas sou muito mais amorosa que carente.
Se uma pessoa não é feliz comigo, tenho que soltar. Soltar a pessoa e, acima de tudo, soltar a minha carência, desapegar. Não há como eu me sentir feliz percebendo que não sou uma causa de felicidade ou sendo uma causa de infelicidade, ainda que involuntariamente.
Não é fácil. Mas é possível.
Para mim, tornou-se possível muito recentemente.
Hoje, o amor faz com que eu me sinta feliz ao ver a pessoa amada feliz.
Ainda existe carência. E eu senti essa carência agudamente ao ver a pessoa amada em um novo relacionamento. Mas, dessa vez, foi manejável. Porque dessa vez percebi a carência como o que ela é. Uma emoção extremamente arraigada em mim desde a primeira infância. Assim como o ciúme. E a sensação de rejeição e inadequação.
Meu pai desapareceu de minha vida quando eu tinha um ano e meio. Pouco antes disso, minha irmã nasceu. Eu tinha um ano e três meses. Foi quando eu vi pela primeira vez o meu objeto de amor, minha mãe, com outra pessoa no lugar que era meu. (E depois vi que eu era um corpo estranho na família como um todo, o que gerou mais obstáculos.) Por isso, já adulta, quando um relacionamento chegava ao fim, eu ficava arrasada primeiro por associar a separação ao abandono do pai. E depois ficava ainda mais arrasada quando via o ex com outra pessoa por associar à minha mãe e irmã. Claro que todo mundo sente isso, mas eu sentia de uma forma exagerada, desproporcional. Incapacitante.
Abandono, carência, ciúme, rejeição e inadequação entrelaçaram-se e se tornaram uma maçaroca emocional. Que tenho deslindado meticulosa e pacientemente. Nesse processo, meu conceito de cura emocional mudou. Entendi que curar minha criança interior, me curar não significa não sentir saudade, carência, ciúme, raiva, medo, dor, ressentimento. Significa lidar com essas emoções quando elas surgirem. Dar espaço para que venham à tona e se dissipem. Não rejeitar e não se fixar.
Caminho do Meio. Sempre. Em tudo.


sábado, 29 de outubro de 2016

Giros e desbloqueios

A espiral ascendente segue em movimento. Cada volta fecha um ciclo. E dá início a outro. No movimento circular, passa-se pelo mesmo ponto continuamente, mas em outro nível, de uma distância diferente - ou seja, com outra visão.
Vejo a realidade com olhos budistas (quase cegos talvez, mas budistas - e aos poucos a visão vai melhorando). Quando digo que fecho um ciclo, que termino uma coisa, não quero dizer que aquilo acabou, que não vai mais existir para o todo sempre. O que eu digo é que aquela forma de ver cessou. Que minha visão mudou. Apenas isso.
Não existe começo. Não existe fim. Existe fluxo incessante.
Minha visão de mim está mudando dia a dia. Da noite para o dia, às vezes. Como nessa noite. Acordei às 4h depois de um sonho sobre afastamento e distância. E com uma nova percepção sobre as sensações de abandono e rejeição, o cerne dos desafios desta minha vida. E sobre meus mecanismos de fuga e negação. E sobre a minha relutância em me aceitar plenamente. Em aceitar coisas que não quero admitir que existem em mim.
Para fugir, para não ver, não sentir, não tomar contato, lançava mão do bloqueio. Só que não funcionava. Esses bloqueios no fim das contas eram autobloqueios. Eu deixava de ver e acessar partes minhas. Aquelas que eu não aceitava. Que não condiziam com a imagem que eu queria fazer de mim - e que queria que os outros fizessem de mim.
Cresci querendo ser amada. Ser aceita. Pertencer. Fui um corpo estranho na minha família. "O gênio do Martin." A inconveniente. Inadequada.
Uma parte de mim sempre quis ser como todo mundo. Outra parte sempre quis ser o que era. A diferentona. Esquisitona. Conheci vários diferentões como eu. Casei com um. Namorei vários. A terapia mostrou que eu nunca seria "como todo mundo". E o principal: que algumas coisas em mim não mudariam, mesmo que eu quisesse. Os sintomas. Eu simplesmente teria que aprender a conviver com eles. Aceitá-los. Aprender a manejá-los. Não ser tão reativa. Tão intensa. Caminho do Meio.
Não posso mudar o passado em termos de eventos. Mas posso mudar minha visão dos eventos passados. E, ao mudar a visão, mudo a minha realidade - passada, presente e futura. Reescrevo a ficção da minha vida.
Nas últimas sessões, minha sagaz terapeuta começou a sinalizar minha relutância em admitir determinados sentimentos conflitantes. E a me inquirir sobre eles. E minhas resistências foram afrouxando. Desde domingo passado, o processo de autoaceitação acentuou-se. E estou registrando publicamente aqui no blog. Por quê? Porque a autoaceitação não me basta neste momento. O gênio do Martin quer ser aceito socialmente como é. Ou pelo menos reconhecido. Quer se manifestar. Quer se expressar. Quer ser visto. Talvez por eu estar repassando o primeiro setênio, a primeira infância, quando o gênio do Martin foi identificado como algo negativo, inaceitável, que não deveria ser.
Hoje o Lama Padma Samten referiu-se à cerimônia de espalhar cinzas como "exposição das cinzas". Expus as cinzas de minha mãe. E estou me expondo. Para mim e para o mundo. Saindo de dentro de mim. Me inteirando.
Estou sendo a energia que quero atrair.


Exposição das cinzas

Hoje fui ao Cebb para a cerimônia de exposição das cinzas de minha mãe, conduzida por meu professor perfeito, Lama Padma Samten. Eu tenho muito mérito. Tenho uma vida mágica e abençoada.
A despedida final de minha mãe. Tão perto do Dia dos Mortos, data tão simbólica na cultura latina. Um fechamento de ciclo para mim. E para ela.
O lama falou sobre o Bardo Todol, mas explicou que considerava a Prajnaparamita mais adequada para a ocasião, por ser o ensinamento último.
Minha acumulação de mantras é com o mantra da Prajnaparamita. Que já recitei milhares de vezes por minha mãe.
"A grande aventura da nossa vida é ver todo o samsara como manifestação da vacuidade. Como ornamento de Samantabhadra", disse o lama. "A prática última é fazer a oferenda de Samantabhadra, todas as demais são preparações." A oferenda de Samantabhadra consiste em oferecer todo o samsara, percebendo-o como manifestação da natureza primordial. "Nossas vidas são como chamas e uma fogueira. Surgem, brilham por um momento e se consomem de volta à fogueira."
As cinzas de minha mãe juntam-se a outras já espalhadas no bosque de Amitaba. Onde também sepultei meu amado gato Teddy Boy Marino.
Minha mente-coração cada vez mais enraizada no Cebb. No Dharma.






Parada no tempo

Alguns dias são difíceis.
Sextas-feiras em geral são melancólicas.
Faz tempo. Mas, quando sinto o que sinto agora, parece que foi ontem.
E é como se uma parte de mim estivesse congelada no tempo. Esperando você voltar.
Uma parte de mim está congelada no tempo. E ainda espera você voltar.
E é essa parte que escreve agora. É essa parte que sente saudade, que deseja você, que anseia pela vida que sonhava ter a seu lado. Que coleciona milhões de pequenas memórias doces e singelas. Que quer dormir no seu ombro, com as pernas enroscadas, com Vicky e Kaky por cima de nós. Que não entende o que faltava pra você. Que não compreende por que você nunca foi feliz comigo como eu era com você.
É essa parte que sofre horrivelmente com uma separação que não queria e ainda não quer. E que não consegue elaborar.
É essa parte que eu reprimo todos os dias o tempo todo.

Não vou postar isso hoje. Talvez não poste nunca.
Mas precisava escrever. Porque a saudade hoje estava me sufocando.
Não sei se é saudade de você ou das coisas que eu sentia com você, por você.
Quando sinto essa dor, a única coisa que me conforta é saber que você está bem. Que seguiu sua vida. Que encontrou uma pessoa para compartilhar as coisas de que gosta. Alguém mais compatível, mais de acordo com o que você busca. E fico feliz por você. Sinceramente.
Aí lembro da minha inadequação na sua vida. Lembro das coisas que você pensa a meu respeito, das coisas que me disse muitas vezes sobre o quanto a minha forma de ser lhe perturbava e irritava. A começar pela forma como eu bebo água e como. Aí, mesmo a parte de mim que segue esperando você entende que acabou. E que não poderia ser diferente. Porque pra você eu simplesmente não sirvo. Aí minha parte congelada na espera entende por que você foi embora tantas vezes. Por que nunca conseguiu ficar de verdade. Inteira. E por que eu nunca pude ser eu mesma com você. Por que eu vivia tensa, intimidada e, por reflexo, na defensiva. Por que eu não conseguia viver e manifestar plenamente o meu amor imenso por você. Por que sempre havia uma hostilidade mútua e velada entre nós.
Essas reflexões não me causam dor. Pelo contrário. Me tranquilizam. Porque é olhando para isso que eu vou em frente. E não vou atrás de você. Porque, por mais que eu ame você, por mais que eu quisesse ficar com você, eu não queria, não quero e não poderia e não posso ser o que você sonhava, desejava, imaginava, queria, exigia.
Amar você me fez rever minha identidade sexual. Me fez crescer. Me fez melhor. Mais tolerante. Mais sábia. Mais compassiva.
Outras sextas-feiras virão.
Numa delas, ou em algum outro dia qualquer, vou voltar a este post. Vou reler. E vou postar porque essa parte congelada e à espera terá se dissipado no meu eu maior, que amadureceu e se aprimorou em virtude do meu amor por você e da nossa separação.

Nota de sábado, 29 de outubro
Não se passaram 24 horas e resolvi postar. Como mais uma ação de me assumir plenamente como sou. Não para os outros (apenas). Antes de mais nada e acima de tudo para mim mesma.
Não é uma questão de sair do armário. É uma questão de abrir o armário interno. Na real, um cofre. Ou a masmorra onde me aprisionei.
Passei a vida inteira querendo ser aceita como sou. A aceitação tem que começar por mim. Tenho que aceitar todas as minhas múltiplas facetas, algumas conflitantes. Essa, de momento, é a que eu mais reprimia. Agora está aqui. Exposta. Como as cinzas de mãe. Tema do post que virá a seguir.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Dia e noite




Fragmentos de meus dias.
As flores que vejo o tempo todo. E que fotografo sempre que posso.
Lelonid e Ludovico numa fase de muita harmonia. Lelo está bem de saúde, engordou e agora gosta de brincar de novo. Inclusive com Ludox. O ciúme diminuiu. :) E há troca de carinhos todos os dias.




Fragmentos de minhas noites.
Festa eventual com amigas. Coisa leve. Risadas. Música. Dança.
E muito trabalho. Produção e edição de texto. Expectativa de grandes projetos para 2017. Empolgada.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A urna de minha mãe. Chegou aqui em casa no dia 21 de maio do ano passado. No dia seguinte, levei para o Cebb. Foi depositada numa prateleira do altar, onde está até agora.
Neste sábado, o Lama Padma Samten conduzirá uma pequena cerimônia para espalhar as cinzas no Bosque de Amitaba. Regina, minha tutora, havia falado sobre isso na semana passada. Hoje pela manhã confirmou.
Fiquei emocionada. Mais um ciclo se fecha. Senti como se minha mãe considerasse que, agora que estou me organizando na vida, ela pode ir embora de vez. Obviamente é apenas um simbolismo mental meu. Mas me fez bem pensar isso. Sentir assim.
Lembro do desconforto que senti quando as cinzas chegaram aqui em casa. Uma caixa de madeira. Um saco de plástico com um pó fino, bege claro. O que sobrou do corpo de minha mãe. Um corpo que estava totalmente devastado pelo avanço furioso do Alzheimer. Com uma mente ainda mais destroçada. A morte de minha mãe foi a melhor coisa que poderia acontecer. Um alívio. Pra mim. E para o que restava dela - que felizmente era pouco, mas ainda assim restava. E eu me sentia despedaçar quando imaginava o que restava de consciência nela.
Fiquei olhando a caixinha. Parada. Inerte. Embotada. Mais ou menos como me senti durante a longa derrocada dela. Nunca senti nada. Não tinha tempo. Não tinha energia. Não tinha coragem. Eu só sentia angústia. Pressão. Urgência. Mas nunca me desesperei. Raramente chorei. Eu só olhava e pensava o que eu poderia fazer. Mais perto do fim, só olhava petrificada, sabendo que não havia mais nada que eu pudesse fazer além de desejar que ela morresse logo e não sofresse. Não sofresse mais, porque eu sei que ela sofria. Isso eu sentia. Mas não me deixava sentir. Porque qualquer coisa que eu sentisse mais intensamente em relação à agonia de minha mãe me faria surtar. O horror. O desespero recalcado de vê-la viva como uma planta. Morrendo lentamente. Murchando como uma planta.
Ir na clínica era um suplício. Eu tinha vontade de me jogar no chão e gritar. De sair correndo. De vir pra casa e me deitar, me esconder. Sumir. Fugir. Fugir do que eu sentia.
Até hoje não sinto o que sinto a respeito da doença de minha mãe.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Harmonização


Espumante brüt para brindar com gente doce.
Vinho verde para trocar ideias com gente madura.
Cerveja encorpada para desopilar com gente leve.

Prontinha


Ficou linda. Linda, linda, linda.
Quatro sessões. Um total entre 9 e 10 horas de trabalho de Jean Etienne, iniciado em 17 de setembro.
Hoje senti mais dor. A região vai ficando sensível com as lacerações repetidas. Que bom que acabou.


Encerrada essa, já encaminhei a base para a criação da próxima. Que será meu presente de aniversário pra mim mesma. E será a mais especial de todas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Pan, poli, omni

O post sobre minha falta de preferência é um sucesso para os padrões do meu singelo e desconhecido blog. Intrigante. Não faço ideia de quem vem ler. No Facebook pouquíssima gente curtiu, mas é de lá que vem o povo. Bacana. Que seja de benefício.
No post anterior não coloquei nenhum rótulo em minha natureza. Não curto o termo bissexual, acho limitado. Prefiro pansexual, omnissexual, polissexual. Estes incluem a multiplicidade de gêneros. Gender-blind.
Um dos comentários mais idiotas que já ouvi foi: "Como você é moderna", quando falei pra um ex que eu também me relacionava com mulheres. Moderna? Já uma ex ficava tentando me enquadrar como lésbica. Eu dizia que era um equívoco. E fim de papo.
Nunca falo sobre esse assunto com praticamente ninguém justamente para não ouvir (mais) idiotices e comentários preconceituosos (do que já ouvi). A maioria das pessoas nem faz ideia das coisas a que me refiro. Que não são coisas. São pessoas.
E ontem morreu Pete Burns. RIP.


Sex drive it sees no gender or color
So let's get together and collide with each other
Sex drive, aw you know how it feels
Get out of my car and get under my wheels




Verde que cura


Dias cada vez mais ocupados. Com coisas boas.
Trabalho na editora. Trabalho na produtora. Traduções.
E o curso de análise do discurso. Chegar no Instituto de Letras passando por esse caminho dá aquele gás nas boas vibrações da semana.
Pensando. Lendo. Escrevendo.
Numa troca de mensagens rápidas com a soul-sister Flavia Vidor, comentei sobre cacos que a pessoa às vezes ainda se esforça para triturar um pouco mais. Ela respondeu: "Vai se cortar". Mais um de dezenas de insights compartilhados em nossa jornada de crescimento juntas.

domingo, 23 de outubro de 2016

Eu amei te ver, eu amei me ver

Há exatamente um mês, fui pro Venê na sexta-feira com amigas. E rolou um amei te ver duplo. Escrevi aqui sobre isso no dia seguinte (http://dakiniespertinha.blogspot.com.br/2016/09/um-nome-duas-grandezas.html). Amei ver o passado e ver que era passado. Amei me ver livre de um padrão de comportamento nocivo. E amei ver e conhecer o novo. E amei me ver agindo de um jeito totalmente inédito.
Ontem fui pro Venê e rolou mais um amei te ver. Amei te ver que não se repetirá e no qual amei me ver também.
Em resumo: estou amando me ver.

Ah 
Quase ninguém vê
Quanto mais o tempo passa
Mais aumenta a graça em te viver

Ah
E sai sem eu dizer
Tem mais no que te mostro
Não escondo o quanto gosto de você

O coração dispara
Tropeça, quase para
Me encaixo no teu cheiro
E ali me deixo inteiro

Eu amei te ver
Eu amei te ver
Eu amei te ver

Eu amei te ver
Eu amei te ver
Eu amei te ver

Ah, ah
Quase ninguém vê
Quanto mais aumenta a graça
Mais o tempo passa por você

Ah
E sai sem eu dizer
O tanto que eu gosto
Me desmancho quando encosto em você

O coração dispara
Tropeça, quase para
Me encaixo no teu cheiro
E ali me deixo inteiro

Eu amei te ver
Eu amei te ver
Eu amei te ver

Eu amei te ver
Eu amei te ver
Eu amei te ver

O coração dispara
Tropeça, quase para
Me enlaço no teu beijo
Abraço teu desejo

A mão ampara a calma
Encosta lá na alma
E o corpo vai sem medo
Descasca teu segredo

Da boca sai: Não para
É o coração que fala
O laço é certeiro
Metades por inteiro

Não vou voltar tão cedo
Mas vou voltar porque
Eu amei te ver
Eu amei te ver
Eu amei te ver




O que eu gosto e acho melhor

Depois de embarcar no sapabonde (expressão da minha esperta e maravilhosa filha, que me entende muito desde que era uma criancinha), fiquei surpresa com alguns posicionamentos.
O primeiro é a curiosidade sobre as minhas preferências. E a incredulidade a respeito da minha falta de preferência. E da minha amplitude de espectro.
"Você gosta mais de transar com homem ou com mulher?"´"É melhor com homem ou com mulher?" Ouvi essas perguntas e suas variações dezenas de vezes. Não tenho preferência. Ponto. Fim.
Que tal um exemplo gastronômico? Eu adoro massa e sorvete. Mas considero impossível dizer que um seja melhor que o outro, ou que eu goste mais de um que do outro. São totalmente diferentes. Existem massas melhores, sorvetes melhores, pessoas mais e menos bacanas, mais e menos compatíveis comigo. Dá pra comparar marcas de massa e sorvete pela qualidade, assim como analisar as pessoas por suas qualidades e afinidades (melhor não comparar, claro, só que eu ainda não estou nesse estágio de evolução). Mas não dá pra comparar massa com sorvete.
As namoradas manifestam apreensão pela possibilidade de que um dia eu vá ser afim de ficar com homens de novo. Claro que pode acontecer. Pode acontecer também que eu fique afim de outras mulheres. Ou que ela fique. Qual seria a diferença ser um homem ou uma mulher? O que pode acontecer é uma das duas um dia ficar a fim de outra pessoa. Mas não me parece lógico imaginar que um dia, do nada, eu vá querer um homem só porque é homem. Pra mim, isso é reduzir meus inúmeros e profundos sentimentos a puro instinto sexual, ou algo mais ou menos por aí.
O fato de eu não ter preferências não significa que eu queira ter tudo ao mesmo tempo ou que eu precise variar de tempos em tempos. Não sou promíscua. Pelo contrário. Sou de natureza monogâmica. Sou de namorar. Sou pra casar. Gosto de me sentir em casa com a pessoa que se sente em casa comigo quando estamos nos braços uma da outra.
Nos relacionamentos amorosos e sexuais, o que me atrai, me agrada, me encanta e me faz amar, desejar e querer estar junto é o convívio, a intimidade construída dia a dia. Amizade, respeito, cumplicidade, carinho, generosidade. Parceria. Presença. Entrega. Reciprocidade. Confiança. É disso que eu gosto. São as coisas que acho melhores. Elas não estão no corpo ou nos órgãos sexuais.


sábado, 22 de outubro de 2016

Daqui a 2 meses

Aniversário. 53.
Fechando um ano incrível.
Fechando, creio eu - e desejo ardentemente -, um ciclo iniciado em 2012, quando entrei no septênio que corresponde à reprise dos primeiros sete anos de vida, por assim dizer. E a casa caiu. Agora enfim o processo de reconstrução parece andar mais rápido.
Nessa semana, lembrei de coisas que duas grandes orientadoras espirituais me disseram. Mais que nunca, vejo o quanto estavam certas. Uma falou que levaria um tempo para eu elaborar o trauma infantil de abandono. (Lembro que perguntei quanto tempo, pensando em poucos meses, e ela muito delicadamente deu a entender que seria bem mais. Está sendo.) A outra falou sobre as dificuldades financeiras e profissionais agravadas por uma energia externa muito densa. (Coisa que eu notei, assim como as pessoas mais próximas.)
E neste momento acabo de lembrar de outra coisa que a primeira me disse. De me ver muito feliz e sorridente, caminhando com sacolas nas mãos pelas ruas de determinada cidade.


Sábado de muita introspecção e reflexão.
Sentindo os efeitos dos insights recentes.
Minha mente e meu corpo ficaram esgotados. Foi um tranco.
De quarta para quinta mal dormi. De quinta para sexta dormi mal. De ontem pra hoje finalmente uma noite de sono boa, depois de um dia menos puxado. Treino bem bom. Mas corrida não. Ainda não.
Agora aproveitar o solzinho do entardecer e sábado e a noitinha.

Tarot do dia

Nunca em minha vida estive tão aberta e receptiva ao que peço ao universo. E a magia dessa abertura se manifesta vividamente por tudo.
Escolhi agora a carta para o conselho do dia no site Personare. Veio esta:


A importância do bem escolher
O arcano VI do Tarot, chamado “Os Enamorados”, emerge como arcano conselheiro neste momento de sua existência, Lúcia. A recomendação para este momento é que você cesse os movimentos a fim de fazer escolhas mais racionais, uma vez que você se verá numa encruzilhada difícil de resolver. Não faça escolhas a partir de caminhos aparentemente mais fáceis, não se deixe guiar por impulsos emocionais levianos. Aceite a dúvida como algo que liberta, que permite que se pense melhor sobre tudo. Não se deixe guiar por impulsos emocionais e dê tempo ao tempo. Se você não consegue tomar uma atitude por não conseguir chegar a um resultado final, melhor nada fazer e esperar um tempo mais adequado.
Conselho: Melhor esperar do que escolher precipitadamente.
 
A carta de ontem foi esta:

 
Cultivando a maturidade e a inteireza que brotam da reflexão
O arcano IX, chamado “O Eremita”, emerge como arcano conselheiro para este momento de sua vida, Lúcia, sugerindo um momento em que você precisará agir com o máximo de maturidade e paciência possíveis. Você precisará aprender a respeitar o “tempo certo” neste momento de sua existência e perceberá que será preciso bater mais do que uma vez na mesma porta até que ela se abra. Nem sempre o rio corre mais rápido apenas porque queremos, Lúcia! Três virtudes serão fundamentais neste momento de sua vida: a paciência (para lidar com as diferenças), a prudência (a fim de jamais confiar inteiramente em ninguém) e a persistência (para compreender que, no que diz respeito ao amor, muitas vezes é preciso bater várias vezes numa mesma porta). O momento pede circunspecção, meditação e capacidade de espera. Você poderá mudar muitas coisas que lhe incomodam, se você souber observar o tempo certo, mas precisará também ter humildade para entender que nem tudo é possível. Ao aceitar os limites, evoluímos como pessoas.
Conselho: Momento de cultivar a paciência, tudo tem seu tempo certo.
 
Totalmente em um momento de ter paciência e esperar. Que é exatamente o que tenho feito. Estou numa fase de me observar e de observar tudo que se apresenta. E de tratar das coisas à medida que se apresentam. Sem ansiedade. Sem pressa.
No trabalho.
Na terapia.
Em tudo.
Além do mais, de momento não me vejo em encruzilhada alguma. Nada a escolher. Mas, caso surja uma situação, já sei o conselho, hehe.

Na rede

Falei ontem com Laura, minha irmã, sobre o cansaço que ando sentindo do Facebook. Ela está na mesma. Cansaço das redes sociais em geral.
O fato de eu trabalhar em casa, numa atividade totalmente solitária, com certeza estimulava minha presença nessas redes. Eram meu contato com o mundo. Agora, em outro trabalho, com uma vida social mais ativa e novos interesses, isso mudou. Eu mudei. E, desde que comecei a escrever no blog como exercício diário, sinto cada vez menos interesse pelo FB. O Instagram ainda curto. Mas bem menos que antes.
Durante um certo período, minha vida esteve bastante exposta no Facebook. E a importância deste e do Instagram no relacionamento anterior foi pontuada e questionada por minha terapeuta várias vezes desde o início do tratamento. Até agora, não consegui ter uma visão consistente do porquê disso.
De início me parecia muito natural postar fotos, fazer check-ins e curtir as coisas nas redes. Vida simples. Depois comecei a ver que essas atividades eram acompanhadas, interpretadas e comentadas por muita gente. E, pior ainda, comecei a ver que meus posts e minhas curtidas (ou o fato de não curtir) passaram a ser avaliados por mim também e revestidos de uma coisa de emitir sinais. Afffff. Que ridículo.
Meus perfis sempre foram abertos. Durante um tempo fechei por causa de fofocas e da curiosidade de gente que eu sequer conhecia. Grande coisa. Sempre tem alguém que pode acessar e mandar prints ou mostrar ou comentar o que postei. Cansei dessa palhaçada e deixei tudo aberto. Que olhem, comentem e pensem o que quiserem. (Inclusive quem me bloqueou e acessa com fake.) Só que meus perfis mudaram. Voltaram a ser um canal para mostrar coisas de que gosto e coisas que faço. Sem declarações subliminares. Ou pelo menos sem jogo, sem recado pra ninguém. E, como estou fazendo coisas fora de casa e longe do computador, menos tempo e vontade de acessar.
Bom, enquanto escrevo, percebo uma grande fragilidade em toda essa argumentação. Cada post tem conteúdos subjacentes que eu talvez nem perceba. Vou seguir nessas reflexões.
Meu espaço de manifestação virtual agora é este aqui. Que também é aberto. Mas cujo acesso é muito menor. Não é algo que pipoque na timeline de ninguém. A pessoa que vem aqui vem porque quer. Raramente faço links no Facebook. Na real, nem sei quem acessa meu blog - e como toma conhecimento dele. Sei apenas que muita gente acessou (e várias mandaram mensagens) por causa do meu relato sobre a hérnia de disco. E alguns por causa do budismo.
Escrevo num meio aberto porque evidentemente quero que outras pessoas leiam. Me parece uma atividade de crônica jornalística. Um livro. E percebi com o episódio da hérnia e dos posts budistas que às vezes meus textos podem ser úteis.
Realmente, meu blog é uma espécie de livro. E livros são escritos para atingir leitores.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

The happiest hour

Pôr do sol.
Sexta-feira de primavera.
Hoje não fui na editora. Folga. Uma das cinco que acumulei em dias frenéticos.
Tarde de trabalho em minha nova atividade profissional.
Pausa para curtir o entardecer na Prainha do Iberê com um chimas.
Pizza em dia extraordinário. Com fome idem.
De volta pro trabalho.
Uma etapa finalizada com sucesso.
Amanhã tem mais.






Introspecção e dinamismo

Vida mágica.
Fazia meses que não visitava meu horóscopo no site Personare (http://www.personare.com.br/astrologia/horoscopo). Fui há pouco.  E tudo que li parecia ter sido escrito especialmente para mim.
Momento de introspecção, de recolhimento afetivo, de resolver pendências emocionais. E também de ouvir os outros nos contatos sociais.
Mais notável ainda é a fase de dinamismo mental e profissional. Momento de ver o que realmente quero e ir à luta. De me destacar profissionalmente, começar novos projetos, ascender.
Exatamente tudo o que está acontecendo.

No bem


Treine sua mente para ver o bem em tudo.

Oráculo cotidiano das redes sociais. Para mim funciona perfeitamente. Todos os dias deparo com algo sob medida para meu momento. Não é acaso. É sintonia.

A inspiração diária do One Mind Dharma para essa sexta-feira foi a seguinte:

"Meditation is about learning to recognize our basic goodness in the immediacy of the present moment, and then nurturing this recognition until it seeps into the very core of our being."
– Mingyur Rinpoche

"Meditação relaciona-se a reconhecer nossa bondade básica na imediatez do momento presente, e então nutrir esse reconhecimento até que se instile no âmago de nosso ser."

No fluxo.
Aberta.
Atenta.
Receptiva.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

3 meses

A melhor coisa que fiz no último ano foi ter voltado à terapia.
A sessão de ontem foi daquelas. Anda, vira e mexe, todas as minhas dificuldades remontam ao abandono do pai. Há anos as sensações ligadas ao trauma vêm à tona. Vieram de novo com o fim de meu primeiro relacionamento longo com uma mulher. Mulher essa que reúne características - para o bem e para o mal (que na verdade é para o bem também) - da minha mãe e do pai sobre o qual não sei quase nada.
Eu já sei há tempo que os finais de relacionamento são especialmente dolorosos para mim porque remetem a memórias infantis. Mas até agora eu não tinha muita clareza sobre o tipo de memória. Ontem comecei a ver melhor que minha dor não é apenas a memória do abandono, mas a dor pela falta de memória do pai. Além da dor da perda, a dor desse vazio que nunca me ocorreu preencher.
Meu pai foi embora quando eu tinha um ano e meio de idade; morreu quando eu tinha 30 anos. Nunca em todo esse tempo sequer cogitei procurá-lo. Nas primeiras vezes que me perguntaram: "Mas por que você nunca procurou?", isso me soou totalmente absurdo. "Como assim? Por quê? Para que faria isso?", eu pensava. Ontem percebi que absurdo foi eu jamais ter sequer cogitado fazer isso.
Por que não cogitei? Porque fui criada sem que a palavra "pai" fosse mencionada, a não ser para dizer que nosso pai tinha nos abandonado (e ele jamais nos procurou mesmo), que era cafajeste e machista. Para completar, me diziam: "Ela tem o gênio do Martin", o que não era de forma algum um elogio.
Nunca me ocorreu procurar o cafajeste machista que nos abandonou e que tinha um gênio horrível como o meu. Mais triste ainda foi que nunca me permiti sentir saudade, muito menos sentir o amor que eu tinha por ele quando bebê. Não senti a dor da separação. Não senti curiosidade em conhecer. Não senti nada. Quando comecei a sentir, mal consegui lidar. E definitivamente não consegui entender a violência da manifestação. Só agora tudo está se reencaixando.
Ontem fiz buscas por meu pai na internet. Martin Barreto de Brito. Não encontrei nada que pudesse me levar a primas (que sei que tenho) ou eventuais meio-irmãos.
As poucas coisas que ouvi sobre meu pai sem o viés totalmente negativo foram as escassas lembranças do meu tio, irmão de minha mãe. Que explicou que não fomos exatamente abandonadas. E que Martin não era um monstro completo.
Meu tio também confirmou no mês passado o que eu sempre soube, minha memória mais antiga: minha irmã era a preferida da família materna - a começar por minha mãe. Ela nasceu aqui. Eu nasci no Rio. Eu nunca pertenci, eu nunca fui realmente dessa família, eu sempre me senti um corpo estranho. E claro que sempre ouvi que isso era coisa da minha cabeça. 52 anos depois, meu tio, padrinho da minha irmã, mas o único aqui que via isso claramente, confirmou o que eu sempre soube e sempre negaram.
Talvez eu jamais possa preencher o vazio de memórias do pai. Mas posso fazer muitas coisas. Dissipar as dores que recalquei até agora. Olhar para meu pai (e minha mãe) com amor, sabedoria e compaixão. Meus pais fizeram o melhor que podiam. E sou imensamente grata. Por tudo. Porque antes de tudo sou budista. E me vejo cada vez mais como senhora do meu carma.
Ao aceitar meu pai e minha mãe como eles eram, ao valorizar suas qualidades e o que fizeram por mim, posso me aceitar. E me valorizar. E aceitar e valorizar minha ex-namorada, para sempre minha amada ex-futura-mulher. Guardar as boas memórias - porque desse relacionamento e dos anteriores eu tenho memórias (que de várias formas eu tentava deletar).
Posso me ver e me relacionar com os outros de modo inteiramente diferente. Isso já começou. Inclusive e especialmente no aspecto profissional, que foi o motivo para eu voltar a me tratar. Estou mandando muito bem na editora. Três livros fechados em 50 dias. E agora já envolvida em uma nova parceria para outros projetos ligados às minhas habilidades de jornalista, editora e tradutora. Empolgante. E empolgada. Brilhando.
Me parece muito natural que meu longo processo de cura e crescimento chegasse ao ápice durante um relacionamento com outra mulher. Minha infância foi com minha mãe, minha avó e minha irmã. Meu arquétipo masculino tomou emprestadas várias características de minha mãe.
Amar Rita e me entregar a esse amor por inteiro, mente-coração-corpo, abriu o caminho para eu poder acessar meus sentimentos recalcados. Uma mulher tão parecida com meus pais me possibilitou o resgate deles - e o meu próprio. Tive a felicidade de encontrar o que precisava, ter percebido a oportunidade e aproveitado a experiência.
Ontem, pela primeira vez em toda a minha vida, não consegui falar por alguns momentos. Sufoquei. Sentada na frente da minha terapeuta, instigada por ela, senti a garganta fechar com a vazão da dor da qual sempre tentei fugir. Ao abrir esse compartimento hermético, deixar a luz e o ar entrarem e liberar o que estava encerrado, me iluminei mais um pouco. Essa luz me permite colorir minhas memórias com vários matizes. Rita, mãe, pai, eu - ninguém é de uma cor só. Todos temos nuances. Coisas maravilhosas, boas, mais ou menos, ruins, péssimas. O lance é reconhecer essa verdade básica, aceitar todos como são e se ater às coisas positivas. Nutrir o belo. Em mim. Nos outros. Nas minhas memórias. Neste exato momento.
Minha ex está em um novo relacionamento. Antes, pior ainda que a separação era ver o espaço que eu havia ocupado na vida e no coração d@ ex ser preenchido por outra pessoa. Dessa vez não.
Finalmente não me sinto mais abandonada e rejeitada. E não sinto raiva, nem ressentimento, nem ciúme por causa do abandono e rejeição. Senti no início, ainda presa às emoções infantis. Mas passou. Agora, sinto amor, carinho, gratidão. Desejo sinceramente que a ex seja feliz. Que encontre o que procura. E que seja para a nova namorada o que eu gostaria que tivesse sido para mim. A melhor pessoa que ela possa ser. Exatamente o que desejo para mim e para todos os seres. (Opa, todos os seres ainda não. Mas tenho a firme intenção de chegar lá. :) Estou no caminho.)

Três meses que Lízia foi para São Paulo e que terminei o relacionamento.
Precisei ficar afastada das duas pessoas mais próximas para me aproximar de mim, do que havia de mais recôndito e sombrio em mim. Para encarar de frente aquilo de que sempre havia fugido e sempre tentara manter intocado.
E agora a sensação é muito parecida com o despertar de um sonho tenso.
E é exatamente isso.
Mais desperta. Mais lúcida.
LUX


Com frequência guardamos ressentimento porque não queremos livrar a outra pessoa.
Mas quem fica realmente enganchado: a que foi em frente ou a que está agarrada?

Hábitos

Domingo é noite de pizza na Bella Morano.
Quinta-feira é noite de Govinda. Cheeseburguer vegetariano com bife de glúten. Tradição depois do treino.
Vou treinar daqui a pouco, de manhã não rolou. Dia lindo, mas fui na Vivo trocar o telefone, pois o meu começou a travar mal saí da cama. Cansei. Estava se avizinhando mais um final de semana com celular emprestado da assistência (ou sem, como sábado passado).
Infelizmente não irei ao Govinda hoje. Não fui mais. Tenho pedido por telefone.
Das coisas boas que se mantêm sob vários aspectos.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Corpo de mulher

Misoginia e machismo estão por toda parte. Inclusive no budismo.
Jetsunma Tenzin Palmo começou a questionar os grandes lamas sobre isso nos anos 1970. E desde então não parou. Líder do movimento para empoderar as praticantes budistas, anunciou que atingirá a iluminação em corpo feminino.
Tive o sensacional privilégio de traduzir sua biografia, A caverna na neve - a jornada de Tenzin Palmo rumo à iluminação. Lançamento da Lúcida Letra (https://www.facebook.com/LucidaLetra/?fref=t), editora que me dá o prazer de trabalhar em obras como essa. Uma bênção. Meus méritos se manifestando.
Como todo praticante avançado, Jetsunma não fala de suas realizações abertamente, mas seus alunos e seus leitores podem perceber facilmente que ela já trilhou uma bela parte do caminho para a iluminação. (Lamas elevados, entre estes Sua Santidade o Dalai Lama, viram isso há décadas, no instante em que colocaram os olhos nela.)
Tenzin Palmo foi uma pioneira no budismo tibetano - e no budismo em geral. Uma das primeiras ocidentais a ser ordenada, ficou famosa por fazer um retiro de austeridade extrema, vivendo 12 anos completamente sozinha numa caverna dos Himalaias, basicamente estudando e meditando, dormindo sentada em uma caixa de meditação.
Ao voltar para a civilização, recebeu a tarefa de criar um convento. O que revelou-se mais árduo do que o retiro em certos aspectos. Ser monja não é fácil, especialmente na Ásia. A maioria das tradições não tem ordenação completa para mulheres, e ainda há quem diga que a iluminação só pode ser atingida em corpo masculino (!!!).
Jetsunma Tenzin Palmo é uma professora brilhante. Sua atividade iluminada ajuda outras mulheres a seguir no caminho. E contribui para dissipar milênios de rebaixamento das mulheres a seres sencientes de segunda classe.


Eu, você e o "nós"

Pra mim as diferenças nunca fizeram a menor diferença.
Pra mim as diferenças são basicamente surpreendentes.
Estimulantes.
Intrigantes.
Agrego as diferenças do outro ao conjunto do "nosso".


domingo, 16 de outubro de 2016

Meditação da superlua

Dias bastante introspectivos e reflexivos. De elaboração. Serenos. Eventualmente melancólicos.
Aprendizado, crescimento. Amadurecimento.
Hoje haverá uma superlua, mas de momento o céu está completamente encoberto. E chove. Ainda bem que ontem pude vê-la, já enorme, cintilante - não fotografei porque o telefone estava pifado. Superlua em Áries. "Momento de curar-se mental e fisicamente, oportunidade para seguir em frente e para cima na vida, momento perfeito para agir e para libertar-se de pessoas tóxicas", li num site.
A coisa das pessoas tóxicas me soou mal. Talvez por eu ser considerada uma pessoa tóxica e ter sido tratada e descartada como tal. E por ter visto uma pessoa amada como tóxica. Visão errônea. Projeção.
Relacionamentos até podem ser tóxicos - mas sempre podem ser transformados. Tem que querer. Tem que se esforçar. Ou então desapegar, se considera "muito cansativo e desgastante". Pessoas diferentes, valores diferentes, diferentes percepções.
Na realidade nem mesmo os relacionamentos são tóxicos. Tóxicos são os venenos mentais: raiva/ódio, orgulho/ego, desejo/luxúria, inveja/ciúme e ignorância/delusão. Em resumo: para mudar "fora", tem que mudar "por dentro". Assim, nessa superlua, minha meditação é para me curar mental e fisicamente, seguir em frente e para cima na vida, agir e me libertar das minhas emoções tóxicas que envenenam minha mente, minhas ações e minha fala.
Estou num momento de extrema sensibilidade amorosa - sem dúvida turbinada por essa superlua. Percebendo a importância de pessoas e acontecimentos para a minha evolução, vendo como tudo pode gerar crescimento, amadurecimento. Na vibração do Ho'oponopono.

Sinto muito.
Me perdoe.
Te amo.
Sou grata.


Tinha que ser no sábado de novo


 Meu telefone bugou. Na noite de ontem. Reiniciou algumas vezes, depois travou totalmente. Agora de manhã, estava quase fervendo. Consumiu toda a bateria. Aí coloquei pra carregar e voltou a operar normalmente. Amanhã vai pra assistência de novo. E eu vou dar uma olhada nos preços de um novo hoje mesmo. Mas espero que ele fique ok. Oremos.

No mais, final de semana sereno. Caseiro. Com treino.
Saí pra correr 10km no calorão de ontem. Gzuisssss. Que pedreira. Senti muito o clima e a distância. Bota fora de forma nisso. Mas o corpo está reagindo bem. A musculação faço de boa.
Hoje tô na bobeira da troca de horário, tentando me animar pra academia e corridinha leve.




sábado, 15 de outubro de 2016

Só dá valor quem sabe o seu valor

 Não se preocupe se alguém não gosta de você.
A maioria das pessoas está lutando para gostar de si mesma.

"Vc é muito especial."
Recebi à noite. Só vi pela manhã.
Para começar bem o dia. :)
Não são palavras vazias, muito menos cantada barata. Admiração genuína. E recíproca.
Esse assunto foi tema de uma das primeiras de muitas conversas profundas, inteligentes, sensíveis, sensatas. O ensinamento que recebi: pessoas que criticam, que apontam defeitos, que botam pra baixo, que desmerecem, invalidam e menosprezam têm problemas de autoestima (entre outros). Quem não gosta de si, não se aceita, não se entende, tem dúvidas sobre seu valor não consegue ver - muito menos apreciar - o valor dos outros. Que dirá elogiar.
Tão bom ter admiração. Respeitar. Amar. Valorizar. Ver o outro por seu melhor ângulo. Ressaltar as qualidades. Pensar e falar coisas boas. Querer bem.
Quanto mais me aceito, me aprecio e me valorizo, mais aceito, aprecio e valorizo os outros.
Quanto mais me amo, mais amor sinto pelos outros.
O que eu sinto pelos outros não depende do que eles sentem por mim.
O valor que dou aos outros não depende do valor que dão a mim.

Amplidão interna e externa

"There’s the space that seems to be out there, like the sky and the ocean and the wind, and there’s the space that seems to be inside. We could let the whole thing mix up. We could let the whole thing just dissolve into each other and into one big space. Practice is about allowing a lot of space. It’s about learning how to connect with that spaciousness that’s inside, and the spaciousness that’s outside."
– Pema Chödron

"Existe o espaço que parece estar do lado de fora, como o sol, o oceano e o vento, e existe o espaço que parece estar dentro. Poderíamos deixar a coisa toda misturar-se. Poderíamos deixar a coisa toda dissolver-se uma na outra em um grande espaço único. A prática relaciona-se a se permitir bastante espaço. Relaciona-se a aprender como conectar-se à amplidão de dentro e à amplidão de fora."


Buscando mais e mais espaço. Me expandindo.
Como é bom olhar para todos os fenômenos com tranquilidade. Receptividade. Aceitação. Equanimidade. Sem julgar. Basicamente, com o olhar doce e amoroso com que admiro e me encanto com cada pôr do sol, cada flor, cada fase da lua, cada coisa que me encanta. Cada uma de minhas tatuagens. Meus gatos. Minha vida. Eu mesma. As pessoas que moram em meu coração.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Dieta


Minha mente é muito bem alimentada e nutrida. Dieta basicamente saudável de pensamentos e palavras. Claro que às vezes rola uma junkie food mental, mas é a exceção, não a regra.
A pergunta é interessante, mas mal formulada. "Sabendo que você come as suas próprias palavras, a sua alma está sendo nutrida ou envenenada?" Porque a qualidade do que pensamos - e falamos - nutre ou envenena nossa alma, ou, como eu prefiro, mente-coração. Não tem "se". É certo. É fato.

Hora nostálgica

Saindo pro lançamento de Segredos mágicos da sua mente. Olhando essa vista linda. Vontade de estar na beira do Guaíba. Como tantas vezes.



Final de tarde me traz uma suavidade no olhar e sentir. Doçura. Pacificação.
Às vezes melancolia. Noutras, muito amor.

Feriadinho adorável

Feriadinho bom esse.
Intensa atividade culinária. Um toque esportivo, uma dose cultural.
Preparei um panelão de sopa de legumes. E ainda um creme de abóbora.
Com tanto amor que no meio do cozimento formou-se um coração de sementes de abóbora. Adorável. Estou realmente amando cozinhar e me cuidar.


Ia almoçar em casa, mas rolou convite das amigas pra um japonês. Treinei pouco antes, comi horrores. Mas não foi nada perto do jantar. Pouca pizza, mas uma garrafa de vinho inteira. Sozinha. E umas tacinhas de espumante depois.
Entre o almoço e o jantar, a abertura da exposição Eu ilustro Urbim. Linda, emocionante. Adorável como ele. Momento de rever ex-colegas de Zero Hora. E reencontrar um casal que tinha visto mais cedo na academia. Um deles me reconheceu. Eu não, todo mundo arrumado, muito diferente, hahaha. Terei que voltar na exposição pra ver tudo com calma e ler todas as informações. Já convidei uma amiga pra levarmos a filha dela, que com certeza vai amar também.
Saudades do Urbim, do vozeirão e daquela risada que fazia rir junto. Ele fez um dos elogios mais incríveis que li nessa vida. Mandou um inbox no Facebook dizendo que me considerava a madrinha do filho Emiliano no jornalismo. Trabalhei com Emiliano na Eaí?, ele era um guri recém-formado. Tão, mas tão parecido com o pai que, como o Urbim, era impossível não amar. Urbim disse que Emiliano falava sobre mim, sobre como eu trabalhava. Foi daquelas coisas que dão orgulho, alegria, a felicidade plena de saber que se fez algo que fez diferença.


terça-feira, 11 de outubro de 2016

Quase

Mulher feliz.
Mulher flamboyant.
Terceira sessão da tatuagem da vida.
Hoje Jean Etienne fez o fundo.
Na quarta - e provavelmente última - sessão, já marcada, fará ajustes nos contornos. "Prometo que será a última", disse ele, que hoje não quis mexer na primeira flor e sabe que estou doida pra ver esse trabalho finalizado. Mas deve saber também que farei tantas sessões quantas forem necessárias.
Está tarde, estou com sono, mas precisava registrar. Porque ficou muito, muito linda. Porque é um sonho tomando forma.
Projeto verão. Já estão vendo. Vão vendo.




E eu vou vendo meu treino novo de corrida - e o treino de musculação ajustado. Verão eu me puxar.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

74

Dia inteiro na editora - de novo.
A partir de agora, decidida a manter o horário contratado. Pra poder retomar as traduções. E a vida em geral. Vida que está cada vez mais alinhada.
Ontem, um comentário sobre as diferenças na forma de sentir e a necessidade de tomar cuidado para não projetar nos outros a nossa maneira de lidar com sentimentos levou a um insight fenomenal hoje pela manhã, após a meditação e um comentário de minha irmã sobre meu relato do que eu havia me dado conta em virtude da conversa na véspera. Uma coisa tão, mas tão óbvia - e que até o momento simplesmente não havia me ocorrido.
De noite, reuniãozinha de família pra comemorar os 74 anos do meu tio. Meu primo, a mulher e o filho estavam lá. Precioso. Inesquecível. Especialmente pela felicidade do meu tio por ter os familiares mais próximos com ele.


domingo, 9 de outubro de 2016

Domingo no trampo do Trump

Trabalhando num livro de Donald Trump. Que todos deveriam ler. Os planos dele caso eleito. Essa leitura me deixa cada vez mais convicta da necessidade de torcer desesperadamente por Hillary Clinton.
E esse dia lindo ali fora.
Teve a corrida do Grêmio hoje. Quinta edição. Participei de três. Cada uma num momento muito especial de minha vida. Principalmente a primeira, porque foi a primeira competição depois da cirurgia da hérnia de disco. Nas três houve também um outro motivo (o mesmo) para eu lembrar com tanto carinho dessas provas.
O treinador deve mandar a nova planilha de corrida hoje ou amanhã. Que eu volte a gostar de correr. Já tô por um milagre.
Hoje eu ia encarar, desisti pra vir trabalhar cedo e ir embora às 19h.
Além de não ter vontade, meu tempo está apertado. E terei a última sessão da tatuagem dos flamboyants nessa semana, o que dificulta correr por causa do top, que não poderei usar por uns dias. Bem, vou dar jeito nisso. Comprar uma regata de compressão e me mexer. Não correr nesses dias lindos é um desaforo.
Vamos de novo pro Trump. Sozinha aqui no escritório, a janela aberta, vista pro céu e pras árvores lindas que eu amo observar quando ergo os olhos da tela. Ouvindo as meditações do Ho'oponopono, que me ajudam a manter o foco, a concentração, o bom humor.


sábado, 8 de outubro de 2016

Cuidando de tudo

Às vezes empaco numas coisas.
Atolo numa zona de desconforto.
E vou ficando.
Até o dia em que dá o clique e saio da inércia.
Hoje saí da inércia e da zona de desconforto culinária.
Depois da musculação e antes de vir pra editora (onde ainda estou, agora dando um tempo na leitura pra refrescar a mente), fiz pão integral, iogurte caseiro, sopa de beterraba e montei uma lasanha de abobrinha.
Tudo jogo rápido.
Deu o clique de não aguentar mais comer bolacha, pão de queijo, salgados.
Chega de alimento de saquinho também.
Me senti tão empolgada cozinhando e pensando em mais coisas para preparar quanto me sinto trabalhando ou treinando. E como tenho me sentido ao resolver questões práticas que antes me deixavam tonta.
Cuidando.
Do trabalho.
Do dinheiro.
Da casa.
Da saúde.
De mim.
De tudo.
Do todo.