quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Empoderamento na prática 2

Ainda não sei o que fazer no ano-novo.
A possibilidade de passar sozinha aqui na praia é muito, muito atraente, sedutora. Novidade. Novidade excitante essa autossatisfação, essa vontade de estar comigo, sem precisar de mais ninguém. De certo modo, não só não preciso de ninguém e não sinto falta de companhia como na real não quero companhia. Quero estar sozinha nesses dias. Extasiada comigo mesma, com Lúcia Brito autônoma. Lux nova. Me preparando para 2017.


Eu tinha uns traços muito mulherzinha. Traços que as mulheres há milênios são treinadas para manifestar. Carência. Necessidade de ter "alguém" para ser cuidada e/ou para cuidar. Vínculos de dependência. Insegurança. Sensação de desajuste pessoal e social por estar "sozinha", não ter "ninguém". Credo. Quantos anos, quantas vezes fiquei com "alguém" só para não ficar sozinha, só para mostrar para mim e para o mundo que eu tinha "alguém"? Credo. Meus traços na verdade não eram apenas de mulherzinha. Eram infantis.
Neste ano e especialmente neste mês olhei muito para trás, para quem eu era, como eu era. E especulei sobre muitas coisas que eu gostaria de ter feito diferente. Como eu gostaria de ter sido diferente em pequenas coisas. Teria sido mais fácil para mim e para os outros. Engenharia de obra pronta. Já foi. E eu fui o que eu era e podia ser. Não me arrependo. Não lamento. Apenas contemplo. Sem me julgar, sem julgar os outros. Sem me culpar, sem culpar os outros. Pacificamente. Não dá para mudar o passado? Claro que dá. Não os acontecimentos, mas a percepção.
Olhando para trás, vejo onde eu estava e quem eu era. Vejo onde estou e quem sou agora. E vejo para onde quero ir e quem quero ser.
Olhando para trás, vejo coisas que gostaria que tivessem acontecido. E vejo coisas que gostaria que acontecessem agora. Sim, também vejo com quem meu novo eu gostaria de estar.


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